1 Área temática: Gestão de varejo Aplicação de ações de marketing de relacionamento em lojas de departamento. AUTORES: CEZAR TERENCE GUIMARÃES Fundação Instituto de Administração [email protected] GABRIELA NÓVOA FERNANDES MILANI [email protected] EDSON CRESCITELLI Escola Superior de Propaganda e Marketing [email protected] Resumo O Varejo no Brasil é um setor que se caracteriza pela alta competitividade e dinamismo, reforçadas pela entrada de novos concorrentes multinacionais e o elevado grau de exigência dos consumidores, que a cada dia se tornam mais conscientes de seus direitos e papel no processo de comercialização. Conseqüentemente, já não basta ofertar produtos de qualidade ou prestar bons serviços para obter ou sustentar uma vantagem competitiva. Nesse contexto, o marketing de relacionamento surge como um poderoso instrumento que pode representar fator de vantagem competitiva, mas, contudo, ainda é pouco explorado no varejo nacional. A proposta deste trabalho é analisar como as lojas de departamento praticam ações de relacionamento e, com base nela, propor um modelo de programa de relacionamento que possa contribuir para a melhoria da satisfação dos clientes e, conseqüentemente, gerar vantagem competitiva. A partir das deficiências dos modelos atuais praticados é proposto um modelo de programa de relacionamento que engloba não somente ações relacionadas diretamente aos clientes, mas também recomendações de infra-estrutura e envolvimento da equipe interna. Abstract Competitiveness and dynamism are inherent features in retail market that are strengthened by the entrance of new multinationals competitors and consumer’s raised level of requirement. Consequently, offer quality products or good service isn’t enough any more to get or support a competitive advantage. Therefore, relationship marketing may represent a source of competitive advantage badly explored in brazilian market. This is the intention of this article: analyze how brazilian department stores practice their relationship actions and, based on them, suggest a model of relationship program looking for the improvement of consumers’ satisfaction level and thus, acquiring a competitive advantage. From the present models’ imperfections it is proposed a new model including not only consumer’s targeted actions but also recommendations ranging from infrastructure till internal team involvement. Palavras-chave Varejo 2 Marketing de relacionamento Comportamento do consumidor Introdução O Varejo é um setor que se caracteriza pela alta competitividade e dinamismo. Como está fortemente presente no dia a dia do consumidor, o nível de comparação entre as diversas lojas e modelos de negócios é alto. Buscando evitar esse confronto direto com seus concorrentes e se adequar às necessidades e desejos do consumidor em constante mudança, a agilidade em identificar o direcionamento do futuro e se antecipar aos concorrentes é um fator determinante para a sobrevivência do negócio. Segundo Rojo (2003), após passar pela Era do Fabricante e pela Era do Varejista, o varejo está agora caminhando para a Era do Consumidor. Mercados inexplorados são cada vez mais difíceis de se encontrar e a oferta é maior que a demanda. De um lado, a globalização tem intensificado a competição com a entrada de novos concorrentes multinacionais, know-how, acesso à tecnologia de ponta e maiores investimentos no mercado. Por outro lado, o avanço tecnológico e acesso ao capital possibilitam aos concorrentes a reprodução de um produto, serviço ou conceito em intervalos de tempo cada vez menores. Segundo Serrentino (2003), a globalização e a segmentação por estilos de vida como decorrência do elevado grau de exigência do consumidor são algumas das principais tendências do varejo na atualidade. Como conseqüência, já não basta ter um bom produto ou serviço. Estes fatores deixarão de ser diferenciais e se tornarão parte do esperado, não mais sustentando uma vantagem competitiva. Problema de pesquisa Ao analisar o mercado nacional, especificamente o setor de lojas de departamento, detectou-se que nenhum varejista se diferencia hoje reconhecidamente pelo relacionamento com o cliente. Como este é um dos fatores que podem proporcionar vantagem competitiva em um setor tão competitivo, é possível concluir que há uma oportunidade no mercado. No Brasil, as ações de marketing de relacionamento da maioria das lojas de departamento têm se concentrado no atendimento e na prestação de serviços. Certamente estes são fundamentais no varejo e devem ser trabalhados, porém há uma lacuna neste setor com relação aos programas de recompensas pelo relacionamento. Esse será o objetivo deste trabalho: explorar esta oportunidade de mercado e propor um modelo de programa de fidelização dos clientes por meio de seu reconhecimento e valorização. Na parte inicial, há uma revisão bibliográfica dos principais conceitos de varejo, comportamento do consumidor e marketing de relacionamento. Na segunda parte, há uma breve análise do mercado de varejo no Brasil e suas principais formas de relacionamento com o consumidor. A