1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS – PUC GOIÁS PRÓ – REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO-MESTRADO-SERVIÇO SOCIAL A UNIVERSALIZAÇÃO DO ACESSO À EDUCAÇÃO PARA DEFICIENTES EM GOIÂNIA ELISÂNGELA FÉLIX DE OLIVEIRA CARVALHO GOIÂNIA 2012 2 ELISÂNGELA FÉLIX DE OLIVEIRA CARVALHO A UNIVERSALIZAÇÃO DO ACESSO À EDUCAÇÃO PARA DEFICIENTES EM GOIÂNIA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação - Mestrado em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica De Goiás – PUC Goiás como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Serviço Social. Orientadora: Profª Drª Lúcia Maria Moraes GOIÂNIA 2012 3 Carvalho, Elisângela Félix De Oliveira. A Universalização do Acesso à Educação para Deficientes em Goiânia. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC Goiás Departamento de Serviço Social, 2012. ―Orientadora Profª Drª Lúcia Maria Moraes‖. 1. Direitos Humanos e Pessoa com Deficiência – Políticas Sociais Públicas – Conceituando as Deficiências 2. Atendimento Educacional Especializado – Projeto Político Pedagógico– Educação Inclusiva no Estado de Goiás – Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa perspectiva Inclusiva 3. O Serviço Social na política educacional – O Papel da Família no Movimento pela Inclusão. CDU: 4 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO A UNIVERSALIZAÇÃO DO ACESSO À EDUCAÇÃO PARA DEFICIENTES EM GOIÂNIA. Mestranda: Elisângela Félix de Oliveira Carvalho Orientadora: Profª Drª Lúcia Maria Moraes Defendendo em 12 de junho de 2012 e avaliada em conceito_____ com nota_____ atribuída pela banca examinadora: Drª. Nome______________________________________________________ (Presidente da Banca/ Profª Drª Lúcia Maria Moraes – PUC GOIÁS) Drª. Nome______________________________________________________ (Membro/ Profª Drª Maria Conceição S. P. Machado – PUC GOIÁS) Drª. Nome______________________________________________________ (Membro/ Profª Drª Walderez Loureiro Miguel – ) Drª. Nome______________________________________________________ (Suplente/ Profª Drª Margot Riemann Costa e Silva – PUC GOIÁS) GOIÂNIA 2012 5 DEDICATÓRIA Ao meu Diamante Negro, Marcelo Ricardo. A minha Pérola Negra, Brenda Félix. E aos meus Pais Jeremias e Eronice. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por nunca ter me desamparado e por ser um aventureiro, pois para me acompanhar e me apoiar em tudo, com certeza, gosta de aventuras e por ter-me sustentado em todas as minhas ―loucuras‖, posto que começo, mas sempre chuto pra ele fazer o gol (tudo o que faço, eu tomo a iniciativa, porém, Ele decide o meu destino), e, somente Ele pode fazer milagres e eu, com certeza, sou um, mas devo toda honra e toda glória a Ele, considerando que eu sou um milagre que surgiu da pobreza extrema, sem muitas expectativas e oportunidades. À minha professora e orientadora Profª Drª Lúcia Maria Moraes, por acreditar em mim e pela orientação competente revestida pelo seu profissionalismo, assiduidade, dedicação e pela amizade. Agradeço a todo corpo docente do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Serviço Social (PPSS) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC Goiás: Eleusa Bilemjiam Ribeiro (Coordenadora do Programa); Germano Campos Silva; Liliana Patrícia Pereira; Lúcia Maria Moraes; Maria José Pereira Rocha; Maria José de Faria Viana; Margot Riemamn Costa e Silva; Sandra de Faria. À Professora Mônica Alves (Inglês Instrumental/Católica Idiomas), que sempre ministrou as aulas com muito rigor teórico e metodológico, uma pessoa que busca o que há de bom em cada um. Extremamente compromissada e sem a sua compreensão, eu não estaria, hoje, defendendo esta dissertação; porém, pelo seu o cuidado com cada um e seus alunos demonstrou o quanto você é grandiosa. À Banca Examinadora, composta pelas Professoras Doutoras: Lúcia Maria Moraes; Maria Conceição S. P. Machado; Walderez Loureiro Miguel e a Margot Riemann Costa e Silva, pelas importantes contribuições no exame de qualificação e na análise da dissertação, meu empenhado agradecimento. Agradeço, também, aos colegas da IV turma, pois tive a honra de ser representante do corpo discente. Turma esta que levantou várias bandeiras e 7 conquistou muitos espaços no Programa de Pós-Graduação Mestrado em Serviço Social (PPSS). Sou grata à secretária Juliana Espíndola de Castro, que se transformou em amiga, pelo seu zelo contínuo diante de nossos processos, compromissos, datas, depósitos, enfim, sempre com muito carinho e atenção nos guiando por todo o tempo com seu impressionante perfeccionismo e excelência. Tudo que ela toca se transforma em soluções e, ainda, desvenda todos os nossos enigmas. Parabéns e, novamente meu muito obrigada! À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que desempenha papel fundamental na expansão e consolidação do Curso de PósGraduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado) e por ter sido decisiva na construção deste estudo, pois sem a bolsa da CAPES estava decidida ao desligamento do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Serviço Social (PPSS). Aos colaboradores intelectuais desta pesquisa, pois sem eles não conseguiria concretizá-la. 8 "Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino. "Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui. "Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só têm olhos para seus míseros problemas e pequenas dores. "Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês. "Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia. "Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda. "Diabético" é quem não consegue ser doce. "A não" é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois: "Miseráveis" são todos que não conseguem enxergar a grandeza de Deus. "A amizade é um amor que nunca morre." Deficiências - Mário Quintana 9 IN MEMÓRIA Ao meu amado irmão, Jonas Félix de Oliveira. ―Maior que meus títulos e conhecimento científico, foi a sua luz que me fez refletir e reformular todos os meus valores e pré-conceitos e, por conseguinte, descobri que a pessoa, para ser feliz, precisa amar cada momento de sua vida, de sua família, de seu trabalho, de si mesmo. O amor está em tudo e em todos, basta saber olhar com o coração. Não devemos perder nosso tempo com coisas ínfimas, mas aproveitá-lo com ações e gestos de amor. Quantas vezes eu me senti envergonhada em dizer: eu te amo! (que bobagem), pra sempre vou te amar. Você foi uma estrela que Deus enviou para brilhar e unir ainda mais nossa família‖. Nunca vou te esquecer, maninho! Elisângela Félix de Oliveira Carvalho 10 RESUMO Esta dissertação tem como objeto de estudo de caso a universalização do acesso à educação para deficientes no município de Goiânia. Como novo paradigma, a educação inclusiva desafia o cotidiano escolar brasileiro. Trata-se de uma prática inovadora que está enfatizando a qualidade de ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que seus professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas na educação formal de pessoas com deficiência na perspectiva da educação inclusiva. A pesquisa é reveladora das particularidades das formas de precarização da educação e das novas expressões da questão social no âmbito do profissional do Serviço Social. Assim foram tratados o processo histórico do Serviço Social na política educacional, na educação inclusiva no Estado de Goiás com o Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa perspectiva inclusiva (PEEDI), com o recorte temporal de 2000 a 2010, levando em consideração o contexto histórico do Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa perspectiva inclusiva, com sua implementação no ano de 2000. Palavras-Chaves: Educação Inclusiva, Direitos Sociais, Pessoa com Deficiência, Universalização do Acesso e Serviço Social. 11 ABSTRACT This dissertation has as its object of study to universal access to education for disabled in the city of Goiania. As a new paradigm for inclusive education challenges the Brazilian school routine, this is an innovative practice that emphasizes the quality of education for all students, requiring that school be modernized and their teachers to improve their teaching practices in the formal education of people with disabilities from the perspective of inclusive education. The research reveals the peculiarities of the forms of reduced quality of education and new expressions of social issues in the context of professional social work. Thus, we treated the historical process of social work in educational policy, inclusive education in the State of Goiás with the State Program of Education for Diversity in an inclusive perspective (Peedi), with the time frame of 2000 of 2010, taking into account the historical context of the State Program of Education for Diversity in an inclusive perspective, with its implementation in 2000. Keywords: Inclusive Education, Social Rights, People with Disabilities, Universal Access and Human Services. 12 LISTAS DE SIGLAS ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. ABNT– Associação Brasileira de Normas Técnicas. AEE – Atendimento Educacional Especializado. CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior. CF – Constituição Federal. CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. COEE – Coordenação de Ensino Especial. CRESS – Conselho Regional de Serviço Social. CNE – Conselho Nacional de Educação ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. FUNCAD – Fundação da Criança, do Adolescente e da Integração do Deficiente. IGP – Instituto Pestalozzi de Goiânia. LDB – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social. NEE – Necessidades Educacionais Especiais. MEC – Ministério da Educação. MS – Ministério da Saúde. NUPESC – Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Cidadania. OIDH – Organização Internacional dos Direitos Humanos. ONG – Organização não governamental. ONU – Organização das Nações Unidas. PEEDI – Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa perspectiva inclusiva. PNDH – Programa Nacional dos Direitos Humanos. 13 PNE – Portador de Necessidade Especial. PNE – Pessoa com Necessidade Especial. PNE – Política Nacional de Educação. PPP – Projeto Político Pedagógico. PPSS – Programa de Pós-Graduação Mestrado em Serviço Social. PUC/GO – Pontifícia Universidade Católica de Goiás. SEDUC – Secretaria de Estado da Educação. SEE– Secretaria Estadual de Educação. SER – Subsecretarias Regionais de Ensino. SISNEP – Sistema Nacional de informação sobre Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos. SUEE – Superintendência do Ensino Especial. SUPEE – Superintendência do Ensino Especial. TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. UEE – Unidade de Ensino Especial. UNESCO – Organização das Ações Unidas para a Educação. UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. 14 LISTAS DE FOTOS Foto 1 – Banheiro da Unidade Escolar .......................................................................... 49 Foto 2 – Pátio da Unidade Escolar ................................................................................ 50 Foto 3 – Entrada da Unidade Escolar ........................................................................... 50 Foto 4 – Sala de Aula da Unidade Escolar .................................................................... 51 Foto 5 – Sala de Recursos Multifuncional ..................................................................... 56 15 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 16 CAPÍTULO I ................................................................................................................ 22 DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS SOCIAIS PÚBLICAS NO BRASIL ................... 22 1.1 Direitos Humanos e Pessoa com Deficiência ........................................................ 22 1.2 Políticas Sociais Públicas no Brasil ....................................................................... 37 1.3 Conceituando Deficiências .................................................................................... 44 CAPÍTULO II ............................................................................................................... 53 EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA .......................................................................... 53 2.1 Atendimento Educacional Especializado (AEE) Seu Acompanhamento na Sala de Recursos Multifuncionais........................................................................................ 53 2.2 Projeto Político Pedagógico (PPP) ........................................................................ 59 2.3 Educação Inclusiva no Estado de Goiás ............................................................... 61 2.4 O Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa perspectiva inclusiva ...................................................................................................................... 68 CAPÍTULO III .............................................................................................................. 74 A PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL E AS (NOVAS) DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS ................................................................................................. 74 3.1 O Serviço Social na política educacional............................................................... 76 3.2 O Papel da Família no Movimento pela Inclusão .................................................. 