informe econômico

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INFORME
ECONÔMICO
Segunda-feira, 10 de março de 2008 / Nº 11
ARTIGOS
Balanço de Pagamentos: até quando?
Os primeiros sinais de piora na dinâmica da balança comercial
aumentam a dependência relativa de capitais para manter o equilíbrio do
Balanço de Pagamentos.
Palavras-Chave: Contas externas, reservas, dívida
Tudo igual
A decisão do COPOM já era aguardada pelo mercado, diante das
poucas modificações na conjuntura desde a reunião anterior.
Palavras-Chave: política monetária, cenário internacional, inflação, Selic
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Balanço de Pagamentos: até quando?
Os primeiros sinais de piora na dinâmica da balança comercial aumentam a dependência relativa de capitais para manter o
equilíbrio do Balanço de Pagamentos.
A história econômica do Brasil é uma boa
justificativa para se comemorar o equilíbrio das contas
externas. Durante anos, o País se viu às voltas com
diversas ações políticas que tinham como objetivo
resolver o problema da falta de dólares. Restrição às
importações, seja via desvalorização da taxa de
câmbio, seja pela proibição da importação de
produtos, como também através da imposição de
tarifas sobre as mesmas. No âmbito financeiro, a crise
do Balanço de Pagamentos culminou no não
pagamento de dívida externa, como ocorrido no início
da década de 1980. Ressalta-se que, muito mais do
que um movimento revolucionário contra o
imperialismo, o não pagamento da dívida foi
meramente uma questão contábil. Sem oferta de
dólares no mercado internacional para o Brasil,
dívidas com credores externos vencendo e com
poucos recursos em caixa no Banco Central, a única
alternativa foi suspender os fluxos de saída de dólares
do País, até que ocorresse uma melhora no cenário
econômico internacional.
Hoje a situação é diferente. O chamado
“equilíbrio das contas externas”, está respaldado no
elevado superávit comercial obtido em 2007 (US$ 40
bilhões), e na forte entrada de investimento no Brasil
(US$ 87 bilhões), dos quais US$ 48 bilhões na
categoria “portfolio”, onde se inclui ações e renda
fixa. O forte crescimento da economia mundial, que
representa uma maior demanda por exportações
brasileiras, e a disponibilidade de dólares para
investimento, junto com um nível de taxa de juros
baixa em países desenvolvidos foi o pano de fundo
desse cenário. Os bons fundamentos da economia
brasileira nos últimos anos, e o elevado diferencial de
juros, são as explicações no ambiente nacional. O
mundo está comprando Brasil, seja em produtos, seja
em ações ou títulos de dívida.
Sem querer estragar a festa, é importante lembrar
que há riscos na continuidade desse equilíbrio.
Naturalmente, com a maior importância do cenário
interno para a manutenção do crescimento da
economia, juntamente com um câmbio valorizado,
que inibe a expansão das exportações, o saldo
comercial seria reduzido. Era uma questão de tempo.
Dos US$ 47 bilhões de 2006, para US$ 40 bilhões em
2007 e uma projeção de US$ 29 bilhões para 2008. E
a pergunta que surge é: quando haverá o saldo zero,
ou entraremos em déficit comercial? Bem, supondo
taxa de câmbio de R$/US$ 1,7, um crescimento
econômico mundial e brasileiro em 4,5%,
commodities em nível elevado e ausência de uma
política externa estrutural, como melhoria dos canais
de comercialização, redução dos custos para o
exportador como impostos e os incidentes sobre a
folha de pagamento, seria no primeiro semestre de
2011. Isso mesmo, no próximo governo.
A projeção de um crescimento anual das
exportações brasileiras em 17%, bem acima da taxa
mundial, que é de 8%, mas em linha com o que os
números mostram, e de importações em 30%,
condizente com o cenário atual, irá gerar uma corrente
de comércio de US$ 520 bilhões em 2011, com
exportações iguais às importações. E o que isso deve
representar em termos de “equilíbrio das contas
externas”? Com a economia mundial continuando a se
expandir a taxas elevadas, a oferta de dólares para o
Brasil pode financiar um provável déficit em
transações correntes já em 2008. Cenário já
presenciado pelos brasileiros no passado.
Em tese, não há nenhum problema em um País
ter déficit em transações correntes, desde que existam
condições de financiá-lo, seja via investimento direto
ou dos chamados capitais de curto prazo. Aliás, o
certo é que países mais pobres, que experimentam
juros maiores relativamente às demais economias,
perdurem com déficit em transações correntes e
utilizem poupança externa para se ajustarem. O que
então prejudica essa relação e gera desequilibrios?
Controle de capitais, restrições de comércio, pequeno
grau de abertura da economia e custos de transação
financeira e comercial, como impostos, tarifas,
instabilidade política, econômica e jurídica.
Portanto, a economia brasileira entrar em déficit
em transações correntes, não seria um problema em
um cenário de crescimento econômico internacional,
liquidez de dólares, juros externos baixos e
continuidade da melhora dos fundamentos da
economia. A questão importante é que deixamos de
sustentar o Balanço de Pagamentos com as relações
comerciais, e passamos a depender, novamente, do
fluxo de capitais. É difícil dizer o valor em dólares
que deve entrar no País nos próximos anos pela via de
investimento, ainda mais diante do excepcional valor
de 2007. Porém, acreditar que deve continuar a
crescer o fluxo é mais difícil que apostar na
manutenção do nível em torno de US$ 87 bilhões, ou
até, em uma redução. Nesse caso, uma acomodação do
câmbio, em um regime de taxa flutuante, deve se
materializar mas, até lá, o País pode deixar de exportar
determinados tipos de produtos.