terceira e última parte traz uma sugestão de como deve ser estruturado um programa de relacionamento com os clientes de uma loja de departamento. Metodologia Os métodos utilizados foram pesquisa bibliográfica, observação e pesquisa de dados secundários. A pesquisa bibliográfica envolveu revisão bibliográfica sobre o tema abordado. Na observação e no levantamento de dados secundários utilizou-se diversas fontes, tais como Internet, periódicos do setor varejista e de negócios, além de relatórios das empresas envolvidas. O foco da pesquisa foram as ações de relacionamento praticadas pelas principais organizações do setor, C&A, Riachuelo e Renner, além de outras duas redes do varejo de moda que praticam ações de relacionamento com seus clientes (Leader Magazine e Decathlon). 3 1. Fundamentação teórica Neste item, são abordados os principais fundamentos do varejo e seus diversos formatos. Na seqüência, são analisados os conceitos essenciais de comportamento do consumidor e de marketing de relacionamento. 1.1 VAREJO Segundo Kotler (2000, p. 540), todas as atividades de venda de bens ou serviços diretamente aos consumidores finais, para uso pessoal e não comercial são definidas como varejo. O local onde os produtos ou serviços são vendidos (lojas, rua ou residência do consumidor) não é importante. Da mesma forma, todas as maneiras pela qual estes bens ou serviços são vendidos estão incluídas no conceito de varejo, seja através de venda pessoal, correio, telefone ou máquina automática (vending machines). Entre os principais formatos de lojas estabelecidos por Levy & Weitz (2000, p. 51-59), será estudado o formato de loja de departamento especializada em produtos diferenciados, formato de loja de departamento mais utilizado no Brasil atualmente. Neste formato, as lojas são organizadas em departamentos separados de exposição de mercadorias enfocando basicamente vestuário e calçados. Algumas redes também oferecem em seu mix equipamentos residenciais leves (como tapetes, cama, mesa e banho). No marketing de varejo existem duas características específicas de grande importância: o atendimento e a exposição. Estes dois fatores são tão importantes que, além dos tradicionais produto, preço, promoção e praça (distribuição), Parente (2003) defende a teoria dos seis P’s, onde duas novas variáveis se destacam: o P de Pessoal (atendimento e serviços) e o P de apresentação. O sucesso de um varejista seja ele pequeno ou grande, depende principalmente do quanto ele incorpora o conceito de varejo. Este conceito é uma orientação de gerenciamento que faz o varejista focar a determinação das necessidades de seus mercados-alvo e a satisfação das mesmas mais eficaz e eficientemente que seus concorrentes. Segundo Ruotolo & De Menezes (2001) ao idealizar um conceito de loja o varejista toma decisões sobre: nível de serviço oferecido; linha de produtos comercializados; política de preços; cobertura geográfica; acesso ao cliente; tamanho e localização da loja. Porter (1989) ressalta que o acirramento do mercado e suas baixas taxas de crescimento aumentaram ainda mais a importância de uma vantagem competitiva. Porém, obter vantagens competitivas sustentáveis no varejo é particularmente difícil. Para ser sustentável, a vantagem em relação à concorrência deve poder ser mantida ao longo do tempo, ou seja, não pode ser reproduzida pelos concorrentes rapidamente. Desta forma, estabelecer uma vantagem deste tipo é estratégica, pois minimiza a pressão da concorrência e impulsiona os lucros por um período mais longo. Assim, é a chave para um bom desempenho financeiro de longo prazo. Segundo Levy & Weitz (2000, p. 156), os varejistas têm cinco principais oportunidades para criarem vantagens competitivas sustentáveis: localização; relações com fornecedores; sistemas de distribuição e de informações gerenciais; operações de baixo custo; e fidelidade do cliente. Dentro de fidelidade, algumas formas usadas pelos varejistas para construção da fidelidade do cliente são: posicionamento, serviço, banco de dados e mercadorias. 1.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 4 Engel, Blackwell & Miniard (2000) definem comportamento do consumidor como: “as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem as ações”. Kotler (2002, p.182) afirma que o campo do comportamento do consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, idéias ou experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos. Abaixo segue um modelo do processo de tomada de decisão de compra definido por Kotler (2000, p. 183). Figura 1 - MODELO DE PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO Estímulos de Marketing Produto Preço Praça Promoção Outros Estímulos Econômico Tecnológico Político Cultural Características Do comprador Culturais Sociais Pessoais Psicológicos Processo de Decisão do comprador Reconhecimento problemas Busca de Informações Avaliação de alternativas Decisão de compra Comportamento pós compra Decisões Do comprador Escolha do produto Escolha da marca Escolha do revendedor Freqüência de compra Montante de compra Fonte: Kotler (2000, p. 