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JOVENS VERSUS PROBLEMAS EMOCIONAIS VERSUS FOBIAS
Dr.Wagner Paulon
2008
Os adolescentes enfrentam alguns problemas psicológicos no decorrer do
desenvolvimento. A vida não pode nem deve ser totalmente isenta ansiedade,
de frustração ou de conflitos; como a alegria e o amor, experiências fazem
parte da condição humana, e sem elas a vida desprovida de sua profundidade
própria. Inevitavelmente, tais problemas tendem a emergir com mais freqüência
durante os períodos de rápida mudança evolutiva e de rápida transição social,
no início da escolarização e no ajustamento à adolescência.
Geralmente os adolescentes podem passar por altos e baixos emocionais, ter
períodos de desânimo e de preocupação quanto a serem aceitos pelos
companheiros. Ele ou ela podem experimentar grande ansiedade antes de uma
prova escolar importante, ter explosões ocasionais de raiva ou rebelião,
envolver-se com outros em atos delinqüentes de pouca importância, sentir
melancolia pela perda de um namorado ou namorada, preocupar-se com o
sexo ou ter dúvidas acerca de sua "verdadeira" identidade. Mas isto não
significa que o jovem seja psicologicamente perturbado ou que necessite de
outro tipo de ajuda que não a compreensão e o apoio normal dos pais. Só
quando tais condições são exageradas ou ameacem tornar-se crônicas é que
tem sentido considerá-las problema psicológico clinicamente significativo e
buscar ajuda profissional.
Determinados problemas psicológicos são relativamente fáceis de
compreender. Uma adolescente constantemente rejeitada pelas companheiras
de sua idade pode ficar ansiosa e refugiar-se no próprio isolamento. O menino
que foi submetido a disciplina rígida ou incoerente, bem como à rejeição e ao
ridículo por parte dos pais durante o crescimento, pode se tornar belicoso e
destrutivo.
Outros sintomas, no entanto, são mais desconcertantes - a tentativa de suicídio
que, ao menos superficialmente, parece resultar de alguma decepção
relativamente insignificante; a ansiedade aguda, ou mesmo o pânico, que
parecem não ter causa identificável; um medo insensato de ficar só ou de sair
de casa. Muitos desses sintomas, aparentemente misteriosos ou ilógicos, têm
origem na ansiedade adolescente, e agem como defesa contra ela, a qual pode
ou não ser identificada e reconhecida por aqueles que a sofrem — medo de
perda de amor; da raiva, de sentimentos hostis; dos impulsos sexuais; ou de
inadequação pessoal. Às vezes, essas defesas funcionam - ao menos em certo
grau. Por exemplo, o medo reconhecidamente absurdo de sair de casa (fobia)
pode contribuir para mascarar um medo mais profundo e inconsciente da
incapacidade pessoal de enfrentar as outras pessoas ou de atender às
demandas da vida.
O fato de alguém admitir conscientemente para si próprio que padece de
medos como este último seria doloroso e lhe causaria ansiedade. Mas em
alguns casos as defesas psicológicas são ineficientes ou só em parte eficazes
e, assim sendo, pode surgir uma ansiedade generalizada ou "flutuante".
As reações de ansiedade são diferentes dos medos normais (das situações
realmente perigosas) e das fobias (medos absurdos) porque podem ocorrer
sob qualquer circunstância e não se restringem a situações nem a objetos
específicos.
O jovem com uma aguda reação de ansiedade sente um medo repentino, como
se algo ruim estivesse para acontecer. Pode ficar agitado e inquieto,
assustadiço e padecer de sintomas como tonturas ou dor de cabeça (que são
geralmente psicossomáticos - totalmente reais para quem os sente, mas sem
nenhuma causa orgânica). A capacidade de se concentrar e de prestar atenção
pode ficar limitada, e o jovem pode parecer distraído. São comuns as
perturbações do sono.
A pessoa que sofre de reação aguda de ansiedade pode se surpreender ou
alarmar quanto à sua origem aparentemente misteriosa, ou pode atribuí-la a
uma ampla variedade de circunstâncias ou incidentes externos isolados e, em
geral, irrelevantes. Todavia, uma investigação mais cuidadosa tornará claro
que há fatores muito mais extensos e fundamentais envolvidos - perturbação
do relacionamento entre pais e filhos, preocupação com as exigências do
crescimento, temores difusos e sentimento de culpa a respeito da sexualidade,
ou impulsos agressivos - embora o adolescente possa não estar consciente do
papel de cada um desses fatores no problema.
É obviamente essencial começar a intervenção terapêutica logo que as
reações de ansiedade sejam identificadas, de forma que a relevância dos
fatores causais possa ser mais prontamente determinada e enfrentada. O
tratamento deve começar antes que a ansiedade se torne habitual ou crônica e
antes que se instale uma reação padronizada a ela, tal como esquiva
psicológica, incapacidade de realização do trabalho escolar, sintomas físicos
contínuos de dor, diarréia, diminuição do ritmo respiratório, fadiga etc.
Fobias
O medo intenso que o próprio indivíduo conscientemente reconhece como
irrealista é denominado fobia. Quando e incapaz de evitar a situação fóbica ou
de escapar dela, a pessoa pode se tornar extremamente apreensiva e
experimentar fraqueza, fadiga, palpitações, transpiração, náusea, tremores, e
mesmo pânico. Como explicar as fobias? Em geral, podem resultar do medo de
alguma pessoa, de algum objeto ou evento, que seja tão doloroso ou que
produza tanta ansiedade a ponto de não poder ser encarado conscientemente.
Tal medo é deslocado para algum outro objeto ou situação menos inaceitáveis,
geralmente algo que de certa forma simbolize o medo original (em certo caso,
por exemplo, descobriu-se que o medo intenso de automóveis, experimentado
por um garoto, representava simbolicamente um forte medo de seu pai).
Ao contrário dos medos realistas, os medos irrealistas ou simbólicos podem ser
melhor combatidos quando se ataca sua fonte real. Também é de ajuda
dessensibilizar (isto é, acostumar gradualmente) o indivíduo ao medo
deslocado, caso a fobia seja antiga.
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