REFLEXÕES SOBRE A ETICA NO MUNDO PÓS-MODERNO Diones Gusmão Lucas (Faculdade de Estudos Sociais de Barra do Garças) Introdução Fala-se muito hoje em dia, sobre ética. Ética na política, ética no esporte, ética nas profissões e ética nas relações sociais, entre tantas, a ponto de banalizarem seus conceitos. Nas organizações educacionais, a grande competitividade coloca as pessoas em batalhas sem fim, disputando fatias de mercado, disputando posições de destaque dentro das instituições e fora delas. Na busca desenfreada pelo reconhecimento, manutenção do “status”, prestígio, lucratividade e poder, muitas vezes, a ética é deixada de lado. É a guerra da sobrevivência patrocinada pelo mercado. Nesse cenário educacional, conciliar interesse pessoal, com objetivos comuns, por vezes exige do professor um comportamento, sobretudo, ético, de respeito ao próximo, respeito à concorrência, aos alunos, às leis, etc. Aí está o grande desafio do educador: manter-se ético, diante da guerra desenfreada da pós-modernidade. Agir em prol dos interesses das instituições, e priorizá-los em detrimento das questões acadêmicas e, ao mesmo tempo ser honesto, respeitar os clientes, (alunos) a concorrência, ser cumpridor das leis e saber valorizarem as pessoas são palavras de ordem nos códigos de ética educacionais brasileiros. O código de ética é um instrumento para a realização dos princípios, visão e missão da instituição. Ele serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura social da escola em face dos diferentes públicos com os quais interage. É muito importante que seu conteúdo seja refletido nas atitudes das pessoas a que se dirige e encontre respaldo na alta administração escolar, que todos os discentes e docentes tenham a responsabilidade de vivenciá-lo. Usando por base pesquisas e estudos realizados em diferentes instituições de ensino, propomos uma reflexão sobre a formação e o uso de um código de ética escolar No primeiro capítulo será apresentado uma discussão sobre conceitos, conduta, as normas de conduta, a moral e a ética, que servirão de base para o entendimento desta exposição. 1 – Fundamento da Conduta 1.1 – Ética Educacional A preocupação do homem em determinar o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é ruim, não faz parte apenas da história atual. Há mais de dois mil anos o cristianismo tenta incutir valores morais em todo o mundo, como: não matar, não roubar, não mentir, não cobiçar, etc. Desde então, a humanidade vem se defrontando com a necessidade de regular seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de serem cumpridas. Estas normas devem ser aceitas intimamente; de acordo com elas, os indivíduos se ajustam em comportamentos de convívio mais civilizados e de mais dignidade humana. Os profissionais da educação precisam conhecer as normas que foram estabelecidas para a profissão e procurar refletir sobre a aplicação destas na prática, pois estão a serviço do ser humano, nas mais diversas situações e circunstâncias da vida. Acreditamos que, para uma boa existência humana e para que as pessoas possam viver harmoniosamente no seu grupo social e profissional, faz-se necessário que assumam compromissos éticos entre si. O principal compromisso ético que todo ser humano deve assumir é o de tratar as pessoas como pessoas. Para isso, é necessário desenvolver o respeito mútuo, procurando entender o ponto de vista do outro. 1.2 – A Conduta Humana O termo conduta ou comportamento humano refere-se ao conjunto de manifestações (emocionais, mentais, verbais, fisiológicas, motrizes) pelas quais, o ser humano reduz as tensões e realiza suas possibilidades. Entre outras palavras, a conduta humana ou comportamento é a maneira de agir das pessoas. Numa visão geral, a conduta humana pode ser determinada por dois momentos distintos. O primeiro momento é interno, refere-se aos aspectos psíquicos ou mentais; é quando a pessoa pensa no que vai fazer e decide de acordo com sua consciência, seus valores e sua vontade. O segundo momento é caracterizado pela ação; é quando a pessoa executa sua decisão ou manifesta uma reação. A ação pode ser considerada voluntária ou involuntária. Entendemos por ação voluntária quando a ação é de acordo com sua vontade, ou seja, a pessoa refletiu e decidiu, conscientemente, antes de agir. Sendo considerada involuntária quando a pessoa não teve condições de pensar e decidir sobre sua ação. O ato involuntário geralmente é praticado sob coação, ameaças, risco de vida ou fortes condicionantes psíquicos. Nesse contexto, acreditamos que a maneira de agir das pessoas é em grande parte determinada pelo subconsciente, isto é, nem sempre as pessoas conscientes da ação é o que determina a classificação de um ato como voluntário ou não. Por outro lado, podemos constatar que não existe um individuo com comportamento igual ao outro. Todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo, comportam-se de maneiras diferentes umas das outras. No entanto, podemos observar que é comum encontrar comportamentos semelhantes num mesmo grupo social. As características comportamentais semelhantes normalmente acontecem por influencia dos costumes do meio em que a pessoa vive. O meio em que se desenvolve o ser humano é, em grande parte, criado por ele mesmo. Podemos considerar que os costumes são criados pelos homens. Por este motivo, assim como os costumes podem influenciar na conduta humana, o homem por sua vez pode intervir nos costumes. 