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II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
Realização: Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha
CRESCIMENTO DE MUDAS DE MAMONEIRA EM SUBSTRATO CONTENDO
ESTERCO BOVINO, CASCA DE AMENDOIM E CASCA DE MAMONA
Rosiane de Lourdes Silva de Lima 1
Liv Soares Severino 2
Maria Isabel de Lima Silva 3
Jeane Ferreira Jerônimo 4
Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 5
RESUMO
A produção de mudas de mamona é uma técnica que ainda não dispõe de informações técnicas e esta
sendo avaliada em uma série de trabalhos realizados na Embrapa Algodão. Para a produção de mudas
de boa qualidade é necessário conhecer a composição do substrato e sua influência no crescimento da
planta. O presente estudo objetivou avaliar os efeitos da adição de doses de esterco bovino, casca de
amendoim e casca de fruto de mamoneira (0, 20, 40 e 60%) em mistura com o solo, visando determinar
a melhor composição do substrato para a produção de mudas. Sementes da cultivar BRS 149
Nordestina foram semeadas em sacos plásticos de 17 x 28cm contendo misturas dos materiais a serem
testados. O substrato composto por 60 % de esterco bovino e 40 % de areia favoreceu o crescimento da
planta em todas as variáveis analisadas. O uso de casca de amendoim e casca de fruto de mamona
como substrato em mistura com areia não favoreceu o crescimento das plantas não se mostrando
indicado para o cultivo de mudas de mamona em saquinhos de polietileno.
Palavras-chave: Ricinus communis, matéria orgânica, substratos, propagação.
1 INTRODUÇÃO
Para a obtenção de mudas de boa qualidade nutricional e sanitária, é necessário adequar as
___________________
1
Doutoranda em Produção Vegetal/UNESP, e-mail: [email protected]
2
Pesquisador da Embrapa Algodão, e-mail: [email protected]
3
Estudante de Biologia/UEPB, estagiária da Embrapa Algodão
4
Bel. Estatística, Mestranda/UEPB
5
Dr. Em Agronomia, Pesquisador da Embrapa Algodão, e-mail: [email protected].
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necessidades da cultura ao seu meio de cultivo. A esse respeito, Mendonça et al. (2004) e Negreiros et
al. (2004 a) relatam que a escolha do substrato para o cultivo de plantas em recipiente deve propiciar
condições adequadas quanto à aeração, retenção de umidade, disponibilidade de aquisição, pH,
aderência junto às raízes, riqueza nutricional, isenção de patógenos e plantas daninhas, além de
apresentar boa textura e estrutura quando acondicionado ao recipiente.
Diversos materiais são utilizados para compor substratos para a produção de mudas de várias
espécies. Para a cultura da mamona, Lima et al. (2004) cita como adequadas misturas de areia e esterco
bovino ou areia e casca de amendoim na proporção de 1:1 (v/v).
Considerando a expansão da comercialização de bagas de mamoneira para as grandes indústrias
de extração de óleo, a grande quantidade de casca de fruto de mamona gerada tem chamado a atenção e
despertado o interesse do seu uso na cadeia produtiva da mamoneira, visto que esta decisão poderá ser
uma alternativa para restituir em parte alguns nutrientes essenciais exportados pela colheita.
Para a utilização destes resíduos culturais, estudos que viabilizem e dêem validade ao seu uso
como fonte restituidora de nutrientes para plantas, principalmente para o cultivo em recipientes, devem
ser viabilizados pela pesquisa. Neste sentido este estudo objetivou avaliar os efeitos da casca de fruto
de mamona na composição do substrato e contrastar com os efeitos promovidos por substratos
compostos por esterco bovino e casca de amendoim.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Embrapa Algodão, Município de Campina Grande, PB, no
período de maio a junho de 2004. Adotou-se o delineamento em blocos ao acaso, com 8 tratamentos e 4
repetições, sendo a parcela experimental representada por 2 sacos plásticos contendo uma planta em
cada. Os tratamentos foram distribuídos em esquema fatorial. O primeiro fator constituí-se de 3 fontes
de matéria orgânica (casca de fruto de mamona, esterco bovino e casca de amendoim) e o segundo por
4 doses (0, 20, 40 e 60%) de cada fonte estudada.