83 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 86 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 93 16 INTRODUÇÃO Esta dissertação tem como a análise sobre ―a universalização do acesso à educação para deficientes no município de Goiânia‖. Com base nesse objeto, pretende-se caminhar pelo tema, que o contêm concordâncias, polêmicas e contradições, buscando elucidar a concepção e a importância da política de inclusão em sala de aula, nas unidades de ensino e na educação formal de pessoas com deficiência na perspectiva da educação inclusiva. Neste trabalho, a universalização do ensino significa a garantia dos direitos sociais e, em um entendimento mais global e generalizado, pode-se defini-los e como um conjunto de necessidades humanas, compartilhadas, cuja obrigação de resguardar é atribuída ao Estado. A educação inclusiva é um campo complexo, pois se de um lado, as demandas são múltiplas e distintas, de outro, e quando o educando com deficiência busca o acesso à educação, comumente este é negado. O que gera uma situação de educando excluído, tanto da rede de ensino formal, como da própria estrutura social. Para se compreender a ―educação inclusiva‖, busca-se entender o significado da política social que resulta no acesso a bens públicos, sendo indivisíveis (entre estes a universalização à educação, ou seja, acesso a ela). Vale considerar que os bens públicos estão ligados a direitos que são garantidos pela legislação vigente, como a Lei nº 9394/96, assunto a ser aprofundado mais a frente. Nos estudos de Almeida (2000, p. 155 e 157), a política educacional no Brasil ―ocupa um lugar de destaque no conjunto das ações governamentais federais que redesenham, hoje, a arquitetura institucional e o papel do Estado‖. Constituiu um campo de atuação do Estado, desde o movimento escolanovista inspirado em Jonh Dewey, quando se explicita o atraso do sistema educacional brasileiro e a não incorporação da população a um amplo processo de educação escolarizada como uma dívida da República a ser paga. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seus dados do Censo 2010, registra que o Brasil ainda tem 9,6% da população, com 15 ou mais anos, analfabeta. A maioria dos analfabetos do país está 17 no Nordeste que concentra 53,3% (7,43 milhões) do total de brasileiros que não sabem nem ler nem escrever. Esse autor afirma, ainda que a política educacional tem ―fonte e percentuais de recursos mínimos oriundos da arrecadação de impostos do Estado, em suas diferentes instâncias, vem definida constitucionalmente‖. Com a aprovação da Lei de Diretrizes de Bases (LDB) do ano de 1961 a educação nacional passou a ser organizada por níveis e modalidades de ensino, onde se destaca a educação especial ―que articula a oferta de educação escolar na própria rede regular de ensino e de serviços especializados aos educandos com necessidades especiais‖ (Almeida, 2000, p. 158 e 159). A política pública de educação é uma política social com particularidades que se interpenetram com outras políticas, numa relação orgânica, para fortalecerem entre si. Nessa perspectiva Pereira (2008, p. 91) afirma que ―a política social é contraditória e dialética‖, é executada sob a pressão dos interesses de segmentos sociais, resultantes de lutas sociais. O que leva a dizer que, a política social é um processo contraditório e não é linear, como se procura no decorrer desta pesquisa. Situar a educação como política social do Estado capitalista significa, antes de tudo, admitir a refuncionalização social dos sistemas educacionais em face das mudanças qualitativas, ocorridas na fase monopolista do capitalismo, tanto em relação à organização da produção, quanto em relação às estruturas jurídicopolíticas e às relações sociais globais. Significa, ainda, admitir que os sistemas educacionais contemporâneos, respondem de modo específico, às necessidades de valorização do capital, ao mesmo tempo em que se consubstanciam numa demanda popular efetiva de acesso ao saber socialmente produzido. Com relação à educação especial, conforme a Lei nº 9394/96 em seu artigo 58, trata-se de uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, visto que deve realizar o atendimento educacional especializado, deve disponibilizar os recursos e serviços e orientar quanto à sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular, onde todos os alunos e alunas são detentores da mesma atenção. O IBGE no censo 2010 teve uma repercussão negativa, por parte do movimento de pessoas com deficiência, devido sua contagem ser por amostra (dez residências por uma) e não pela totalidade de pessoas com 18 deficiência, pois enfraquece e dificulta a implementação de políticas públicas que venham atender as demandas desse segmento social. O processo sócio-educativo de crianças com deficiências no sistema educacional na rede regular Estadual de Goiânia regula que sejam amparadas pela Política de Educação que é uma das políticas sociais públicas do Estado. Nesse contexto é explícito que é a educação especial é um dever do Estado e direito dos cidadãos como evidência, a política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva do MEC. É uma modalidade: De educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais especiais, entre eles a pessoa com deficiência, e transversalmente todos os níveis de ensino, desde a educação infantil ao ensino superior (BRASIL, 2004). A educação inclusiva é um novo paradigma que desafia o cotidiano escolar no Brasil. Trata-se de uma prática inovadora que enfatiza a qualidade de ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que os professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas (Carvalho, 2004). Dentre os objetivos gerais desta dissertação são investigar e avaliar a importância da política de inclusão de pessoas com deficiência em Goiânia, na perspectiva da educação inclusiva. Nesse sentido foram definidos os objetivos específicos: a) demonstrar, no âmbito de Goiânia o reflexo da implantação da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva; b) compreender a inserção dos deficientes e sua inclusão no ensino regular; c) Aprofundar as análises e estudos sobre o processo de efetivação de deficientes à educação formal. O problema a ser investigado para este estudo está centrado no que diz respeito aos meios que o sistema educacional de Goiânia possui para incluir as pessoas com deficiência e com necessidades especiais neste espaço, meios estes que se referem tanto à consciência sobre a importância da diversidade como às condições de acesso e permanência dos mesmos e quanto ao impacto das políticas sociais públicas, voltadas para a acessibilidade dos deficientes na educação formal 19 em Goiânia. Com base nessas constatações, foi possível chegar a alguns questionamentos que serão discutidos no decorrer do trabalho: a) A inserção destes deficientes em classes regulares beneficia não só a eles próprios, como também as pessoas da comunidade que aprendem a valorização da diversidade no processo educativo, mediante o acesso, a permanência e a participação dos alunos com deficiência e com necessidades educacionais especiais; b) Dificuldades e desafios que se interpõem às conquistas dos educandos com deficiência no ensino regular, como segmento e sobre o papel do Estado como gestor das questões relacionadas à sociedade. Definiu-se como recorte temporal o período de 2000-2010. No contexto do processo histórico do Programa Estadual de Educação numa Perspectiva Inclusiva (PEEDI), justifica-se pela razão de sua elaboração no ano de 1999, seu lançamento oficial e sua implantação do Programa Estadual no ano de 2000 com 17 escolas da capital e 38 do interior. Com base na revisão bibliográfica feita, constatou-se a existência de poucas produções científicas sobre esse tema no estado de Goiás, assim como no município de Goiânia, em especial, pelos profissionais de Serviço Social, que têm como um dos princípios fundamentais de sua intervenção profissional, a ―defesa intransigente dos direitos humanos‖, assim como a ―ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade democrática‖, definido pelo Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, em 1993. Do ponto de vista da escolha metodológica, foi necessário fazer o exercício da apreensão e reconstrução do objeto, mediante aproximações sucessivas, exigindo, primeiramente, um conhecimento empírico da realidade vivenciado pela pesquisadora quando atuou como Assistente Social na Secretaria Estadual de Educação de Goiás no ano de 2009. Apesar da não intervenção direta do pesquisador, não se pode negar a relação intrínseca estabelecida entre sujeito e objeto. Afirma-se a objetividade do conhecimento teórico, capaz de verificar a verdade, como parte constituinte da prática social e histórica. 20 Optou-se, metodologicamente, relacionado ao meu objeto e referência do objeto pela pesquisa, bibliográfica e documental. Para o desenvolvimento da fonte secundária foi realizada uma análise de documentos relativos ao processo da educação inclusiva no município de Goiânia. Quanto à estrutura do trabalho, apresenta-se, no capítulo I, uma incursão sobre Direitos Humanos e Políticas Sociais Públicas no Brasil. Ao relacionar com Direitos Humanos e a Pessoa com Deficiência, resgatando-se a Educação como direito social, dentre as Políticas Sociais Públicas, e conceitua-se algumas deficiências, presentes no contexto educacional. No capítulo II, estuda-se a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, ao sinalizar uma educação especial para efetivar o direito da universalização do acesso a todos os educandos. Torna-se a sala de aula comum, como espaço de todos, onde prevaleça o direito à diferença, contando com o suporte do Atendimento Educacional Especializado (AEE) nas Salas de Recursos Multifuncionais. O acompanhamento, como também, efetiva participação do(a) educando(a) passa pelo projeto político pedagógico das unidades escolares e direciona para a Educação Inclusiva no Estado de Goiás, mediante o Programa Estadual de Educação para a Diversidade na perspectiva inclusiva. O capítulo III retrata a origem do Serviço Social na Política Educação segundo os dispositivos legais, embasados na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, de Jomtien (1990) e o Fórum Mundial de Educação (2003). Ainda, nesse capítulo, demonstra-se o papel da família no movimento pela Inclusão em parceria com o Estado e o posicionamento contrário às ONGs. Nas Considerações conclui-se que a educação especial, inicialmente foi criada para substituir a escola comum. Isto porque a idéia central era que, os alunos com deficiência, não seriam capazes de cumprir o currículo e que jamais poderiam ser introduzidos no universo científico. Com o passar das décadas, começou, mesmo de forma parcial, a inserção em classes especiais, em salas de aula do ensino regular. Coloca-se, como transitório, essa relação escolar e as organizações sociais, unidas com a política de inclusão, pensaram não em dissolução e, sim, em uma parceria entre escola regular e a escola especial. Atualmente, sua, nomenclatura mudou-se para centro especializado onde educandos (as) continuam sua formação no contraturno da escola regular. 21 A escola é a reprodução social das classes, ou seja, é uma instituição onde se deve elaborar o conhecimento e os valores sociais dos sujeitos. E, mais que isso, a escola deve ser capaz de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. 22 CAPÍTULO I DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS SOCIAIS PÚBLICAS NO BRASIL 1.1 Direitos Humanos e Pessoa com Deficiência Artigo 1º: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, dotados que são de razão e consciência, devem comportar-se fraternalmente uns com os outros" (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 2001, p.27). Essa declaração foi baseada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1793) e se tornou ―um texto jurídico internacional, constituindo-se em um produto da circunstância do período que findava a segunda guerra mundial e iniciava a guerra fria, ela faz referência a alguns direitos sociais‖ (Pisón, 1998, p.89). A noção de igualdade de direitos é uma contradição, pois afirma a igualdade de direito dentro do contexto liberal, sendo uma tarefa árdua para segmentos de uma sociedade desigual e acaba se constituindo em um ideal a ser alcançado, porém, a realidade social contrasta com a teoria. No bojo desse cenário, fica explícito a luta de pessoas com deficiência na conquista da igualdade de direito, pois ela não é construída e consolidada em convenções e declarações. Para discutir as questões associadas às pessoas com deficiência, torna-se imprescindível definir, uma vez que falta clarificação sobre esse conceito. Muitos estudiosos tentaram conceituá-lo, como Ribas (2007, p. 12). Este autor resgata algumas dessas definições ao afirmar que: ―Deficiência, na língua portuguesa, será sempre sinônimo de insuficiência, de falta, de carência e, por extensão, de sentido, de perda de valor, falha, fraqueza, imperfeição‖. Assim, para Ribas, o significado dessa palavra representa e estabelece a imagem que as pessoas têm sobre quem padece de deficiência. O tema a ser abordado nessa pesquisa, em especial, na área da educação inclusiva. A convenção da Guatemala (1999) foi incorporada a Constituição Brasileira pelo Decreto n° 3.956/2001, afirma em seu 1° artigo a definição de deficiência como ―uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, 23 que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social‖. Reafirma os mesmos princípios dos direitos fundamentaisde liberdade e de direitos humanos para as pessoas com deficiência, e, se fez primordial no âmbito da educação especial, promovendo a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização. Vale ressaltar que o, termo expresso Pessoa com Necessidades Especiais (PNE) se distingue, mas agrega a pessoa com deficiência, nesse sentido busca-se a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001, p. 13), Pessoa com Necessidades Especiais (PNE) – termo que inclui as pessoas obesas, idosas, autistas, superdotadas, com dificuldade de aprendizagem, insuficiências orgânicas, problemas de conduta, distúrbio de atenção com hiperatividade, distúrbio obsessivo compulsivo, distúrbios emocionais e transtornos mentais, além da pessoa com deficiência (Perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gera incapacidades para o desenvolvimento de atividades dentro do padrão de normalidade para o ser humano). A terminologia PNE tem uma visão macro onde engloba distintas necessidades especiais e sua utilização para conceituar pessoas com deficiência é inadequada e equivocada. Quando se enquadra pessoas com deficiência na nomenclatura PNE significa que se estamos nos referindo há várias necessidades especiais e não a deficiência do ser humano. O Brasil é um dos países mais inclusivos das Américas em atenção às pessoas com deficiência, tanto pela legislação avançada como pelo conjunto das políticas públicas dirigidas a essa população, assunto a ser apresentado mais a frente nesta pesquisa. A conquista mais recente nesse campo foi à ratificação da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, com a particularidade de ter sido incorporada à nossa legislação pelo Decreto n° 3.956/2001, ela tem como propósito promover, proteger e assegurar o desfrute pleno de equitativo de todos os direitos humanos. Em busca de melhor atenção às pessoas com deficiência, a ONU define que são ―Pessoas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena na sociedade com as demais‖. 