15. Diones Gusmão Lucas

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REFLEXÕES SOBRE A ETICA NO MUNDO PÓS-MODERNO
Diones Gusmão Lucas (Faculdade de Estudos Sociais de Barra do Garças)
Introdução
Fala-se muito hoje em dia, sobre ética. Ética na política, ética no esporte, ética nas
profissões e ética nas relações sociais, entre tantas, a ponto de banalizarem seus
conceitos.
Nas organizações educacionais, a grande competitividade coloca as pessoas em
batalhas sem fim, disputando fatias de mercado, disputando posições de destaque dentro
das instituições e fora delas. Na busca desenfreada pelo reconhecimento, manutenção do
“status”, prestígio, lucratividade e poder, muitas vezes, a ética é deixada de lado. É a
guerra da sobrevivência patrocinada pelo mercado.
Nesse cenário educacional, conciliar interesse pessoal, com objetivos comuns, por
vezes exige do professor um comportamento, sobretudo, ético, de respeito ao próximo,
respeito à concorrência, aos alunos, às leis, etc. Aí está o grande desafio do educador:
manter-se ético, diante da guerra desenfreada da pós-modernidade.
Agir em prol dos interesses das instituições, e priorizá-los em detrimento das
questões acadêmicas e, ao mesmo tempo ser honesto, respeitar os clientes, (alunos) a
concorrência, ser cumpridor das leis e saber valorizarem as pessoas são palavras de
ordem nos códigos de ética educacionais brasileiros.
O código de ética é um instrumento para a realização dos princípios, visão e
missão da instituição. Ele serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar
a postura social da escola em face dos diferentes públicos com os quais interage. É
muito importante que seu conteúdo seja refletido nas atitudes das pessoas a que se
dirige e encontre respaldo na alta administração escolar, que todos os discentes e
docentes tenham a responsabilidade de vivenciá-lo.
Usando por base pesquisas e estudos realizados em diferentes instituições de
ensino, propomos uma reflexão sobre a formação e o uso de um código de ética escolar
No primeiro capítulo será apresentado uma discussão sobre conceitos, conduta, as
normas de conduta, a moral e a ética, que servirão de base para o entendimento desta
exposição.
1 – Fundamento da Conduta
1.1 – Ética Educacional
A preocupação do homem em determinar o que é certo e o que é errado, o que é
bom e o que é ruim, não faz parte apenas da história atual. Há mais de dois mil anos o
cristianismo tenta incutir valores morais em todo o mundo, como: não matar, não
roubar, não mentir, não cobiçar, etc. Desde então, a humanidade vem se defrontando
com a necessidade de regular seu comportamento por normas que se julgam mais
apropriadas ou mais dignas de serem cumpridas. Estas normas devem ser aceitas
intimamente; de acordo com elas, os indivíduos se ajustam em comportamentos de
convívio mais civilizados e de mais dignidade humana.
Os profissionais da educação precisam conhecer as normas que foram
estabelecidas para a profissão e procurar refletir sobre a aplicação destas na prática, pois
estão a serviço do ser humano, nas mais diversas situações e circunstâncias da vida.
Acreditamos que, para uma boa existência humana e para que as pessoas possam
viver harmoniosamente no seu grupo social e profissional, faz-se necessário que
assumam compromissos éticos entre si. O principal compromisso ético que todo ser
humano deve assumir é o de tratar as pessoas como pessoas. Para isso, é necessário
desenvolver o respeito mútuo, procurando entender o ponto de vista do outro.
1.2 – A Conduta Humana
O termo conduta ou comportamento humano refere-se ao conjunto de
manifestações (emocionais, mentais, verbais, fisiológicas, motrizes) pelas quais, o ser
humano reduz as tensões e realiza suas possibilidades. Entre outras palavras, a conduta
humana ou comportamento é a maneira de agir das pessoas.
Numa visão geral, a conduta humana pode ser determinada por dois momentos
distintos. O primeiro momento é interno, refere-se aos aspectos psíquicos ou mentais; é
quando a pessoa pensa no que vai fazer e decide de acordo com sua consciência, seus
valores e sua vontade. O segundo momento é caracterizado pela ação; é quando a
pessoa executa sua decisão ou manifesta uma reação.
A ação pode ser considerada voluntária ou involuntária. Entendemos por ação
voluntária quando a ação é de acordo com sua vontade, ou seja, a pessoa refletiu e
decidiu, conscientemente, antes de agir. Sendo considerada involuntária quando a
pessoa não teve condições de pensar e decidir sobre sua ação. O ato involuntário
geralmente é praticado sob coação, ameaças, risco de vida ou fortes condicionantes
psíquicos.
Nesse contexto, acreditamos que a maneira de agir das pessoas é em grande parte
determinada pelo subconsciente, isto é, nem sempre as pessoas conscientes da ação é o
que determina a classificação de um ato como voluntário ou não.