Os substratos foram acondicionados em sacos de polietileno medindo 17 cm de largura e 28 cm
de comprimento. Foram utilizadas sementes de mamona da cultivar BRS 149 Nordestina. A semeadura
foi realizada diretamente nos recipientes, plantando-se três sementes por saco para posterior desbaste.
Registrou-se 43 dias após a emergência os valores de crescimento em altura da planta, área
foliar e diâmetro caulinar, massa seca da parte aérea e das raízes.
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Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e regressão e as diferenças entre as
fontes de matéria orgânica foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, conforme
Santos et al. (2003).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A altura da planta (AP) foi influenciada pelos diferentes substratos analisados (Tabela 2). O
substrato contendo esterco bovino propiciou a obtenção de mudas com os maiores valores médios de
altura (24,62 cm), diferindo significativamente dos substratos contendo casca de amendoim e casca de
mamona. Lima et al. (2004) também verificaram efeito significativo do uso de esterco bovino para a
produção de mudas de mamoneira em saquinhos.
As reduzidas alturas de plantas observadas nos tratamentos contendo casca de amendoim (16,53
cm) e casca de mamona (12,65 cm) podem ser atribuídos em parte a deficiente mineralização dos
resíduos orgânicos, quando comparados ao esterco bovino, e ou ao grau de decomposição destes
resíduos que foram utilizados em seu estado natural sem sofrer nenhum tipo de compostagem ou
decomposição prévia.
Quanto à área foliar (AF) das mudas, observam-se diferenças significativas entre os substratos
avaliados constatando-se maiores valores médios (441,38 cm2) para as plantas cultivadas em substrato
contendo esterco bovino em sua composição e menores naquelas tratadas em substrato contendo casca
de amendoim (159,35 cm2) e casca de mamona (74,26 cm2). Lima et al. (2004) também verificaram
maiores valores médios de área foliar para mudas de mamoneira tratada com esterco bovino. A
obtenção de área foliar desenvolvida em plantas cultivadas em substrato contendo esterco bovino pode
ser atribuído em parte à riqueza nutricional do substrato.
O efeito dos substratos sobre o número de folhas (NF) das mudas foi significativo, observandose maiores valores médios (3,50) para os substratos contendo esterco bovino e casca de amendoim
(3,18), os quais não diferiram entre si, mas diferiram significativamente dos resultados obtidos quando
se adicionou a composição do substrato a casca de mamona (2,62). Mais uma vez observa-se que a
presença do esterco bovino favoreceu o crescimento da planta. Resultados similares aos observados
nesta pesquisa foram determinados por Negreiros et al. (2004b) ao avaliar os efeitos de diferentes
substratos (esterco bovino, vermiculita e plantmax) para o cultivo de mudas de gravioleira em
saquinhos. Tanto o esterco bovino como a casca de amendoim proporcionou ao substrato condições
adequadas para o bom desenvolvimento da muda.
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Tabela 2: Médias de altura de planta (AP), área foliar (AF), número de folhas (NF), diâmetro caulinar
(DC), matéria seca de parte aérea (MSA) e matéria seca de raízes (MSR), formadas em
diferentes substratos para mamoneira, Campina Grande-PB, 2004.
Substrato
AP (cm)
AF (cm2)
NF
DC (mm)
MSP(g)
MSR (g)
Esterco bovino
24,62 a
441,38 a
3,50 a
7,84 a
4,37 a
2,02 a
Casca de amendoim
16,53 b
159,35 b
3,18 a
5,06 b
1,56 b
1,40 b
Casca de mamona
12,65 c
74,26 c
2,62 b
4,44 c
0,72 c
0,74 c
Média geral
17,93
224,99
3,10
5,78
2,22
1,39
CV (%)
13,54
34,27
13,42
7,21
31,80
23,62
* médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
O diâmetro caulinar (DC) foi influenciado pela composição do substrato, contatando-se
diferenças significativas entre os tratamentos, em que o substrato contendo esterco bovino apresentou
os maiores valores médios (7,84 mm) para esta variável (Tabela 2). De forma similar as variáveis de
crescimento altura de planta e área foliar, os menores valores médios para diâmetro caulinar também
foram constatados no substrato contendo casca de mamona (4,44 mm). A presença da casca de
mamona novamente contribuiu negativamente para o crescimento das mudas.
