UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA – BH CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DISCIPLINA ÉTICA PROFISSIONAL Professor: Paulo César Neves BH 2012 Ética Profissional da Educação Física Apresentação Este material, não pretende esgotar o assunto Ética que é tão amplo, mas sim, pontuar de forma crítica e reflexiva as principais discussões sobre ética como, moral, valores, costumes, normas, regras em diversos pontos da sociedade, ética profissional e assedio moral na profissão do Educador Físico. Discutir também o código de Ética da profissão e o sistema CONFEF/CREF. Objetivos: Entendimento teórico sobre a Ética geral e profissional. Estabelecer um comportamento ético do Educador Físico, que abrange os consumidores dos serviços prestados, colegas de profissão, classe profissional e a sociedade em geral. I – História, Introdução e principais conceitos de ética geral e ética profissional. 1- O que é Ética: Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter. Ética é diferente de moral, pois moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano. Na filosofia, a ética não se resume à moral, que geralmente é entendida como costume, ou hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver; a busca do melhor estilo de vida. A ética abrange diversos campos, como antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, política, e até mesmo educação física e dietética. A ética pode ser confundida com lei, embora que, com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Porém, diferente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética 2- Definições: O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. 2 Ética Profissional da Educação Física A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética. Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética de trabalho, ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim como o ato praticado. 3 - Ética / Moral / Costumes / Normas e Regras / Valores Muitos sabem, ou pelos menos intuem o que seja Ética; todavia, explicá-la é tarefa difícil. Além do mais, tentar defini-la seria nos privar de toda a amplitude de seu significado que pode ainda advir, fruto do desenvolvimento do pensamento humano. Etimologicamente, o termo ética, deriva do grego ethos que significa modo de ser, caráter. Designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, isto é, sobre as regras e os códigos morais que norteiam a conduta humana. Sua finalidade é esclarecer e sistematizar as bases do fato moral e determinar as diretrizes e os princípios abstratos da moral. Neste caso, a ética é uma criação consciente e reflexiva de um filósofo sobre a moralidade, que é, por sua vez, criação espontânea e inconsciente de um grupo. Pode ser entendida como uma reflexão sobre os costumes ou sobre as ações humanas em suas diversas manifestações, nas mais diversas áreas. Também, pode ser tida como a existência pautada nos costumes considerados corretos, ou seja, aquele que se adequar aos padrões vigentes de comportamento numa classe social, de determinada sociedade e que caso não seja seguido, é passível de coação ao cumprimento por meio de punição. Em suma, temos a ética como estudo das ações e dos costumes humanos ou a análise da própria vida considerada virtuosa. A ética pode ainda ser considerada como a parte da filosofia que tem como objeto o “dever ser” no domínio da ação humana. Propõe-se, portanto, a desvendar não aquilo que o homem de fato é, mas aquilo que ele "deve fazer" de sua vida. Seu campo é o do juízo de valor e não o do juízo de realidade, ou da existência. Estuda as normas e regras de conduta estabelecidas pelo homem em sociedade, procurando identificar sua natureza, origem, fundamentação racional. Em alguns casos, conclui por formular um conjunto de normas a serem seguidas; em outros, limita-se a refletir sobre os problemas implícitos nas normas que de fato foram estabelecidas. 3 Ética Profissional da Educação Física As noções decorrentes de ações advindas de uma ou mais opções entre o bom e o mau, ou entre o bem e o mal, relacionam-se com algo a mais: o desejo que todos têm de serem felizes, afastando a angústia, a dor; daí ficamos satisfeitos conosco mesmos e recebendo a aceitação geral. Para que exista a conduta ética, é necessário que o agente seja consciente, quer dizer, que possua capacidade de discernir entre o bem e o mal (cabe observar agora que agir eticamente é ter condutas de acordo com o bem. Todavia, definir o conteúdo desse bem é problema à parte, pois é uma concepção que se transforma pelos tempos). A consciência moral possui a capacidade de discernir entre um e outro e avaliar, julgando o valor das condutas e agir conforme os padrões morais. Por isso, é responsável pelas suas ações e emoções, tornandose responsável também pelas suas conseqüências. Segundo Beresford (2002), os valores podem se entendidos como padrões sociais ou princípios aceitos e mantidos por pessoas, pela sociedade, dentre outros. Assim, cada um adquire uma percepção individual do que lhe é de valor. Os valores possuem pesos diferenciados, de modo que, quando comparados, se tornam mais ou menos valiosos. Tornam-se, sob determinado enfoque, subjetivos, uma vez que dependerão do modo de existência de cada pessoa, de suas convicções filosóficas, experiências vividas ou até, de crenças religiosas. Do que foi dito, as pessoas, a sociedade, as classes, cada qual têm seus valores, que devem ser considerados em qualquer situação. Os valores – herdados em parte da comunidade cultural à qual o homem pertence – existem para que a sociedade subsista, mantenha a integridade e possa se desenvolver. Dentre os mais diversos valores possíveis, os morais são os que representam o conjunto de regras de conduta consideradas válidas para a pessoa ou para um grupo social maior. Todas as comunidades têm a necessidade formal de regras morais. Porém por mais estável que seja a sociedade, sempre há mudanças das relações entre as pessoas e grupos, na luta pela subsistência. Para superarmos, são exigidas inventividade e coragem, a fim de se recriar uma moral verdadeiramente dinâmica e comprometida com a vida. A consciência se manifesta na capacidade de decidir diante de possibilidades variadas, decorrentes de alguma ação que será realizada. No processo de escolha das condutas, avalia-se os meios em relação aos fins, pesa-se o que será necessário para realizá-las, quais ações a fazer, e que conseqüências esperar. Assim, para poder deliberar, realizar constantemente as escolhas, é condição básica a liberdade. Para isso, não se pode estar alienado, ou seja, destituído de si, privado por outros, preso aos instintos e às paixões. 4 - A relação entre a Moral e a Ética A Ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens e da sociedade. Enquanto que a Moral é o conjunto de normas incorporadas à conduta humana, através dos seus hábitos. A Moral não é ciência, mas sim objeto desta, sendo estudada e investigada pela ciência. Já a Ética não é moral, pois não pode ser reduzida a um conjunto de 4 Ética Profissional da Educação Física normas e prescrições sobre a conduta humana. Seu papel é explicar a moral efetiva, neste sentido influi nas ações morais. A Ética como ciência parte de certos tipos de fatos ou ações humanas, com o objetivo de descobrir princípios gerais que os expliquem. Portanto, apesar de estarem sempre juntas, Ética e Moral, têm conceitos e funções diferentes na conduta humana (VASQUEZ, 1992). Ética não se restringe à descrição de costumes ou hábitos de diferentes povos. Ela procura princípios que dirijam a consciência na escolha do bem e concentra sua atenção na vontade do ser humano, seu objetivo é o ato humano, e esse é uma conseqüência da sua vontade. A Ética procura um pensamento que tenha valor absoluto de verdade. Procura um querer e um agir que tenha valor absoluto de bem. “Ética é um conjunto de princípios e valores que guiam e orientam as relações humanas”. Esses princípios devem ter características universais, precisam ser válidos para todas as pessoas e para sempre... A ética é muito mais ampla, geral, universal do que a moral. A ética tem a ver com princípios mais abrangentes, enquanto a moral se refere mais a determinados campos da conduta humana. Quando a ética desce de sua generalidade, de sua universalidade, fala-se de uma moral, por exemplo, uma moral sexual, uma moral comercial. Pode-se dizer que a ética dura mais tempo, e que a moral e os costumes prendem-se mais a determinados períodos. Mas uma nasce da outra. É como se a ética fosse algo maior e a moral fosse algo mais limitado, restrito, circunscrito.” (SOUZA, 1994.) As questões éticas abrangem largo campo da vida humana, uma vez que, além da relação individual, o homem é também um ser social. A ética abrange o agir humano em relação à política e à sociedade. O homem é uma espécie de interseção entre dois mundos: o real e o ideal. De acordo com Nicolai Hartmann “Pela liberdade humana, os valores do mundo ideal podem atuar sobre o mundo real”. A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as atividades envolvem uma carga moral. A busca de conhecimento teórico sobre os valores humanos tem sua origem nas relações sociais, que estão relacionados aos aspectos religiosas, sociológicos, chegando até aos aspectos antropológicos de um determinado povo. Idéias ou relações entre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa sociedade. As relações entre o dizer a verdade ou a mentira é observada a todo instante na sociedade e no mundo, o que leva a crer que o saber que devia dizer a verdade se torna relativo, pois as questões morais de determinado grupo social se sobressai aos interesses coletivos da sociedade. Poderíamos exemplificar como um homem comum deve ser condecorado por ter matado várias pessoas em uma guerra e ao término desta ser condenado por estar obedecendo às ordens de seus superiores? Quando as questões éticas são colocadas pelos indivíduos ou grupamentos sociais, são respondidas por suas consciências, surgindo assim as questões morais. Na convivência, naturalmente têm que existir regras que coordenem e harmonizem esta relação. As regras indicam os limites, em relação aos quais 5 Ética Profissional da Educação Física podemos medir as nossas possibilidades. São os códigos culturais que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem. Liberdade é a propriedade de um ser de realizar em plenitude a sua natureza. Fazemos uso de normas, praticamos determinados atos e, muitas vezes, nos servimos de determinados argumentos para tomar decisões, justificar nossas ações e nos sentirmos dentro da normalidade. 