Câmara dos Deputados Deputado Federal Heuler Cruvinel – PSD / GO DISCURSO “REFORMAS JÁ!” (proferido no da Câmara Federal em 21/03/2013) Senhor Presidente, Nobres Pares, Povo Brasileiro, Quero primeiro louvar e endossar a posição ética manifesta pelo presidente do meu partido, ao recusar o ingresso da legenda em integrar a base do governo antes do pleito de 2014. Como vice-líder do PSD, também venho ocupar esta tribuna para alertar a população sobre enormes riscos apontados por renomados economistas quanto à não realização urgente tanto das reformas tributária e fiscal, quanto de cortes mais austeros nos gastos públicos do país 1. Ressalto que isto foi promessa prioritária de campanha do atual governo, em 2010, ao empresariado nacional2, e colocado como condição sinequanon à competitividade, à retomada dos investimentos na produção, ao aumento das exportações (hoje nossa balança é deficitária) e à geração e manutenção de novos postos de emprego. O peso dos impostos sobre a nossa fragilizada economia vem batendo sucessivos recordes nos últimos dois anos (20113 e 20124), quando mais de 1/3 de tudo que o Brasil produziu foi para os cofres públicos, correspondendo a exatos 36,02% do PIB nacional; sendo que os tributos federais foram os que mais pesaram no bolso do brasileiro (24,73% do PIB) e, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o trabalhador pagou, só ano passado, em média R$ 8.230,31 de impostos: nunca pagamos tanto para receber tão pouco em serviços públicos precários e ineficientes, especialmente nas áreas de segurança pública, saúde e educação! Já nos tornamos surdos ao bordão “somos o país dos impostos” e atualmente parece que estamos ficando cegos também, pois apesar do recorde de arrecadação da ordem de R$ 4,36 bilhões ao dia, o “crescimento” da nossa economia chegou ao minguado e inaceitável patamar de 0,9% em 2012; bem abaixo do desempenho dos outros países emergentes como China (7,8%), México (3,9%), Rússia (3,4%), África do Sul (2,5%), Coréia do Sul e EUA (2,2%). A média de crescimento econômico mundial foi de 3,2% 5. Somos o “lanterninha” dos BRICs, quase rebaixados à segunda divisão dos países com crescimento negativo. Meu ceticismo quanto às atuais possibilidades de crescimento de nossa economia também se devem ao fato de que estamos desperdiçando tragicamente o bônus demográfico de nossa população (número de pessoas economicamente ativas maior que o de crianças e idosos), fenômeno iniciado na década de 70 e que segundo especialistas6 terminará já na primeira metade da década de 2020. Nos restam menos de 10 anos para fazer as reformas que o país precisa, e não é por falta de maioria no Congresso que este governo não o faz (fato inédito no período de redemocratização). Além de tudo, o próprio governo reconhece7 que o crescimento econômico e a melhoria da distribuição de renda devem ser feitos via corte nos gastos públicos e não via o peso morto dos impostos. Não precisamos de mais ministérios e sim de mais vontade política em realizar as reformas que este país tanto precisa. A atual política fiscal asfixia o setor produtivo, mesmo com o paliativo das recentes desonerações, as quais não estão sendo percebidas eficazmente no bolso do brasileiro e nos índices reais de inflação como o IPCA, e acabam por servir para recompor as margens do empresariado8 se não forem acompanhadas de implacável fiscalização (sem precisar adotar o fantasma argentino do congelamento de preços). O Brasil não pode crescer só com reformas “fatiadas” e esparsas! 1 http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=941:reportagens-materias&Itemid=39 http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,dilma-promete-reforma-tributaria-a-empresarios-se-eleita,556498,0.htm 3 http://www.ebc.com.br/2012/11/peso-dos-impostos-sobre-a-economia-bate-recorde-em-2011-e-atinge-353-do-pib 4 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/3/5/carga-de-impostos-vai-a-36-3-do-pib 5 http://www.valor.com.br/brasil/3028090/pib-brasileiro-cresce-menos-que-brics-e-mexico-em-2012 6 http://www1.folha.uol.com.br/colunas/samuelpessoa/1183799-bonus-demografico-passou.shtml 7 http://www.brasil-economia-governo.org.br/2011/03/16/como-os-impostos-afetam-o-crescimento-economico/ 8 Fonte: Barclays e MB Associados em http://www.fenacon.org.br/noticias-completas/895 2 Câmara dos Deputados l Anexo III – 1º andar – Gabinete 275 l 70160-900 Brasília DF Tel (61) 3215-5275 / 3275 – Fax (61) 3215-2275 l [email protected]