Quanto à matéria seca da parte aérea (MSPA), Tabela 2, observa-se comportamento similar ao
exibido pelas variáveis de crescimento altura de planta, área foliar e diâmetro caulinar, constatando-se
que a adição de esterco bovino a composição do substrato proporcionou os melhores resultados (4,37
g), diferindo significativamente daqueles compostos por casca de amendoim (1,56 g) e casca de
mamona (0,72 g). Resultados similares foram obtidos por Lima et al. (2004) para a produção de
matéria seca da parte aérea em mudas de mamona cultivada em substrato contendo 50% de areia e 50%
de esterco bovino. Para a cultura da gravioleira Negreiros et al. (2004b) verificaram que a presença do
esterco bovino na composição do substrato promoveu os melhores resultados quanto à produção de
matéria seca de parte aérea. Este resultado confirma a viabilidade do uso de esterco bovino na
composição do substrato para a produção de mudas em recipientes.
Houve diferenças significativas para peso de massa seca de raiz (MSR) (Tabela 2) entre os
substratos testados, obtendo-se maiores valores médios para as plantas cultivadas em substrato
contendo esterco bovino e menores naqueles que receberam casca de mamona. Este comportamento
também foi exibido pelas variáveis de crescimento altura de planta, área foliar, diâmetro caulinar e
massa seca de parte aérea.
Contrastando-se os valores médios de matéria seca de parte aérea obtidos nos substratos esterco
bovino (4,37 g), casca de amendoim (1,56 g) e casca de mamona (0,72 g) com os valores médios de
matéria seca de raiz obtidas nos mesmos tratamentos (2,02 g; 1,40 g e 0,74 g) respectivamente verificase que houve uma relação positiva entre estes resultados em todos os substratos estudados.
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4 CONCLUSÕES
O substrato composto por 60 % de esterco bovino e 40 % de areia favoreceu o crescimento da
planta em todas as variáveis analisadas. O uso de casca de amendoim e casca de fruto de mamona
como componente do substrato em mistura com areia não favoreceu o crescimento das plantas não
sendo indicado para o cultivo de mudas de mamona antes de sofrer compostagem ou mineralização
biológica.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L.S.; SILVA, M. I. L.; JERÔNIMO, J. F.; VALE, L.S.; PAIXÃO, F. J.
R.; BELTRÃO, N. E. M., Substratos para produção de mudas de mamona – 1 esterco bovino
associado a quatro fontes de matéria orgânica. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA,
Campina Grande, PB, 2004. Anais... Campina Grande, Embrapa Algodão, 2004. CD ROOM
MENDONÇA, V.; RAMOS, J.D.; PIO, R.; GONTIJO, T.C.A.; DANTAS, D.J.; NEGREIROS, J.R.S.;
ÁLVARES, V.S.; BRAGA, L.R.; BRUCKNER, C.H. Diferentes substratos na formação de mudas de
maracujazeiro-amarelo. Revista Ceres, v.51, n.294, p.343-345, 2004 a.
NEGREIROS, J.R.S.; BRAGA, L.R; ÁLVARES, V.S.;BRUCKNER, C.H. Influência de substratos na
formação de porta-enxerto de gravioleira (Annona muricata L.). Revista de Ciência e Agrotecnologia,
Lavras, v.28, n.3, p.530-536, 2004b.
SANTOS, J. W.; GHEY, H. R. (Eds). Estatística experimental aplicada. Campina Grande: Embrapa
Algodão/UFPB, 2003. 213p.
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