Coerência dos Governantes

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Pequeno Expediente (09/03/2004)
Coerência dos Governantes
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
A coerência dos governantes e das pessoas públicas, notadamente, nos
países emergentes, deve se apoiar em princípios como: 1) independência e
harmonia dos Poderes Constituídos – sem dúvida é fundamental um excelente
entrosamento entre o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, onde cada Poder
defendendo suas prerrogativas e respeitando as dos outros, construa uma
sociedade livre, justa e solidária, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor e
quaisquer outras formas de discriminação; 2) democracia – um dos aspectos
mais relevantes da história latino-americana, por exemplo, diz respeito à busca
da democracia. Depois de períodos autoritários que tirou do povo a
possibilidade do exercício de sua cidadania, vivenciamos uma fase de
redemocratização. Agora a população da América Latina, com toda razão
deseja reformas estratégicas e não apenas táticas, políticas e não eleitorais,
estruturais e não conjunturais, sistêmicas e não isoladas, de caráter social e
não de metas monetárias, enfim reformas de Estado e não de Governo. É bom
ter em mente que a pior democracia é preferível à melhor ditadura, dentro da
perspectiva de liberdade; 3) consciência crítica – os profissionais de
“marketing”, com raras exceções, costumam mudar o perfil do político, o que
é extremamente negativo para o processo democrático. Uma coisa é apresentar
uma marca de sabonete, outra, bem diferente, é mostrar um candidato a um
cargo eletivo. Como disse a professora Maria da Conceição Tavares: “ Eu não
sei qual a solução para o Brasil, mas enquanto as pessoas não tiverem
consciência crítica, indignação e capacidade de lutar, ele não muda”; 4) ética e
política – acreditamos que um líder se faz pelo reconhecimento livre e
soberano do seu povo. Ademais, como disse o sociólogo Emir Sader: “ A
política desvinculada da ética poderia gerar resultados concretos em prazos
curtos, porém suas formas de ação estariam contaminadas...” É importante
apoiar princípios morais e jurídicos, rejeitando qualquer indício de corrupção
e desmando administrativo; 5) fundamentos morais – observando-se o
pensamento de filósofos clássicos, neoclássicos e modernos, como Pitágoras,
Platão, Aristóteles, Santo Agotinho, Max Weber, Kant, Hegel, Marx e mais
recentemente Sartre, nota-se uma preocupação básica com a verdade e a
existência. Apesar das controvérsias, todos buscaram formas para justificar, de
acordo com suas teses e convicções, o sentido da vida, da ética, da moral, da
política, etc. Por sua vez, a política é mutável ou dinâmica, conforme o Estado
e o Governo, já a moral é permanente. O importante é compatibilizar a política
e a moral dentro de bases éticas que respeitem a lei e a liberdade pacífica.
Senhor Presidente,
Por fim, um país deve procurar caminhos compatíveis com a moral,
buscando o fortalecimento da democracia, da estrutura legal e da justiça
social. Com certeza, tudo que foi dito poder-se-ia resumir em dois
pensamentos: um de Bacon, “Como é estranho ambicionar o poder e perder a
liberdade” e outro de Goethe, “ Abra o coração para que entre mais amor.”
Obrigado.
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