Por outro lado, podemos constatar que não existe um individuo com
comportamento igual ao outro. Todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo,
comportam-se de maneiras diferentes umas das outras. No entanto, podemos observar
que é comum encontrar comportamentos semelhantes num mesmo grupo social. As
características comportamentais semelhantes normalmente acontecem por influencia
dos costumes do meio em que a pessoa vive.
O meio em que se desenvolve o ser humano é, em grande parte, criado por ele
mesmo. Podemos considerar que os costumes são criados pelos homens. Por este
motivo, assim como os costumes podem influenciar na conduta humana, o homem por
sua vez pode intervir nos costumes.
1.3 – Normas de Conduta
Normas de conduta são regras de agir. Os estudiosos sobre o comportamento
humano não deixam de considerar uma preocupação universal pela retidão da conduta
humana. Esta preocupação se revela nas normas, orais ou escritas, presentes em todas as
comunidades do mundo. Estas normas estabelecem regras gerais de agir, cujo
cumprimento garante um convívio harmonioso em sociedade. As normas podem
apresentar-se sob várias formas: Lei, Decreto-lei, Decreto, Regulamento, Resolução,
Código, Estatuto, Regimento, Rotina, etc.
As normas podem, também, não ser escrita, como você pode observar, por
exemplo, nas normas de “boas maneiras”. Todas impõem ao individuo normas de
conduta compatível com a ética, a moral, os costumes e os valores do grupo social ao
qual representa.
Assim, escritas ou não, as normas estabelecidas pelos diversos grupos sociais,
devem ser cumpridas para que possa existir um convívio harmonioso entre as pessoas.
Todavia, se as normas estabelecidas não estão atendendo os anseios e necessidades da
sociedade, as pessoas têm o direito e o dever de questioná-las e intervir para que
ocorram mudanças nestas normas.
Nas últimas décadas, as pessoas que estudam e escrevem sobre a conduta humana,
demonstram preocupação com as grandes mudanças das normas de conduta em nossa
época. A facilidade e agilidade com que estas normas estão mudando, podem ser
consideradas como uma demonstração da crise de valores éticos e morais que a
humanidade vem enfrentando. Esta afirmação poderá ficar mais claramente entendida
depois que entendermos o que seja moral, valores e ética.
1.3.1 – Moral
A palavra moral tem origem no latim – morus – significando os usos e costumes.
Segundo Vázques (1992, p.25), moral é “um conjunto de normas e regras
destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social”.
Nesta mesma direção, Gelaim (1987, p.5), conceitua moral como sendo “a
ciência que se preocupa com os atos humanos, os bons costumes, os deveres do homem
individual, grupal e perante seu grupo profissional”.
Com base nestes dois conceitos, podemos constatar que o comportamento moral
se encontra no homem desde o inicio de sua existência, ou seja, desde as comunidades
primitivas. Entendemos que os princípios da moral podem mudar e se desenvolver na
medida em que a sociedade vai se desenvolvendo. Um bom exemplo para entender essa
mudança é o vestuário, há alguns anos atrás era imoral mulher usar roupas curtas,
porem nos dias de hoje a realidade é outra, mulheres com barriga de fora e saias curtas;
isso mostra que as normas de conduta moral mudaram na medida em que a sociedade
foi se modificando.
As normas de comportamento moral, também, podem variar entre os diversos
grupos sociais. Neste caso podemos citas os grupos religiosos, que adotam normas de
comportamento moral, por vezes, bastante diferenciadas das normas gerais da
sociedade, tais como: não beber, o uso da burca, não assistir tv, a circuncisão e muitos
outros.
Exemplos como estes, em que as normas morais são diferenciadas da grande
maioria da população, também devem ser respeitados, principalmente na relação
profissional, onde a pessoa irá encontrar (clientes ou colegas de trabalho) dos mais
diversos grupos sociais, religiosos, políticos, etc. Entretanto, é importante que tenhamos
em mente que, respeitar o direito das pessoas em seguir determinadas normas morais,
não implica em aceitar estas normas para si, mas sim, respeitar o direito que as pessoas
têm de optar por seguir tais normas.
Assim podemos entender que a moral tende a fazer com que as pessoas
harmonizem de maneira consciente e livre, seus interesses pessoais com os interesses
coletivos de determinado grupo social ou da sociedade inteira.
1.3.2 – Ética
Ética é uma palavra de origem grega, grega éthos, que pode ser traduzida por
conjunto de costumes instituídos por uma sociedade para formar, regular e controlar a
conduta de seus membros.
Para Vázquez (1992, p.12), “a ética é a teoria ou ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade”. Assim, podemos entender de uma forma mais
simples, que ética é a ciência que estuda as normas de conduta moral, para aperfeiçoálas. A ética se preocupa com os atos conscientes, voluntários, em que o indivíduo reflete
e decide de modo responsável e que, conseqüentemente, sua decisão pode afetar outras
pessoas, comunidades ou a sociedade em seu conjunto.