5- O que é Moral: Moral significa algo relativo aos costumes e deriva do latim, moral se originou quando os romanos traduzirem a palavra grega êthica. A moral encontra-se com a ética, pois a suporta, uma vez que não existem costumes ou hábitos sociais completamente separados de uma ética individual. Para alguns dicionários, moral é um conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas; servem para qualquer tempo ou lugar, grupos ou indivíduos. Moral é o comportamento humano regido por regras e valores que se encontram gravados em nossas consciências, e em nenhum código, comportamento resultante de decisão da vontade que torna o homem, por ser livre, responsável por sua culpa quando agir contra as regras morais. A moral é autônoma pois é imposta pela consciência ao homem, unilateral, pois diz respeito apenas ao indivíduo e incoercível, ou seja, o dever moral não é exigível por ninguém, é dever da consciência de cada um. Para o direito, moral é um conjunto de regras de convívio, porém, nem todas as regras morais são regras jurídicas. Os valores morais são os meios pelos quais os grupos sociais se manifestam e desta forma adquirem um caráter normativo e obrigatório. A palavra moral tem sua origem no latim "mores" que significa "costumes": um conjunto de normas e condutas reconhecidas como adequadas ao agir e ao comportamento humano por uma determinada comunidade humana podendo esta estabelecer regras, gerando assim uma ação moralmente correta. As sociedades são caracterizadas por seus conjuntos de normas, valores e regras. Quando os valores e costumes estabelecidos numa determinada sociedade são bem aceitos, não há muita necessidade de reflexão sobre eles. 6- Ética e Moral: semelhanças e diferenças A coexistência é uma imposição a que todas as pessoas são submetidas. Todavia, a convivência é uma necessidade, esta como conseqüência daquela. É a necessidade de convivência que faz surgir a Moral, aquela reunião de regras que são destinadas a orientar o relacionamento dos indivíduos numa certa comunidade social. 6 Ética Profissional da Educação Física Freqüentemente, os termos "ética" e "moral" são empregados como sinônimos, mas entendemos que se reserva a este último apenas o próprio fato moral, enquanto o primeiro designa a reflexão filosófica sobre o mesmo. Como vimos, etimologicamente, moral, do latim mos, mores significa costume, conjuntos de normas adquiridas pelo homem. "Moral é a moral prática, é a prática moral. É moral vivida, são os problemas morais. É a moral reflexa. Os problemas morais, simplesmente morais são restritos, nunca se referindo a generalidade. O problema moral corresponde a singularidade do caso daquela situação, é sempre um problema prático-moral. Os problemas éticos são caracterizados pelas generalidades, são problemas teórico-éticos". Assim, conforme se depreende do que foi dito acima, quando se indaga o que é correto, definimos o que é bom, sendo a indagação de caráter amplo e geral, o problema é teórico, ou seja, simplesmente ético. Temos a moral como ação; a ética é a norma, já que ela não cria a moral, sendo, antes, uma abordagem científica da moral. É a ciência do comportamento moral dos homens na sociedade, ou melhor, um enfoque do comportamento humano cientificamente. Sendo moral o que é vivido, é, então, o que acontece. Já a ética, é o que deve ser ou, pelo menos, o que deveria ser (conforme já salientamos, o objeto é o dever-ser). A ética estuda, aconselha, e até ordena. A moral é como expressão da coexistência. Tanto a ética como a moral relacionam-se a valores e a decisões que levam a ações com conseqüências para nós e para os outros. Podem os valores variarem, todavia todos relacionam-se com um valor de conteúdo mais importante, estando até mesmo, subentendido nos outros: o valor do bom ou o valor do bem. No mesmo sentido, a Moral pode ser conceituada como "o conjunto de regras de conduta consideradas válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada. Esse conjunto de normas, aceito livre e conscientemente, regula o comportamento individual e social das pessoas". Deste modo, tem-se como moral o conjunto de costumes, normas e regras de conduta estabelecidas em uma sociedade e cuja obediência é imposta a seus membros, variando de cultura para cultura e se modifica com o tempo, no âmbito de uma mesma sociedade. Os dois vocábulos se referem a qualidades humanas: o modo de ser ou o caráter de cada um, em que se baseiam os costumes ou as normas adquiridas, o que vai pautar o comportamento moral do homem. Podemos dizer que a Ética analisa as regras e os princípios morais que são destinados a orientar a ação humana; tem em si uma estrutura capaz de analisar diferentes opções para se ter referência sobre o que é ou não correto em determinado momento. O desrespeito a alguma das regras morais pode provocar uma manifestação de desaprovação. Apesar de haver em cada indivíduo uma reação instintiva contra regras e obediências a qualquer autoridade, até hoje nenhum grupo ou comunidade pode existir sem normas constrangedoras da moral. Se, por uma parte, elas molestam o indivíduo, por outra, preservam e salvam a sociedade em que ele vive. Agem como um mecanismo de autodefesa e preservação do grupo. Como os indivíduos só podem viver em função da comunidade, ficam assim compensados do sacrifício pessoal que fazem. 7 Ética Profissional da Educação Física A Ética, como a Moralidade, não se situa no campo puramente apreciativo dos valores. A sociedade cria determinados valores e as ações humanas começam desde logo a se cristalizar em regras que se orientam pela obtenção e realização dos mesmos. A Ética se detém, sobretudo, na pesquisa e no estudo dos valores morais. Estes, determinam o impulso moral e impelem à ação dos indivíduos. Somente aquelas atitudes e coisas que levam ao próprio aperfeiçoamento e ao bem comum do grupo é que possuem valor moral. Todas as vezes que o homem encontra um dilema, são o valores pró ou contra que vão determinar a sua escolha. 7 - Assédio moral Assédio moral ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho. A novidade reside na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno e na abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho. A reflexão e o debate sobre o tema são recentes no Brasil, tendo ganhado força após a divulgação da pesquisa brasileira realizada por Dra. Margarida Barreto. Tema da sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social, foi defendida em 22 de maio de 2000 na PUC/ SP, sob o título "Uma jornada de humilhações". A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na Folha de São Paulo, no dia 25 de novembro de 2000, na coluna de Mônica Bérgamo. Desde então o tema tem tido presença constante nos jornais, revistas, rádio e televisão, em todo país. O assunto vem sendo discutido amplamente pela sociedade, em particular no movimento sindical e no âmbito do legislativo. Em agosto do mesmo ano, foi publicado no Brasil o livro de Marie France Hirigoyen "Harcèlement Moral: la violence perverse au quotidien". O livro foi traduzido pela Editora Bertrand Brasil, com o título Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em diferentes municípios do país. Vários projetos já foram aprovados e, entre eles, destacamos: São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema, Campinas, entre outros. No âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que, desde maio de 2002, condena esta prática. Existem projetos em tramitação nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia, entre outros. No âmbito federal, há propostas de alteração do Código Penal e outros projetos de lei. O que é humilhação? Conceito: É um sentimento de ser ofendido/a, menosprezado/a, rebaixado/a, inferiorizado/a, submetido/a, vexado/a, constrangido/a e ultrajado/a pelo outro/a. É 8 Ética Profissional da Educação Física sentir-se um ninguém, sem valor, inútil. Magoado/a, revoltado/a, perturbado/a, mortificado/a, traído/a, envergonhado/a, indignado/a e com raiva. A humilhação causa dor, tristeza e sofrimento. E o que é assédio moral no trabalho? É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o ’pacto da tolerância e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, ’perdendo’ sua auto-estima. Em resumo: um ato isolado de humilhação não é assédio moral. Este, pressupõe: 1. 2. 3. 4. 5. repetição sistemática intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego) direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório) temporalidade (durante a jornada, por dias e meses) degradação deliberada das condições de trabalho Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato, devemos combater firmemente por constituir uma violência psicológica, causando danos à saúde física e mental, não somente daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos. O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do ’novo’ trabalhador: ’autônomo, flexível’, capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar ’apto’ significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso. 9 Ética Profissional da Educação Física A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho. A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do ’mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais. Fonte: www.assediomoral.org 8 - Idoneidade Moral: Idoneidade moral é o conjunto de qualidades que recomendam o indivíduo à consideração pública, com atributos como honra, respeitabilidade, seriedade, dignidade e bons costumes. A idoneidade significa a qualidade de boa reputação, do bom conceito que se tem de uma pessoa. Uma pessoa que possui idoneidade moral significa que ela é considerada uma pessoa honesta e honrada no ambiente em que está inserida, ou seja, é uma pessoa de bem, e esse requisito é avaliado a partir do cumprimento de normas e padrões. No Brasil, existe uma declaração de idoneidade, que é um documento em que determinada pessoa formaliza sua responsabilidade quanto a um histórico de vida idôneo, geralmente é exigido por algumas empresas em processos de seleção de candidatos. A declaração, ou atestado, pode dizer respeito à idoneidade moral, civil e financeira, o próprio indivíduo redige o documento, e depois tem que reconhecer em cartório. Idoneidade moral é a imagem ilibada da pessoa na sociedade, que a torna merecedora de crédito e respeito. É um requisito exigido para vários cargos e funções públicas, como promotor, magistrado, advogado etc. Discute-se que uma pessoa que tem nome em cadastro de pessoas inadimplentes já não tem mais sua idoneidade moral total. 