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Comparação da variabilidade da frequência cardíaca em homens obesos e não
obesos
Antonio Cesar Cardoso (PIBIC/CNPq/Unioeste), Cassiane Lui, Fernando de Souza
Campos, Lucinar Jupir Forner Flores (Orientador), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Humanas Educação
e Letras/Marechal Cândido Rondon, PR
Grande área e área: Ciências da Saúde - Educação Física
Palavras-chave: Obesidade, Controle autonômico, exercício físico.
Resumo
O objetivo do presente estudo foi comparar a variabilidade da frequência cardíaca
em indivíduos com sobrepeso/obesos em relação a indivíduos não obesos.
Participaram aleatoriamente homens, com idade variando entre 18 e 45 anos. O
Grupo 1 composto por 16 indivíduos não obesos (Índice de Massa Corporal IMC
abaixo de 25 kg/m²) e o Grupo 2 composto por 16 indivíduos obesos/sobrepeso
(IMC acima de 25 kg/m²). Foram avaliadas variáveis antropométricas (massa
corporal, estatura, IMC e % de gordura); variáveis cardiovasculares (frequência
cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e pressão arterial em repouso
sentado, em situação de Teste de Estresse Mental (TEM) e durante o exercício
físico aeróbio. Foi aplicado do Teste t de Student para dados não pareados. Valores
de p<0,05 foram considerados significativos para comparações entre os grupos. Os
resultados antropométricos apresentaram diferenças estatísticas entre o Grupo 1 e o
Grupo 2 em relação a massa corporal; IMC e % de gordura. Vale destacar que a
média de idade foi similar. Com relação aos resultados cardiovasculares e de VFC
em repouso e durante o TEM foram encontradas diferenças significativas entre os
grupos para as variáveis FC, PA, os índices parassimpáticos de VFC e simpático de
VFC. Já durante o exercício físico aeróbio não foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos para as variáveis analisadas. Diante dos resultados
encontrados é possível inferir que o Grupo 2 obeso/sobrepeso apresentou menores
índices cardioprotetores e maiores resultados em variáveis que aumentam o risco de
doenças relacionadas ao excesso de gordura corporal.
Introdução
Na sociedade moderna, ocorreram significativos avanços tecnológicos, os
quais tornam parte do cotidiano das pessoas, tecnologias como a internet,
computadores com grande capacidade e cada vez mais portáteis, além de telefones
celulares que facilitam diversas funções diárias, tornando possível a resolução de
grande parte das situações do cotidiano sem grandes necessidades de atividades
físicas (MENDES e CUNHA, 2013).
A prevalência da obesidade tem crescido rapidamente e representa um dos
principais desafios de saúde pública neste início de século. Segundo a OMS, a
obesidade é definida como um acúmulo de gordura anormal que pode prejudicar a
saúde (NISSEN, 2012). A obesidade é fator de risco para várias doenças, em
particular as cardiovasculares e metabólicas, como hipertensão, dislipidemia, infarto
agudo do miocárdio e diabetes tipo II, além de diversos tipos de câncer em cólon,
mama, rins, vesícula biliar e endométrio (PAPPAS, 2010). Os fatores de riscos
cardiovasculares como, excesso de massa de gordura corporal, hiperglicemia,
hipersinsulinemia, pressão arterial e dislipidemias estão fortemente associados com
a redução da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) (KIMURA, 2006).
Nas últimas décadas, os resultados obtidos pela análise indireta da
modulação autonômica cardíaca, por meio da variabilidade da frequência cardíaca
(VFC), têm se associado diretamente ao prognóstico cardiovascular (KOTECHA,
2012).
A VFC inicialmente foi usada para análise não invasiva de parâmetros
autonômicos em indivíduos pós-infarto. Porém ganhou importância em estudos
envolvendo indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis (TAMBURUS et al,
2010).
Assim, o objetivo do presente estudo foi comparar a variabilidade da
frequência cardíaca em indivíduos com sobrepeso/obesos em relação a indivíduos
não obesos.
Materiais e Métodos
Participaram aleatoriamente 32 sujeitos, homens, com idade variando entre
18 e 45 anos. O Grupo 1 composto por 16 indivíduos não obesos (através do
trabalho de Fernandes, (2013)), e o Grupo 2 por 16 indivíduos obesos/sobrepeso
(IMC acima de 25 kg/m²). Foram avaliadas variáveis antropométricas (massa
corporal, estatura, índice de massa corporal (IMC) e % de gordura); variáveis
cardiovasculares (frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca
(frequencímetro Polar® RS800 CX) e pressão arterial (esfigmomanômetro e
estestoscópio) em repouso sentado, em situação de estresse mental (Stroop Test) e
durante o exercício físico aeróbio. Foi aplicado do Teste t de Student para dados não
pareados. Valores de p<0,05 foram considerados significativos para comparações
entre os grupos.