24 Em contrapartida, tanto a legislação existente no Brasil, como as políticas sociais públicas implementadas, em sua maioria são asseguradas, mas ainda não se concretizaram como fator positivo de interação dessas com a sociedade. O Estatuto, que o legislativo federal e a sociedade civil discutiram durante anos, tramitou na Câmara em busca de densidade para que em um único texto, em linhas gerais do Decreto do Poder Executivo, assimila-se todos os preceitos e exigências do tratado internacional adotado pelo Brasil e as reivindicações deste segmento, foi aprovado em 2011 pela Câmara dos deputados a Lei 7.699/06. (Brasil, 2009). Este estudo não tem a pretensão de fazer uma análise histórica exaustiva dos direitos do homem. Todavia, é necessário contextualizar os direitos da pessoa humana, em especial da pessoa com deficiência, em contextos marcados por lutas, retrocessos e conquistas. Sobre a luta por igualdade de direitos e deveres, Silva (2009, p. 80) constata que, A luta dos defensores dos Direitos Humanos parece não ter fim, pois o que se objetiva é a possibilidade de viver em um mundo onde as diferenças não sejam parteiras do sofrimento de milhões de pessoas que vivem como cidadãos de segunda classe, primando por uma igualdade de direitos e deveres comuns a todos os seres humanos. Dentro de uma perspectiva histórica, as teorias liberais fortaleceram a base d conceito dos primeiros direitos humanos que era defendido por Locke, Grocio, Pufendorf e pelas Declarações resultantes dos movimentos revolucionários, preconizados pelos três grandes acontecimentos: A Revolução Americana de (1776), a Revolução Francesa de (1789) e a Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão de (1793), que, posteriormente, proclamou os princípios da liberdade e dos direitos fundamentais do homem moderno. Com a Revolução Americana (1776) compostas pelas idéias filosóficas do Iluminismo, foi aprovada pela Assembléia Nacional Constituinte da França, somente em agosto de 1789 e votada em outubro de 1793, comporta dezessete artigos e um preâmbulo dos ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução Francesa, resultando como base da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONU em 10 de dezembro de 1948. (Silva, 2009, p. 80). 25 Reafirmo, com os estudos desse autor, que a Revolução Francesa está entre as maiores da história da humanidade e ratifica ainda que sua nomenclatura foi dada ao conjunto de uma década de acontecimentos que, ocorreu entre cinco de maio de 1789 e nove de novembro de 1799, alterou o quadro político e social da França, e também a autoridade do clero e da nobreza. A Revolução Francesa foi influenciada pelo Iluminismo e pela Independência Americana. Foi considerada como acontecimento que deu início à Idade Contemporânea, abolindo a servidão e os direitos feudais, proclamando os princípios universais de ―Liberté, Egalité, Fraternité‖ (Liberdade, Igualdade e Fraternidade). (Silva, 2009, p. 80). Fry ressalta que, Nas sociedades que se apresentam como democráticas liberais, o ideal de igualdade de todos perante a lei é regularmente ameaçado pela distribuição desigual de poder e influência e pela hierarquia moral das categorias sociais e grupos com base em características específicas, reais e assumidas. (Fry, 2000, p.207). A questão levantada pelo autor não é pelo ideal de igualdade, mas sim o da distribuição desigual da hierarquia e do poder, isto é, a igualdade pode ser violada continuamente. No entanto, é frequente o equívoco entre direitos humanos e direitos sociais, apesar de haver diferença conceitual entre essas duas categorias. Os direitos humanos, mesmos provocando inúmeros debates e embates de teóricos por excelência, entre estes me apoio em Panikkar (1999, p. 12), que discorre sobre seu conceito de direitos humanos, É baseado em um bem conhecido, conjunto de pressupostos, todos eles tipicamente ocidentais, designadamente: existe uma natureza humana universal que pode ser conhecida racionalmente; a natureza humana é essencialmente diferente e superior à restante realidade; o indivíduo possui uma dignidade absoluta e irredutível que tem de ser defendida da sociedade ou do Estado; a autonomia do indivíduo exige que a sociedade esteja organizada de forma não hierárquica, como soma de indivíduos livres. Diante do exposto, os direitos humanos são mutáveis, históricos, naturais, universais, indivisíveis, interdependentes, dinâmicos e sua construção é gradativa e contínua. 26 A ausência de definição dos direitos sociais está ligada aos acontecimentos históricos que foram demarcando a trajetória dos direitos no âmbito mundial. Contudo, reafirma a idéia de que direitos são construções e conquistas da classe trabalhadora e a expressão dos compromissos de uma vida social pacífica. Para Pisón (1998, p. 93) os direitos surgem quando a sociedade e seus governantes reconhecem e estimam oportuno algumas necessidades básicas. O autor se baseia na ordem cronológica dos momentos históricos para classificar os direitos por gerações. Com sua visão geracional, a primeira geração de direitos surgiu no século XVII, com os direitos civis e os políticos (século XVIII e XIX) norteados pelo princípio da liberdade negativa e fundamentados no Estado Liberal de Direitos, em que se lutava contra os abusos de poder do Estado. Os direitos políticos referem-se à participação no exercício do poder político e da liberdade de participação política, de votar e ser votado sem coação. Já os direitos civis são os que dizem respeito à capacidade de homens e mulheres deliberarem sobre a vida em sociedade, como a liberdade de expressão, de imprensa e de culto. Os direitos de segunda geração referem-se aos aspectos econômicos, sociais e culturais. Seguindo os estudos de Pisón (1988, p. 29), o mesmo mostra que estes direitos "materializam os ideais de justiça social‖, incluindo também os direitos advindos do trabalho, educação, cultura seguridade social, e condições mínimas de vida. O autor enfatiza que os direitos de terceira geração, também denominados direitos difusos, são baseados nos princípios da fraternidade e solidariedade, o qual "refletem novas realidades planetárias, o impacto das inovações tecnológicas na vida humana e as transformações econômicas, políticas, culturais e sociais" (Nascimento 2005, p.6). Os direitos sociais são reconhecidos como direitos de liberdade positiva, que reivindicam a intervenção e regulação do Estado por meio de implementação de políticas sociais públicas e em contrapartida os direitos civis e políticos são reconhecidos como direito de liberdade negativa, ele dispensa tanto a intervenção como a regulação do Estado e acaba favorecendo o mercado. Com base na classificação adotada por Pisón (1998), vamos dar visibilidade a primeira geração de direitos, os direitos civis e políticos, pois é deles que emerge um novo modelo de Estado de direito, com o objetivo de estabelecer limites aos 27 cidadãos. Faz parte desse modelo o Estado Liberal que aparece como expressão do Estado de Direito. Segundo Pisón (1998, p. 26), o Estado de Direito como categoria política se identifica, com o Estado liberal devido às suas características essenciais: movimentos políticos do século XVIII, o posterior apoio da teoria econômica liberal que fortaleceu o sistema capitalista no século XIX, e pelo fato de que os direitos protegidos são aqueles de cunho individualista, isto é, os direitos naturais, também chamados de direitos de liberdades individuais, relacionados com a seguridade social privada e com a noção de propriedade individual, da liberdade e da vida. São chamados de direitos de primeira geração e o titular dos direitos é o homem. Nos dizeres de Pisón (1998, p. 26), ―O Estado liberal busca a garantia de que os indivíduos possam desfrutar de seus direitos e liberdades individuais. Todo poder não deve intervir na individualidade do sujeito‖. O autor enfatiza que uma das funções primordiais do Estado de Direito ―é evitar que terceiros se intrometam no âmbito delimitado pelos direitos e liberdades‖. Pisón ainda procura mostrar que ―O Estado liberal se configura como Estado de polícia, como Estado guardião, cuja função se reduz, por um lado a estabelecer as regras básicas que devem reger as relações entre particulares‖. Como guardião busca ―a regular as normas que devem reprimir as ações que queiram violar os direitos dos outros‖. Esse modelo de Estado se limitou à luta apenas pelos direitos vinculados às liberdades individuais sem se preocupar com a realidade concreta vivida pelas pessoas, em especial dos nobres. Nas palavras de Pisón (1998, p. 27) "se descobriu que o novo Estado que havia substituído o antigo regime autoritário, no lugar de fazer os homens livres e iguais, havia instaurado um sistema de opressão e escravidão tão cruel ou mais que o anterior". Nesse sentido buscamos entender a Teoria Social de Marx que contribuiu para a defesa dos direitos sociais, pois conforme seu pensamento aquele modelo liberal é excludente, à medida que atende a poucos (à burguesia), e exclui o restante da população, dentre elas as pessoas com deficiência, foi um dos primeiros pensadores contemporâneos a denunciar severamente o direito liberal em uma economia mercantil. Criticava os economistas clássicos ingleses, em particular Adam Smith que se destacou como o principal ideólogo do Estado Liberal, com o 28 propósito de romper com o autoritarismo da autocracia e do clero, que apoiava o Estado absolutista. Para os liberais, o mercado apresenta as condições ideais de auto desenvolvimento humano. No início do liberalismo, o cenário se constituía de uma burguesia que não era considerada como classe politicamente dominante e tratava-se de defender um Estado mínimo em que a mão invisível do mercado conduzia as regras da sociedade, fundadas com base no "mérito de cada um em potenciar suas capacidades naturais" (Berhing, 2000, p. 24). Acreditava-se que não deveria dispensar recursos financeiros para atender às necessidades dos pobres, dependentes ou outros que precisavam da intervenção do Estado. Assim com o enfraquecimento das bases conceituais que davam sustentação ao liberalismo, com a grande crise econômica de 1929, instaura-se a desconfiança sobre o liberalismo ser um equívoco. Esse período é conhecido como a Grande Depressão em meados do século XIX, iniciou-se a construção de outro projeto político societário. Outro fator determinante foi à organização e crescimento de segmentos da classe operária que passaram a frequentar espaços públicos e a reivindicar direitos, obrigando a burguesia a reconhecer os direitos de cidadania política e social. O avanço das forças produtivas, por meio da industrialização, colocou em evidência a condição de vida em que o homem vivia que lhe tirava a dignidade e sua possibilidade de crescimento pessoal, bem como sua autonomia e independência. Os efeitos dessas lutas resultaram na passagem do Estado liberal para o Estado social de direitos, com base no modelo fordísta-keynesiano1 (políticas de pleno emprego), construído no compromisso entre os setores e forças que haviam sido combatidas anteriormente. Com o modelo de Estado Social de Direito, a inovadora mudança foi, de delegar ao aparelho estatal a missão de trabalhar em favor da vida social e econômica, na intenção de assegurar melhores condições para a população por meio da defesa da justiça social mediante a redistribuição da riqueza socialmente 1 Embora Keynes fosse um liberal, ele foi, no século XX, um oponente de peso à crença liberal de autorregulação do mercado e na determinação de fatores extra econômicos (guerras, greves, pressão dos sindicatos etc.) sobre as disfunções da economia mercantil (crise e desemprego). (Pereira, 2000, p. 112) 29 produzida. As idéias centrais de Keynes articulavam-se em torno da eficácia econômica, da justiça social e da liberdade individual. Para Keynes, o Estado deveria intervir na "economia para garantir um alto nível de demanda agregada por meio de medidas macroeconômicas, que incluíam o aumento da quantidade de moedas, a repartição de rendas e o investimento público suplementar‖ (Pereira, 2000, p.112). O Estado de Bem-Estar ou Estado Social (Alemanha) se institucionalizou após a segunda guerra mundial, apontados pelo Plano Beveridge (1942), se estrutura nos seguintes princípios de intervenção e a responsabilidade do Estado em manter as condições de vida aos cidadãos; universalidade dos serviços prestados; a implantação de uma rede de serviços de assistência social àqueles que dela necessitarem e com ênfase aos serviços sociais públicos para todos. O incentivo e promoção do modelo beveridgiano (1942) foi o de inserir e assegurar os direitos sociais mediante a ampliação do conceito de cidadania, a política de pleno emprego e a extensão da seguridade social pública (obrigatória) aos inseridos no mercado de trabalho e dos não aptos ao trabalho. Beveridge apresentou um documento ao governo britânico com propostas de universalização do sistema de seguro social, o qual