83) Os estímulos influenciadores podem ser os estímulos de marketing (conjunto de ferramentas que a empresa utiliza para satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores, também apresentado por McCarthy (1996) com o nome de “composto de marketing”) e os estímulos externos (o ambiente econômico, tecnológico, político e cultural em que os consumidores estão inseridos e que estimulam ou não o consumo de certos bens). Segundo Tauber (1972), os varejistas utilizam-se de artimanhas para atrair e reter clientes em seu ambiente o maior tempo possível pensando nos seguintes fatores: experiências socias fora de casa, comunicações com outros cujos interesses são similares, atração de grupos de pares e prazer de pechincar. Kassarjian (1971, p.409-418), definiu a personalidade como respostas conscientes a estímulos ambientais. Ela abrange características como autoconfiança, domínio, autonomia, submissão, sociabilidade, resistência e adaptabilidade. Além da personalidade, algumas características dos consumidores como seus valores, seus grupos de referência, idade, ocupação, nível de renda, estilo de vida, necessidades, aprendizado obtido através de experiência anterior própria ou de terceiros e as necessidades e desejos atuais são fatores que também influenciam a tomada de decisão. A pesquisa de todos estes fatores pode fornecer sugestões sobre como alcançar e servir os clientes mais efetivamente. Depois dos fatores influenciadores da tomada de decisão abordaremos o processo propriamente dito, que é composto basicamente de 5 etapas: 1) Reconhecimento do problema: O processo de decisão de compra começa quando o consumidor reconhece um problema ou uma necessidade; 2) Busca de informações: a pessoa vai atrás de informações sobre produtos e serviços que vão satisfazer as suas necessidades. A principal fonte de informações é a experiência anterior, informação de amigos, além das fontes comerciais; 3) Avaliação das alternativas: diante de todas as informações do produto e da concorrência, o consumidor vai fazer uma análise de que produto comprar. O produto ideal é aquele que no conjunto tiver maior números de benefícios que satisfaçam as suas necessidades; 4) Decisão de compra: no estágio de avaliação, o consumidor cria preferências entre as marcas e demonstra intenção de compra. No entanto, nem sempre uma intenção de compra é consumada. Alguns fatores como mudança de situação econômica ou a existência de novas informações sobre o produto ou loja podem fazer com que o consumidor mude de opinião; 5) Comportamento pós compra: após a 5 compra, o consumidor se depara com algum nível de satisfação ou insatisfação. A satisfação ou insatisfação do cliente repercutirá certamente em futuros processos de decisão de compra. Vale lembrar que a percepção de uma loja é chamada imagem da loja. Martineau (1958), definiu este conceito como “a maneira na qual uma loja é definida na mente do comprador, em parte por suas qualidades funcionais e em parte por uma aura de atributos psicológicos”. Como a imagem é a realidade perceptual na qual os consumidores se baseiam quando fazem escolhas, a mensuração da imagem é uma ferramenta essencial para os analistas do consumidor. 1.3 MARKETING DE RELACIONAMENTO Gordon (1998, p.9) define o marketing de relacionamento como sendo “o processo contínuo de identificação e criação de valores e o compartilhamento de seus benefícios com clientes individuais, durante todo o tempo de vigência da parceria”. Segundo Lovelock (2001, p. 26), uma relação valorizada é aquela na qual o cliente encontra valor porque os benefícios recebidos da entrega do serviço superam significativamente os custos associados à sua obtenção. Para a empresa, é uma relação financeiramente lucrativa ao longo do tempo e na qual os benefícios de atender os clientes podem ir além das receitas e incluir intangíveis como o conhecimento e o prazer obtidos de se trabalhar com eles. A proposta de valor de uma empresa é muito mais do que se posicionar em um único atributo. É uma declaração sobre a experiência que os clientes obterão com a oferta e seu relacionamento com o fornecedor. A marca deverá representar uma promessa relativa à experiência total resultante que os clientes podem esperar. Além de criar valor, é importante conseguir entregá-lo para os clientes. Isto resulta da excelência em gestão de entrega de valor, o que exige da empresa uma estratégia alinhada e um esforço conjunto de todos os departamentos. Da busca da satisfação dos clientes surge o conceito de pós-marketing. Segundo Vavra (1993, p.35), pós-marketing é o processo de proporcionar satisfação contínua e reforço aos indivíduos, que são clientes atuais ou que já foram clientes. Os clientes devem ser identificados, reconhecidos como indivíduos, comunicados de acordo com suas necessidades e expectativas, auditados em relação à satisfação e respondidos. O objetivo principal do marketing de relacionamento é construir relacionamentos duradouros com todos os clientes, conforme definem Stone & Woodcock (1998, p.3): “O marketing de relacionamento é como nós: Achamos