Resultados e Discussão
Os resultados antropométricos apresentaram diferenças estatísticas entre o
Grupo 1 e o Grupo 2 em relação a massa corporal (75 ± 8,1 vs 97,89 ± 10,82kg);
IMC (24,24 ± 2,3 vs 30,77 ± 2,47 kg/m2) e % de gordura (12,1 ± 5,5 vs 32,83 ± 5,38
%). Vale destacar que a média de idade foi similar (25,3 ± 5,2 vs 27,7 ± 5,06 anos) o
que auxilia no nível do grupo. Outro ponto destacável é o IMC e % de gordura do
Grupo 2 estarem caracterizados como obesos (média) conforme a literatura
(GODOY-MATOS et al, 2010). Na Tabela 1 são apresentados os resultados de
variáveis cardiovasculares e de análise da variabilidade da frequência cardíaca em
repouso. Foram encontradas diferenças estatísticas entre os grupos em relação a
PA sistólica, PA diastólica, FC, RMSSD, Pnn50% e na razão LF/HF. Um fator
comum na obesidade, apneia do sono e resistência insulínica é a disfunção do SNA,
particularmente a hipoatividade parassimpática (KHOO, 2010).
Os resultados apresentaram que o grupo dos obesos teve menor atividade
parassimpática (RMSSD e pNN50) e maior atividade simpática (LF/HF) durante o
repouso e estresse mental.
Tabela 1 – Variáveis no domínio do tempo e da frequência em situação de repouso.
Variáveis
GRUPO 1
GRUPO 2
PA sistólica (mmHg)
120,3 ± 9,5
137,31 ± 10,54*
PA diastólica (mmHg)
78,8 ± 5,1
92,13 ± 8,28*
FC (bpm)
64 ± 10,7
74,38 ± 6,68*
RMSSD (ms)
55,1 ± 25,6
36,39 ± 14,4*
pNN50% (%)
12,6 ± 8,5
7,21 ± 5,67*
LF/HF
4,2 ± 3,6
5,31 ± 3,17*
Grupo 1: indivíduos não obesos/sobrepeso; Grupo 2: indivíduos com sobrepeso/obesidade. * p<0,05 vs grupo 1
Na Tabela 2- são apresentados os resultados durante o Teste de Estresse
Mental (TEM), no qual foram encontradas diferenças estatísticas entre os grupos
nas variáveis PA sistólica, PA Diastólica, FC, RMSSD e pNN50%.
Tabela 2 – Variáveis no domínio do tempo e da frequência em situação de Teste de
Estresse Mental (TEM).
Variáveis
PA sistólica (mmHg)
PA diastólica (mmHg)
FC (bpm)
RMSSD (ms)
pNN50% (%)
LF/HF
GRUPO 1
138,1 ± 13,8
80,6 ± 4,6
85,2 ± 13,9
68,2 ± 49,4
12 ± 6,7
4,3 ± 4,3
GRUPO 2
151,38 ± 14,94*
96,63 ± 9,26*
103,44 ± 16,06*
36,53 ± 14,28*
6,91 ± 5,48*
5,19 ± 2,8
Grupo 1: indivíduos não obesos/sobrepeso; Grupo 2: indivíduos com sobrepeso/obesidade. * p<0,05 vs grupo 1
Já durante o exercício físico foram encontradas diferenças estatísticas apenas
no balanço simpato-vagal LF/HF (3,7 ± 2,5 vs 7,89 ± 4,54). Não foram encontradas
diferenças estatísticas entre os grupos em relação à FC, RMSSD e Pnn50%.
Conclusões
Diante destes resultados é possível inferir que na comparação entre os
grupos, ficou evidente a maior ativação simpática no Grupo 2 obesos/sobrepeso
quando comparado ao Grupo 1 normal, além de uma reduzida atividade
parassimpática nas situações de repouso e estresse mental. Estes dois fatores
contribuem em muito para uma possível incidência de distúrbios e até mesmos
doenças relacionadas ao acúmulo de gordura corporal.
Agradecimentos: Agradecimentos ao PIBIC/Fundação Araucária/UNIOESTE.
Referências
Godoy-Matos AF, Oliveira J, Guedes EP, Carraro L, Lopes AC, Mancini MC, Suplicy
HL, Brito CLS, Bystronski DP, Mombach KD, Stenzel LM, Repetto G, Radominski
RB, Halpern ZSC, Villares SMF, Arrais RF, Rodrigues MDB, Mazza FC, Bittar T,
Benchimol AK. Diretrizes brasileiras de obesidade. Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). 2009/2010.
Kimura T, Matsumoto T, Akiyoshi M, Owa Y, Miyasaka N, Aso T, et al. Body fat
and blood lipids in postmenopausal women are related to reting autonomic
nervous system activity. Eur J Appl Physiol, 2006; 97(5):542-7.
Kotecha D, New G, Flather MD, Eccleston D, Pepper J, Krum H. Five-minute heart
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2012;98:395-401.
Nissen L.P., Vieira L.H., Bozza L.F, Veiga L.T. da, Biscaia B.F.L., Pereira J.H.,
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Mendes C.M.L.; Cunha R.C.L. (2013). As novas tecnologias e suas influencias na
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Pappas P., Karaouli K.; Health policy strategies for the treatment of obesity: a
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Tamburus N.Y.; Rebelo A.C.S.; Paula R.F.L.; Alves D.S. (2010). Avaliação da
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atividade física. Anais da 8ª Mostra Acadêmica da UNIMEP, Piracicaba, SP.
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