1 Discurso pronunciado pelo Dep. LINCOLN PORTELA (PSL-MG, na Sessão de / /02). Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000. Constatou-se que a coleta de lixo vai muito bem no país, mas que o serviço de esgoto sanitário, ao contrário, vai muito mal. O abastecimento de água chega a 97,9% dos municípios, 99,4% deles têm coleta de lixo e 78,6% das residências têm serviço de drenagem urbana. No entanto, somente 52,2% dos domicílios possuem esgoto sanitário. Na região Norte a situação é calamitosa: apenas 2,4% dos domicílios possuem serviço de esgoto. Como fica a questão ambiental quando 68,5% dos resíduos das grandes cidades são jogados em lixões e alagados e apenas 451 cidades fazem coleta seletiva de detritos? Em muitas cidades do interior e até mesmo em determinadas regiões dos grandes Estados, o esgoto é lançado “in natura” em rios, cursos d’água ou no mar. No Rio de Janeiro, mais de 50% do esgoto coletado não recebe tratamento. Em São Paulo esse percentual é de 35%. E as capitais que menos tratam seus esgotos são: Rio Branco, Manaus, São Luís e Belo Horizonte. Na realidade o IBGE afirma que o tratamento nessas cidades é praticamente zero. Em Belo Horizonte a situação melhora a passos lentos. Em 2001 foi inaugurada a estação do Arruda, que faz, no momento, apenas o tratamento primário de 60% do esgoto. Mas, ainda estamos longe do ideal, pois enquanto não for feito o tratamento secundário não se poderá parar o processo de degradação ambiental. 2 A falta de saneamento é problema em todas as regiões brasileiras e até nos Estados mais ricos, mas, ainda assim, a disparidade regional é motivo de preocupação. A região Norte, de todas, é a que mais precupa, coletando apenas 60 mil metros cúbicos de esgoto por dia, enquanto o Sudeste do país coleta 200 vezes mais. No Amazonas e no Acre, simplesmente não há tratamento de esgoto. A região Nordeste, apesar de tão discriminada, trata 78,3% dos dejetos. Já na região Sul menos da metade do esgoto é tratado, apesar de ser uma das mais ricas. Falta de recursos, pouca ação política e falta de cooperação da população são fatores que, em conjunto contribuem para a situação que vivemos no País: apenas um terço do esgoto produzido é tratado. Há muito o que melhorar. Uma das piores conseqüências da falta de saneamento, ao lado da proliferação de doenças como a febre amarela e a dengue, é a falta de drenagem, que causa verdadeiras tragédias nas épocas de chuvas, e provoca dezenas de mortes. São Paulo e Rio de Janeiro são exemplos clássicos disso. O saneamento básico, ao lado da alimentação, da saúde e da educação, é um dos fatores mínimos para se oferecer ao cidadão uma vida digna. E é preciso que se diga que o direito à vida, constitucionalmente assegurado a todos, é hoje entendido como “direito a uma vida digna”. O caminho para nós “limparmos a nossa casa” vai desde a reciclagem obrigatória do lixo, a priorização dos projetos de saneamento, até a conscientização da população e depende, principalmente, de vontade e de ações políticas eficazes. Era o que tinha a dizer. Obrigado.