você, passamos a conhecê-lo; mantemos contato com você, tentamos assegurar que você obtenha de nós aquilo que quer – não apenas em termos de produtos, mas em todos os aspectos de nosso relacionamento com você e verificamos se você está obtendo aquilo que lhe prometemos, desde que, naturalmente, isso também seja vantajoso para nós”. Segundo Nickles & Wood (1999, p.5) alguns princípios do marketing de relacionamento são: manter os clientes atuais; objetivo a longo prazo; interesses em venda múltiplas e relacionamentos duradouros através de alto envolvimento com o cliente; funcionários preocupados com a qualidade e com alto grau de compromisso com a prestação de serviços. Para Gummesson (1999, p.7), além de diversas áreas do marketing e serviços de marketing, o relacionamento também é influenciado por programas de qualidade total, que em sua concepção moderna consideram a percepção de qualidade do consumidor e seu nível de satisfação, ou seja, seu foco está na concepção de marketing. Vavra (1993, p.107) afirma que o principal mecanismo para manter relacionamentos de longa duração com os clientes é aumentar sua satisfação através de interações com a empresa, tanto em qualidade quanto em número. Para monitorar suas interações, a empresa precisa ter um conhecimento completo de como os clientes compram seus produtos ou serviços e como eles interagem com ela. Para Zemcke & Schaaf (1990), cinco princípios operacionais diferenciam as empresas: ouvir, compreender e responder aos clientes; definir um produto ou serviço superior e estabelecer 6 uma estratégia de serviços; boa comunicação interna; estabelecer padrões e medidas de desempenho; e reconhecer e recompensar as realizações. Umas das formas de aumentar as interações do consumidor com a empresa é criar um programa de fidelização, onde ela consegue fornecer um conjunto de serviços agregados que estimulem a sua permanência como cliente, através de um conhecimento profundo das necessidades e desejos dos clientes-chave. Rocha & Veloso (1999) sugerem um roteiro para montar um programa de fidelização de sucesso baseado em recompensas. O principal ponto de partida para a elaboração de um programa de fidelização é a definição dos objetivos e metas. Baseando na realidade de mercado e na posição da empresa em relação à concorrência deve-se estabelecer metas financeiras a longo prazo. Existem algumas etapas necessárias para a implantação de um programa de relacionamento, tais como: definir verbas e equipe de implantação; definir conceitos e as características do programa; calcular valores para a pontuação; escolher prêmios e obter aprovações; desenvolver estrutura de suporte; preparar os sistemas; desenvolver mecanismos de avaliação e materiais de comunicação; treinar as equipes envolvidas e fazer constantes reavaliações e ajustes. Recompensas por si só não permitem a uma empresa manter seus melhores clientes. Se os clientes não se encantarem com a qualidade do serviço que recebem ou acreditarem que podem obter melhor valor de um serviço mais barato, rapidamente poderão deixar de ser fiéis. Marketing de relacionamento é mais do que simplesmente cadastrar pessoas em um banco de dados e enviar-lhe carteirinhas. Quando o cliente descobre que o atendimento que está tendo não é exclusivo, seja em situações como a venda, ações promocionais ou ofertas especiais, não só o relacionamento fica comprometido, como também o cliente pode se sentir desprestigiado.Também é preciso dizer que construir um relacionamento baseado apenas em descontos financeiros não significa relacionamento duradouro. Isto porque, basta um concorrente oferecer vantagem similar e o consumidor facilmente mudará de posição. Outra forma inadequada para estabelecer relacionamento é condicionar o cliente apenas a recompensas pelo volume e freqüência de compras. Existe a necessidade de desenvolvimento de estratégias e ações. Saber como utilizar o banco de dados de forma que possa ser explorado para sensibilizar e provocar reações satisfatórias do público-alvo é a chave do programa. Um programa de relacionamento baseado na oferta de benefícios, privilégios e valorização, que vai além da questão financeira e considera aspectos emocionais e comportamentais, supera as expectativas dos clientes. Desta forma, fica mais fácil gerar um vínculo mais sustentável com os consumidores dificultando a ação dos concorrentes. 