9 - Alienação: Alienação tem diversos significados, pode ser uma cessão de bens, transferência de domínio de algo ou uma perturbação mental. A alienação é a diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar em agir por si próprios, os indivíduos alienados não tem interesse em ouvir opiniões alheias, e apenas se preocupam com o que lhe interessa, por isso são pessoas alienadas. Um indivíduo alienado pode ser também alguém que perdeu a razão, está louco. 10 Ética Profissional da Educação Física Alienação também pode se referir a alienação de uma propriedade, que é a mesma coisa que vender, ou também pode ser a alienação a título um gratuito, uma doação. Alienação é o estado que uma pessoa que foi educada em condições sociais determinadas, e se submete aos valores e instituições dadas, perdendo assim a consciência de seus verdadeiros problemas, e se tornando uma pessoa alienada. 10 - Ideologia: Ideologia é um termo que possui diferentes significados. No senso comum significa ideal, e contém um conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Diversos autores utilizam o termo sob uma concepção crítica, considerando que ideologia pode ser considerado um instrumento de dominação que age por meio de convencimento; persuasão, e não da força física, alienando a consciência humana. Para Karl Marx, a ideologia mascara a realidade. Os pensadores adeptos dessa escola consideram a ideologia como uma ideia, discurso ou ação que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência e escondendo suas demais qualidades. O termo ideologia foi usado de forma marcante pelo filósofo Antoine Destutt de Tracy e o conceito de ideologia foi muito trabalhado pelo filósofo alemão Karl Marx, que ligava a ideologia aos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais) criados pela classe social dominante. De acordo com Marx, a ideologia da classe dominante tinha como objetivo manter os mais ricos no controle da sociedade. No século XX, varias ideologias se destacaram: ideologia fascista implantada na Itália e Alemanha, principalmente, nas décadas de 1930 e 1940, a ideologia comunista implantada na Rússia e outros países, e visava a implantação de um sistema de igualdade social, ideologia democrática, surgiu em Atenas, na Grécia Antiga, e têm como ideal a participação dos cidadãos na vida política, ideologia capitalista surgiu na Europa e era ligada ao desenvolvimento da burguesia, visava o lucro e o acumulo de riqueza, ideologia conservadora que são idéias ligadas à manutenção dos valores morais e sociais da sociedade, ideologia anarquista, que defende a liberdade e a eliminação do estado e das formas de controle de poder e ideologia nacionalista, que exalta e valorização da cultura do próprio país. 11 - Política: Política é a ciência da governação de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público. 11 Ética Profissional da Educação Física Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental, etc. O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é uma República Parlamentarista. Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa também é definida pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes. 12 - Filosofia: Filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados a existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem, filosofia é uma palavra grega, que significa "amor à sabedoria". Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, sem uma visão pragmática, é movido pela curiosidade e sobre os fundamentos da realidade. Além do desenvolvimento da filosofia como uma disciplina, a filosofia é intrínseca à condição humana, não é um conhecimento, mas uma atitude natural do homem em relação ao universo e seu próprio ser. A filosofia foca questões da existência humana, mas diferentemente da religião, não é baseada na revelação divina ou na fé e sim na razão. Desta forma, a filosofia pode ser definida como a análise racional do significado da existência humana, individual e coletivamente, com base na compreensão do ser. Apesar de algumas semelhanças com a ciência, muitas das perguntas da filosofia não podem ser respondidas pelo empirismo experimental. A filosofia pode ser dividido em vários ramos. A filosofia do ser, por exemplo, inclui a metafísica, ontologia e cosmologia, entre outras disciplinas. A filosofia do conhecimento inclui a lógica e a epistemologia, enquanto filosofia de trabalho está relacionado a questões como a ética. Diversos filósofos deixaram seu nome gravado na história mundial, com suas teorias que são debatidas, aceitas e condenadas até os dias de hoje. Alguns desses filósofos são Aristóteles, Pitágoras, Platão, Sócrates, Descartes, Locke, Kant, Freud, Habermas e muitos outros. Cada um desses filósofos fez suas teorias baseadas nas diversas disciplinas da filosofia, lógica, metafísica, ética, filosofia política, estética e outras. 12 Ética Profissional da Educação Física 13 - O entendimento e os estudiosos da Ética Os estudiosos da Ética: Um estudioso da ética foi Platão filósofo grego nascido em Atenas em 428 a.C, descendente de família da antiga nobreza. Foi aluno de Sócrates, de quem se considerava um mero discípulo. Escreveu 34 diálogos, 13 cartas e uma “Apologia de Sócrates”. Morreu no ano de 347. Também estudou a ética, Aristóteles, um filósofo grego nascido em Estagira, entre 384 e 383 a.C. Foi aluno de Platão por 20 anos, mas acabou se afastando das doutrinas do mestre. É considerado um dos pilares da filosofia grega e um dos pais da ciência que deu origem à Psicologia. Santo Agostinho também estudou a Ética: Aurélio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona foi um importante bispo cristão e teólogo. Nasceu na região norte da África em 354 e morreu em 430. Era filho de mãe que seguia o cristianismo, porém seu pai era pagão. Logo, em sua formação, teve importante influência do maniqueísmo (sistema religioso que une elementos cristãos e pagãos). Santo Agostinho ensinou retórica nas cidades italianas de Roma e Milão. Viveu num monastério por um tempo. Em 395, passou a ser bispo, atuando em Hipona (cidade do norte do continente africano). Escreveu diversos sermões importantes. Em “A Cidade de Deus”, Santo Agostinho combate às heresias e a paganismo. Na obra “Confissões” fez uma descrição de sua vida antes da conversão ao cristianismo. Santo Agostinho analisava a vida levando em consideração a psicologia e o conhecimento da natureza. Porém, o conhecimento e as ideias eram de origem divina. Para o bispo, nada era mais importante do que a fé em Jesus e em Deus. A Bíblia, por exemplo, deveria ser analisada, levandose em conta os conhecimentos naturais de cada época. Defendia também a predestinação, conceito teológico que afirma que a vida de todas as pessoas é traçada anteriormente por Deus. As obras de Santo Agostinho influenciaram muito o pensamento teológico da Igreja Católica na Idade Média. Morreu em 28 de agosto (dia suposto) de 420, durante um ataque dos vândalos (povo bárbaro germânico) ao norte da África. Santo Agostinho é considerado o santo protetor dos teólogos, impressores e cervejeiros. Seu dia é 28 de agosto, dia de sua suposta morte. Frases e Pensamentos de Santo Agostinho:"Se dois amigos pedirem para você julgar uma disputa, não aceite, pois você irá perder um amigo. Porém, se dois estranhos pedirem a mesma coisa, aceite, pois você irá ganhar um amigo." - "Milagres não são contrários à natureza, mas apenas contrários ao que entendemos sobre a natureza." - "Certamente estamos na mesma categoria das bestas; toda ação da vida animal diz respeito a buscar o prazer e evitar a dor." - "Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos evangelhos que você crê, mas em você." - "Ter fé é acreditar nas coisas que você não vê; a recompensa por essa fé é ver aquilo em que você acredita." - "A pessoa que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar." - "A confissão das más ações é o passo inicial para a prática de boas ações." 13 Ética Profissional da Educação Física - "A verdadeira medida do amor é não ter medida." - "Orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande, mas não é sadio." Santo Tomás de Aquino, Tomás nasceu em Aquino por volta de 1225, filho mais novo de uma família da nobreza Sulista Italiana. Aos 19 anos, contra a vontade da família, entrou na ordem fundada por Domingos de Gusmão. Estudou filosofia em Nápoles e depois em Paris, onde se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e teológicas. Estudou teologia em Colônia e em Paris se tornou discípulo de Santo Alberto Magno que o "descobriu" e se impressionou com a sua inteligência. Por este tempo foi apelidado de "boi mudo". Dele disse Santo Alberto Magno: "Quando este boi mugir, o mundo inteiro ouvirá o seu mugido." Foi mestre na Universidade de Paris no reinado de Luís IX de França. Segundo Tomás de Aquino, a ética consiste em agir de acordo com a natureza racional. Todo o homem é dotado de livre-arbítrio, orientado pela consciência e tem uma capacidade inata de captar, intuitivamente, os ditames da ordem moral. O primeiro postulado da ordem moral é: faz o bem e evita o mal. Morreu, com 49 anos 7 de março de 1274 na Itália. Modernamente, Robert Stepherson Baden-Powell (1857-1941), um general inglês pretendia dotar meninos e meninas de um comportamento baseado em valores éticos. Criou os escoteiros (boyscout) e ensinava-os que todo escoteiro deveria fazer ao menos uma boa ação por dia. Sigmund Schlomo Freud Sigmund Freud,1922 No século XX, Sigmund Freud, um psiquiatra austríaco que