posteriormente transformou-se em modelo mundial. Com base nesse modelo, ancorados nas teorias econômicas Keynesianas iniciou-se um processo de universalização dos direitos sociais, baseado na promoção de melhores condições voltadas para uma existência digna a todos os cidadãos. Tornando evidente a tentativa de impor um compromisso entre o Estado e a sociedade e os direitos sociais (liberdade positiva) que reivindicam a regulação do Estado por meio das políticas sociais públicas. As políticas orientadas pelo projeto econômico keynesiano, na década de 1970 perdem sua eficácia e nesse contexto a oposição começa a atacar, ou seja, pelos novos liberais (neoliberais) que ressurgiram no intuito de demonstrar que o modelo beveridgiano, tão defendido por Keynes, Marshall e Beveridge havia entrado em "crise", o acusando de gerar baixo crescimento econômico, inflação, dívida pública e desemprego. Atribuiu-se a esses fatores a culpa pela "crise do petróleo" (1973). Afirmou ainda que tal projeto superou a crise de 1929, mas não soube direcionar a política econômica às reais necessidades da sociedade industrial e 30 tecnológica. Conforme relata Pisón (1998, p. 48) "o crescimento econômico está ligado ao desenvolvimento tecnológico do país e, portanto, à diminuição dos postos de trabalhos absorvidos pelas máquinas ultramodernas". A tecnologia avançada e a economia tornou insuficiente para o referido modelo. Essas oposições de Estado de Bem-Estar Social britânico eram precisamente de teorias neoliberais e as de orientação marxista, o quadro de opositores era grande, porém, os que se destacam são: O'Connor, Habermas (1981) e Nozick 2 (1987) que fortemente denunciaram os problemas de legitimação dessa concepção de Estado. Nesse contexto, o principal adepto de liberdade negativa (sem intervenção do Estado) foi Hayek (1989), que além de denunciar os problemas causados pelo referido modelo de Estado, acusou-o de perdulário e inibidor das liberdades individuais que engrenavam o mercado (Sposati, 2008). Hayek (1977, p. 12) demonstrou em sua obra: O caminho para a servidão que, Não só o fascismo, o nazismo e o comunismo, mas também os ideais econômicos dominantes nos Estados Unidos, na Inglaterra e no resto da Europa, eram todos marcados por um dirigismo de inspiração nitidamente socialista. Por essa mesma razão, constituíram um "caminho para a servidão", pois a prazo mais ou menos longo, levariam inevitavelmente a um estatismo arrasador, dentro do qual a pessoa humana acabaria reduzida a uma simples peça anônima e abúlica, comandada até em sua vida mais íntima pelas disposições do poder público. O autor coloca que a defesa de justiça e de igualdade formal perante a lei fez emergir, por um lado, tentativas de realizar justiça, e por outro, explica o conceito de "privilégio", assim como seu abuso. Para Hayek (1977, p.77), os efeitos causados pelo privilégio que "é a característica distintiva das leis formais de um sistema liberal" 2 Para Sposati (2008), Nozick (1987), é o representante contemporâneo do liberalismo. Para ele uma sociedade somente é justa se respeitar a liberdade absoluta dos indivíduos e o caráter inviolável de seus direitos de propriedade. Esse autor desenvolve uma teoria de justiça baseada em três princípios: 1) qualquer pessoa pode tornar-se proprietária legítima de um bem que não tenha sido antes propriedade de ninguém, desde que (cláusula restritiva chamada cláusula lockeana) o bemestar de algum outro indivíduo não seja diminuído por motivo desse fato (princípio da apropriação original); 2) qualquer um pode tornar-se proprietário legítimo de alguma coisa ao término de uma transação voluntária (troca, doação, herança) com a pessoa que tenha sido anteriormente o proprietário legítimo (princípio de transferência); 3) as coisas adquiridas ou transferidas de maneira ilegítima estarão sujeitas a compensação ou reparação (princípio da retificação). (p.14) 31 ajudam a pensar a confusão gerada pela inação do Estado. Segundo o autor Hayek (1977, p.77), a questão sobre "se o Estado deveria ou não agir ou intervir, estabelece uma alternativa inteiramente falsa, e o termo ―laissez faire‖ é uma definição ambígua e ilusória dos princípios em que se baseia uma política liberal". Afirma que o fato do Estado dever agir ou não, não é a questão central da discussão, e sim o indivíduo ser capaz ou não de prever a ação do Estado e fazer uso desse conhecimento para projetos particulares. A servidão dos indivíduos é devido à intervenção estatal. Viana (2007, p. 66) é pessimista ao pensamento de Hayek (1977), esse autor crítica os direitos sociais e afirma que eles são produto de um engano, porque a crença na existência de algo vago que se chama justiça social, a seu ver, constitui uma ameaça permanente aos cidadãos em suas liberdades individuais. Confirmando seu descompromisso tanto com a democracia igualitária; a cidadania ampliada, e as desigualdades sociais que quando toleráveis são úteis ao crescimento da economia e que acaba beneficiando a todos. Hayek (1977) argumenta ainda que, A justiça social, invocada para justificar a atuação intervencionista e positiva do Estado de Bem-estar, não é senão uma mera superstição pseudo religiosa; constituindo-se em uma ameaça aos valores individuais essenciais, a seu ver, à civilização e à modernidade. Em vista disso, afirma, categoricamente que a justiça social é uma fraude, por pretender alterar os desígnios do que ele denomina de ordem (relação entre sociedade e mercado) espontânea da vida social. (Apud Viana, p.66) Para Hayek os direitos sociais e econômicos aspiram por benefícios específicos ou recursos por parte do Estado considerado pelo autor intolerável por afetar a economia e a liberdade individual e o Estado não pode dar tratamento diferenciado a indivíduos diferentes, pois quem deve ditar as regras na economia é o mercado que deve atuar livremente. Contrapondo ao neoliberalismo que é fundado no princípio da liberdade negativa que minimiza o papel do Estado e favorece a liberdade de mercado, e delimitou suas metas mediante propostas de racionalização dos gastos públicos, não atendendo, de forma eficaz e eficiente, aos mais necessitados. Justifica o caráter residual das ações na área social. 32 Esse modelo econômico de organização econômica e social mantém seu interesse na distribuição de políticas sociais restritas e focalizadas, coloca à idéia de condições iguais à população mediante o acesso a bens, serviços e direitos, porém, se concretiza pelo fato de ser injusta em sua distribuição de recursos oportunizando a desigualdade social e o aumento da pobreza e satisfaz apenas o direito de sobrevivência e não de dignidade (cidadania tutelada), à medida que desconsidera categorias universais como a cidadania ampliada, democracia igualitária, justiça redistributiva e a possibilidade da emancipação política e humana do cidadão. Essas restrições neoliberais são analisadas criticamente por Viana (2007, p. 63), ao afirmar que, O que mais se globaliza, sob a ingerência neoliberal, é a miséria humana, reforçada por uma distribuição injusta de recursos, de condições de acesso e de oportunidades que aumentam a pobreza e as desigualdades sociais não só entre os países, mas no interior de cada país. De acordo com Viana (2007), é nessa perspectiva neoliberal e nesse contexto de barbárie social, de regressão de lutas e conquistas de uma cidadania ampliada, é considerada indispensável para à realização da justiça social redistributiva que os neoliberais veem a liberdade do indivíduo com caráter absoluto e inviolável garantido com base nas leis do mercado livre, limitando os conceitos de liberdade e de igualdade às normas do ordenamento jurídico do país. Nesta dissertação foram utilizados os conceitos liberdade positiva e liberdade negativa para afirmar que sem a função de intervenção e regulação social do Estado e que a lógica do mercado não contrapõe à lógica do direito. Atualmente no Brasil, luta-se pela efetivação dos direitos sociais e pela democratização ao acesso à cidadania ampliada. Para Telles (2006, p. 171) "falar dos direitos sociais significa falar dos dilemas, talvez os mais cruciais do Brasil (e mundo) contemporâneo", principalmente diante do sistema neoliberal que agrava a situação social das maiorias e retardou as conquistas de legitimidade dos direitos. Com retrocessos e raras conquistas no campo dos direitos sociais, ainda não se pode afirmar que mesmo com a Constituição Federal (1998), o Brasil garanta esses direitos e que a consolidação com sistemas realmente públicos e universais continuam precários e mal financiados. 33 Nesta dissertação quando colocamos à tona o Estado de Direito que atende a burguesia e exclui a maioria dos cidadãos, onde se encontra as pessoas com deficiência (na condição vulnerável). E com muitas lutas gradualmente o Estado de Direito passou para o Estado Social que agregava os direitos sociais e a redistribuição da riqueza socialmente produzida e que tornou a seguridade social obrigatória, assegurando as pessoas com deficiência, o resgate de sua dignidade. Já na década de 1970 o modelo beveridgiano sofreu ataques de liberais (neoliberais) que conseguiram se firmar acreditando na lógica do mercado e atropelando as pessoas com deficiência e as colocando novamente as margens da sociedade com o discurso de condições iguais diante dos direitos e com o compromisso apenas de sobrevivência. Diante desse estudo clarifica a luta por direitos assegurados e efetivados direcionados as pessoas com deficiência. Em seguida vamos discorrer algumas conquistas desse segmento. No ano de 1973 foi criado, no Ministério da Educação (MEC), o Centro Nacional de Educação Especial (CE/NESP), responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que sob o discurso integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação. Embora tantas regressões, embates e a constante luta das pessoas com deficiência conquistou-se nessa declaração o direito de sua dignidade humana, aconteceu quando a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou, em 09 de dezembro de 1975, a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes que diz em seu artigo 3º que, As pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade humana. As pessoas deficientes qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar uma vida decente, tão normal e plena quanto possível. A ONU, em seu trigésimo período de sessões, pela resolução 37/52, de 03 de dezembro de 1982, aprovou o Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência, com a finalidade de ser fonte permanente de consulta na luta em defesa dos direitos das pessoas com deficiência, para todos os países interessado. Em seu parágrafo 12º: 34 A igualdade de oportunidades é o processo mediante o qual o sistema geral da sociedade - o meio físico e cultural, a habitação, o transporte, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades de educação e de trabalho, a vida cultural e social, inclusive as instalações esportivas e de lazer - torna-se acessível a todos (ONU, 1982). Diante do exposto, surge o inovador no que se refere à igualdade de oportunidade, pois nessa década as pessoas com deficiência em grande parcela tem o baixo nível de instrução e estavam fora do mercado de trabalho, ocupando as margens da sociedade, somente no início da década de 1980, foi apresentado e continua inspirando a elaboração de inúmeras propostas atuais para a execução de medidas em âmbito nacional e internacional referentes à: Prevenção: evitar o surgimento, a proliferação ou o agravamento de deficiências. Reabilitação: entendida como um processo que visa levar a pessoa com deficiência ao alcance de níveis funcionais, mentais, sociais ou físicos ótimos, de maneira a poder modificar sua própria vida. Equiparação de oportunidades: processo através do qual a sociedade se torna acessível a todos, com remoção de barreiras arquitetônicas, reformas legislativas, aumento de participação comunitária, no âmbito da educação e do emprego para a população de deficientes das zonas urbanas e rurais. Para a execução deste programa sugere-se algumas medidas no âmbito nacional, quando o assunto e direcionado as pessoas com deficiência e que cada ministério e órgão público ou privado, haja um setor que assuma a responsabilidade por esses assuntos. Em relação às medidas a serem tomadas pelas nações, recomenda-se que, A participação de pessoas com deficiência nas tomadas de decisões. Ação comunitária, envolvendo como prioridades a prestação de informações e a assistência financeira às comunidades. 35 A formação de pessoal, seja para treinar profissionais habilitados para os serviços na comunidade, seja para a detecção precoce de deficiências, ou, ainda, para a prestação de assistência primária e para o encaminhamento a serviços. A informação e a educação do público também são consideradas, devido à necessidade dos países desenvolverem programas de informação pública sobre direitos e deveres dos deficientes. Toda a sociedade deve ter acesso a tais programas. Por meio de lutas no ano de 1990, a educação passa a ocupar lugar de destaque no cenário nacional e internacional, pois as posições políticas fortaleceram a educação para todos, independentemente de classe, raça, gênero ou deficiência, e do respeito à diversidade cultural e individual. Contudo, estes são temas que a ONU e suas Agências como a UNESCO e o UNICEF reafirmam e promovem mobilizações e adesões em nível mundial. Sendo uma dos temas da Conferência da ONU de 1990, realizada em Jomtiem, Tailândia, de que resultou a Declaração Mundial "Educação para Todos" onde em seu artigo 1º discorre que, Ampliar a oferta de educação diversificando: seus conteúdos, com o objetivo de escapar do modelo único, fonte de disputa e, amiúde, de frustração; os tipos e trajetórias de educação, em nível de sistemas e estruturas, preservando ao mesmo tempo a coerência do conjunto (o uso dos meios de comunicação de massas, participação da educação não formal, tarefas educativas em colaboração, trajetórias escolares mais ou menos escalonadas na vida de cada pessoa), e os métodos e lugares de aprendizagem, sobretudo para as competências técnicas (escolaridade mais ou menos prolongada, aprendizagens no trabalho, alternância com o lugar de trabalho). (Conferência Mundial de Educação para Todos, Jomtien, 1990). Na Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos, de Viena em seu documento afirma o Princípio da Diversidade ―o reconhecimento da pluralidade de sujeitos portadores de direitos e de seus direitos específicos como parte integrante e indivisível da plataforma universal dos Direitos Humanos‖ assegurando o direito à diferença e à igualdade sendo primordial para as políticas educacionais inclusivas, em todo o mundo (UNESCO, 1993, p. 07). 