2. Análise das ações de relacionamento praticadas 7 O varejo é formado por vários segmentos como: lojas de departamento, eletrodomésticos, supermercados, móveis, materiais de construção entre outros. Segundo dados da Revista Valor: Grandes Grupos (2004), os 20 maiores grupos da área do comércio foram responsáveis por um faturamento bruto em 2003 de R$105 bilhões. Neste setor, existe a presença de praticamente todos os formatos de lojas do varejo: lojas de produtos diferenciados (M. Officer, Zoomp, etc); lojas de departamento (C&A, Riachuelo, Renner, etc); lojas de variedades (Lojas Americanas); lojas de descontos (Pelikano, Torra-Torra); lojas de fábrica (Vila Romana, etc); hipermercados (Carrefour, Extra, etc); e varejo sem Loja (closet.com), que ainda tem baixa participação no mercado. O mercado de lojas de departamentos ainda está engatinhando com relação ao marketing de serviços. A grande maioria das lojas concentram suas ações no atendimento e na prestação de serviços básicos como pequenos ajustes de roupas, troca no prazo de 30 dias, financiamento de compra e reserva de mercadorias. No entanto, como nenhuma das empresas consegue criar um serviço realmente diferente, a percepção dos consumidores em relação às três principais empresas – C&A, Renner e Riachuelo - acaba sendo muito similar e pouco diferenciada. A C&A aparentemente é a empresa mais avançada neste assunto entre as três analisadas. Sabe-se que ela classifica seus clientes pelo volume de compras, premiando seus maiores clientes com descontos em determinados lançamentos de coleções e dando convites para eventos que patrocina. Já são iniciativas diferentes e orientadas para o reconhecimento do relacionamento, porém não têm constância e são feitas esporadicamente. As ações da Riachuelo se limitam ao atendimento, prestação de serviços aos clientes e algumas ações de marketing direto para sua base de clientes cadastrados no cartão de crédito próprio, havendo segmentação apenas por cidade. Como é possível observar, não há muitas ações desenvolvidas especialmente para determinados perfis de clientes e não há reconhecimento da empresa para os melhores clientes. Além das ações tradicionais, a Renner utiliza o "encantômetro", um equipamento para medir a satisfação de seus clientes localizado na frente de todas as lojas. Ao sair da loja, o cliente tem a opção de escolher entre três botões (muito satisfeito, satisfeito e insatisfeito). Por meio deste equipamento, a empresa elabora um ranking percentual indicando quantos clientes estão em cada escala de satisfação. Apesar de ser uma ferramenta de aproximação da empresa com o cliente, o "encantômetro" é um mecanismo que pode ser considerado tendencioso. Uma vez que há um funcionário ao lado do equipamento chamando e convidando os clientes a votarem, a avaliação deixa de ser espontânea e pode de certa forma inibir más avaliações. Existem outras empresas no varejo de moda que trabalham algumas ações de marketing de relacionamento. Uma delas é a Leader Magazine, loja de departamento carioca que tem como principal instrumento de relacionamento o cartão da loja (Leader Card). Além de proporcionar condições variadas de pagamento dos produtos vendidos na loja, títulos de capitalização e seguros, a empresa oferece também a oportunidade de o cliente obter descontos em vários estabelecimentos parceiros, como livrarias, farmácias e cinemas. A Decathlon, loja especializada em artigos esportivos, possui um cartão de crédito que dá benefícios ao cliente à medida que o mesmo vai efetuando suas compras. É cobrada uma taxa de anuidade, mas o cliente ganha 10 pontos a cada dia de compra em suas lojas e mais 10 pontos a cada R$ 40,00 gastos em mercadorias. Com 500 pontos, o cliente recebe um cheque presente no valor de R$ 20,00, para utilizar na compra de qualquer produto da loja. 3. Proposta de Programa de Relacionamento para lojas de departamento Nesta etapa, foi elaborado um modelo de programa de marketing de relacionamento que atende às necessidades de uma loja de departamento, tomando como referência uma rede de grande porte e utilizando números fictícios. O modelo de programa terá os seguintes 8 objetivos: Estreitamento do relacionamento com o cliente; Diferenciar uma loja de departamento no Brasil pela primeira vez através do relacionamento com os clientes, agregando valor ao consumidor; Aumento do ticket médio e da freqüência de compra; Enfraquecimento da percepção de diferencias ou ações promocionais da concorrência, desestimulando o consumo de produtos concorrentes . Para obter sucesso na implementação de um programa dessa natureza é necessário que a empresa cumpra alguns pré-requisitos, tais como: 9 O programa deve ter apoio da cúpula da empresa, não apenas como suporte financeiro, mas também como suporte interno na forma de diretrizes, deixando claro para todos a importância do mesmo; 9 O foco da empresa deve estar no consumidor, ou seja, a organização deve buscar adaptar seus produtos e serviços às necessidades e expectativas dos clientes; 9 É importante existir uma gerência responsável pela implantação e manutenção do programa, inclusive na administração e atualização do banco de dados. 9 Deve existir uma integração entre as diversas ações de Marketing, como propaganda, patrocínios e marketing de relacionamento 9 As ferramentas de contato com o consumidor devem prestar serviços: toda comunicação deve estar voltada para entender e atender os clientes, aproveitando para informar o cliente sobre o negócio, produto e quando possível sobre o programa de fidelização. 