revolucionou os conhecimentos médicos sobre as doenças mentais e psíquicas e o impacto na ética do indivíduo. Desenvolveu táticas/métodos de tratamento das desordens e se transformou no pai da psicanálise, tendo até hoje milhares de seguidores em todo mundo. Freud iniciou seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria. Ao observar a melhoria de pacientes de Charcot, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica, não orgânica. Essa hipótese serviu de base para seus outros conceitos, como o do inconsciente. Freud também é conhecido por suas teorias dos mecanismos de defesa, repressão psicológica e por criar a utilização clínica da psicanálise como tratamento da psicopatologia, através do diálogo entre o paciente e o psicanalista. Freud acreditava que o desejo sexual era a energia motivacional primária da vida humana, assim como suas técnicas terapêuticas. Ele abandonou o uso de hipnose em pacientes com histeria, em favor da interpretação de sonhos e da livre associação, como fontes dos desejos do inconsciente. Suas teorias e seu tratamento com seus pacientes foram controversos na Viena do 14 Ética Profissional da Educação Física século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje. Suas ideias são frequentemente discutidas e analisadas como obras de literatura e cultura geral em adição ao contínuo debate ao redor delas no uso como tratamento científico e médico. Outro estudioso da ética foi Carl Gustav Jung, médico e psicólogo Suíço, nascido em Zurique em 1875. Foi o primeiro médico a estudar profundamente a religião oriental e a desenvolver uma teoria sobre a alma. Foi criador da teoria do inconsciente coletivo, buscando pela espiritualidade a resposta para problemas psicológicos. Da filosofia oriental, verificou-se em estudos que alguns exercícios de meditação, procuram fortalecer os pressupostos éticos do indivíduo. Vinda do oriente, a meditação requer basicamente a busca do equilíbrio. Pode ser trabalhada, mediante a centralização de olhos fechados durante um curto período de silenciosa reflexão. Foi discípulo de Freud, A partir de então Freud e Jung passaram a se corresponder (359 cartas que posteriormente foram publicadas entre 1906 a 1913). O primeiro encontro entre eles, em 27 de fevereiro de 1907, transformou-se numa conversa que durou treze horas ininterruptas. Depois deste encontro estabeleceram uma amizade de aproximadamente sete anos, durante a qual trocavam informações sobre seus sonhos, análises, trocavam confidências, discutiam casos clínicos. Porém, tamanha identidade de pensamentos e amizade não conseguia esconder algumas diferenças fundamentais. Jung jamais conseguiu aceitar a insistência de Freud de que as causas dos conflitos psíquicos sempre envolveriam algum trauma de natureza sexual, e Freud não admitia o interesse de Jung pelos fenômenos espirituais como fontes válidas de estudo em si. O rompimento entre eles foi inevitável. Seria nos anos 30 do século XX que esta divergência atingiria o auge. Se por um lado os livros de Freud eram proibidos e queimados publicamente pelos Nazistas, sendo Freud obrigado a deixar Viena pouco depois da anexação da Áustria, doente, nos seus 80 anos, para se dirigir ao exílio em Londres enquanto que quatro irmãs suas não foram autorizadas a deixar a Áustria, tendo perecido no Holocausto nos campos de concentração de Auschwitz e de Thereseinstadt, por seu lado Carl Jung tornar-seia neste mesmo período uma das faces mais visíveis da psiquiatria "alemã" da época. Morreu em Zurique aos 85 anos em 1961. Neste sentido, tanto os pesquisadores do ocidente, como do oriente estudaram a ética como pressuposto básico da vida humana. O antiético sempre foi e será banido em todas as sociedades, visto que apenas profissionais éticos, possuem a grandeza de caráter que deve servir de paradigma. 14 - Ética Global: Algumas vezes, ao pesquisarmos uma bibliografia, nos deparamos com textos escritos e que traduzem fielmente, em forma e pensamento, aquilo que gostaríamos de dizer. Seria, pois, ético, tentar parafrasear o que já se escreveu, só pra podermos colocar o nosso nome, embaixo? Não, claro que não! Assim sendo, encontra-se abaixo descrito, integralmente e com autorização da Editora, o Texto introdutório do Livro, “Ética Global”, de Alex Oliveira Rodrigues de Lima, fazendo das suas, as nossas palavras: 15 Ética Profissional da Educação Física “A ética interliga-se com a filosofia, que etimologicamente, significa “amor da sabedoria”. Caracteriza-se pela intenção de ampliar a compreensão da realidade. Também interage com a psicologia, que é a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento. Assim, a ética pode ser definida como a exteriorização da moral humana” É imperativo que se ponha um ponto final à falta de ética em todas as profissões. Deve-se atentar para que os meios de comunicação não tragam notícias que maculem ainda mais os profissionais, realizando pré-julgamentos. A partir do momento em que a sociedade passar a receber informações de que a ética profissional é efetivamente aplicada, ocorrerá uma elevação ainda maior do Brasil, perante a comunidade internacional. Os últimos duzentos anos provocaram inúmeras transformações sociais. A partir da segunda metade do século XX, a mídia e informática se desenvolveram rapidamente, o que alterou profundamente a ética global. Algumas invenções foram fundamentais para a mudança comportamental e cultural dos povos: Devemos fazer uma reflexão de como estas invenções foram utilizadas. 1832- Telégrafo 1874- Telefone 1895- Telégrafo sem fio 1906- Rádio 1923- Reprodução de documentos 1925- TV 1936- Primeira transmissão de programa de TV, no Reino Unido 1937- Motor a jato 1945- Computador 1946- Primeiro computador eletrônico 1947- Transistor 1957- Primeiro satélite oficial 1960- Satélite 1969- Arpanet, precursora da Internet 1970- Cabos de fibra ótica e laser 1971- Chip 1978- Compact disk 1980- Computador pessoal 1985- Telefone celular 1986- Redes locais 1987- ISDN – Rede Digital de Serviços Integrados 1989- Surgimento da World Wibe Web 1991- Popularização da Internet 1992- Videoconferência 1993- Sistema de posicionamento global 1995- TV digital 1996- Rede de computadores pessoais 1997- Pager de voz e celular com tecnologia digital 1998- Telefone por Satélite 1999- Realidade virtual 2000- Inteligência artificial Diariamente, os jornais publicam histórias de corrupção, trocas de favores, compra e venda de votos, escândalos políticos e desvio de verbas. Muitos se contaminam por tamanha falta de ética e impunidade. Triste sina para aqueles que se deixam contaminar pela falta de ética. Triste, porque o dinheiro roubado, em proveito próprio, era a quantia que faltava para evitar a morte de milhares de idosos em asilos. A verba desviada por tais indivíduos serviria para aumentar o valor do salário mínimo. O destino do dinheiro desviado em prol de apenas uma família serviria para melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas. Infelizmente, todos são malfeitores até que se prove o contrário – esta é a premissa. Deste modo, os juízos morais e a ética, são invertidos. Ao invés da população almejar a melhoria de vida, apresentando um comportamento ético, prefere denominar qualquer estranho de criminoso em potencial, impedindo qualquer atitude altruística ou caridosa. Neste pensamento, alguns médicos deixam de prestar socorro a um doente, se o mesmo não puder pagar seus honorários. Assim a ética está sendo subjugada pelo egoísmo, irresponsabilidade e imoralidade, que ameaça se tornar regra comportamental, e não exceção. Porém tal premissa não pode prevalecer. 16 Ética Profissional da Educação Física É preciso ser ético porque a coletividade busca a melhoria contínua, que só é obtida mediante um comportamento sadio e construtivo, seguindo-se as leis e trabalhando honestamente. É preciso ser ético porque o ser humano difere dos animais na sua substância, não instintiva e egoísta, mas voltada para o bem, a justiça honestidade e caridade. Como muitos animais são sociáveis, viver sem ética tornaria o homem pior que os animais. É preciso ser ético, para refletir no princípio de uma conduta normal e sadia, que busque sempre elevar os valores humanos. “Finalmente, ser ético, significa ter consciência dos procedimentos permitidos e proibidos dentro da sociedade, dando o exemplo de conduta positiva, zelando para que todos observem os princípios legais, desenvolvendo-se e educando-se continuamente.” 15 - Ética Profissional Como ciência normativa ou como esforço intelectual para interpretação da conduta humana, surge na Grécia, com os filósofos do iluminismo helênico, empenhados no estudo do comportamento humano e na origem do universo, mas ganha corpo na medicina com Hipócrates, que transpõe os princípios universais da conduta humana para a prática da medicina. Aí ocorre o lançamento oficial da ética na prática da medicina, quando o princípio da bondade, da discrição, da justiça, do respeito do conhecimento universal, se introduz no exercício efetivo do ofício de curar. A falta da ética na sociedade moderna tem gerado uma grande procura aos conceitos éticos na intenção de justificar seus atos para proporcionar um futuro com menos violência e mais saúde, onde o bem-estar da Terra e de seus habitantes fique sempre protegido. Nesta relação temos a ética profissional como um elo com o meio social, que deve ser exercida baseada em três sustentáculos: a técnica, o aprimoramento profissional e a ética. O aprimoramento profissional significa a atualização permanente da técnica, demandada de modo constante pelos avanços do conhecimento e da própria técnica. A ética profissional constitui um conjunto de valores morais aplicados especificamente à prática de um ofício. O profissional de Educação Física é a pessoa que, com a prática de conhecimentos específicos de várias disciplinas, visa desenvolver aspectos que levem ao bem estar físico e mental, proporcionando uma melhor qualidade de saúde, portanto de vida. Daí decorre a necessidade de sua formação éticohumanista. Uma classe profissional caracteriza-se pelo trabalho homogêneo, pelo conhecimento exigido. Ela é um grupo dentro da sociedade, específico, definido por sua especialidade de desempenho de tarefa. Portanto, para se organizar uma profissão, diversos fatores podem influenciar nas ações, praticas e deveres de um profissional, dentre eles podem-se citar: honestidade, sigilo, competência, perseverança, humildade, imparcialidade. Alem da junção das virtudes como lealdade, responsabilidade e iniciativa. A lealdade significa fazer críticas construtivas, mas as manter dentro do ambiente de trabalho. 