36 Outro evento de importância internacional aconteceu na Espanha, entre 07 e 10 de junho de 1994, foi a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, promovida pelo governo Espanhol e pela UNESCO, resultou na Declaração de Salamanca, representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assembleia da qual foram signatários cerca de 100 países, inclusive o Brasil, ao lado de diversas organizações internacionais (Andrés, 2010, p. 08). Reafirmando a Declaração dos Direitos Humanos de 1948, a Declaração de Salamanca tem o compromisso de direito à educação de cada indivíduo e a idéia de Educação para todos dentro do sistema regular de ensino. Neste sentido, seus signatários se comprometem com diretrizes para Educação Especial, nos marcos do conceito de educação inclusiva, concepção esta que vem influenciando decisivamente, desde então, a elaboração de políticas públicas e a revisão de práticas educacionais historicamente caracterizadas por perfis de exclusão e segregação (Goiás/SEE/SUEE, 2010 p.11). Houve uma mudança terminológica, nos termos deficiente e excepcional, de conotação depreciativa e/ou discriminatória, foi substituída pela expressão Portador de Necessidades Especiais (PNE), assumida pela literatura técnica e científica e integrada aos documentos oficiais do Ministério da Educação nacional e aos diplomas legais, a exemplo da LDB (Lei nº 9.394/96) e da legislação subsequente. Pois até a década de 1980 se usava a expressão pessoa portador de deficiência e somente na metade da década de 1990 passou para pessoa com deficiência usada até hoje. A Lei de Diretrizes e Bases LDB/1996, ao referir-se a ―tratamento especial‖ para os alunos com ―deficiências físicas, intelectuais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados‖, reforçou a organização da Educação Especial de forma paralela à educação regular, o que se tornou comum desde então. Os movimentos históricos marcados pela exclusão e segregação das pessoas com deficiência têm sido substituídos por propostas inclusivas. Em vez do enfoque tradicional, segundo o qual as próprias pessoas com deficiência eram tidas 37 como responsáveis por todos os seus sucessos e fracassos, modernamente entende-se que a deficiência é um reflexo das condições culturais, econômicas e ambientais, que a provocam e a mantêm nos indivíduos. 1.2 Políticas Sociais Públicas no Brasil Política é um termo derivado do latim politice, procedente do grego politiké, forma feminina de politikos, possui, na acepção jurídica, o mesmo sentido filosófico, em que é tido: designa a ciência de bem governar um povo, constituído em Estado, (Silva e Silva, 2000, p.617). Assim, é seu objetivo estabelecer os princípios, que se mostrem indispensáveis à realização de um governo, tanto mais perfeito, ao cumprimento de suas precípuas finalidades, em melhor proveito dos governados. Quando reafirmamos terem os gregos e romanos inovado o conceito de política, isso não significa que, antes deles, não existia a relação de poder e de autoridade, mas sim, que eles inventaram o poder e a autoridade políticos propriamente ditos. Política, então, passou a designar a arte ou ciência do governo, isto é, a reflexão sobre essas questões, seja para descrevê-las com objetividade, seja para estabelecer as normas que devem orientá-la. Durante séculos, o termo foi usado para designar obras dedicadas ao estudo das atividades humanas, as quais, de algum modo, se referem ao Estado. Segundo Pereira (2008, p. 88), política, atualmente, perdeu seu significado original, gradativamente substituído por outras expressões como ―ciência política‖, ―filosofia política‖, ―ciência do Estado‖, ―teoria do Estado‖ etc. Portanto, política passou a designar mais as atividades, as práticas relacionadas ao exercício do poder de Estado. Titmuss (1981) discorre que a ―política refere-se a princípios que governam atuações dirigidas afins, com o concurso de meios, para promover mudanças seja em situações, sistemas e práticas, seja em condutas e comportamentos‖. Essa concepção de política social só será fundamentada se quem a utilizar acreditar que 38 deve influir numa realidade concreta, que precisa ser mudada (apud. Pereira, 2008, p. 96). A assistente social, Pereira (2008, p. 91) diz que a política compõe-se ao mesmo tempo de, Atividades formais (regras estabelecidas) e informais (negociações, diálogos, confabulações) adotadas num contexto de relações de poder e destinadas a resolver, sem violência, conflitos em torno de questões que envolvem bens e assuntos públicos. O professor Vieira (1997, p. 67) afirma que as reformas constitucionais constituem costumes políticos no Brasil depois de 1890, durante o Império, convertendo-se em tema obrigatório na República, sobretudo depois da década de 1920: Revolução Constitucional de 1932, Constituição de 1934, de 1937 (outorgada), de 1946, de 1967, de 1969 (outorgada com o Ato Institucional n°5) até a de 1988. Em outro momento, o autor observa que, no Brasil, as políticas sociais, acabaram por percorrer três momentos políticos distintos e marcantes do século XX: o primeiro período é denominado de controle da política (que corresponde à ditadura de Getúlio Vargas e ao populismo nacionalista, com influência para além de sua morte em 1954); o segundo período, de política do controle (cobrindo a época da instalação da ditadura militar em 1964 até a conclusão dos trabalhos da Constituinte em 1988). O terceiro período, o autor denominou de ―política social sem direitos sociais‖, que se iniciou em 1988. (Vieira, 1997, p.68). Durante esses períodos, para Vieira (1997, p.68), a política social brasileira se compõe e se recompõe, porém, mantendo sempre seu caráter setorial e emergencial com o principal objetivo de dar legitimidade aos governos atuantes que passaram aceitar e a acatar mediante critérios de seleção, as reivindicações e pressões da sociedade. A Constituição de 1988 acolheu e qualificou a política social nos campos da educação, saúde, assistência, previdência social, trabalho, lazer, maternidade, infância e segurança, aludindo e definindo os direitos sociais, 39 Especificamente direitos dos trabalhadores urbanos e rurais; das associações profissionais ou sindicais, o direito de greve; da participação de trabalhadores e empregadores em colegiados dos órgãos públicos, da atuação de representante dos trabalhadores no entendimento direto com empregadores. Vieira (1997, p. 68). Conforme o pensamento de Vieira (1997), torna-se tarefa árdua tratar de políticas sociais tanto desde suas implementações iniciais, como no período atual e particular do capitalismo, em que as redefinições do papel do Estado foram debatidas entre a sociedade e o próprio Estado. Houve de certa forma, algumas importantes garantias, como as referentes à educação, ligadas aos direitos sociais. A política social é compreendida como fenômeno capitalista contemporâneo, de natureza contraditória, influenciando por um conjunto de determinações políticas, econômicas, sociais e culturais. É analisada na perspectiva crítico-dialética por tratar-se da abordagem metodológica capaz de desvelar a pseudo concreticidade (Kosik, 1986) que os processos e fenômenos sociais assumem com o desenvolvimento do capitalismo, e com a consolidação da ordem burguesa. Como criação do capitalismo, em sua dimensão política e histórica e em seu caráter dual, entende-se que a política social tanto pode estar a serviço dos interesses do capital como do trabalho (Behring, 2008, p. 25). Conforme Pereira (2004) aponta que o termo política social refere-se à Política de ação que visa, mediante esforço organizado e pactuado, atender necessidades sociais cuja resolução ultrapassa a iniciativa privada, individual e espontânea, e requer deliberada decisão coletiva regida por princípios de justiça social que, por sua vez, devem ser amparados por leis impessoais e objetivas, garantidoras de direito. (Pereira, 2008, p. 171-172). Seguindo ainda o pensamento de Pereira (2000) a política social, são as tensões contraditórias que funcionam com o motor das mudanças, incluindo as que perseguem a perspectiva progressista e considera a política social como, Uma arena de conflitos em que se confrontam concepções competitivas sobre direitos (individuais versus sociais), liberdade (negativa versus positiva), igualdade (substantiva versus formal), ou seja, um amplo leque de confrontações que fazem parte da essência contraditória do Estado da sociedade e das políticas em suas diferentes configurações (apud Viana, 2007, p. 51). 40 Para Alcock (1992), a política social é uma disciplina das Ciências Sociais (com índole interdisciplinar que se a faz permear em todas as especializações), um campo de ação (para o qual confluem disciplinas conexas e imbricam conhecimento e ações de procedências variadas), um método (caminho metódico mediante o qual se obtém conhecimento e se praticam ações). Enfim, é uma estratégia de ação coletiva, que visa concretizar direitos sociais, e seu objeto é ela mesma (apud Viana, 2007, p. 52). A contradição está posta, a política social é instituída para atender à necessidade da população que não tem acesso aos bens e serviços socialmente produzidos. Para dar continuidade a essa temática, tanto o autor Sader e Gentili (1995) e (Behring, 2008) corroboram com o caráter paternalista das políticas sociais, onde eles colocam que se negam os direitos sociais e que não contribuem para a autonomia do indivíduo e impedem o estabelecimento de uma ―saudável desigualdade‖ geradora de uma ―necessária concorrência‖ estabelecendo o ―mercado‖. A política social entra no cenário como paternalismo, como geradora de desequilíbrio, como algo que deve ser acessado via mercado, e não como direito social. Daí as tendências de desresponsabilização e desfinanciamento da proteção social pelo Estado, o que, aos poucos, vai configurando um Estado mínimo para os trabalhadores e um Estado máximo para o capital. (Behring, 1998 p.186). Os estudos da assistente social Viana (2007, p. 52-53), nos coloca ser importante que se discorra sobre as funções das duas esferas, Estado e sociedade, na política social pública, pois são distintas, embora complementares, até porque a sociedade também prove recursos e oferece serviços sociais (provisão social privada, plural ou mista). O Estado recebe da sociedade uma delegação para regulála e concretizar esses direitos e essa ação regulatória e jurídico-formal, a política social adquire o status de política pública, mas não tem poder para concretizar direitos sociais. 41 No contexto da relação entre Estado e sociedade capitalista, a política social expressa-se como um conjunto de ações e de estratégias para atender a demandas variadas que podem romper com o cerco das desigualdades sociais e da naturalização das necessidades humanas, mas também podem perpetuá-las. (Viana, 2007 p. 53). A política social, quando qualificada como interventiva atinge um caráter público e não plural ou misto, deve buscar atender, sobretudo, as necessidades sociais básicas dos cidadãos com vista a garantir qualidade de vida e de bem estar a todos, como direito. Esse caráter público só se torna possível, quando a política social ―se baseia nos princípios da inclusão social, da igualdade de direitos e da universalização de acesso aos bens e serviços sociais‖ Viana (2007, p. 54). As necessidades básicas dos cidadãos devem ser supridas por meio da implementação de políticas sociais públicas que expressam a concretização dos direitos sociais instituídos em lei. No entanto, Viana (2007, p. 24) afirma que, A lei, por si só, não tem condições operacionais para materializar direitos nela previsto, sobretudo no tocante aos direitos sociais. Tal materialização dá-se por intermédio das diferentes políticas públicas que decorrem da relação de antagonismo e reciprocidade estabelecida, ao mesmo tempo, entre Estado e sociedade. Nessa relação, um dos grandes papéis da sociedade consiste em exercer o efetivo controle democrático sobre os atos e decisões governamentais. Essa é a verdadeira tarefa cívica da sociedade no campo dos direitos de cidadania social. Inicialmente, é importante salientar que a política social é uma espécie da política pública, isto é, de uma política que é de todos, e não especificamente estatal dotada de objetivos específicos referenciados na igualdade da justiça social (Viana 2007, p. 53). Pereira (2000) diz que a política social se realiza no contexto de um arcabouço institucional, cuja análise permite identificar conflitos entre Estado x sociedade, dentre outras que se formam em torno e no seio dela. Consequentemente, ela se expressa como uma atividade complexa e contraditória, com a atribuição de atender, ao mesmo tempo, demandas e necessidades sociais diferenciadas, e, muitas vezes, divergentes (Apud Viana 2007, p. 51). 