3.1 ENVOLVIMENTO DO PÚBLICO INTERNO Para que um programa de relacionamento funcione, é muito importante que toda a empresa esteja envolvida. O Marketing de Relacionamento deve ser uma filosofia que não se limita ao departamento de marketing. Todos os funcionários devem estar envolvidos e motivados a incentivar o relacionamento cada vez maior dos clientes com a empresa. Para tanto, é fundamental o envolvimento da diretoria e alta gerência. Devem ser organizados treinamentos para todos os funcionários e a empresa deve incentivar a participação dos mesmos a contribuir com idéias, sugestões e trazer exemplos de ações que ajudaram a fidelizar o consumidor. Neste sentido, a empresa deve trabalhar no desenvolvimento de 2 grandes projetos de treinamento: marketing de relacionamento e atendimento; e tendências e coleções disponíveis nas lojas. 3.1.1 Marketing de relacionamento e atendimento Os principais conceitos de marketing de relacionamento e fidelização de clientes deverão ser trabalhados junto com os conceitos de atendimento para todos os funcionários, mostrando a importância do tema e salientando as vantagens que poderão ser obtidas com um bom trabalho de marketing de relacionamento. Além disto, as seguintes ações são recomendadas: a) Premiação de funcionários que se destacaram por um bom atendimento (tanto nas lojas como no escritório); b) Mapeamento de todos os pontos de contatos dos clientes com a empresa, onde todos os funcionários que trabalham em contato direto com clientes devem ter treinamento intensivo sobre atendimento e marketing de relacionamento. 3.1.2 Tendências e coleções disponíveis nas lojas Para uma loja que vende moda, é muito importante que os funcionários conheçam as tendências que estão na moda e as principais apostas em coleções que a empresa está fazendo. Desta forma, eles estarão melhor preparados para atender às necessidades dos clientes e orientá-los. As ações recomendadas são: a) material explicativo com fotos de editoriais e desfiles deve ser elaborado mensalmente com explicações das coleções e tendências; b) Nos principais pontos de fluxo de funcionários (nas lojas, no escritório e nos centros de 9 distribuição) deverão ser expostos manequins com peças compradas que representam as apostas em tendências da empresa, junto com um quadro resumido com as explicações e fontes de inspiração das tendências; c) Mensalmente, em dias de menor movimento, pequenos desfiles devem ser organizados nas lojas e no escritório com algumas peças da coleção dos principais departamentos, fazendo com que os funcionários incorporem de maneira mais descontraída e efetiva as tendências trabalhadas. 3.2 ENVOLVIMENTO DO PÚBLICO EXTERNO 3.2.1 Premiação dos melhores clientes com convites de eventos patrocinados pela empresa Caso a empresa patrocine eventos, é importante oferecer convites para seus clientes especiais. Assim, é gerada uma divulgação ‘boca a boca’. Como critério para definir quais clientes estarão aptos a ganhar os convites, deverão ser utilizados o volume total de compras nos últimos seis meses e a assiduidade no pagamento de crediários. A quantidade de clientes beneficiados deve ser calculada tendo por base o total de clientes cadastrados na cidade onde o evento se realiza. 3.2.2 Lançamentos de coleções e promoções no ponto de venda Em todas as promoções (Dia das Mães, Pais, Namorados, Crianças, Natal, etc) e lançamentos de coleções (Outono-Inverno e Primavera-Verão), os principais clientes deverão ser convidados para um pré-lançamento exclusivo nas principais lojas de cada praça. Pode-se programar este pré-lançamento para o período da manhã antes das lojas abrirem, oferecendo um café da manhã e descontos especiais para estes clientes. Os estoques destas lojas devem ser reforçados, principalmente com os itens que farão parte dos encartes e promoções. 3.2.3 Aniversários dos clientes Os clientes cadastrados aniversariantes receberão um convite para comparecer à loja e retirar um brinde. Trabalhando em sinergia com a proposta de moda da empresa, o brinde deve ser um acessório de moda que esteja em evidência na ocasião. A empresa deve selecionar três classes de brindes, sendo que os melhores clientes devem receber brindes superiores e os clientes que têm menor relacionamento devem receber brindes de custo unitário mais baixo. Deve-se oferecer opções masculinas e femininas com a preocupação de atender a todas as idades, buscando satisfazer toda base de clientes. Caso o cliente faça compras até uma semana antes de sua data de aniversário, esta informação deverá ser disponibilizada no sistema para o caixa, que deverá cumprimentar o cliente. 