17 Ética Profissional da Educação Física Assim, ser leal às vezes pode significar a recusa em fazer algo que você acha que poderá prejudicar seu meio profissional. 16 - Ética e Profissionalismo Os princípios básicos de qualquer exercício profissional não podem mudar. Estes princípios são a ética e o profissionalismo, postulados oriundos de Hipócrates (450-370 AC ?) e que norteiam o fundamento da boa prática profissional (especificamente a médica) desde aquela época. No estudo da ética chamada geral, vemos que a ética natural dos seres humanos possui duas tendências. A personalidade é inata ao se iniciar a vida. Assim sendo, a criança tem por natureza, um comportamento egoísta. Isto não significa que ela tenha uma falha de caráter, ao contrário, ela participa do instinto de auto preservação e concorre para o seu sucesso biológico. Mais tarde, para a grande maioria das pessoas, pode-se notar um outro componente natural de ética. Trata-se de um sentimento de justiça, verdadeira “lei interna da moral”. A ética é toda ela uma só. Dependendo da origem e do ambiente em que as normas de ética se evidenciam, estas podem ser grupadas para facilitar o estudo. Óbvio que tais grupos não tem limites precisos. Como parâmetros destes dois grupos citamos a ética natural e a ética profissional. A ética profissional é aquela que orienta as ações humanas para a meta da profissão. Ela se sobrepõe e complementa a ética natural. Mas não a substitui nem a destrói. As tendências para o egoísmo, ainda que não sejam muito ostensivas, continuarão sempre existindo nas pessoas. Estarão presentes no íntimo de quaisquer indivíduos e continuarão a integrar tanto a personalidade dos pacientes como a dos médicos. O profissionalismo está muito próximo da ética. Em termos gerais, a ética pode ser considerada a ciência do dever moral, o ideal do caráter e da ação humana. Assim estão unidas a ética e a moral, e pode-se dizer que a ética é a ciência da moralidade, e a moralidade é a prática da ética. Os princípios éticos e a ética profissional devem ser vistos como padrões de conduta, de acordo com os padrões morais de uma sociedade. Eles são basicamente o alvo das normas universais do comportamento moral, do comportamento entre os colegas em particular da mesma especialidade, e principalmente do comportamento do profissional no pleno exercício de sua função. Ética profissional é o conjunto de normas morais pelas quais um indivíduo deve orientar seu comportamento profissional. A Ética é importante em todas as profissões, e para todo ser humano, para que todos possam viver bem em sociedade. Todos os códigos de ética profissional, trazem em seu texto a maioria dos seguintes princípios: honestidade no trabalho, lealdade na empresa, alto nível de rendimento, respeito a dignidade humana, segredo profissional, observação das normas administrativas da empresa e muitos outros. O Código de Ética é um 18 Ética Profissional da Educação Física instrumento criado para orientar o desempenho das empresas em suas ações e na interação com seus públicos. Para um envolvimento maior, é importante que a empresa faça um código de ética bem objetivo, para facilitar a compreensão dos seus funcionários. Além das empresas, a maioria das profissões possuem seu próprio Código de Ética, principalmente em áreas da saúde onde envolve muitas questões éticas como vida, morte, que é o caso de médicos, enfermeiros, psicólogos e etc A ética, no âmbito das profissões regulamentadas, é regulada por Conselhos de Ética Profissional. Assim, a ética tem por objeto a perfeita ação e conduta in casu do profissional em sua área de atuação, pautando-se pela excelência de trabalho na condução das ações, tanto no trabalho quanto fora dele. Compete a todos os profissionais a postura ética em qualquer momento de sua vida, já que nas inúmeras situações que podem ocorrer, um comportamento ético deve ser assumido e mostrado como exemplo. Qualquer falha ou incidente ético, envolvendo um profissional pode repercutir negativamente para toda classe aos olhos da população, gerando uma desconfiança generalizada a todos os profissionais da área. Santo Agostinho em suas confissões afirmava que “Costuma suceder ao doente que consultou um médico desprestigiado ter, depois, receio de um médico bom” (Confissões: Livro VI). Ora, se um profissional desprestigia a classe, todos os membros acabam tornando-se maculados pela falha ética do primeiro. 17 - A Ética na profissão de educador Primeiramente, devemos ter claro o que significa ética, pois, “a ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”. (VALLS, 1993) Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. Ou seja, ela serve para que haja um “equilíbrio” social, é constituída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Falando em equilíbrio, isso é uma coisa da qual nós Educadores devemos nos primar, pois, depararemos com situações em sala de aula e em nosso cotidiano de educar como, desrespeito, salários baixos, má condições de trabalho, dificuldades de aprendizagem, entre outros, se não tivermos esse equilíbrio não conseguiremos grandes transformações com nosso trabalho ou simplesmente nos frustraremos. Temos as nossas necessidades materiais, claro, mas o que é determinante para ser um educador que faz a diferença? A educação é muito mais do que um trabalho, posso dizer que é um projeto de vida, que se não baseada na paixão pela formação do ser humano, perde o sentido em si mesma. Quem você quer ser para seu aluno é fundamental no que ele irá se transformar. Que tipo de cidadãos queremos formar? Nós, educadores, devemos trazer conosco valores morais, tais como respeito, paciência, atenção, dignidade, diálogo, dedicação, discrição, compreensão e igualdade. Sem esses valores será difícil atingir o objetivo da educação. O cuidado com nossa postura dentro e fora da escola é de suma importância, pois somos espelhos para nossos educandos. “Educar é semear com sabedoria e colher com paciência!” (Cury) 19 Ética Profissional da Educação Física 18- FAIR PLAY – Espírito Desportivo Fair Play num contexto geral significa respeitar as regras do jogo, integrando noções como a de amizade, respeito pelo outro, espírito desportivo, modo de pensar, entre outras. Não se limita a um comportamento, é um conceito que abrange problemas relacionados com, por exemplo, a batota, a arte de usar a astúcia, o doping, a violência (física e verbal), a desigualdade de oportunidades, a comercialização excessiva e a corrupção (AZA, 2000). É um conceito positivo, por considerar o desporto como atividade sóciocultural que enriquece a sociedade, a amizade entre as nações, realizado com um caráter legal. O desporto encarado de modo leal permite ao indivíduo conhecer-se melhor, a exprimir-se e a realizar-se, isto é, a desenvolver-se de forma plena aprendendo uma arte e demonstrando as suas capacidades. Facilita ainda a interação social e constitui uma fonte de prazer e de promoção do desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Neste sentido, o Fair Play vai além do respeitar de regras, sendo todo um processo de desenvolvimento e aquisição de valores que a sociedade e o indivíduo em particular deve interiorizar com vista à evolução coletiva e individual. Promove a harmonia, o respeito pelos outros e pela natureza, e o mais importante, pelo próprio. II - Código de Ética dos Profissionais de Educação Física 2.1. Códigos de Ética Profissional O homem tem o hábito de se agrupar, segundo interesses comuns, formando células. Basta haver duas ou mais pessoas que se identifiquem, em torno de alguma coisa. Um exemplo é união por casamento. As pessoas se reúnem em torno daquilo que existe ou que pode existir, de fatos ou de suposições, de sentimentos ou de interesses, do que gostam ou do que fazem, enfim, de uma infinidade de outros motivos. Uma das células de reunião de pessoas, mais comum, é aquela que se forma em torno do que elas fazem, profissionalmente. Isto se deve a diversos fatores, tais como o tempo que ficam juntas ou próximas e a necessidade de um mecanismo de autodefesa, tanto no âmbito interno, como no externo. Na medida em que crescem, começa a surgir a necessidade do estabelecimento de regras de convivência e auto-regulamentação profissional, bem como da manutenção de um nível ético, na prestação do serviço ou do produto, junto ao cliente ou usuário final. São os Códigos de Ética Profissionais. Com a ajuda da Internet, podemos pesquisar diversos Códigos de Ética Profissionais, recomendados por suas entidades representativas. Na sua quase totalidade, compõem-se de verdadeiros tratados jurídicos complexos, com justificativas, capítulos, artigos, itens, sub-itens, parágrafos, e citações, onde se discorre sobre o que se pode fazer e o que não se pode; o que se deve e o que não se deve fazer; sansões e penalidades. 20 Ética Profissional da Educação Física Assim, cada categoria profissional elabora o seu Código de Ética, que nada mais é que um conjunto de normas estabelecidas e recomendadas, para o bom desempenho daquela determinada atividade profissional e, dentro de um determinado contexto - sócio, econômico e político - adotado ou vigente, em determinada época. 2.2. Conceito O que é um Código de Ética? É um acordo explícito entre os membros de um determinado grupo social. Os membros do grupo se comprometem a realizar seus objetivos pessoais, respeitando as normas do acordo (código). 2.3. Objetivos de um Código de Ética Os objetivos do Código de Ética podem ser assim definidos: Estabelecer como o grupo pensa e define sua identidade política e social. Definir parâmetros de comportamento aceitável pelo grupo (o agir ético). Definir comportamento inaceitável pelo grupo (o agir antiético). Servir de instrumento de orientação diante de dilemas éticos. 