1.3 – Normas de Conduta Normas de conduta são regras de agir. Os estudiosos sobre o comportamento humano não deixam de considerar uma preocupação universal pela retidão da conduta humana. Esta preocupação se revela nas normas, orais ou escritas, presentes em todas as comunidades do mundo. Estas normas estabelecem regras gerais de agir, cujo cumprimento garante um convívio harmonioso em sociedade. As normas podem apresentar-se sob várias formas: Lei, Decreto-lei, Decreto, Regulamento, Resolução, Código, Estatuto, Regimento, Rotina, etc. As normas podem, também, não ser escrita, como você pode observar, por exemplo, nas normas de “boas maneiras”. Todas impõem ao individuo normas de conduta compatível com a ética, a moral, os costumes e os valores do grupo social ao qual representa. Assim, escritas ou não, as normas estabelecidas pelos diversos grupos sociais, devem ser cumpridas para que possa existir um convívio harmonioso entre as pessoas. Todavia, se as normas estabelecidas não estão atendendo os anseios e necessidades da sociedade, as pessoas têm o direito e o dever de questioná-las e intervir para que ocorram mudanças nestas normas. Nas últimas décadas, as pessoas que estudam e escrevem sobre a conduta humana, demonstram preocupação com as grandes mudanças das normas de conduta em nossa época. A facilidade e agilidade com que estas normas estão mudando, podem ser consideradas como uma demonstração da crise de valores éticos e morais que a humanidade vem enfrentando. Esta afirmação poderá ficar mais claramente entendida depois que entendermos o que seja moral, valores e ética. 1.3.1 – Moral A palavra moral tem origem no latim – morus – significando os usos e costumes. Segundo Vázques (1992, p.25), moral é “um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social”. Nesta mesma direção, Gelaim (1987, p.5), conceitua moral como sendo “a ciência que se preocupa com os atos humanos, os bons costumes, os deveres do homem individual, grupal e perante seu grupo profissional”. Com base nestes dois conceitos, podemos constatar que o comportamento moral se encontra no homem desde o inicio de sua existência, ou seja, desde as comunidades primitivas. Entendemos que os princípios da moral podem mudar e se desenvolver na medida em que a sociedade vai se desenvolvendo. Um bom exemplo para entender essa mudança é o vestuário, há alguns anos atrás era imoral mulher usar roupas curtas, porem nos dias de hoje a realidade é outra, mulheres com barriga de fora e saias curtas; isso mostra que as normas de conduta moral mudaram na medida em que a sociedade foi se modificando. As normas de comportamento moral, também, podem variar entre os diversos grupos sociais. Neste caso podemos citas os grupos religiosos, que adotam normas de comportamento moral, por vezes, bastante diferenciadas das normas gerais da sociedade, tais como: não beber, o uso da burca, não assistir tv, a circuncisão e muitos outros. Exemplos como estes, em que as normas morais são diferenciadas da grande maioria da população, também devem ser respeitados, principalmente na relação profissional, onde a pessoa irá encontrar (clientes ou colegas de trabalho) dos mais diversos grupos sociais, religiosos, políticos, etc. Entretanto, é importante que tenhamos em mente que, respeitar o direito das pessoas em seguir determinadas normas morais, não implica em aceitar estas normas para si, mas sim, respeitar o direito que as pessoas têm de optar por seguir tais normas. Assim podemos entender que a moral tende a fazer com que as pessoas harmonizem de maneira consciente e livre, seus interesses pessoais com os interesses coletivos de determinado grupo social ou da sociedade inteira. 