3.3 PROGRAMA DE RECOMPENSA A maior parte das lojas de departamentos no Brasil financiam suas compras através de cartão de crédito próprio. Recomendamos utilizar este banco de dados e basear o programa de relacionamento nas operações realizadas com o cartão da própria rede, otimizando os dados que as empresas já possuem, porém fazendo ajustes no sistema para a adaptação ao processo do programa de relacionamento. Forma de Inscrição: a adesão ao programa será automática e gratuita. Todos os atuais clientes do cartão próprio serão automaticamente inscritos no programa. Este procedimento também será automático para os novos clientes que se associarem ao cartão. Sistema de Pontuação: a premiação será feita considerando os seguintes fatores: a) Volume de Compras: nas compras no valor de até R$ 70,00, cada R$ 1,00 em compras será convertido automaticamente em 10 pontos. Para as compras de valor superior a R$ 70,00, cada R$ 1,00 será automaticamente convertido em 15 pontos. Com isto, o cliente é incentivado a aumentar o ticket médio de compra, considerando um preço médio fictício de R$ 60,00; b) Freqüência de Compra: cada dia que o cliente realizou uma compra será 10 convertido em 10 pontos. Esta medida visa aumentar a freqüência de compra dos clientes na loja; c) Assiduidade no pagamento: caso o cliente esteja inadimplente, a troca de pontos por prêmios será bloqueada e somente será liberada quando a situação de pagamento for regularizada; Tipos de pontos: haverá 2 tipos de pontos, os disponíveis, (pontos que podem ser trocados imediatamente por prêmios) e os bloqueados (gerados em compras com pagamento parcelado. Eles se transformam em pontos disponíveis à medida que o cliente paga suas mensalidades). Prêmios: Os pontos serão convertidos em prêmios conforme a Tabela 1. A proposta é trocar os pontos por produtos disponíveis na loja. A tabela foi elaborada utilizando preços fictícios, porém é importante que o valor das peças seja equivalente ao valor em desconto, para que o cliente não se sinta burlado. Tabela 1: TABELA DE PREMIAÇÃO Quantidade de Pontos Prêmio R$ 10,00 em desconto 2.000 par de meias 2.000 R$ 20,00 em desconto 4.000 Camiseta infantil 4.000 Camiseta adulta 5.000 R$ 30,00 em desconto 6.000 Camisa adulta 7.000 Calça infantil 9.000 R$ 50,00 em desconto 10.000 Calçado adulto 10.000 Calça jeans adulta 12.000 Edredon solteiro 14.000 R$ 100,00 em desconto 20.000 Validade dos pontos: a validade deve ser estabelecida de maneira a evitar que a premiação fique muito distante e o consumidor perca a sua percepção de valor. Deve-se analisar a freqüência de compra do cliente e o tíquete médio para estipular este prazo. Direito ao prêmio e recebimento: o direito ao prêmio é pessoal e o crédito é feito em nome do associado ao cartão próprio da rede. Os clientes pessoalmente devem retirar os prêmios em qualquer loja da rede. Caso desejem, deve haver uma opção de doação para ações de responsabilidade social. Contato com a base de clientes cadastrados: O contato com os clientes acontecerá por meio de: a) Extrato mensal do cartão próprio, no qual será incluído um campo para a indicação da pontuação do cliente e outro para pequenas mensagens; b)Newsletter com atualizações, informações periódicas, apresentação de promoções e sugestões de peças disponíveis nas lojas que podem ser trocadas por pontos. A newsletter será encartada junto ao extrato do cartão próprio, evitando que o cliente receba muitas correspondências da empresa e comece a desprezar os materiais enviados; c) Internet: deverá ser criada uma página no site da empresa onde o cliente possa consultar seu extrato, verificar seus pontos e consultar o regulamento do programa. Divulgação do Programa: o programa deverá ser divulgado nas lojas, por mala direta (utilizando mailings próprios e de terceiros) e em mídia impressa (revista). Kit de boas vindas: receber bem o cliente em seu primeiro contato com o programa é um fator determinante no estabelecimento de um relacionamento duradouro e de confiança. O kit deverá ser enviado a todos os clientes já cadastrados no cartão próprio e deverá estar disponível nas lojas para que elas possam entregar aos novos clientes que se associarem a 11 partir da implantação do programa. O kit deve conter: cartão próprio da rede, carta de apresentação, regulamento do programa, vale 2000 pontos de bônus e folder com opções de produtos disponíveis nas lojas que podem ser trocados por pontos. A tabela a seguir resume os principais pontos e limitações do programa: Tabela 2 – RESUMO PONTOS FORTES E LIMITAÇÕES DO PROGRAMA DE RECOMPENSAS PONTOS FORTES LIMITAÇÕES Adesão gratuita e automática. Vencimento dos pontos após expirado o prazo de validade. Sinergia com a proposta de moda da empresa. Compras parceladas têm pontos bloqueados até a quitação das prestações. Cliente pode trocar pontos disponíveis mesmo que Clientes inadimplentes têm seus pontos tenha pontos bloqueados. bloqueados até a quitação da dívida. Simplicidade do sistema de pontuação. Geração de tráfego na loja. Premiação por freqüência de compra. Reconhecimento e valorização dos melhores clientes Mecanismo de controle: a adequação do Programa de Recompensas ao perfil do público deverá ser avaliada pelo grau de resgate dos pontos obtidos. Propomos como meta 90% de taxa de troca de pontos por prêmios. Caso o desempenho seja menor, as ações de comunicação ou premiação deverão ser revistas, baseadas em pesquisas qualitativas e quantitativas com clientes que estão deixando seus pontos vencerem. Caso o índice seja superior ao previsto, a empresa deve rever suas metas e se reestruturar para atender a demanda. Uma análise financeira dos resultados também deve ser feita, avaliando o incremento do número de transações ou o aumento do tíquete médio por cliente. A rentabilidade por