É importante destacar que a fotografia de hoje
não revela um sinal de crise no Balanço de
Pagamentos do Brasil. Talvez seja uma preocupação
prematura, ou devaneios de economistas que teimam
em fazer previsões e sempre estão desconfiados. Mas,
como diz o ditado: “Gato escaldado, tem medo de
água fria”.
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Tudo igual
A decisão do COPOM já era aguardada pelo mercado, diante das poucas modificações na conjuntura desde a reunião anterior.
O cenário interno manteve-se equivalente ao da
última reunião, registrando uma leve melhora na
evolução dos preços, porém ainda não suficiente para
dissipas totalmente pressões inflacionárias, e que,
portanto, não justificaria nem uma redução da Selic,
porém, tampouco um aumento.
O Banco Central está bem ciente que os preços
administrados exercerão forte pressão sobre a inflação
em 2008 em decorrência dos IGP-s apurados no ano
passado e que ainda existem os efeitos defasados dos
cortes da Selic que não foram plenamente assimilados
pela economia nacional. Outra questão importante é
que o câmbio, fiel colaborador do controle do
processo inflacionário, deverá assumir uma trajetória
de valorização menos intensa em 2008 do que a
registrada em anos anteriores, o que, naturalmente,
puxa o freio na dinâmica da redução das taxas de juros
no país.
Entretanto,
dois
pontos
destacaram-se
positivamente na última semana, apontando a
possibilidade de uma flexibilização da política
monetária ainda em 2008, cenário que não se
desenhava em janeiro perante a inflação registrada em
2007 e a possibilidade de aprofundamento da
desaceleração econômica dos EUA. O primeiro ponto
foi o valor registrado pelo índice de preços ao
consumidor semanal (IPC-S), divulgado na semana
passada, que ficou estável (0%) em fevereiro,
contrariando as expectativas de alta. Em janeiro, esse
índice havia registrado alta de 0,97%. Outra boa
notícia é que o item alimentos, principal responsável
pela alta inflacionária em 2007, registrou deflação de
0,38% em fevereiro, medida por esse mesmo índice.
O valor registrado pelo IPC-S tornou obsoleto o
Relatório semanal do BACEN (divulgado em 29/02)
que trouxe uma nova deterioração nas expectativas de
inflação para 2008. Como se sabe, no Sistema de
Metas de Inflação, utilizado pelo Brasil para a
implementação da política monetária, as expectativas
inflacionárias assumem um papel crucial nas
determinações das taxas de juros.
Outro ponto positivo foi a diminuição da
volatilidade cambial e a volta da trajetória de
desvalorização do dólar frente ao real, mesmo com a
deterioração da balança comercial brasileira que, em
fevereiro, registrou seu pior resultado mensal desde
meados de 2002. Apesar de muito menos intenso do
que em 2007, no mês passado registrou-se a entrada
líquida de US$ 3,25 bilhões, por via financeira e
comercial. No mesmo período de 2007, essa entrada
havia sido mais que o dobro, cerca de US$ 6,98.
No cenário externo, a incerteza quanto à
dinâmica da economia americana persiste, com
indicadores difusos quanto à piora ou melhora da
situação. Entretanto, vale ressaltar que os sinais de piora
apresentam-se em maior número e com valores bastante
significativos. O FED (Banco Central americano), que
já cortou 1,25 p.p nos juros só nesse ano, continua
sinalizando a necessidade de manter-se mais vigilante.
Espera-se que a política de cortes persista, a despeito de
qualquer pressão inflacionária que essa ação possa vir a
deflagrar, uma vez que a autoridade monetária já se
revelou altamente preocupada com o crescimento da
economia. Com isso, é provável que o diferencial de
juros americano em relação ao brasileiro deverá
aumentar nos próximos meses. Como conseqüência há
de se esperar mais investimentos em portfólio no País,
pressionando a valorização do câmbio, o que retardaria
aumentos da Selic.
Entretanto, nem todas as variáveis, no âmbito
externo, assumiram trajetória que favorecessem uma
política monetária mais frouxa. Recentemente,
observou-se uma leve piora no risco-país que registrou
265 pontos, às vésperas da última reunião do COPOM.
O risco-país é entendido como uma espécie de
"termômetro" informal da confiança dos investidores
globais em um País de economia emergente. Porém, no
caso do Brasil, o aumento recente do risco-país teve
muito maior influência do aumento da aversão ao risco
dos investidores no mercado global (revelada através do
aumento das taxas de juros pagas pelos títulos de dez
anos do Tesouro Americano), do que propriamente uma
“desconfiança” na economia brasileira, o que justifica a
valorização recente do câmbio concomitantemente ao
aumento do risco-país. O preço do petróleo, por outro
lado, apresentou forte variabilidade, o que ainda inspira
preocupações relacionadas à inflação de custos.
Assim, apesar da queda do preço dos alimentos em
fevereiro, ainda não há qualquer tipo de certeza quanto
a movimentos futuro da inflação. Ainda que muitos
produtos estejam com preços em níveis históricos (soja
e milho, por exemplo), não se espera uma queda de
preços, pelo menos no curto prazo. A boa notícia é que
a oferta registra alta no cenário interno, com maiores
investimentos em bens de capital (favorecidos pelo
câmbio), o que é fundamental para manter o equilíbrio
com a demanda, que continua aquecida.
Atualmente, o mercado espera alterações na taxa
de juros somente a partir da reunião de setembro,
quando o Banco Central mira a inflação de 2009, e não
mais a de 2008. Entretanto, a cautela deverá ser a
palavra de ordem durante todo ano. Apesar do perfil do
COPOM ter mudado, a incerteza que paira no ar deverá
atrasar decisões de redução da taxa de juros. A próxima
reunião do comitê tem data marcada para os dias 15 e
16 de abril, mas parece que tudo permanecerá igual.
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