Texto complementar Saneamento básico e verminoses CIÊNCIAS 1 Ciências Assunto: Saúde e cidadania Saneamento básico e verminoses Ao abordar a questão das verminoses, causadas tanto por platelmintos quanto por nematoides, podemos perceber que a saúde da população está diretamente ligada às condições sanitárias do local onde vive. A pessoa doente, ao defecar em lugares onde não há tratamento de esgoto sanitário adequado, pode causar a contaminação de outras pessoas. A preservação do ambiente e a não contaminação do solo, da água e das plantações dependem da implantação de saneamento básico que atenda amplamente todas as residências. Promover e manter a instalação de redes de água e esgoto, além do recolhimento e tratamento de lixo, é responsabilidade dos governos municipais e estaduais, submetidos a diretrizes do governo federal. Isso é tão importante que está na Constituição Federal, o conjunto de leis que regem o país. É fundamental que cada indivíduo faça sua parte, mas de nada adianta a população se preocupar com a higiene pessoal e coletiva se não estiverem garantidas as condições mínimas necessárias para colocar em prática tais cuidados. Não podemos esquecer ainda a importância da informação para todos. A educação sanitária e a divulgação de campanhas esclarecedoras sobre os cuidados necessários à prevenção de doenças também têm papel fundamental na busca de promover uma melhor qualidade de vida para a população. Para que cada indivíduo possa exercer plenamente seu direito à cidadania, é necessário e imprescindível que o governo ofereça e garanta educação e saúde para todos. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2008), A água constitui-se em elemento essencial à vida. O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada está diretamente ligado à saúde da população, contribuindo para reduzir a ocorrência de diversas doenças. O serviço de abastecimento de água através de rede geral caracteriza-se pela retirada da água bruta da natureza, adequação de sua qualidade, transporte e fornecimento à população através de rede geral de distribuição. Há de se considerar, ainda, formas alternativas de abastecimento das populações (água proveniente de chafarizes, bicas, minas, poços particulares, carros-pipas, cisternas, etc.). DAE Nessa pesquisa, foram coletadas informações muito importantes que indicam a evolução dos serviços de saneamento básico prestados à população. O gráfico a seguir mostra a porcentagem de municípios atendida pelo serviço de abastecimento de água por rede geral, ou seja, água tratada. Domicílios abastecidos de água por rede geral no Brasil e nas Grandes Regiões – 2000/2008 % 87,5 78,6 63,9 44,3 45,3 Brasil Norte 52,9 68,3 Nordeste 2000 70,5 69,1 Sudeste 84,2 Sul 66,3 82,0 Centro-Oeste 2008 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000/2008. 1 Apesar da melhora nos serviços de abastecimento, a análise dessas informações não deve desconsiderar que ainda são necessários muitos esforços para que a situação do saneamento básico se torne satisfatória no país, como o próprio relatório (IBGE, 2008) indica: [...] Portanto, deve-se salientar que o déficit na prestação do serviço de abastecimento de água pelas entidades continuou elevado, com aproximadamente 12 milhões de residências no País sem acesso à rede geral. O problema foi mais crítico na Região Norte, onde cerca de 54,7% dos domicílios encontravam-se nessa situação, seguida das Regiões Nordeste (31,7%), Centro-Oeste (18,0%), Sul (15,8%) e Sudeste (12,5%). [...] Há ainda que se considerar que uma pequena parcela da água distribuída à população não é completamente tratada, expondo a população ao risco de contrair doenças veiculadas pela água. O serviço de esgotamento sanitário é essencial para garantir o descarte correto dos dejetos residenciais ou industriais, que não devem ser lançados diretamente no ambiente. O esgotamento deve incluir as etapas de coleta, em que o esgoto é recolhido por canais e tubulações, e tratamento, em que o esgoto recolhido sofre decomposição e tratamento de impurezas antes de ser direcionado a um corpo d’água. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2008), pouco mais da metade dos municípios brasileiros (55,2%) tinham serviço de esgotamento sanitário por rede coletora, que é o sistema apropriado, marca pouco superior à observada na pesquisa anterior, realizada em 2000, que registrava 52,2%. Fossas sépticas e sumidouros são uma alternativa à população que não dispõe de serviços públicos de coleta e tratamento do esgoto, e devem ser construídos de maneira adequada a fim de garantir que todo o esgoto lançado sofra decomposição antes de atingir o solo ou um curso d’água. DAE Muitos municípios brasileiros, entretanto, não dispõem de nenhum desses serviços, como mostra o gráfico a seguir. Percentual de domicílios com acesso à rede de esgotamento sanitário no Brasil e nas Grandes Regiões – 2000/2008 % 69,8 53 44,0 33,5 30,2 22,5 22,4 14,7 28,1 33,7 2,4 3,8 Brasil Norte 2000 Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 2008 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000/2008. Para se obter condições sanitárias adequadas, não basta que o esgoto seja adequadamente coletado por meio de uma rede geral. É necessário que também seja tratado, caso contrário, recursos hídricos ficarão poluídos e haverá proliferação de doenças, como a diarreia, devido à contaminação da água por coliformes fecais, causando prejuízo à saúde da população e o aumento da mortalidade infantil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2008. 2 DAE O próximo gráfico indica a porcentagem de domicílios que dispõem de tratamento de esgoto nos municípios brasileiros (organizados em ordem crescente de tamanho populacional). Percentual do esgoto coletado e tratado conforme o tamanho da população dos municípios – Brasil - 2008 % 97,2 78,2 Mais de 50 000 a 100 000 hab. Mais de 100 000 a 300 000 hab. 56,6 Mais de 1 000 000 hab. 50,4 Mais de 500 000 a 1 000 000 hab. 50,1 Mais de 300 000 a 500 000 hab. 53,0 Até 50 000 hab. Total 68,8 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000/2008. Com as informações fornecidas pelos gráficos observamos que os serviços de tratamento de água e esgoto estão mais presentes na Região Sudeste e nos grandes centros urbanos, ou seja, municípios com mais de 1 milhão de habitantes. Resta ainda uma grande parcela da população sem saneamento básico, portanto mais exposta às doenças de veiculação hídrica. Ana Maria Pereira. Saneamento básico e verminoses. Referência bibliográfica Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2008. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf>. Acesso em: 17 set. 2013. 3