cliente também é um bom indicador de desempenho e os custos de toda a ação devem ser avaliados a fundo. Pesquisa de avaliação do programa: Após 9 meses de implantação do projeto, deverá ser iniciada uma pesquisa de avaliação do programa, verificando quais metas estão sendo atingidas e quais podem ser alteradas. Simulações financeiras e mercadológicas deverão ser feitas, procurando alinhar o programa a eventuais mudanças na orientação da empresa ou da situação do mercado. Vale ressaltar que este tipo de projeto tem retorno de médio e longo prazo, portanto é recomendável evitar alterações precipitadas. Pré-requisitos para o desenvolvimento do Programa de Relacionamento: para a implantação do programa são necessários os seguintes pré-requisitos: Constituição da equipe de implantação: a equipe de implantação deverá ser formada por funcionários de diferentes níveis de carreiras e diversas áreas: Diretor de cartões; gerente de marketing; assistente de marketing; gerente de produto (comercial); gerente de loja (operações); analista de sistemas (informática); controler (finanças); e advogado (jurídico). Cada uma destas funções tem o propósito de contribuir com diferentes visões sobre o assunto, visando prever obstáculos e solucionar problemas, fazendo o projeto crescer. O prazo de implantação para o projeto deve ser de 4 meses, tempo necessário para fazer os ajustes necessários no sistema; promover o treinamento dos funcionários; medir os indicadores de performance; preparar o material promocional e de divulgação; elaborar o regulamento do programa, fazer sua adequação à legislação em vigor e realizar testes. Após a implantação, deverá haver uma gerência de relacionamento para administrar e continuar aproximando cada vez mais a empresa do cliente, sempre buscando inovações. Desenvolvimento da estrutura de suporte: A central de atendimento deverá ser readequada para suportar a nova demanda por conta do programa de relacionamento, incluindo no sistema as opções referentes ao programa de recompensas (pontuação, 12 regulamento e premiação). Um treinamento específico sobre o programa deverá ser elaborado para os funcionários de atendimento e vendedores das lojas. Preparação do sistema: o lançamento do programa de fidelização exige revisão do sistema de informática existente, sendo feitas às adaptações necessárias para as características do programa, tais como: conversão e administração de pontos, manutenção de contas e usuários, administração de resgates e cancelamento de pontos por vencimento do prazo de validade, mensurar e comparar resultados obtidos com as metas dos indicadores de desempenho estipulados e elaboração de curvas de resgate, com o objetivo de fornecer dados para a adequação do fluxo de caixa da empresa. Considerações finais A intenção deste trabalho não é esgotar o assunto. O marketing de relacionamento é amplo e há certamente muito a fazer. O que propusemos é apenas um primeiro passo rumo à diferenciação dos concorrentes na área de relacionamento. É importante lembrar que o Programa de Relacionamento por si só não garante a satisfação do cliente. Ele é apenas mais uma ferramenta para o atingimento da meta, mas se a empresa não adotar a filosofia do marketing de relacionamento o projeto estará fadado ao fracasso. Como McKenna (1999, p.89) diz “Hoje, decide-se mais no balcão de vendas do que na poltrona da sala de estar”. O atendimento ao cliente e os serviços prestados têm que ser constantemente aprimorados, pois são essenciais no varejo. Sugerimos que o índice de satisfação dos clientes seja um dos indicadores de desempenho avaliados pela empresa e que uma meta seja estabelecida para ele. Desta forma, antes de iniciar suas ações de marketing de relacionamento a empresa deve realizar uma pesquisa para avaliar a satisfação atual de seus clientes. Depois, recomendamos que a mesma medição seja feita de quatro em quatro meses, para que a empresa consiga comparar com resultados anteriores e avaliar o impacto de suas ações, fazendo as correções necessárias. Marketing de relacionamento tem resultados a médio e longo prazos. Portanto, a empresa deve evitar tomar decisões baseadas em resultados de curto prazo. Deve também investir na continuidade e estreitamento do relacionamento com seus clientes, para que obtenha cada vez mais seu lugar de destaque na mente do consumidor, atingindo a fidelização. Referências Bibliográficas ENGEL, James F.; BLACKWELL, Roger D. & MINIARD, Paul W. Comportamento do Consumidor. 8ª . ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. GRANDES Grupos. Revista Valor, Ano 3, no.3, edição 2004, dezembro 2004 GORDON, Ian H. Relationship Marketing. Ontário: John Wiley &Sons, 1998. GUMMESSON, Evert. Total relationship marketing. Oxford: Butterworth-Heinemann, 1999. KASSARJIAN, H. Personality and consumer behavior: a review, Journal of Marketing Research, Chicago, p. 409 a 418 November 1971. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. LEVY, Michael. & WEITZ, Barton A. Administração de Varejo. São Paulo: Atlas, 2000. 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