2.4. Concepção do Código de Ética Profissional A ética do esporte é parte de uma problemática que abrange todos os domínios da atividade humana (BENTO, 2006). A definição dos termos Ética e Deontologia remete para a dificuldade em discernir a distinção entre um leque mais alargado de termos, nomeadamente, o de moral, do de dever e o de obrigação. No seu livro Temas de Ética, Cabral (2000), tece um conjunto de reflexões acerca destes temas, onde a sua diferenciação e pontos de convergência se apresentam de forma clara e abrangente. Há que se considerar que todo grupo social, seja ele qual for, terá indivíduos que transgridem o bom comportamento. A experiência histórica, os casos que se repetem através dos tempos com as diferentes gerações de profissionais, permitem que surja um senso comum em relação aos comportamentos aceitáveis e inaceitáveis por determinada categoria profissional. Estes comportamentos abrangem as relações com os consumidores dos serviços prestados, com os colegas de profissão, com a classe profissional e com a sociedade em geral. Logo, os princípios e valores formadores de um código de ética profissional nascem no seio do próprio grupo de profissionais, de baixo para cima e não de cima para baixo, imposto por uma entidade superior, como podem, a princípio, pensar alguns. Na verdade, a criação de um órgão que funcione como entidade legitimamente reconhecida para editar, fiscalizar e disciplinar a aplicação de um código de ética é apenas o meio de se concretizar a necessidade da existência do 21 Ética Profissional da Educação Física código em si. Assim, o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, publicado no Diário Oficial da União de 03 de dezembro de 2003, pela Resolução CONFEF nº 056/2003, é um acordo explícito entre os membros do grupo social composto pela categoria profissional da Educação Física. O interesse em zelar pelo cumprimento do Código é de toda a categoria, pois o mesmo trata de sua imagem política e social. A atribuição de fiscalizar e aplicar as normas do Código, sim, é do órgão superior. E no caso da Educação Física, este órgão é o CONFEF, através dos CREFs. 2.5. Alcance e Limitações do Código de Ética Como se trata de um acordo explícito, o código de ética, através de suas normas, abrange a todos os membros da categoria, sem exceção ou diferença de qualquer espécie. Os códigos de ética profissional, por serem códigos de profissões regulamentadas, alcançam não só as pessoas físicas (os profissionais), mas também as pessoas jurídicas, que são as empresas, possuidoras de um número no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e que oferecem serviços na área de atuação da profissão. Estas empresas devem também ter um número de registro no órgão criado por lei para fiscalização da profissão, ou seja, o Conselho Profissional (Por exemplo: CRM, OAB, CREA, CRECI, CREF etc). A Lei 6.839/80, para dirimir qualquer dúvida quanto a essa obrigação, declarou em seu artigo 1º que “o registro de empresas e a anotação dos profissionais legalmente habilitados, delas encarregados, serão obrigatórios nas entidades competentes para a fiscalização do exercício das diversas profissões, em razão da atividade básica ou em relação aquela pela qual prestem serviços a terceiros”. Através deste dispositivo, a Lei 6.839/80, por meio dos Responsáveis Técnicos (os “profissionais legalmente habilitados, delas encarregados”) vinculou as empresas e seus proprietários aos códigos de ética das profissões regulamentadas. Pois, se uma pessoa física (Responsável Técnico) responde pela empresa no Conselho onde a profissão se submete a um código de ética profissional, e, se a empresa também é obrigada a se registrar, então, no que for aplicável a uma empresa, o código de ética da profissão também será aplicável. As limitações dos códigos de éticas se restringem basicamente: 1) à Lei, que hierarquicamente lhe é superior, ou seja, o código não pode contrariar as leis existentes; e também: 2) à moral vigente, pois a ética se submete à moral e se a moral se modifica com o tempo, o código também deve se adaptar às mudanças da moral e dos costumes. Sendo, portanto, o Código um documento dinâmico (que se modifica através dos tempos). 2.6. Estrutura do Código de Ética De um modo geral, os códigos de ética profissional se estruturam em duas partes distintas: Introdução e Eixo. A Introdução, via de regra, traz informações necessárias à leitura e ao entendimento do código em si, explicando os motivos de sua criação, os 22 Ética Profissional da Educação Física documentos e valores nos quais se baseiam as normas, os conceitos de algumas expressões que o código utiliza, funcionando, enfim, como uma espécie de preparação para a leitura da segunda parte. O Eixo, como segunda parte do código, nada mais é do que o conjunto de regras, articulado em deveres, responsabilidades, proibições, direitos, classificação de infrações, previsão de penalidades e demais normas de caráter deontológico (devem ser cumpridas). São os artigos do código. O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, dentro deste modelo de divisão “Introdução / Eixo”, encontra-se assim estruturado: INTRODUÇÃO: - Preâmbulo; - A Construção do Código de Ética. EIXO: - CAPÍTULO I (Disposições Gerais); - CAPÍTULO II (Dos Princípios e Diretrizes); - CAPÍTULO III (Das Responsabilidades e Deveres); - CAPÍTULO IV (Dos Direitos e Benefícios); - CAPÍTULO V (Das Infrações e Penalidades); - CAPÍTULO VI (Disposições Finais) 2.7. Comentários ao Código de Ética dos Profissionais de Educação Física 2.7.1. INTRODUÇÃO 2.7.1.1. PREÂMBULO Nesta parte introdutória, são apontados os documentos em que se baseou o processo de elaboração do Código. É também neste preâmbulo que fica claramente estabelecido o objetivo do Código: “... normatizar a articulação das dimensões técnica e social com a dimensão ética, de forma a garantir, no desempenho do Profissional de Educação Física, a união de conhecimento científico e atitude...”. Por fim, como ideal da profissão, define: “...prestação de um atendimento melhor e mais qualificado a um número cada vez maior de pessoas, tendo como referência um conjunto de princípios, normas e valores éticos livremente assumidos, individual e coletivamente, pelos Profissionais de Educação Física.” 2.7.1.2. A CONSTRUÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA Aqui fica informado o processo de formulação do Código e são apresentados os 12 (doze) itens norteadores da aplicação do Código de Ética, que fixa a forma pela qual se devem conduzir os Profissionais de Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs. 23 Ética Profissional da Educação Física 2. EIXO CAPÍTULO I (Disposições Gerais) Art. 1º - A atividade do Profissional de Educação Física, respeitado o disposto na Lei nº 9.696, de 1º de Setembro de 1998, e no Estatuto do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, rege-se por este Código de Ética. Parágrafo único - Este Código de Ética constitui-se em documento de referência para os Profissionais de Educação Física, no que se refere aos princípios e diretrizes para o exercício da profissão e aos direitos e deveres dos beneficiários das ações e dos destinatários das intervenções. O Artigo 1º e seu parágrafo único alertam que este Código de Ética rege a atividade do Profissional de Ed. Física e que O Código é uma referência (o documento a ser consultado) sobre: princípios, deveres direitos dos destinatários (profissionais – a quem o código se destina) e beneficiários (consumidores – entidades – que se beneficiam da ação profissional e do Código de Ética). Art. 2º - Para os efeitos deste Código, considera-se: I - beneficiário das ações, o indivíduo ou instituição que utilize os serviços do Profissional de Educação Física; II - destinatário das intervenções, o Profissional de Educação Física registrado no Sistema CONFEF/CREFs. O Artigo 2º explica que ao longo do Código vai aparecer o seguinte: I - Beneficiários das ações (do Código) - os consumidores; II - Destinatários das intervenções (do Código) - os profissionais. Art. 3º - O Sistema CONFEF/CREFs reconhece como Profissional de Educação Física, o profissional identificado, conforme as características da atividade que desempenha, pelas seguintes denominações: Professor de Educação Física, Técnico Desportivo, Treinador Esportivo, Preparador Físico, Personal Trainner, Técnico de Esportes; Treinador de Esportes; Preparador Físico-corporal; Professor de Educação Corporal; Orientador de Exercícios Corporais; Monitor de Atividades Corporais; Motricista e Cinesiólogo. Define as diversas atribuições do Profissional de Ed. Física, reconhecido pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e conforme a atividade que desempenha. CAPÍTULO II (Dos Princípios e Diretrizes) Art. 4º - O exercício profissional em Educação Física pautar-se-á pelos seguintes princípios: Estabelece quais são os princípios (as bases do pensamento) da profissão, enumerando-os. I - o respeito à vida, à dignidade, à integridade e aos direitos do indivíduo; O respeito ao outro como princípio. II - a responsabilidade social; A responsabilidade social é a tradução da Ética no universo empresarial. É não colocar o lucro acima do respeito ao agir ético. Trata-se de um 24 Ética Profissional da Educação Física conceito moderno, surgido no final do século XX em meio ao empresariado, como forma de diferencial para encantar a clientela através da Ética. III - a ausência de discriminação ou preconceito de qualquer natureza; O preconceito de qualquer natureza vai contra os princípios éticos da profissão. IV - o respeito à ética nas diversas atividades profissionais; Em todo tipo de atuação profissional a ética deverá estar sendo observada. V - a valorização da identidade profissional no campo da atividade física; É princípio de nossa profissão que exijamos que se reconheça que, no campo da atividade física, o Profissional de Educação Física é o único competente. VI - a sustentabilidade do meio ambiente; Princípio voltado à Ecologia como fundamento ético na intervenção do profissional. VII - a prestação, sempre, do melhor serviço, a um número cada vez maior de pessoas, com competência, responsabilidade e honestidade; Qualidade (melhor serviço). Quantidade (número cada vez maior de pessoas). Valores: saber fazer; ser responsável ao fazer; fazer