produção de muda de mamoneira em sustratos

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PRODUÇÃO DE MUDA DE MAMONEIRA EM SUSTRATOS CONTENDO DIFERENTES RESÍDUOS
ORGÂNICOS E FERTILIZANTE MINERAL
Márcia Maria Bezerra Guimarães1, Liv Soares Severino2, Napoleão Esberard Beltrão², Fabiana Xavier
Costa³, Josilda de França Xavier3 e Amanda Micheline Amador de Lucena3
Universidade Federal de Campina Grande, [email protected], [email protected];
1
Embrapa Algodão; [email protected], [email protected]
2
RESUMO - O substrato para produção de mudas de mamona precisa oferecer boas condições
químicas e físicas para que a planta tenha crescimento satisfatório. Este experimento objetivou avaliar
cinco substratos para produção de mudas de mamona. Utilizou-se delineamento em blocos
casualizados com quatro repetições, sendo os tratamentos misturas de solo com esterco bovino, lodo
de esgoto, mucilagem de sisal, bagaço de cana e fertilizante mineral na dose de 120-80-80 kg/ha de
NPK. Aos 50 dias após a emergência, tomaram-se os valores de altura da planta, número de folhas,
área foliar, diâmetro de caule e peso de matéria seca. O substrato composto de solo mais esterco
bovino propiciou melhor crescimento de mudas de mamona. Os substratos compostos por solo mais
bagaço de cana ou mucilagem de sisal não propiciaram boas condições para o crescimento das
mudas, pois não possuem boa composição química. O substrato que possui apenas boa composição
química, pela adição de fertilizantes minerais, sem adição de um material que propicie condições
físicas adequadas não é suficiente para proporcionar condições adequadas ao crescimento de mudas
de mamoneira.
INTRODUÇÃO
Cultivada desde as primeiras civilizações, a mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta
rústica, heliófila, resistente à seca, pertencente à família das Euforbiáceas, disseminada por diversas
regiões do globo terrestre e cultivada comercialmente entre os paralelos 40ºN e 40ºS. A expansão de
seu cultivo se deu principalmente devido a sua capacidade de adaptação a diferentes condições
ambientais e às diversas possibilidades de uso de seu principal produto, o óleo extraído das sementes.
A mamona é tradicionalmente propagada por sementes, mas o plantio por mudas está sendo
estudado como uma técnica alternativa para melhor aproveitamento da curta estação chuvosa do semiárido. Para a produção de mudas de mamona, a formulação do substrato é um passo fundamental,
pois é necessário proporcionar condições químicas e físicas adequadas ao crescimento da planta,
utilizando materiais de baixo custo e disponíveis em grande quantidade nas proximidades do local de
produção.
Diversos materiais orgânicos e inorgânicos têm sido utilizados, para a formulação de
substratos, na produção de mudas, havendo necessidade de se determina os mais apropriados para
cada espécie de forma a atender sua demanda quanto ao fornecimento de nutrientes e propriedades
físicas com retenção de água, aeração, facilidade para penetração nas raízes, ocorrência de doenças
etc. Entre materiais freqüentemente utilizados como substrato, cita-se: esterco bovino (CAVALCANTI
et al., 2002), bagaço de cana (MELO et al., 2003), composto orgânico (TRINDADE et al., 2001),
mucilagem de sisal, casca de amendoim e cama de frango (LIMA et al., 2006).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Embrapa Algodão em Campina Grande, PB. Plantaram-se
sementes de mamona da cultivar BRS Nordestina em sacos plásticos com dois litros de capacidade
(10x17 cm). Adotou-se delineamento experimental em blocos ao acaso com quatro repetições e cinco
tratamentos: esterco bovino, lodo de esgoto, mucilagem de sisal, bagaço de cana e uma testemunha
com adição de NPK na dose de 120-80-80 kg/ha. O esterco bovino e o lodo de esgoto utilizados
estavam bem mineralizados, mas a mucilagem de sisal e o bagaço de cana não foram previamente
submetidos a nenhum tratamento para decomposição e mineralização dos nutrientes. Cada substrato
foi composto pela mistura de 40% de solo + 60% do material, exceto o tratamento testemunha que foi
composto por solo puro e os adubos sulfato de amônio, superfosfato triplo e cloreto de potássio. As
plantas foram mantidas em casa-de-vegetação, sendo irrigadas diariamente.
Aos 50 dias após a emergência, tomaram-se os valores das seguintes características: número
de folhas, altura de planta, diâmetro de caule, área foliar, e peso de matéria seca da raiz e da parte
aérea. A área foliar foi estimada pelo método proposto por Severino et al. (2004) utilizando as medidas
da largura e nervura principal. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de
Tukey (5%) para comparação das médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, observa-se que houve efeito significativo dos substratos em relação às médias de
número de folhas, altura de planta, diâmetro caulinar, área foliar e matéria seca da parte aérea. Não
houve diferença significativa da matéria seca da raiz. Este comportamento pode estar relacionado com
o tamanho do recipiente que comprometeu o crescimento do sistema radicular das mudas, durante o
período de 50 dias. Conforme resultados de Lima et al. (2006), o período máximo de permanência das
mudas em viveiro é de aproximadamente 40 dias.