Como podemos perceber a ética e a moral se relacionam; ambas dizem respeito
ao comportamento humano. A moral está relacionada com as regras estabelecidas para
nortear os atos humanos em grupos sociais e a ética estuda estas regras num sentido
mais amplo e universal. Não há como confundir a ética com a moral, pois a ética não
cria a moral. A ética é a ciência da moral, isto é, não se deve confundir a teoria com o
seu objeto de estudo (o mundo moral).
No ambiente organizacional, o conceito de ético valorizado é que o fim (lucro)
justifica os meios. E não há confusão. As organizações são governadas pela hierarquia
dos grupos éticos. A ética nasce na família, passa pela escola, pelas empresas, e por aí
vai. E provavelmente será descartada uma decisão empresarial por contrariar a ética
familiar.
Neste contexto, surge a importância do conceito de liderança. Pois é
impossível ser líder sem ser ético. Ser líder é uma habilidade e ser ético é uma
qualidade. O líder legítimo é a referência do grupo ao qual pertence e quando se afirma
que alguém é líder nato, é porque a ética veio de casa. Daí também vem à afirmação de
que a família é à base da sociedade.
Diante dessa contextualização, a melhor definição de ética é a de Lopes de Sá
(2000, p.33) “a ética é um estado de espírito é quase hereditário e vem da formação e do
meio social no qual a criança teve sua personalidade moldada, burilada para ingressar
no convívio da sociedade que é o que popularmente se denomina berço”.
Atualmente, a humanidade vem demonstrando uma forte tendência no
questionamento dos seus valores éticos. Observamos que as pessoas sentem-se
insatisfeitas com os valores rígidos voltados para os direitos e deveres, com
características repressivas, normalmente criadas pela pressão social. O mundo atual
busca uma ética orientada para a ciência, a tecnologia e as organizações, a fim de salvar
a vida do planeta e a integridade dos grupos sociais.
Assim, é importante que estejamos em constante questionamento. Pode-se
observar, existem várias formas de entender a ética, não é necessário que conheça todas
as doutrinas de estudo, porém, você deve saber que elas existem para que possamos
compreender porque as pessoas decidem se comportar de formas diferentes.
1.3.3 – Valores
Valor é uma variável da mente que faz com que o ser humano decida ou escolha
se comportar numa determinada direção e dentro de determinada importância. Em
outras palavras, podemos dizer que valor é aquilo com que se preza ou se rejeita uma
coisa, pessoa ou idéia. É a distinção do que é o bem e o mal, do que é o certo e o errado,
do que é o belo e o feio; do que é agradável e desagradável, para então decidir como
devemos nos comportar.
Os valores podem ser classificados, de uma maneira geral, como valores
construtivos ou positivos e valores destrutivos e negativos. Parece que esta classificação
torna-se mais adequada porque rompe a tradicional dicotomia do certo-errado ou bemmal.
Consideramos construtivos os valores que favorecem comportamentos que
aprimoram a vida e a existência dos seres vivos, tanto do ponto de vista de sua
manutenção, quanto na busca da felicidade e da participação social.
Os valores que consideramos destrutivos favorecem ao comportamento que
contribuem para a desagregação da existência dos seres vivos, impedindo ou
prejudicando a sua evolução natural.
Considerações finais
O tema discutido neste trabalho é desafiante e existe muita controvérsia sobre a
moral a ética e a filosofia, pois todos nós vivenciamos a experiência da consciência
moral. Temos uma sensibilidade moral que nos faz avaliar se nossas ações são boas ou
más, justa ou injusta, concreta ou não. Observamos que em função desses valores, os
próprios acadêmicos, e professores em vários momentos de sua vida escola se
depararam com seus códigos de ação diferenciados dos outros, pois percebem que a
Ética e para todos já a moral e individual
Mas a ética contemporânea entende que o sujeito se encontra sob as injunções da
historia que ate certo ponto o conduz, mas que é também constituída por ele, por meio
de suas praticas efetivas. E com isso adquiriu um dimensionamento político, uma vez
que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva.
Para julgar se uma ação é boa ou má, não se pode mais deixar de avaliar se ela é justa
ou injusta, ou seja, se ela contribui ou não para diminuir o coeficiente de poder dos
homens entre si.
E nesse contexto os problemas ético-político são extremamente graves no
momento histórico que estamos vivendo. De um lado, porque as forças de dominação se
consolidaram nas estruturas sociais e econômicas; de outro porque nem sempre
conseguimos ver claramente as coisas, obscurecidas que estão inseridas pela ideologia
capitalista impedi-nos de ter uma visão critica do sistema.
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