de modo honesto. VIII - a atuação dentro das especificidades do seu campo e área do conhecimento, no sentido da educação e desenvolvimento das potencialidades humanas, daqueles aos quais presta serviços. Buscar, na sua área de atuação, educar e ajudar a desenvolver as potencialidades dos alunos, clientes, consumidores etc. Art. 5º - São diretrizes para a atuação dos órgãos integrantes do Sistema CONFEF/CREFs e para o desempenho da atividade Profissional em Educação Física: Estabelece quais são as diretrizes (rumos) do sistema CONFEF/CREFs e dos profissionais. I - comprometimento com a preservação da saúde do indivíduo e da coletividade, e com o desenvolvimento físico, intelectual, cultural e social do beneficiário de sua ação; Ter sempre em mente que a Educação Física é definida pelo Ministério do Trabalho como área profissional de Saúde. O Profissional de Educação Física, além deste compromisso técnico e ético com a saúde do indivíduo beneficiário de sua ação, zela também por sua educação e formação intelectual, cultural e social. II - atualização técnica e científica, e aperfeiçoamento moral dos profissionais registrados no Sistema CONFEF/CREFs; Diretriz do sistema CONFEF/CREFs: oportunizar sempre a atualização técnica e científica dos profissionais. III - transparência em suas ações e decisões, garantida por meio do pleno acesso dos beneficiários e destinatários às informações relacionadas ao exercício de sua competência legal e regimental; 25 Ética Profissional da Educação Física Diretriz do sistema: publicidade de tudo que é feito pelo CONFEF e pelos CREFs. IV - autonomia no exercício da Profissão, respeitados os preceitos legais e éticos e os princípios da bioética; É diretriz do sistema e da categoria: que o profissional atue sem submissão a qualquer outra profissão, desde que se respeitem os limites éticos, técnicos, legais e da bioética, que é a disciplina que se preocupa com as conseqüências das ações de profissionais de Saúde sobre os indivíduos sujeitos a elas (novas experiências, pesquisas etc.). V - priorização do compromisso ético para com a sociedade, cujo interesse será colocado acima de qualquer outro, sobretudo do de natureza corporativista; O agir ético inclui não ser conivente com comportamento antiético alheio. Nem mesmo a solidariedade coorporativa justifica isto. VI - integração com o trabalho de profissionais de outras áreas, baseada no respeito, na liberdade e independência profissional de cada um e na defesa do interesse e do bem-estar dos seus beneficiários. A interdisciplinaridade é também uma das diretrizes profissionais. CAPÍTULO III (Das Responsabilidades e Deveres) Art. 6º - São responsabilidades e deveres do Profissional de Educação Física: I - promover uma Educação Física no sentido de que a mesma se constitua em meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos seus beneficiários, através de uma educação efetiva, para promoção da saúde e ocupação saudável do tempo de lazer; Que a Educação Física seja, por promoção do profissional, meio para conquista de um estilo de vida ativo e ocupação saudável do tempo de lazer. II - zelar pelo prestígio da Profissão, pela dignidade do Profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições; Comprometimento ideológico com a Profissão. III - assegurar a seus beneficiários um serviço profissional seguro, competente e atualizado, prestado com o máximo de seu conhecimento, habilidade e experiência; É dever ético oferecer segurança, competência, atualização técnica, dando o máximo de si. IV - elaborar o programa de atividades do beneficiário em função de suas condições gerais de saúde; respeitar limites - atender necessidades; V - oferecer a seu beneficiário, de preferência por escrito, uma orientação segura sobre a execução das atividades e dos exercícios recomendados; Em sentido contrário, este inciso declara como antiética a orientação negligente ou obscura sobre execução de atividades e exercícios. 26 Ética Profissional da Educação Física VI - manter o beneficiário informado sobre eventuais circunstâncias adversas que possam influenciar o desenvolvimento do trabalho que lhe será prestado; Não iludir o beneficiário é dever ético; VII - renunciar às suas funções, tão logo se verifique falta de confiança por parte do beneficiário, zelando para que os interesses do mesmo não sejam prejudicados e evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia; O comportamento aqui determinado como um dever ético requer extrema habilidade do profissional, pois há que se renunciar às funções, zelando pelo interesse do beneficiário e também evitando declarações públicas sobre o motivo da renúncia que, a priori, terá sido falta de confiança. VIII - manter-se informado sobre pesquisas e descobertas técnicas, científicas e culturais com o objetivo de prestar melhores serviços e contribuir para o desenvolvimento da profissão; Trata-se de uma responsabilidade ética: manter-se atualizado cientificamente. IX - avaliar criteriosamente sua competência técnica e legal, e somente aceitar encargos quando se julgar capaz de apresentar desempenho seguro para si e para seus beneficiários; É uma questão de consciência ética. Não se devem aceitar trabalhos sem que se tenha competência para tal. É antiético e põe em risco a saúde e a integridade física dos consumidores do serviço. X - zelar pela sua competência exclusiva na prestação dos serviços a seu encargo; Em termos éticos, não se deve delegar competência profissional e muito menos se abrir mão dela. Em outras palavras, a substituição deve ser eventual. A exceção da regra. A regra deve ser sempre que o beneficiário receba a prestação do serviço de quem ele espera receber e não de constantes substitutos. XI - promover e facilitar o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural das pessoas sob sua orientação profissional; Dever ético que se destina especialmente aos profissionais que, de algum modo, possuem outras pessoas sob sua orientação profissional, seja atuando como Responsável Técnico, Supervisor de Estágio, Orientador de Pesquisa Científica, Coordenador Técnico etc. XII - manter-se atualizado quanto aos conhecimentos técnicos, científicos e culturais, no sentido de prestar o melhor serviço e contribuir para o desenvolvimento da profissão; Praticamente repete a mensagem do inciso VIII. XIII - guardar sigilo sobre fato ou informação de que tiver conhecimento em decorrência do exercício da profissão; O sigilo profissional como dever ético. XIV - responsabilizar-se por falta cometida no exercício de suas atividades profissionais, independentemente de ter sido praticada individualmente ou em equipe; 27 Ética Profissional da Educação Física Como único profissional, a falha será individual. Como integrante de uma equipe de profissionais (comissão técnica, grupo de pesquisadores etc.), a falha é da equipe. É um dever ético não se eximir dessa responsabilidade. XV - cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e legais da Profissão; Não só cumprir, mas exigir que sejam cumpridos: Código de Ética e Leis. XVI - emitir parecer técnico sobre questões pertinentes a seu campo profissional, respeitando os princípios deste Código, os preceitos legais e o interesse público; A emissão de um parecer técnico (análise e opinião sobre um caso ou sobre uma hipótese) é dever ético. O profissional não deve esquivar-se, lembrando sempre que sua competência é limitada pelo seu campo de atuação, pela Lei e pelo Código. XVII - comunicar formalmente ao Sistema CONFEF/CREFs fatos que envolvam recusa ou demissão de cargo, função ou emprego motivadas pelo respeito à lei e à ética no exercício da profissão; A comunicação ao Sistema CONFEF/CREFs de que trata este inciso, seja por motivos pessoais ou por fato ocorrido com terceiros, não é só um direito, mas um dever ético. XVIII - apresentar-se adequadamente trajado para o exercício profissional, conforme o local de atuação e a atividade a ser desempenhada; Numa aula de Esportes Aquáticos o paletó e gravata será inadequado. Numa aula de Dança de Salão, será adequado. Daí porque a norma fala em “conforme local de atuação e a atividade a ser desempenhada”. XVIX - respeitar e fazer respeitar o ambiente de trabalho; A tendência à informalidade exagerada nas aulas de Atividades Físicas é grande e, por este motivo, deve o profissional estar atento a uma possível e indesejável perda da compostura, quer por parte dos beneficiários, quer por parte do próprio profissional. XX - promover o uso adequado dos materiais e equipamentos específicos para a prática da Educação Física; O material deve ser específico e adequadamente utilizado. XXI - manter-se em dia com as obrigações estabelecidas no Estatuto do CONFEF. Exercer o voto; manter-se em dia com as anuidades; acatar Resoluções e Portarias do Sistema CONFEF/CREFs; cumprir este Código etc. São exemplos de obrigações estatutárias. Art. 7º - No desempenho das suas funções, é vedado ao Profissional de Educação Física: Estabelece os comportamentos proibidos (vedados). No desempenho profissional (o agir antiético). I - contratar, direta ou indiretamente, serviços que possam acarretar danos morais para si próprio ou para seu beneficiário, ou desprestígio para a categoria profissional; Como contratante ou como contratado, o profissional deve zelar pela saúde das pessoas e pela imagem e valorização da profissão. 