42 A forma e o conteúdo das políticas públicas estão diretamente associados à conjugação de fatores estruturais e conjunturais de cada processo histórico de um determinado país. Viana (2007, p. 54) e Pereira (2008, p.94) corroboram que a política pública não é sinônimo de política estatal, pois ultrapassa o Estado, mas o faz necessário para ser público. A palavra pública identifica-se com a expressão em latim res publica - res (coisa) pública (todos) – e, portanto, implica a idéia de todos e para todos e de bem comum, envolvendo a ação tanto do Estado quanto da sociedade. Nas palavras, das autoras, é ―ação pública, na qual além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando representatividade, poder de decisão e condições de exercer o efetivo controle democrático sobre sua própria reprodução e sobre os atos do governo‖. As autoras em seu pensamento, Viana (2007, p. 53) e Pereira (2008, p.102) sobre as políticas públicas e direitos sociais, a autora Viana afirma que a política social não tem poder para concretizar os direitos sociais, pois a delegação do Estado é recebida da sociedade e somente com essa ação do Estado é que a política social torna concretizadora de direitos sociais e reguladora das relações sociais, somente quando a política social passa para o campo da política pública e Pereira reafirma quando diz que mesmo a política pública se identificando com os direitos sociais ela deve concretizar tais direitos. O Estado é fundamental para transformar esses valores em realidade. A política pública efetiva-se mediante o exercício do controle democrático e da concretização de direitos sociais, incorporados nas leis, como conquistas da sociedade civil organizada. Orienta-se pelo principio do interesse comum e da soberania popular visando o bem estar, mediante a satisfação das necessidades sociais dos cidadãos, o que pressupõe o exercício da democracia e da liberdade com igualdade positiva e justiça redistributiva (Viana, 2007, p. 53-54). A autora Pereira (2001) analisa que uma política, para ser pública, não precisa ser estatal ou governamental e nem implica necessariamente ser coletiva, plural ou mista, pois ―a condição para uma ação ser pública é ser universal, tanto na sua oferta quanto no seu usufruto‖. Nessa perspectiva, Viana realça que, 43 O seu caráter público não é dado pelo tamanho do agregado ou do coletivo, que lhe demanda atenção, e nem pela pluralidade de atores, mas porque, além de deter o caráter imperativo, isto é, de ser amparada legalmente (ter na sua retaguarda legislações, incluindo constituições federais), ela se guia pelos princípios da soberania popular, do bem-comum, tendo, no seu horizonte, a justiça social‖, (Viana, 2007, p. 53-54). A assistente social, Silva e Silva (2000 p. 67), compreende que toda política pública é, Uma forma de intervenção na realidade social, envolvendo diferentes sujeitos, portanto, condicionada por interesses e expectativas em torno de recursos. Pode também ser concebida como um conjunto de ações ou omissões do Estado decorrente de decisões e não decisões, tendo como limite e condicionamentos os processos econômicos, políticos e sociais. Para o autora política pública é vista como mecanismo de contradição, complexidade e contrapõe-se a percepção de mero recurso de legitimação política, isto é, intervenção estatal favorável à lógica do mercado. Silva e Silva (2000 p. 67) e Thomas Dye (1972) corroboram que a política pública sofre tanto ações como, também, omissões por parte do Estado, sendo o governo que escolhe ou não concretizá-las. Dye (1972) diz que a política pública não significa só ação, pode ser também, intencional de uma autoridade pública frente a um problema ou responsabilidade de sua competência. (Apud Pereira, 2008, p. 97). Carvalho (1999, p.19) diz que a formulação e a implementação de políticas públicas, voltadas para as pessoas com deficiência ‖têm sido inspiradas por uma série de documentos contendo declarações, recomendações e normas jurídicas produzidas por organizações internacionais e nacionais‖ e com a globalização, em que a competição tem marcado as relações interinstitucionais e as humanas, devese fortalecer e efetivar os direitos reconhecidos. E ressalta que a Declaração Universal dos Direitos do Homem, dentre vários mecanismos legais no âmbito nacional e internacional merece destaque, pois se refere à atenção às pessoas com deficiência, no âmbito das diversas políticas públicas. 44 1.3 Conceituando Deficiências Esta dissertação buscou demonstrar aos educandos que utilizam a educação inclusiva, o desafio maior para profissionais e para a instituição de ensino quando se trata de pessoas com deficiências múltiplas. No que diz respeito à elaboração e implementação de recursos para o desenvolvimento da aprendizagem a ser alcançado no processo de inclusão, pois com características peculiares é com necessidades únicas, torna-se uma tarefa árdua, mas com resultados compensatórios. A deficiência múltipla é a associação na mesma pessoa de duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física) e, São consideradas pessoas com deficiência múltipla aquelas que têm mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social (MEC/SEESP, 2002). Antes expressa por vários termos, à deficiência mental deve sua mudança entre meados da década de 1980 para deficiência intelectual ou atraso mental sendo um termo que se usa quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento mental e no desempenho de tarefas como as de comunicação, cuidado pessoal, conduta adaptativa, na forma expressa em habilidades práticas, sociais e conceituais. Estas limitações provocam uma maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento dessas pessoas. As crianças com atraso cognitivo podem precisar de mais tempo para aprender a falar, a caminhar e a aprender as competências necessárias para cuidar de si, tal como vestir-se ou comer com autonomia. No entanto, aprenderão, mas necessitarão de mais tempo. É possível que algumas crianças não consigam aprender algumas coisas como qualquer pessoa que também não consegue aprender tudo (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 21). Com essa mudança ficou mais fácil distinguir entre ―deficiência mental‖ e ―doença mental‖, dois termos que gera muita confusão. E no campo da saúde 45 mental (área psiquiátrica), houve também a mudança terminológica, substituindo o termo ―doença mental‖ por ―transtorno mental‖. (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 24). A deficiência visual é considerada aquele que apresenta desde ausência total de visão até a perda da percepção luminosa. No âmbito da medicina, duas escalas oftalmológicas estabelecem a existência de dois grupamentos de deficientes visuais: acuidade visual (ou seja, aquilo que se enxerga a determinada distância) e campo visual (a amplitude da área alcançada pela visão), isto é, a perda total ou parcial da visão, congênita ou adquirida, variando com o nível ou acuidade visual, Cegueira é a ausência total de visão até a perda da percepção luminosa; Visão Subnormal ou Baixa Visão que compromete do funcionamento visual de ambos os olhos, mesmo após tratamento ou correção. Possui resíduos visuais que permitem a leitura de textos impressos aplicados ou com o uso de recursos ópticos (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p.9). Esse termo deficiente visual não significa total incapacidade para ver, pois podemos encontrar deficiente visual com vários graus de visão residual. Uma pessoa é considerada deficiente visual se corresponde a um dos critérios seguintes, A visão corrigida do melhor dos seus olhos é de 20/200 ou menos, isto é, se ela pode ver a 20 pés (6 metros) o que uma pessoa de visão normal pode ver a 200 pés (60 metros), ou se o diâmetro mais largo do seu campo visual subentende um arco não maior de 20 graus, ainda que sua acuidade visual nesse estreito campo possa ser superior a 20/200. Esse campo visual restrito é muitas vezes chamado "visão em túnel" ou "em ponta de alfinete", e a essas definições chamam alguns "cegueira legal" ou "cegueira econômica" (MEC, 2010, p. 12). Diante do exposto, caracteriza-se como indivíduo com visão subnormal aquele que possui acuidade visual de 6/60 e 18/60 (escala métrica) e/ou um campo visual entre 20° e 50°. Pedagogicamente, delimita-se como deficiente visual aquele que, mesmo possuindo visão subnormal, necessita de instrução em Braille (sistema de escrita por pontos em relevo) e como possuidor de visão subnormal aquele que lê tipos impressos ampliados ou com o auxílio de potentes recursos ópticos (MEC, 2010, p. 12). A nomenclatura da síndrome de Down vem do sobrenome do médico inglês John Langdon Down, que no ano de 1866 fez uma observação interessante a respeito da existência de um grupo de pessoas na sociedade até então ignorado. É 46 uma doença genética, causada por um acidente que pode ocorrer no óvulo, no espermatozoide ou após a união dos dois (ovo), provocando uma alteração cromossômica. Ocorre quando crianças nascem dotadas de três cromossomos 21, e não dois como é normal. Isso leva à produção exagerada de proteínas, o que acaba por de regular a química do organismo e provoca sérios problemas. No Brasil, acredita-se que ocorra um caso em cada 600 nascimentos, isso quer dizer que nascem cerca de 8 mil bebês com Síndrome de Down por ano (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p.16). O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, também de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida e que atinge mais de 6% da população, com três características principais: desatenção, impulsividade e hiperatividade (a hiperatividade pode ser apenas mental). O baixo funcionamento do córtex pré-frontal compromete as FE (funções executivas) do cérebro, responsáveis pelo planejamento, observação, mudança de rota caso necessário, manutenção da atenção e do autocontrole do comportamento (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 21). A deficiência física pode ter diversas origens, as alterações e as ausências de algum segmento do corpo implicam e impedem a função motora acarretando o comprometimento no acesso e na participação dos alunos em espaços e atividades, devendo ser refletido em busca de recursos de tecnologia assistiva para apoiar no desenvolvimento da funcionalidade do educando. Segundo o decreto 5.296/04, deficiência física compreende, Alteração total ou parcial de um ou mais segmentos do corpo, acarretando comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (Brasil, 2004). Para complementar a deficiência física é a ausência de alguma parte do corpo, seja por amputação, seja por má formação congênita, lesões ou alterações funcionais neurológicas ou ainda deformidades ósseas e musculares podem ter como sequela dificuldades no controle e na amplitude de movimentos, na sustentação da postura, no equilíbrio e na mobilidade (Brasil, 2010, p. 22). 47 Cada educando tem sua particularidade de adequação postural e de mobilidade, na instituição de ensino que integra o ambiente que deseja acessar, em como as atividades que ali pretende realizar. As pessoas com deficiência há muitas décadas lutam em seu cotidiano para superar desafios, quando se deslocam de suas residências, porém, os obstáculos e as barreiras se tornam um exercício em busca da cidadania e dignidade. Para o Minidicionário (1997, p. 337 e 368), orienta significa “determinar os pontos cardeais, indicar o rumo exato”, e, mobilidade é a ―propriedade do que é móvel‖; assim, temos que orientação é aprendida, e mobilidade é inata. Com a junção de orientação e mobilidade concluímos que, A expressão orientação e mobilidade significam mover-se de forma orientada, com sentido, direção e utilizando-se de várias referências como pontos cardeais, lojas comerciais, guia para consulta de mapas, informações com pessoas, leitura de informações de placas com símbolos ou escrita para chegarmos ao local desejado (MEC, 2010, p. 07). Qualquer pessoa que se desloca está usando a orientação e mobilidade. É também uma atividade motora e pode ser definida como um processo amplo e flexível, composto por um conjunto de capacidades motoras, cognitivas, efetivas e sociais e por um elenco de técnicas apropriadas e específicas, que permitem ao seu usuário conhecer, relacionar-se e deslocar-se de forma (in) dependente e natural nas mais diversas estruturas, espaço e situações do ambiente. As estratégias e recursos mais utilizados na Orientação e Mobilidade são o guia – humano, a autoproteção, a bengala e o cão-guia (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 9). Esse desafio agrega as escolas e as próprias cidades, podemos incluir os serviços de transporte e de infraestrutura, gerando o isolamento e segregação das pessoas com deficiência em instituições e o seu confinamento em suas próprias residências. A garantia do direito a acessibilidade acarreta sua inserção na política de mobilidade e assim efetivar o que já está assegurado pela Lei federal nº 10.098/00 dispõe que ―toda a escola deve promover um ambiente acessível, eliminando as barreiras arquitetônicas e adequando os espaços de forma a atender a todos os seus usuários, sejam eles pessoas com deficiência ou não‖. (BRASIL, 2000) O Decreto nº 5.296/04, por sua vez, estabelece normas gerais e critérios 48 básicos para a promoção da acessibilidade de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e no seu artigo 8°, considera: Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação; Barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso (Brasil, 2004). É imprescindível a acessibilidade arquitetônica tanto para educandos com deficiência ou com mobilidade reduzida, como também para o quadro de funcionários da unidade escolar, garantindo a participar de todas as atividades com segurança, conforto e com autonomia, de acordo com suas possibilidades. A Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, apresenta na NBR 9050, as normas técnicas brasileiras de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e poderão ser consultadas como importante referência nos projetos que visam à construção da escola acessível. (ABNT, 2004). Em busca desta construção de início e fundamental uma equipe multidisciplinar com posta pelos técnicos da Secretaria de Obras, professores e alunos (usuários) para planejar a ação, segue a alguns exemplos de adequações arquitetônicas: Construção de rampas; Alargamento de portas; Adequação de banheiros, refeitório, salas de aulas , auditórios; Sinalização sonora; 49 Sinalização visual; Sinalização tátil; Colocação de elevadores; Adequação dos acessos em torno da escola (Brasil, 2010, p.39). Esta adequação contribui para uma melhor qualidade de vida e aprendizagem e de universalização do acesso á educação como um todo e para toda a comunidade escolar. Vale ressaltar, que para chegar até esta tão esperada instituição de ensino acessível, estas pessoas obrigatoriamente percorrem uma calçada que são necessárias para o acesso às edificações e aos meios de transporte, dentre outros. Então há que se pensar em torno de toda esta unidade escolar também, pois a inadequação da unidade escolar contribui para mais uma barreira a ser superada pelos educandos com deficiência. Para maior visibilidade vamos expor algumas fotos do Colégio Estadual do Criméia Oeste, para analise sobre o comprometimento que estamos nos referindo. Foto 1: Banheiro da Unidade Escolar. Desfocar Fonte: Banco de Dados da autora. Goiânia, 2011. 