PROTOCOLOS INICIAIS PARA - RExLab

Propaganda
1
EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE
ERVA-BALEEIRA (Cordia verbenaceae)
Lilian Fernandes *
Gilmar Pezzopane Plá**
RESUMO
A pesquisa, teve como objetivo principal obter dados para se avaliar a possibilidade de
produzir mudas de erva baleeira a partir de estacas desta, utilizando diferentes substratos. Os
substratos utilizados foram : substrato orgânico (Plantmax) (T1), casca de arroz queimada (T2),
areia (T3) e solo argiloso (de Braço do Norte) (T4).
Os resultados mostraram melhor enraizamento na seguinte ordem: areia (T3), solo argiloso (de
Braço do Norte) (T4), substrato orgânico (Plantmax) (T1) e finalmente casca de arroz queimada
(T2). Já em relação a brotação a sequência foi areia (T3), solo argiloso (de Braço do Norte)
(T4), casca de arroz queimada (T2) e substrato orgânico (Plantmax) (T1). Portanto, a pesquisa,
embora de forma preliminar, mostrou a possibilidade da produção de mudas para produtores de
plantas medicinais que se interessarem pelo cultivo desta espécie, com a vantagem de se fazer
um plantio comercial por estacas e não por sementes.
Palavras-chave: substratos, enraizamento, estacas, erva baleeira.
*Acadêmica do Curso de Agronomia- Bolsista PUIC- Universidade do Sul de Santa Catarina
** Professor - Universidade do Sul de Santa Catarina- Curso de Agronomia
E-mail: [email protected]
1- INTRODUÇÃO
A Cordia verbenaceae é uma planta arbustiva perene, conhecida popularmente por ervabaleeira, também conhecida como Maria-preta, Maria-milagrosa e Catinga-de-barão. A ervabaleeira é tradicionalmente usada no tratamento de hematomas e contusões. O alfa-humuleno
foi identificado como o verdadeiro princípio ativo da erva-baleeira. Trabalhos demonstram que
a artemetina, antes tida como o princípio ativo desta espécie, não possui atividade antiinflamatória (Neves, 2006).
O consumo de medicamentos fitoterápicos no Brasil vem aumentando ao longo dos anos,
estimulado por aspectos culturais, pela vasta variedade de espécies nativas e, atualmente, por
projetos de lei que permitem a sua recomendação e utilização por pacientes do Sistema Único
de Saúde (SUS). Com a comprovação de suas propriedades anti-inflamatórias, existem no
mercado medicamentos fitoterápicos de caráter anti-inflamatório produzidos a partir do óleo
essencial de Cordia verbenaceae (Vaz et al., 2006) .
2
O cultivo de erva-baleeira pode ser feito por sementes ou por estacas de ramos novos. As
sementes devem ser de origem conhecida, com conhecimento da identidade botânica e do
percentual germinativo, para que não haja problemas futuros com a lavoura. Propagada
usualmente por sementes, a erva-baleeira pode apresentar alterações no teor de princípio ativo
em função da variação genética existente, além de fatores ambientais como solo, clima e época
do ano (Guia Rural, 1991).
O cultivo por estacas tem como vantagem a uniformidade genética entre as plantas (se
forem estacas de uma mesma matriz) e maior rapidez no estabelecimento da lavoura (Borém,
1998).
Um dos fatores mais importantes para o enraizamento de estacas é o substrato utilizado,
além do controle da temperatura, umidade e controle de doenças. Entretanto, muitas plantas
apresentam dificuldade de enraizamento, devido a presença de componentes no substrato que
dificultem este processo ou devido a ausência de determinados compostos essenciais ao
enraizamento. Lameira et al. (1997) demonstraram que a imersão das estacas em ácido
indolbutírico (AIB) numa concentração de 250 mg/l proporciona um percentual de
enraizamento de 68% em substrato de areia e vermiculita, enquanto na ausência do AIB, o
enraizamento foi de apenas 18%.
Isto demonstra a necessidade de se pesquisar o enraizamento de estacas desta espécie em
outros substratos, com ou sem a utilização de produtos químicos para se obter um nível
satisfatório de enraizamento destas estacas.
2- METODOLOGIA
O experimento foi realizado na área experimental da Unisul em Braço do Norte, conforme
pode ser observado pela figura 1 . Foram utilizadas estacas de ramos jovens de plantas de
Cordia verbenaceae coletados na cidade de Jaguaruna-SC. Utilizou-se caixas de madeira com
dimensões de 0,5 x 1,0 m e 20 cm de profundidade. Os substratos foram: substrato orgânico
(Plantmax) (T1), casca de arroz queimada (T2), areia (T3) e solo argiloso (de Braço do Norte)
(T4).
