Introducao Epistemologia

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Introdução à Epistemologia
Programa de Pós-Graduação em Educação
Disciplina: Fundamentos Epistemológicos da
pesquisa em educação
Professora: Dra. Gisele Masson
CIÊNCIA E FILOSOFIA
A ciência e a filosofia distinguem-se por seu objeto.
As ciências particulares tomam uma parte da realidade
como objeto, enquanto que a filosofia dirige-se à
totalidade do real.
A Teoria do Conhecimento como disciplina filosófica
independente surge apenas na Idade Moderna, com o
filósofo inglês John Locke – Ensaio acerca co
entendimento humano (1690).
(HESSEN, 1999)
TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO
Possibilidade do conhecimento: dogmatismo, ceticismo,
relativismo, pragmatismo, criticismo.
Origem do conhecimento: racionalismo, empirismo,
intelectualismo, apriorismo, posicionamento crítico.
Essência do conhecimento: objetivismo, subjetivismo,
realismo, idealismo, fenomenalismo, posicionamento
crítico.
Tipos de conhecimento:
teológico, científico.
senso
Critério da verdade.
(HESSEN, 1999)
comum,
filosófico,
Ontologia
Epistemologia
FILOSOFIA
Lógica
Axiologia
Ética
Estética
EPISTEMOLOGIA
Significa, etimologicamente, discurso (logos) sobre
a ciência (episteme).
O termo surgiu, no vocabulário filosófico, apenas
no século XIX.
O estatuto do discurso epistemológico é ambíguo:
discurso sistemático que encontra na filosofia os
seus princípios e na ciência o seu objeto.
(JAPIASSIU, 1992)
EPISTEMOLOGIA
Por essa dupla filiação, a epistemologia se
desenvolve na relação entre filosofia e ciência.
Pode ser entendida como filosofia das ciências.
O seu papel é de estudar a gênese e a estrutura dos
conhecimentos científicos.
Pesquisa as leis reais de produção desses
conhecimentos do ponto de vista lógico,
linguístico, sociológico, ideológico etc.
(JAPIASSIU, 1992)
SABERES “ESPECULATIVOS”
(que não são ciências)
A. Racional: Filosofia
SABER EM
GERAL
B. Crente ou religioso: Teologia
CIÊNCIAS
(que não são saberes especulativos)
A. Matemática
B. Empíricas e positivas
Outras ciências...
(JAPIASSU, 1992)
TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO
E EPISTEMOLOGIA
Não é um problema científico saber se há ou não
possibilidade de conhecimento fora da ciência.
Esse problema diz respeito a teoria geral do
conhecimento, a qual tem como um de seus
objetivos situar o conhecimento científico entre
outras formas possíveis de conhecimento.
(BLANCHÉ, 1988)
TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO
E EPISTEMOLOGIA
A expressão “teoria do conhecimento” é facilmente
substituída pela palavra “epistemologia” e, para
evitar esse inconveniente, foi criada a palavra
“gnosiologia”, a qual é mais utilizada em italiano e,
excepcionalmente, em francês e inglês, mas é quase
inexistente em alemão.
(BLANCHÉ, 1988)
EPISTEMOLOGIA
A “epistemologia” é uma parte da “filosofia da
ciência”. Ela abrange uma zona intermediária entre
ciência e filosofia.
Epistemologia interna e obrigatória: é inerente ao
processo de pesquisa, em que o cientista faz
epistemologia sem o querer e quase sem o saber.
Epistemologia externa e facultativa: tem um
interesse mais especulativo; é mais filosófica, pois é
um fim e não simplesmente um meio.
(BLANCHÉ, 1988)
EPISTEMOLOGIA
O termo significa “estudo da ciência”: do grego
ἐπιστήμη (episteme) = ciência, conhecimento;
λόγος (logos) = discurso, estudo.
É usada em dois sentidos: estudo da origem e valor
do conhecimento em geral (sinônimo de
gnosiologia) ou para significar o estudo das
ciências (físicas e humanas). (BADARÓ, 2005).
EPISTEMOLOGIA
Epistemologia global (geral): trata do saber
globalmente considerado, quer sejam especulativos,
quer científicos.
Epistemologia particular: trata de levar em
consideração um campo particular do saber, quer seja
especulativo, quer científico.
Epistemologia específica: trata de levar em conta uma
disciplina bem definida do saber, e de estudá-la de
modo próximo, detalhado e técnico. (JAPIASSU,
1992).
EPISTEMOLOGIA
Teoria do conhecimento é gnosiologia e a
epistemologia se refere, mais especificamente, à
teoria do conhecimento científico ou teoria das
ciências.
A teoria do conhecimento ou gnosiologia tem por
objeto o estudo das condições de possibilidade,
legitimidade, valor e limites do conhecimento
humano.
(SAVIANI, 2013)
EPISTEMOLOGIA
A epistemologia tem por objeto o estudo das
condições de possibilidade, legitimidade, valor e
limites do conhecimento científico.
Como meta-análise, a epistemologia se configura
como a análise das análises, ou seja, o estudo das
condições que possibilitam que o conhecimento
seja alcançado em determinada área do
conhecimento.
(SAVIANI, 2013)
EPISTEMOLOGIA
Acepção ampla: teoria racional do conhecimento
seguro, teoria da ciência.
Filósofos de influência francesa: usam o termo
epistemologia para designar o sentido bem amplo
de estudos gerais dos saberes, sejam eles
especulativos ou científicos (ciência, teologia,
filosofia, técnicas).
(CASTAÑON, 2007)
EPISTEMOLOGIA
Posição assumida por Castañon:
Sentido amplo de epistemologia – estudo geral dos
métodos, história, critérios, funcionamento e
organização do conhecimento sistemático, seja ele
especulativo (teologia e filosofia) ou científico.