50 Foto 2: Pátio da Unidade Escolar. Fonte: Banco de Dados da autora. Goiânia, 2011. Foto 3: Entrada para a secretária da Unidade Escolar Pesquisada. Fonte: Banco de Dados da autora. Goiânia, 2011. 51 Foto 4: Sala de aula da Unidade Escolar. Desfocar Fonte: Banco de Dados da autora. Goiânia, 2011. O que se torna vísivel nas fotos anteriormente expostas representam problemas estruturais, pois a unidade escolar não oferece adequadamente a acessibilidade como grades de proteção nos acessos não regulares da escola, dentre os equipamentos e mobiliários que atendam às pessoas com deficiência. Outra particularidade é a ausência de subsídios estruturais e pedagógicos, em sala de aula e materiais apropriados para o atentimento educacional especializado, onde recai a dificuldade de professores de apoio readaptar o conteúdo regular, tornando deficiente as avaliações e atividades diferenciadas, ou seja o a crscente evação escolar de educandos com deficiência. Idubitavelmente essa realidade contraria toda a Política de Educação Inclusiva, de maneira que a inserção destas pessoas com deficiência em classes regulares beneficia a todos e o futuro desse processo deverá sanar a evasão escolar, de maneira que a correção das dificuldades vividas pelas pessoas com deficiência em relação as barreira arquitetônicas que limitam a plena inclusão desses sujeitos na rede educacional de ensino, seja, assegurada mediante a adaptação tecnológica e física. 52 A escola plural é a escola com perspectiva inclusiva, e sua pedagogia tem como mote questionar, para refletir e reconstruir de uma forma continua e gradual as suas práticas. Na escola regular se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos educandos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso de todos. Um ensino para todos os alunos há que se distinguir pela sua qualidade. O desafio de fazê-lo acontecer nas salas de aulas é uma tarefa a ser assumida por todos os que compõem um sistema educacional. Um ensino de qualidade provém de iniciativas que compõem uma rede educacional em torno de uma proposta que é comum a todas as escolas e que, ao mesmo tempo, é construída por cada uma delas, segundo as suas peculiaridades. 53 CAPÍTULO II EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA 2.1 Atendimento Educacional Especializado (AEE) Seu Acompanhamento na Sala de Recursos Multifuncionais Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) inovou com o Atendimento Educacional Especializado (AEE) acaba por se configurar como espaço privilegiado da educação especial e de responsabilidade da mesma. Destaca-se o caráter complementar e suplementar deste atendimento (e não mais substitutivo), a natureza das atividades que se diferenciam das realizadas em sala de aula e a articulação deste atendimento com a proposta pedagógica do ensino comum. O AEE tem como função, Identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. Ao longo de todo o processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. (SEESP/ MEC 2008). Além disso, é importante enfatizar a obrigatoriedade da oferta do AEE pelas redes de ensino, em contraturno ao que o aluno frequenta a classe comum, preferencialmente na própria escola em que está matriculado. O AEE se apresenta como uma política pública na implementação e organização dos serviços em educação especial. 54 Neste sentido, tem caracterizado e delineado tanto os serviços como os sujeitos da educação especial que são atendidos neste espaço físico denominado Sala de Recursos Multifuncionais, com algumas exceções a atendimento feito somente nos Centros especializados, como os alunos de altas habilidades/superdotação que na cidade de Goiânia são atendidos no núcleo de atividades de altas habilidades/superdotação (NAAH/S) inaugurado em 03 de outubro de 2006, sendo a junção do já existente ―Projeto Despertar‖ onde a Secretaria Estadual de Educação de Goiás desde 1989 até 1998 enviava sua demanda para a então parceira Universidade Católica de Goiás, hoje Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) ligada ao Instituto Dom Fernando (Instância da PUC Goiás) que tinha como referência a metodologia ―Ferramentas para pensar‖ criado pelo psicólogo norte americano Edward De Bono. Entre os anos de 1999 e 2000 a Secretaria Estadual de Educação de Goiás elabora o projeto e recebe uma proposta do MEC e somente em 2006 surge o NAAH/S (em nível nacional) em cada Estado da Federação. O divisor de águas do MEC foi à realização do censo nacional escolar realizado em 2005 pontuando a necessidade de atendimento efetivo para educandos com altas habilidades/superdotação. Nas diretrizes básicas estabelecidas pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e Desporto considera pessoa com altas habilidades, Que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados; capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica especifica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes; capacidade psicomotora (Brasil, 1994). Os alunos com altas habilidades/superdotação são aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes; também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (MEC, 2008). Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a população brasileira de superdotados gira em torno de 3,5% a 5%, algo próximo a oito milhões de pessoas. Mas é preciso esclarecer que esses números são obtidos 55 com base em testes de QI, isto é, refletem apenas superdotados na área cognitiva (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p.45). Na cidade de Goiânia o NAAH/S tem sua estrutura de atendimento definida pelo MEC e o seu objetivo principal é oferecer a todo o quadro funcional da Secretaria Estadual de Educação de Goiás cursos de formação continuada, orientação de recursos didáticos, produzir conhecimento sobre este segmento. Tem serviço itinerante para viabilizar o intercâmbio da escola e o NAAH/S e presta suporte teórico, emocional e social às famílias, para que passam compreender o comportamento de seus filhos e com isso busca melhoria no desenvolvimento global da pessoa com altas habilidades/superdotadas (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p.46). O Decreto nº 6.571/08 regulamenta as novas diretrizes de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008) que concebe o AEE que deve integrar a proposta pedagógica da escola. Ainda neste decreto especifica o atendimento nas Salas de Recursos Multifuncionais, onde o público-alvo são os alunos da educação especial. Alunos com deficiência: aqueles [...] que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (ONU, 2006). Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. (MEC/SEESP, 2008). Incluem-se. Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (MEC/SEESP, 2008). 56 Na Constituição Federal (1988) em seu artigo 208 define que é dever do Estado garantir ―o atendimento educacional especializado as pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino‖, sendo reafirmado pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), pois existem razões para que esse atendimento ocorra na escola regular. E o motivo pelo qual o AEE deve ser realizado na própria escola do educando é pela possibilidade de que suas necessidades educacionais específicas possam ser refletidas e atendidas no cotidiano da unidade escolar e com todos do quadro funcional que atuam no ensino regular ou na educação especial, inserindo esses alunos nos ambientes de formação comum a todos (Santos, 2010, p. 18). A seguir a exposição de uma foto da sala de recursos multifuncional do Colégio Estadual do Criméia Oeste na cidade de Goiânia que retrata o reflexo do AEE. Foto 5: Sala de Recursos Multifuncionais da Unidade Escolar Pesquisada. Fonte: Banco de Dados da autora. Goiânia, 2011. Desfocar e aumentar Para acompanhar o AEE, se faz necessário um plano de atendimento para ser executado na sala de recursos multifuncional, para o progresso no desenvolvimento e na aprendizagem, visando intervenção no seu processo de construção do conhecimento. Ele visa tanto a articulação do professor do AEE com outros profissionais, como também com a família com o intuito de construir condições para o desenvolvimento e aprendizagem de seus educandos. Portanto, esse acompanhamento tem a necessidade de avaliação permanente da evolução do aluno nos diferentes espaços educacionais e no redimensionamento do plano do AEE (Brasil, 2010, p. 14). 57 O professor do AEE deve conhecer o seu aluno em suas particularidades e trabalhar o aluno dentro e fora da unidade escolar. Seu papel é de produzir materiais didáticos e pedagógicos para suprir necessidades específicas do educando na sala de ensino regular. Sua função visa organizar situações para favorecer o desenvolvimento do educando, estimulando o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem e focalizar as atitudes do aluno diante da aprendizagem e propiciar o desenvolvimento de ferramentas intelectuais que facilitarão sua interação na unidade escolar e social (Brasil, 2010, p. 9). O desenvolver do trabalho do professor do AEE é primordial para a construção do conhecimento do educando com deficiência. Ele intervém de forma intencional para estimular o exercício de atividades cognitivas, avaliando e acompanhando todo o processo de aprendizagem desse aluno (Brasil, 2010, p. 9). O AEE não pode ser confundido com reforço escolar, sua organização respeita as particularidades de cada educando, assim o aluno com mesma deficiência frequenta mais vezes na semana, ou menos a sala de recursos multifuncional, pois cada aluno tem um tipo de recurso a ser utilizado para garantir a participação e aprendizagem nas atividades escolares. Com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o AEE na Educação Básica, publicada pela Secretaria de Educação Especial (SEESP/MEC) em abril de 2009, o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola deve agregar o AEE como dimensão da escola das diferenças, ou seja, a unidade escolar integrando o AEE tem em seu seio uma gestão democrática, onde se organiza os recursos para o AEE e caso não tenha sala de sala de recursos multifuncional encaminha seus alunos a unidades escolares mais próximas ou para centros de atendimento educacional especializado. O AEE tem que fazer parte integrante do PPP, ou seja, ele é parte constituinte do projeto do PPP e para que seus serviços sejam implementados na perspectiva da educação inclusiva, como prevê a Política Nacional de Educação Especial (Brasil, 2010, p. 10). Para clarificar sobre o professor de recursos é um professor efetivo da Rede Estadual de Ensino que é modulado nas Unidades Escolares e ou Centro de Atendimento Educacional Especializado. Possui cursos de aperfeiçoamento na área de Educação Inclusiva, como: Libras, Braile e Soroban, Português para Surdos, cursos sobre Deficiência Intelectual, Transtornos Globais do Desenvolvimento, Altas 58 Habilidades / Superdotação e outros; tendo como principal função a realização do atendimento educacional especializado no turno inverso da aula dos alunos que necessitam de complemento e suplemento às suas especialidades (Goiás/SEE/SUEE, 2010 p.16). Outro professor que atua diretamente com os educandos com deficiência em sala de aula é o chamado professor de Apoio que deve ser um professor efetivo da Rede Estadual de Ensino que é modulado nas Unidades Escolares, com formação na área de Educação Inclusiva e que atua em salas de aulas, de forma integrada com o professor regente. Essa parceria conjunta com os dois professores e de extrema necessidade, porque um trabalho está interligado ao outro, então, a participação ativa no planejamento e de todas as atividades desenvolvidas na série de sua atuação e fundamental para atender aos alunos com comprometimentos acentuados que possui dificuldade no acompanhamento das atividades acadêmicas curriculares, síndrome de Down, paralisia cerebral, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e outros (Goiás/SEE/SUEE, 2010 p.16). Para melhor compreensão, coloca-se em evidência uma das unidades escolares que atende à Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva com o AEE e sua integração de forma efetiva no PPP na cidade de Goiânia. Pode-se focalizar novamente no Colégio Estadual do Criméia Oeste criado em 27 de julho de 1977 com a lei de criação nº 8.275 foi inaugurada a ―Escola Polivalente do Criméia Oeste‖. Só mais tarde constataram que por falta de salas especiais para laboratórios, não poderia ser polivalente e o nome mudou para ―Escola Estadual de 1º Grau do Criméia Oeste‖. Logo, em 1988 implantou-se o 2º grau (não profissionalizante) e a sua resolução de autorização nº 193 se efetivou em 23/10/1992, passando a denominar-se ―Colégio Estadual do Criméia Oeste‖. Formatar O Colégio localiza-se à rua Joaquim Teófilo Correia Viana, s/nº, no Setor Criméia Oeste, na região do Vale do Meia Ponte – CEP: 74563-290 – Goiânia/Goiás. O Colégio está jurisdicionado à SUME – Subsecretaria Metropolitana de Educação. A Unidade Escolar possui alunos do Ensino Fundamental: 1º ao 9º ano – sendo que do 1º ao 5º - Escola de Tempo Integral e 1º ao 3º ano Ensino Médio. Em seu quadro funcional, encontram-se 39 (trinta e nove) professores regentes, 05 professores de apoio (cinco) e 01 (uma) professora de recursos 59 atuando no Ensino Fundamental e Médio. Com 35 (trinta e cinco) servidores administrativos distribuídos em três turnos. O Ensino Fundamental de 1ª ao 5ª ano, num total de 240 alunos nos turnos matutino e vespertino – Tempo Integral. O Ensino Fundamental de 6º ao 9º ano, num total de 697 alunos nos turnos matutino e vespertino. O Ensino Médio, não profissionalizante, tem 324 alunos nos turnos matutino e noturno. A proposta pedagógica e metodológica do Colégio Estadual do Criméia Oeste emerge de uma concepção ativa e participativa, que considera as experiências já vivenciadas pelo educando, sua capacidade analítica-crítica, além de promover a organização de um conteúdo sistematizado, advindo da mediação entre o sujeito e seu objetivo de estudo, por meio de atividades prazerosas e interessantes. A Escola Pública de Tempo Integral foi implantada pela Secretaria de Estado da Educação desde setembro de 2006, atendendo ao preceito legal, inserido na Lei Nº 9394/96 (LDB, 1996) que prescreve no art. 34 ―A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente o período de permanência na unidade escolar‖, está alicerçada em três princípios: a educação para a democracia, a participação do aluno como prática da cidadania e a unidade escolar como espaço de movimento, arte, cultura, aperfeiçoamento e lazer, partindo de um pressuposto legal de que o ser educando é um sujeito de direito. 