O Estado de Bem Estar Social e as Reformas Gerencias nos Países Escandinavos Os países escandinavos, Dinamarca, Suécia, e Noruega possuem um Estado de Bem Estar Social nomeado por Gota-Esping Andersen de Social Democrata. Esse modelo é conhecido como um dos mais abrangentes e generosos do mundo, sendo caracterizado pela provisão estatal não apenas de serviços universais como creche, educação para todos os níveis, saúde, bibliotecas, teatros e museus, mas também de transferências monetárias como pensão, aposentadoria, auxílio gravidez, auxílio saúde e seguro desemprego. (Christensen, 1997). Esse Estado de Bem Estar Social começa a ser formado em meados do século XX e surge de um compromisso entre o governo e a classe trabalhadora que tem com o principal objetivo de redistribuir ganhos da sociedade capitalista, por meio do provimento universal de bens e serviços, de maneira a reduzir a disparidade social e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores (Przeworski,1989). Esses serviços são, em sua maioria, provisionados pelo setor público, para tanto, estes Governos mobilizam grande volume de recursos através dos impostos progressivos e possuem uma grande burocracia estatal para executar essas tarefas. Essa relação entre governo e cidadãos apresentou uma considerável popularidade histórica. O partido da Social Democrata da Suécia aprestou entre 1940 a 1988 resultados eleitorais que variam entre 45%-55% dos votos. O partido dos Trabalhadores Norueguês apresentou resultados eleitorais bastante semelhantes no período. O que favoreceu a criação de instituições estatais que sedimentaram a plataforma desses partidos na forma de políticas econômicas, tributária e sociais. No entanto, nas últimas décadas esses partidos perderam espaço e não conseguiram alcançar a maioria. Juntamente com isso, uma onda de críticas de acadêmicos e a das elites econômicas vem enfraquecendo ainda mais a posição desses partidos. Tal fenômeno se repetiu em diversos países do mundo, o que levou a uma interpretação generalizada de que o modelo de bem estar social adotado por diversos países, em diferentes medidas e formatos, teria se esgotado. Argumentos como baixa responsividade do governo às demandas dos cidadãos ocasionada por uma burocracia estatal ensimesmada. Além de baixa eficiência na execução de políticas públicas somado a um governo excessivamente oneroso frente a crise econômica que perdurou nas décadas de oitenta e noventa foram usados para a chamada derrocada desse modelo. A alternativa para esse modelo foi a aproximação do governo a lógica do mercado, fenômeno denominado por Osborne e Gaebler de entrepenurial goverment. Assim, entre as décadas de 80 e 90 diversos países do mundo, incluindo os países escandinavos, iniciaram reformas no seu aparelho do estado, que ficaram conhecidas como reformas gerenciais ou nova gestão pública. Tal constatação, levou a crença de que essa reforma seria inevitavelmente espalhada pelo mundo todo. Ainda mais taxativa é a alegação de que uma convergência nas reformas que ocorreram ao longo do mundo (Osborne e Gaebler, 1992). A despeito dessa teoria de convergência espera-se que instituições anteriores tanto formais como informais presentes no Estado de Bem Estar Social do tipo Social Democrata crie um path dependence que molde o curso dessas reformas gerencias. Nesse sentido, acredita-se que a legislação presente nesses países que garante universalmente essa ampla gama de serviços e transferências, assim como a existência de uma burocracia organizada fortemente organizada para realizar esses serviços diferenciem o curso dessas reformas. Dessa forma, temos como hipótese da pesquisa que as reformas nos países escandinavos se diferenciarão das demais, seguindo um padrão que privilegie a execução estatal das políticas sociais universais de bens e serviços, que primem pela a distribuição de renda, assim como preservem o status da burocracia estatal. Dessa forma, tem-se como hipótese alternativa a constatação de que essas instituições não produziram influencias significativas o que reforça o argumento da convergência, que sugere um caminho único de reforma para todos os países. Para tanto, esse artigo tem como objetivo de descrever e analisar as reformas que ocorreram nesses países, buscando apontar influências decisivas que a cristalização de instituições no Estado de Bem Estar Social Escandinavo, denominado de Social Democrata na tipologia de Gosta-Esping Andersen, tiveram sobre as reformas gerencias nos países escandinavos. Bibliografia Blomqvist, P. 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