(((((((( Para 25/03/04 )))))))))))

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Pronunciamento do Deputado
Carlos Nader em 25/04/2004
Quinta-feira
“ÍNDICES VERGONHOSOS”
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados
É inadmissível para um país como Brasil ostentar, em pleno Século 21,
índices tão pífios de saneamento como acaba de revelar o IBGE. Temos
102 milhões de brasileiros, ou 60% da população, que não dispõem de
redes de esgoto. O Atlas de Saneamento, divulgado pelo instituto, joga
por terra a impressão de que falta de saneamento é problema restrito às
localidades mais pobres do país. Ela se encontra também em áreas
aparentemente desenvolvidas, em grandes cidades, o que dá bem uma
dimensão da realidade.
Mas, sem dúvida, as regiões mais pobres do país são ainda as que
ostentam números mais preocupantes. Na Região Norte, por exemplo, o
índice de moradores não atendidos com rede de esgoto alcança
espantosos 97,2% da população. Dizer que tal índice é vergonhoso é
pouco. É inaceitável. Pior: Tocantins tem quase 100% das moradias sem
rede de esgoto.
A região Sudeste, portanto, poderia até comemorar os 73,6% de
moradores atendidos, mas, sinceramente, se levarmos em conta o
número de habitantes que representam os 26,4%, vamos chegar à
conclusão de que o país tem feito muito pouco em termos de
saneamento.
O que é mais grave é que todos sabemos as conseqüências da falta de
rede de esgoto para a saúde da população. Não é à toa que o esgoto a céu
aberto é um dos maiores aborrecimentos de várias comunidades que
reclamam junto aos meios de comunicação. É o cenário propício para o
desenvolvimento de doenças que acabam por sobrecarregar o sistema de
saúde dos municípios.
Não se pode esquecer também, Senhor Presidente, de ressaltar outro
grave problema nesta questão: a existência da rede de esgoto nem
sempre, ou quase nunca, melhor dizendo, significa que este esgoto esteja
sendo devidamente tratado. O produto é despejado in natura nos
córregos e rios, somando-se aos despejos industriais e formando o
conjunto mortal para a preservação dos mananciais de água.
O Atlas do Saneamento pode e deve ser um importante instrumento para
o poder público vir a atuar para mudar esta realidade realmente
vergonhosa, que impede uma melhor qualidade de vida da população
brasileira.
Estados e municípios, com o apoio do governo federal, necessitam
investir maciçamente para mudar este quadro que nos coloca,
certamente, entre os piores países do mundo. Há obras que se tornam
invisíveis depois de concluídas e que nem rendem os votos que muitos
administradores preferem receber desenvolvendo projetos grandiosos e
impossíveis de não serem observados.
É preciso também uma mudança de mentalidade. Investir em
saneamento é melhorar a qualidade de vida, é reduzir a possibilidade de
doenças, é dar dignidade ao cidadão. O país precisa disso, o povo
necessita disso.
Muito Obrigado.
Carlos Nader - PFL/RJ
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