1.3.2 – Ética Ética é uma palavra de origem grega, grega éthos, que pode ser traduzida por conjunto de costumes instituídos por uma sociedade para formar, regular e controlar a conduta de seus membros. Para Vázquez (1992, p.12), “a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Assim, podemos entender de uma forma mais simples, que ética é a ciência que estuda as normas de conduta moral, para aperfeiçoálas. A ética se preocupa com os atos conscientes, voluntários, em que o indivíduo reflete e decide de modo responsável e que, conseqüentemente, sua decisão pode afetar outras pessoas, comunidades ou a sociedade em seu conjunto. Como podemos perceber a ética e a moral se relacionam; ambas dizem respeito ao comportamento humano. A moral está relacionada com as regras estabelecidas para nortear os atos humanos em grupos sociais e a ética estuda estas regras num sentido mais amplo e universal. Não há como confundir a ética com a moral, pois a ética não cria a moral. A ética é a ciência da moral, isto é, não se deve confundir a teoria com o seu objeto de estudo (o mundo moral). No ambiente organizacional, o conceito de ético valorizado é que o fim (lucro) justifica os meios. E não há confusão. As organizações são governadas pela hierarquia dos grupos éticos. A ética nasce na família, passa pela escola, pelas empresas, e por aí vai. E provavelmente será descartada uma decisão empresarial por contrariar a ética familiar. Neste contexto, surge a importância do conceito de liderança. Pois é impossível ser líder sem ser ético. Ser líder é uma habilidade e ser ético é uma qualidade. O líder legítimo é a referência do grupo ao qual pertence e quando se afirma que alguém é líder nato, é porque a ética veio de casa. Daí também vem à afirmação de que a família é à base da sociedade. Diante dessa contextualização, a melhor definição de ética é a de Lopes de Sá (2000, p.33) “a ética é um estado de espírito é quase hereditário e vem da formação e do meio social no qual a criança teve sua personalidade moldada, burilada para ingressar no convívio da sociedade que é o que popularmente se denomina berço”. Atualmente, a humanidade vem demonstrando uma forte tendência no questionamento dos seus valores éticos. Observamos que as pessoas sentem-se insatisfeitas com os valores rígidos voltados para os direitos e deveres, com características repressivas, normalmente criadas pela pressão social. O mundo atual busca uma ética orientada para a ciência, a tecnologia e as organizações, a fim de salvar a vida do planeta e a integridade dos grupos sociais. Assim, é importante que estejamos em constante questionamento. Pode-se observar, existem várias formas de entender a ética, não é necessário que conheça todas as doutrinas de estudo, porém, você deve saber que elas existem para que possamos compreender porque as pessoas decidem se comportar de formas diferentes. 1.3.3 – Valores Valor é uma variável da mente que faz com que o ser humano decida ou escolha se comportar numa determinada direção e dentro de determinada importância. Em outras palavras, podemos dizer que valor é aquilo com que se preza ou se rejeita uma coisa, pessoa ou idéia. É a distinção do que é o bem e o mal, do que é o certo e o errado, do que é o belo e o feio; do que é agradável e desagradável, para então decidir como devemos nos comportar. Os valores podem ser classificados, de uma maneira geral, como valores construtivos ou positivos e valores destrutivos e negativos. Parece que esta classificação torna-se mais adequada porque rompe a tradicional dicotomia do certo-errado ou bemmal. Consideramos construtivos os valores que favorecem comportamentos que aprimoram a vida e a existência dos seres vivos, tanto do ponto de vista de sua manutenção, quanto na busca da felicidade e da participação social. Os valores que consideramos destrutivos favorecem ao comportamento que contribuem para a desagregação da existência dos seres vivos, impedindo ou prejudicando a sua evolução natural. Considerações finais O tema discutido neste trabalho é desafiante e existe muita controvérsia sobre a moral a ética e a filosofia, pois todos nós vivenciamos a experiência da consciência moral. Temos uma sensibilidade moral que nos faz avaliar se nossas ações são boas ou más, justa ou injusta, concreta ou não. Observamos que em função desses valores, os próprios acadêmicos, e professores em vários momentos de sua vida escola se depararam com seus códigos de ação diferenciados dos outros, pois percebem que a Ética e para todos já a moral e individual Mas a ética contemporânea entende que o sujeito se encontra sob as injunções da historia que ate certo ponto o conduz, mas que é também constituída por ele, por meio de suas praticas efetivas. E com isso adquiriu um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Para julgar se uma ação é boa ou má, não se pode mais deixar de avaliar se ela é justa ou injusta, ou seja, se ela contribui ou não para diminuir o coeficiente de poder dos homens entre si. E nesse contexto os problemas ético-político são extremamente graves no momento histórico que estamos vivendo. De um lado, porque as forças de dominação se consolidaram nas estruturas sociais e econômicas; de outro porque nem sempre conseguimos ver claramente as coisas, obscurecidas que estão inseridas pela ideologia capitalista impedi-nos de ter uma visão critica do sistema.