Sentido mais estrito de epistemologia: Filosofia da
Ciência: estudo sistemático das condições de
possibilidade, métodos, critérios do conhecimento
científico.
(CASTAÑON, 2007)
EPISTEMOLOGIA
Teoria do conhecimento: disciplina filosófica que
estuda as condições de possibilidade de todo e
qualquer conhecimento: a possibilidade de
conhecer, a origem do conhecimento, a essência
do objeto do conhecimento, os tipos de
conhecimento e os métodos de obtenção do
conhecimento.
(CASTAÑON, 2007)
EPISTEMOLOGIA
A epistemologia é a filosofia das ciências, com
sentido mais preciso.
É parte da filosofia que se ocupa do estudo crítico
da ciência em seu detalhamente prático (ciência
como produto e como processo).
É um estudo a posteriori.
(GAMBOA, 2007)
EPISTEMOLOGIA
Nao é teoria do conhecimento, pois esta é o objeto
da gnosiologia.
Não é o estudo dos métodos científicos, o qual
seria objeto da metodologia.
(GAMBOA, 2007)
EPISTEMOLOGIA
Quando investigamos, desenvolvemos uma maneira de
fazer ciência e explicitamos uma teoria do
conhecimento e uma filosofia, elaboramos, portanto,
uma epistemologia, uma gnosiologia e expressamos
uma ontologia.
Denominamos de epistemologia da pesquisa, ou
abordagem epistemológica da pesquisa o estudo que
analisa as relações entre o processo de investigação
científica e os pressupostos filosóficos nos quais se
embasam.
(GAMBOA, 2007)
EPISTEMOLOGIA
O conceito de abordagem epistemológica deriva do
termo epistemologia, que significa teoria da ciência
(metaciência).
Significa que tem por objeto a prática científica,
interrogando-a
sobre
os
seus
princípios,
fundamentos, métodos, resultados e critérios de
validade.
No entanto, a análise não se dá nos limites da
própria ciência, pois se localiza num campo comum
entre a filosofia e a ciência.
(GAMBOA, 2007)
EPISTEMOLOGIA
Parte de um nível de conhecimento mais amplo
como a teoria do conhecimento e a filosofia.
A
abordagem
epistemológica
analisa,
articuladamente, os aspectos técnico-instrumentais,
com os níveis metodológicos,
teóricos e
epistemológicos, e estes com os pressupostos
gnosiológicos e ontológicos.
(GAMBOA, 2007)
NÍVEIS DE AMPLITUDE DOS CONTEÚDOS ENVOLVIDOS
NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
(GAMBOA, 2007)
Técnico-instrumental: processos de coleta,
registro, organização, sistematização e tratamento
dos dados e informações.
Metodológico: procedimentos, passos e maneiras
de abordar o objeto investigado.
Teóricos: núcleos conceituais básicos, autores
utilizados, críticas a determinadas teorias.
NÍVEIS DE AMPLITUDE DOS CONTEÚDOS ENVOLVIDOS
NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
(GAMBOA, 2007)
Epistemológicos:
critérios
de
cientificidade
(concepção de ciência, requisitos de prova, concepção
de causalidade).
Gnosiológicos: entendimento do pesquisador sobre o
real, maneiras de abstrair, conceituar, classificar, ou
seja, formas de relacionar o sujeito e o objeto da
investigação.
Ontológicos: concepções de homem, sociedade,
história, educação e realidade, que são articulados de
modo implícito na produção científica.
ESQUEMA PARADIGMÁTICO (GAMBOA)
A LÓGICA RECONSTITUÍDA
Relação dialética entre Pergunta (P) e Resposta ( R )
P–R
1. A CONSTRUÇÃO DA PERGUNTA.
Mundo da Necessidade – Problema - Indagações múltiplas - Quadro de questões
Pergunta
2. A CONSTRUÇÃO DA RESPOSTA
Nível Técnico: fontes, técnicas de coleta, organização, sistematização e tratamento de dados e informações.
Nível Metodológico: abordagem e processos da pesquisa: formas de aproximação ao objeto (delimitação
do todo, sua relação com as partes e (des)consideração dos contextos.
Nível Teórico: fenômenos privilegiados, núcleo conceitual básico, autores e clássicos
cultivados, pretensões críticas, tipo de mudança proposta
Nível Epistemológico: concepção de causalidade, de validação da prova científica e de ciência
(critérios de cientificidade).
Pressupostos Gnosiológicos: maneiras de abstrair, generalizar, conceituar, classificar e formalizar, ou
maneiras de relacionar o sujeito e o objeto.
Critérios de construção do objeto científico.
Pressupostos Ontológicos: categorias abrangentes e complexas, concepção de homem,de educação e sociedade,
concepções de realidade
(Concepções de espaço, tempo e movimento)
(COSMOVISÃO)
REFERÊNCIAS
BADARÓ, C. E. Epistemologia e ciência: reflexão e prática na sala de aula.
Bauru, SP: EDUSC, 2005.
BLANCHÉ, R. A epistemologia. 4. ed. Lisboa: Editorial Presença, 1988.
CASTAÑON, G. Introdução à epistemologia. São Paulo: EPU, 2007.
GAMBOA, S. S. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. Chapecó:
Argos, 2007.
HESSEN, J. Teoria do conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
JAPIASSI, H. Introdução ao pensamento espitemológico. 7. ed. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1992.
SAVANI, D. Epistemología de las políticas educativas: algunas precisiones
conceptuales. In: TELLO, C. (Coord.). Epitemologías de la política
educativa: posicionamentos, perspectivas y enfoques. Campinas, SP: Mercado
das Letras, 2013.
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