3
Figura 1 – Experimento com diferentes substratos para observar o
enraizamento de estacas em erva baleeira
As estacas tinham 10 cm de comprimento com as folhas cortadas ao meio, retiradas a 5 cm
da região apical de brotações de plantas adultas. As estacas foram fincadas a uma profundidade
de 5 cm. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, com dez estacas por
tratamento e quatro repetições. Todos os tratamentos receberam a mesma quantidade de água e
luminosidade.
As avaliações foram realizadas 35 dias após o plantio. Foram elas:
- percentual de estacas enraizadas;
- percentual de estacas brotadas
- número de raízes maiores que 10 cm por estaca
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após os 35 dias do plantio as estacas foram removidas, dos respectivos substratos e
avaliadas quanto ao percentual de enraizamento e brotação, pode-se observar o seguinte:
O tratamento 1 (T1), no qual as estacas foram cultivadas em Substrato orgânico
(Plantmax) o percentual de brotação ficou em 38% e o de enraizamento em 23% (Figura 2).
4
Figura 2- Tratamento com substrato orgânico (Plantmax) - (T1)
Já o tratamento 2 (T2), onde utilizou casca de arroz queimada, o percentual de brotação
foi de 40%, ou seja superior ao tratamento (T1), e de enraizamento de 18%, portanto inferior ao
tratamento (T1) (Figura 3).
Figura 3- Tratamento com casca de arroz queimada - (T2)
Em relação ao tratamento 3 (T3) com areia observou-se um percentual de 52% de
brotação e 32% de enraizamento, ou seja superior aos dois tratamentos anteriores (Figura 4).
5
Figura 4- Tratamento com areia - (T3)
E finalmente o tratamento 4 (T4), onde foi testada a argila chegou-se a 43% de brotação
e 28% de enraizamento, ou seja resultados melhores que os tratamento T1 e T2, porém
inferiores ao tratamento T3 (Figura 5).
Figura 5- Tratamento com argila (de Braço do Norte) - (T4)
Os resultados mostraram, em relação ao enraizamento, que os tratamentos envolvendo
areia (T3) e argila (T4) se mostraram superiores aos tratamentos com substrato orgânico (T1) e
6
casca de arroz queimada (T2), o que possivelmente possa estar associado com a melhor
manutenção da umidade nos tratamentos 3 e 4. É importante salientar que não utilizou-se
reguladores de crescimento, como por exemplo o Ácido Indol Butirico (AIB), para estimular o
crescimento de raízes o que justifica, em parte, o baixo percentual de enraizamento no
experimento como um todo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa mostrou, embora de maneira preliminar, que é possível produzir mudas
de erva baleeira utilizando-se simplesmente substratos como areia, argila, substratos orgânicos e
casca de arroz, sem precisar usar de reguladores de crescimento como o AIB, ou seja de uma
forma bem mais sustentável.
O experimento
serve de exemplo para produtores de plantas medicinais, em
especial os que cultivam erva baleeira, que é possível produzir mudas destas plantas a partir de
estacas e desta forma manter a uniformidade genética entre plantas, e ao mesmo tempo obter
uma maior rapidez no estabelecimento da sua lavoura.
Portanto, mais estudos devem continuar a ser desenvolvidas na área de
enraizamento de estacas de plantas medicinais, no caso a erva baleeira, utilizando-se de
substâncias ou estratégias que provoquem o enraizamento naturais como o extrato de raízes de
plantas da família das Ciperaceas.
6 - REFERÊNCIAS
BOREM, A.. Melhoramento de plantas . UFV.Viçosa, 1998.
GUIA RURAL. Ervas e temperos. São Paulo: Abril, 1991. 170 p.
LAMEIRA, O.A. et al. Enraizamento de mini-estacas de erva-baleeira. Horticultura Brasileira,
Brasilia, v.15, n.2, p. 114-116, Nov.1997.
NEVES, J.R.L.. Investigación y desarrollo de una crema antiinflamatoria a base de extracto de
Cordia verbenaceae (ACH 02, Acheflan). Revista de Fitoterapia, V.6, 2006.
VAZ, A.P.A.; SCARANARI, C.; BATISTA, L.A.R.; FIGUEIRA, G.M.; SARTORATO, A.;
MAGALHÃES, P.M.. Biomassa e composição química genótipos melhorados de espécies
medicinais cultivadas em quatro municípios paulistas. Pesquisa agropecuária brasileira, v.41,
n.5, 2006.
Download