28 Ética Profissional da Educação Física II - auferir proventos que não decorram exclusivamente da prática correta e honesta de sua atividade profissional; Para que não se diga que não está escrito em lugar algum: não se deve ganhar dinheiro desonestamente. III - assinar documento ou relatório elaborado por terceiros, sem sua orientação, supervisão ou fiscalização; Assinar documento relativo à profissão, sem saber do que se trata e sem ter participado, ainda que como orientador, é antiético. IV - exercer a Profissão quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício por pessoa não habilitada ou impedida; Sem exceções, deve-se sempre ter a informação se o profissional está ou não habilitado ou desimpedido (suspenso etc.). Desconhecer tal fato ou negligenciá-lo (pessoalmente e em relação a terceiros) é igualmente antiético. V - concorrer, no exercício da Profissão, para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la; Respeitar as leis em geral: trabalhistas, tributárias, penais etc. VI - prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse a ele confiado; Por culpa (sem querer prejudicar, mas por negligência, imprudência ou imperícia) não se deve prejudicar terceiros (os acidentes serão submetidos a ausência ou não de culpa sob a ótica desses elementos: negligência, imprudência e imperícia). Por dolo (vontade de prejudicar), menos ainda. VII - interromper a prestação de serviços sem justa causa e sem notificação prévia ao beneficiário; É proibido o abandono injustificável e não avisado do trabalho em andamento, como comportamento antiético. VIII - transferir, para pessoa não habilitada ou impedida, a responsabilidade por ele assumida pela prestação de serviços profissionais; Ver comentário ao inciso IV. Este inciso aplica-se a substitutos eventuais (alunos, amigos etc.). IX - aproveitar-se das situações decorrentes do relacionamento com seus beneficiários para obter, indevidamente, vantagem de natureza física, emocional, financeira ou qualquer outra. A relação de confiança e admiração com os beneficiários não deve ser meio de obtenção de vantagens sexuais, financeiras, morais, emocionais, sociais etc. Art. 8º - No relacionamento com os colegas de profissão, a conduta do Profissional de Educação Física será pautada pelos princípios de consideração, apreço e solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da categoria profissional, sendo-lhe vedado: I - fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras a colegas de profissão; II - aceitar encargo profissional em substituição a colega que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou os interesses da profissão, desde que permaneçam as mesmas condições originais; 29 Ética Profissional da Educação Física III - apropriar-se de trabalho, iniciativa ou solução encontrados por colega, apresentando-os como próprios; IV - provocar desentendimento com colega que venha a substituir no exercício profissional; V - pactuar, em nome do espírito de solidariedade, com erro ou atos infringentes das normas éticas ou legais que regem a Profissão. Em relação ao artigo 8º e seus cinco incisos, o Código fala especificamente sobre Ética no relacionamento com colegas de profissão. O caput (cabeça) do artigo fala em princípios (bases do pensamento). Os incisos falam sobre proibições. Art. 9º - No relacionamento com os órgãos e entidades representativos da classe, o Profissional de Educação Física observará as seguintes normas de conduta: I - emprestar seu apoio moral, intelectual e material; II - exercer com interesse e dedicação o cargo de dirigente de entidades de classe que lhe seja oferecido, podendo escusar-se de fazê-lo mediante justificação fundamentada; III - jamais se utilizar de posição ocupada na direção de entidade de classe em benefício próprio, diretamente ou através de outra pessoa; IV - denunciar aos órgãos competentes as irregularidades no exercício da profissão ou na administração das entidades de classe de que tomar conhecimento; V - auxiliar a fiscalização do exercício Profissional; VI - zelar pelo cumprimento deste Código; VII - não formular, junto a beneficiários e estranhos, mau juízo das entidades de classe ou de profissionais não presentes, nem atribuir seus erros ou as dificuldades que encontrar no exercício da Profissão à incompetência e desacertos daqueles; VIII - acatar as deliberações emanadas do Sistema CONFEF/CREFs; IX - manter-se em dia com o pagamento da anuidade devida ao Conselho Regional de Educação Física - CREF. O Artigo 9º e seus nove incisos se referem ao relacionamento ético com órgãos e entidades de classe, tais como Sindicato, Federações, Conselho Profissional, Associações etc. CAPÍTULO IV (Dos Direitos e Benefícios) Art. 10 - São direitos do Profissional de Educação Física: I - exercer a Profissão sem ser discriminado por questões de religião, raça, sexo, idade, opinião política, cor, orientação sexual ou de qualquer outra natureza; Atuar sem ser discriminado, inclusive por questão de orientação sexual. II - recorrer ao Conselho Regional de Educação Física, quando impedido de cumprir a lei ou este Código, no exercício da Profissão; Exigir providências do CREF. III - requerer desagravo público ao Conselho Regional de Educação Física sempre que se sentir atingido em sua dignidade profissional; 30 Ética Profissional da Educação Física Requerer manifestação formal e oficial do CREF quando for injustiçado no exercício da profissão. IV - recusar a adoção de medida ou o exercício de atividade profissional contrários aos ditames de sua consciência ética, ainda que permitidos por lei; Recusar ser conivente com ações antiéticas, mesmo que não previstas em Lei. V - participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, principalmente na busca de aprimoramento técnico, científico e ético; A participação política não pode ser alvo de perseguição patronal ou qualquer outra. VI - apontar falhas nos regulamentos e normas de eventos e de instituições que oferecem serviços no campo da Educação Física quando os julgar tecnicamente incompatíveis com a dignidade da Profissão e com este Código ou prejudiciais aos beneficiários; Denunciar ao Sistema CONFEF/CREFs as normas e regulamentos antiéticos, seja em eventos (competições, mostras etc) ou em instituições (públicas ou privadas) é um direito profissional. VII - receber salários ou honorários pelo seu trabalho profissional. Ser remunerado pelo desempenho profissional não é favor, mas um direito. Parágrafo único - As denúncias a que se refere o inciso VI deste artigo serão formuladas ao CREF, por escrito. Denúncias verbais, por telefone, ou simples comentários, não têm validade. Devem-se protocolar por escrito nos CREFs as denúncias que se reporta ao mesmo. Art. 11 - As condições para a prestação de serviços do Profissional de Educação Física serão definidas previamente à execução, de preferência por meio de contrato escrito, e sua remuneração será estabelecida em função dos seguintes aspectos: I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a ser prestado; II - o tempo que será consumido na prestação do serviço; III - a possibilidade de o Profissional ficar impedido ou proibido de prestar outros serviços no mesmo período; IV - o fato de se tratar de serviço eventual, temporário ou permanente; V - a necessidade de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado ou do País; VI - a competência e o renome do Profissional; VII - os equipamentos e instalações necessários à prestação do serviço; VIII - a oferta de trabalho no mercado onde estiver inserido; IX - os valores médios praticados pelo mercado em trabalhos semelhantes. O Artigo 11 e seus nove incisos tratam das condições a serem observadas pelo profissional, como direito, ao negociar sua remuneração, de preferência por contrato de trabalho escrito (na Carteira de Trabalho ou em documento próprio). 31 Ética Profissional da Educação Física § 1º - O Profissional de Educação Física poderá transferir a prestação dos serviços a seu encargo a outro Profissional de Educação Física, com a anuência do beneficiário. A substituição não é proibida, mas deve seguir certas formalidades e procedimentos. § 2º - É vedado ao Profissional de Educação Física oferecer ou disputar serviços profissionais mediante aviltamento de honorários ou concorrência desleal. Não é direito oferecer serviços a preços indignos, para captar mais clientela. CAPÍTULO V (Das Infrações e Penalidades) Art. 12 - O descumprimento do disposto neste Código constitui infração disciplinar, ficando o infrator sujeito a uma das seguintes penalidades, a ser aplicada conforme a gravidade da infração: I - advertência escrita, com ou sem aplicação de multa; II - censura pública; III - suspensão do exercício da Profissão; IV - cancelamento do registro profissional e divulgação do fato. Infrações disciplinares podem ser punidas com uma das quatro penalidades acima, sendo parte do acordo explícito da categoria profissional, contida no Código de Ética e processada conforme o Código Processual de Ética de cada CREF. Art. 13 - Incorre em infração disciplinar o Profissional que tiver conhecimento de transgressão deste Código e omitir-se de denunciá-la ao respectivo Conselho Regional de Educação Física. A omissão é tão antiética quanto a ação antiética em si. Art. 14 - Compete ao Tribunal Regional de Ética - TRE - julgar as infrações a este Código, cabendo recurso de sua decisão ao Tribunal Superior de Ética - TSE. Parágrafo único - Atuarão como Tribunais Regionais de Ética e Tribunal Superior de Ética, respectivamente, os Conselhos Regionais de Educação Física e o Conselho Federal de Educação Física. O Artigo 14 e seu parágrafo único definem a competência dos CREFs como primeira instância julgadora de infrações disciplinares e o CONFEF como segunda instância. CAPÍTULO VI (Disposições Finais) Art. 15 - O disposto neste Código atinge e obriga igualmente pessoas físicas e jurídicas, no que couber. Alcance do Código sobre as pessoas jurídicas (empresas) registradas, naquilo que for cabível, respondendo pelas mesmas os Responsáveis Técnicos e estando em jogo o próprio registro da empresa, que pode inclusive vir a ser cassado. Art. 16 - O registro no Sistema CONFEF/CREFs implica, por parte de profissionais e instituições e/ou pessoas jurídicas prestadoras de serviços em Educação Física, total aceitação e submissão às normas e princípios contidos neste Código. 32 Ética Profissional da Educação Física É um acordo explícito. Um contrato. Art. 17 - Com vistas ao contínuo aperfeiçoamento deste Código, serão desenvolvidos procedimentos metódicos e sistematizados que possibilitem a reavaliação constante dos comandos nele contidos. Para garantir que o Código seja um documento dinâmico e constantemente atualizado. Art. 18 - Os casos omissos serão analisados e deliberados pelo Conselho Federal de Educação Física. É o órgão que se manifestará nos casos em que não haja previsão dentro das normas do Código. Referencial Bibliográfico - - ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2003. www.assediomoral.org AZA, Eugénia Trigo. 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