De forma geral, o substrato contendo esterco bovino proporcionou melhor crescimento para as
plantas, o que se observa pelos valores de número de folhas (5,75), altura da planta (27,62 cm),
diâmetro caulinar (0,93 cm). Apenas a área foliar foi um pouco maior no substrato com lodo de esgoto
(871,6 cm2), embora com diferença não-significativa. Por outro lado, o menor crescimento foi observado
nas mudas cultivadas em substrato contendo bagaço de cana: 3,75 folhas, 11,0 cm de altura, caule
com 0,48 cm de diâmetro, 78,8 cm2 de área foliar e parte aérea com 0,86 g de peso seco. A alta
relação C/N do bagaço de cana pode ter sido desfavorável ao crescimento das mudas. O tratamento
testemunha, no qual as plantas receberam suprimento de nutrientes relativamente alto, não propiciou
boa condição de crescimento para as plantas.
Pelos resultados obtidos, sugere-se que o substrato contendo esterco bovino propiciou as
melhores condições para o crescimento da mamoneira por dispor de bom equilíbrio entre o
fornecimento de nutrientes e condições físicas, principalmente a aeração e retenção de água. O lodo
de esgoto é um material rico em nutrientes, mas não proporciona as condições físicas ao substrato,
pois contém reduzido teor de matéria orgânica. A mucilagem de sisal e o bagaço de cana são dois
materiais orgânicos que oferecem boas características físicas, por serem fibrosos, mas são
quimicamente pobres, não oferecendo os nutrientes necessários ao crescimento da muda. O resultado
obtido com o substrato contendo apenas solo e fertilizantes minerais sugere a importância das
características físicas para o crescimento adequado da planta, pois os fertilizantes não possuem
qualquer efeito sobre a aeração do solo e retenção de água.
CONCLUSÕES
O substrato composto de solo mais esterco bovino propiciou o melhor crescimento de mudas
de mamona.
Os substratos compostos por solo mais bagaço de cana ou mucilagem de sisal não
propiciaram boas condições para o crescimento das mudas de mamona.
O substrato que possui apenas boa composição química, pela adição de fertilizantes minerais,
sem adição de material orgânico que melhore as condições físicas, não é suficiente para proporcionar
crescimento de mudas de mamoneira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTI, N. B.; RESENDE, G. M.; BRITO, L. T. L. Emergência e crescimento do imbuzeiro
(Spondias tuberosa) em diferentes substratos. Revista Ceres, Viçosa, v. 49, n. 282, p. 97-108, 2002.
LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S.; SILVA, M. I. L.; JERÔNIMO, J. F.; VALE, L. S.; BELTRÃO, N. E. M.
Substratos para produção de mudas de mamoneira compostos por misturas de cinco fontes de matéria
orgânica. Ciência e Agrotecnologia, v. 30, n. 3, p. 474-479, 2006.
MELO, A. S. de; BRITO, M. E. B.; GOIS, M. P. P.; BARRETO, M. C. V.; VIEGAS, P. R. A.; HOLANDA,
F. S. R. Efeito de substratos orgânicos e organo-minerais na formação de mudas de maracujazeiro
(Passiflora edulis). Revista Científica Rural, v. 8, n. 2, p. 116-121, 2003.
TRINDADE, A. V.; MUCHOVEJ, R. M. C.; NEVES, J. C. L.; BARROS, N. F. Crescimento e nutrição de
mudas de Eucaliptus grandis em resposta a composto orgânico ou adubação mineral. Revista Ceres,
Viçosa, n. 48, v. 276, p. 181-194. 2001.
SEVERINO, L. S.; CARDOSO, G. D.; VALE, L. S.; SANTOS, J. W. Método para determinação da
área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. (Boletim de Pesquisa, 55).
Tabela 1. Médias de número de folhas, altura da planta, diâmetro caulinar, área foliar e matéria seca
da parte aérea e raízes em mudas de mamoneira cultivadas em substratos compostos por misturas de
solo com esterco bovino, lodo de esgoto, mucilagem de sisal, bagaço de cana e fertilizantes minerais
(NPK), com Valores do teste F e coeficiente de variação (CV). Campina Grande, 2005.
Esterco
Lodo de
Mucilagem de Bagaço de
Solo + NPK
Teste F
CV(%)
bovino
esgoto
sisal
cana
----------------------------------------- Número de folhas ---------------------------------5,75 a
5,25 ab
4,0 ab
3,75 b
4,25 ab
4,02*
18,6
20,4**
16,9
22,7**
10,7
84,3**
16,0
2,99ns
55,7
23,16**
33,9
------------------------------------ Altura da planta (cm) -----------------------------------27,62 a
17,25 b
14,50 bc
11,00 c
13,75 bc
----------------------------------- Diâmetro caulinar (cm) ----------------------------------0,93 a
0,60 bc
0,70 b
0,48 c
0,60 bc
--------------------------------------- Área foliar (cm ) --------------------------------------2
810,5 ab
871,6 a
644,4 b
78,8 c
139,7 c
--------------------------------- Matéria seca de raiz (g) ---------------------------------1,82
0,96
0,98
0,48
0,85
------------------------------- Matéria seca da parte aérea (g) --------------------------12,76 a
8,95 ab
7,13 b
0,86 c
1,39 c
ns, * e **: não-significativo ou significativo a 5 e 1% pelo Teste F, respectivamente
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade
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