2.2 Projeto Político Pedagógico (PPP) O Projeto Político Pedagógico (PPP) nasceu após a Constituição Federal de 1988 é um instrumento para o desenvolvimento do plano de trabalho, definido pelo coletivo escolar, dá autonomia às escolas na elaboração da própria identidade. Esse projeto é o referencial, para qualquer instituição de ensino não é apenas um mero documento exigido pela burocracia e administração escolar, mas como reflexo e especificidades do grupo que o produziu e também como registro de significados a serem outorgados ao processo de ensino e de aprendizagem. 60 Regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Lei n° 9394/96, sancionada em dezembro do mesmo ano, possui 92 artigos voltados para a educação, ou seja, o marco do Projeto Político Pedagógico é a LDB, que intensifica a elaboração e a autonomia da construção de projetos diferenciados de acordo com as necessidades de cada instituição. Na LDB em seu artigo 12 diz: "Os estabelecimentos de ensino, respeitando as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica". Por representar prioridade de cidadania em função as demandas sociais, ganha respaldo e caráter político, tem status pedagógico, pois sistematiza todas as intenções e ações educativas com prioridade estabelecidas. Sua confecção é produzida a partir da realidade escolar para agregar o planejamento e o desenvolvimento de trabalho da equipe e avaliar o processo das etapas e metas propostas (Santos, 2010, p.11 e 12). Ancorada pela Constituição (1988) em seu artigo 206° que discorre sobre ―a gestão democrática do ensino público‖ corrobora com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) Lei n° 9394/96 no artigo 14° afirma que ―os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público‖ e reiterado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei n°8069/90 que no seu artigo 53° enfatiza ―é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais‖. Nesse sentido, foi exposto a participação da comunidade, torna o PPP de caráter coletivo evidenciado na legislação e a gestão democrática é ampliada à comunidade. Vale ressaltar que a escola não é independente de seu sistema de ensino, ela pode ter ações e agir com autonomia como parte desse sistema que a sustenta, tomando decisões próprias relativas às especificidades da unidade escolar e da sua comunidade. Mesmo assegurada pela lei vigente, Aautonomia escolar é construída gradualmente. Ao elaborar o PPP, a instituição de ensino toma muitas decisões dentre elas destaca-SE algumas, para garantir a inclusão, Fazer da aprendizagem o eixo das escolas, garantindo o tempo necessário para que todos possam aprender; reprovar a repetência; abrir espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam praticados por seus professores, gestores, funcionários e alunos, pois essas são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania; valorizar e formar continuamente o professor, para que ele possa atualizar-se e ministrar um ensino de qualidade (Santos, 2010, p.13). 61 A ousadia e coerência de posicionamento da Constituição Federal de (1988) a respeito do direito à educação, impulsionou a educação inclusiva, que é uma das modalidades da educação nacional que perpassa o sistema educacional brasileiro em todos os níveis, etapas e modalidade de ensino. É oferecida na educação básica e superior do Sistema Educativo de Goiás como um conjunto de serviços e recursos especializados para complementar/suplementar o processo de ensino aprendizagem aos alunos com necessidades educacionais especiais, permanentes, ou transitórias, de modo a garantir o desenvolvimento de suas potencialidades sociais, políticas, psicológicas, criativas e produtivas para a formação cidadã. O objetido da educação inclusiva é permitir ao educando prosseguir nos estudos e progredir no trabalho, respeitando as características individuais e igualdade de direitos entre todos os seres humanos como estabelece a Resolução do Conselho Estadual da Educação, nº 07/206 (CEE, 2006). A seguir neste estudo vamos evidenciar os sujeitos protagonistas da construção da escola plural, conceituando algumas deficiências para clarificar a compreensão quando expomos a educação inclusiva. 2.3 Educação Inclusiva no Estado de Goiás Afinal deve buscar entender o que de fato é Educação Especial, e a que alunos ela se destina. Com propriedade, Skliar (P. 104) afirma: As opções, nesse sentido, não parecem ser muitas: ou se tem falado de especial porque se parte do princípio de que os sujeitos educativos — especiais, no sentido de deficientes — impõem uma restrição, um corte particular da educação, ou se tem falado de especial referindo-se ao fato de que as instituições escolares são particulares quanto à sua ideologia e arquitetura educativas — portanto diferentes da educação geral, ou, finalmente, tem-se falado de especial como sinônimo de educação menor, irrelevante e incompleta no duplo sentido possível, isto é, fazendo menção ao menor e especial tanto dos sujeitos quanto das instituições (MEC/SEED, 1999, p. 10). No Brasil, o atendimento institucionalizado visava a assistência e a proteção às pessoas com deficiência, para um atendimento educacional só aconteceu 62 institucionalmente em meados da década de 1950 e década de 1960 (Mazzota, 1996). No período imperial, surge o atendimento às pessoas com deficiência, ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica, e, com a criação o Instituto dos Meninos Cegos e o Instituto Nacional dos surdo-mudos, posteriormente denominados Instituto Benjamin Constant e Instituto Nacional de Educação dos Surdos, respectivamente. Mas conforme Jannuzzi (2004, p. 67), A construção escolar desse atendimento, [...] assumia educar uma minoria de cegos e surdos, movido, provavelmente, por forças ligadas ao poder político, sensibilizadas com esse alunado por diversos motivos, inclusive vinculos familiares. As novas propostas pedagógicas, permeadas pelo movimento da Escola Nova, a partir do final do século XIX, enfatizavam uma educação democrática, uma relação escolar que respeitasse as diferenças individuais, as aptidões e os interesses das crianças. No início do século XX, é criado o Instituto Pestalozzi, em 1926, instituição particular, especializada no atendimento às pessoas com deficiência intelectual; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). As ações voltadas ao atendimento educacional de pessoas com deficiência fundamentavam-se nas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 4024/61, que apontava ―o direito dos excepcionais à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino‖. O método Montessori3 mudou os rumos da educação tradicional, que dava maior privilégio à formação intelectual, e este teve seu auge de emprego em escolas brasileiras, nos anos de 1960/1970. Emprestou um sentido vivo e ativo à educação. Destacou-se pela criação de Casas de Crianças, instituições de educação e vida e não apenas lugares de instrução. A primeira "Casa dei Bambini", como era chamada na Itália, foi fundada em Roma, em 1907. 3 Este tópico contêm a síntese do artigo: NASCIMENTO, Cristiane Valéria Furtado; MORAES, Márcia Andréa Soares. Montessori e as ―casas das crianças‖, ano de 2008. 63 Entretanto, esse método era voltado mais para o ser biológico do que para o social, destacando que a concepção educacional é de crescimento e desenvolvimento, mais que de ajustamento ou integração social, considerando que a vida é desenvolvimento, Montessori achava que à educação cabia favorecer esse desenvolvimento. E a liberdade, como condição de expansão da vida, constituía-se num princípio básico. Essa concepção influenciava a organização do ambiente escolar; sem carteiras presas e sem prêmios e castigos; a criança deveria manifestar-se espontaneamente; o bem não poderia ser concebido como ficar imóvel, nem o mal como ficar ativo. A atividade e a individualidade formavam, juntamente com a liberdade, os princípios básicos do sistema Montessori. Pestalozzi contribuiu imensamente assim como Rousseau, concebia a educação como processo que deve seguir a natureza e os princípios da liberdade, da bondade inata do ser e da personalidade individual da criança, e a concebia como organismo que se desenvolve de acordo com leis definidas e ordenadas, contendo em si todas as capacidades da natureza humana (Pestalozzi, 1946). Defendeu uma educação não repressiva na qual se baseava no cultivo do sentimento, da mente e do caráter. Portanto, Pestalozzi formulou seu método de ensino partindo do conhecido ao desconhecido; do concreto ao abstrato; do particular ao geral; da visão intuitiva à compreensão geral, a base desse método foi a percepção sensorial. ―A intuição da natureza é o único fundamento próprio e verdadeiro da instrução humana, porque é o único alicerce do conhecimento humano‖. Esse método constituiu grande ferramenta para trabalhar com as pessoas com deficiência, que se encontravam segregadas (Pestalozzi, 1946, p. 63). A Psicóloga e educadora russa, Helena Antipoff, veio para o Brasil em 1929 a convite do governo do Estado de Minas Gerais, para participar da implantação da reforma de ensino conhecida como Reforma Francisco Campos - Mário Casasanta. Na opinião de Édouard Claparède, o estudo da psicologia é que permitiria conhecer a matéria-prima da educação, isto é, o estudante. E foi justamente Helena Antipoff, aluna e assistente de Claparède no Instituto Jean-Jacques Rousseau, em Genebra, que veio a ser convidada a implantar o Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento, e a iniciar o estudo e a pesquisa em psicologia da educação no âmbito da Reforma. 64 Em seu trabalho com crianças, passaria a separá-las em classes homogêneas a fim de receberem uma educação orientada por seus interesses individuais, para o melhor desenvolvimento de suas capacidades. A realização dessa atividade permitiu que a estudiosa se deparasse, pela primeira vez no Brasil, com a causa das crianças excepcionais (Lourenço, 2000, p. 04). Amplamente reconhecida pela ação informada e socialmente relevante nas áreas da educação fundamental, especial, rural ou comunitária. Essa ação se concretizou em obras duradouras, como as Sociedades Pestalozzi, hoje disseminadas por todo o país, dedicadas à educação de indivíduos excepcionais e em contribuições consistentes e criativas para a organização do estudo e da pesquisa em psicologia experimental e em psicologia da educação no Brasil (Lourenço, 2000, p. 04). Já o movimento apaeano teve início no Brasil em 1954, quando um grupo de pioneiros fundou na cidade do Rio de Janeiro a primeira Associação Pais Amigos dos Excepcionais (APAE) do Brasil, acreditando na importância da educabilidade dos indivíduos, com necessidades educativas especiais. Seguindo as idéias de Mrs. Beatrice Bermi (membro do corpo diplomático), pela primeira vez em no Brasil, pensou-se na possibilidade de associar interesses familiares às intenções profissionais em uma associação que se mantém, até os dias de hoje com a proposta de defender os direitos de pessoas com necessidades especiais com qualquer deficiência, seja ela qual for, instalada em qualquer cidadão, independente do credo, raça, nacionalidade ou nível social (Mensagem da APAE, 1995). Em Goiás, o atendimento da educação especial antecedeu as normatizações do Governo Federal. Em 1953, por meio da Lei nº 926 criou-se o Instituto Pestalozzi de Goiânia (que só foi inaugurado em 1955), para atender aos alunos com deficiência. E o mesmo permaneceu como a única instituição pública a oferecer serviços às pessoas com deficiência até meados da década de 1970. A Associação Pais Amigos dos Excepcionais (APAE) expandiu-se para o Estado de Goiás na década de 1960, atende cerca de 400 usuários com deficiência mental, associada ou não a outras deficiências, nas áreas de prevenção, saúde, educação, assistência social, preparação, qualificação e encaminhamento para o mercado de trabalho (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 06). 65 Foi criada em Goiás em 1973 a Seção de Ensino Especial, vinculada ao Departamento de Ensino Supletivo da Secretaria Estadual de Educação, que em 1976 passou a funcionar como Divisão de Ensino Especial na Unidade de Ensino de Primeiro Grau. (Makhoul, 2007). Conforme essa autora4, logo em seguida, criou-se classes especiais no ensino regular, visando à "integração" das pessoas com deficiência. Vale ressaltar, que nesse atendimento aos educandos com deficiência, estes deveriam se adaptar às escolas de ensino regular, isto é, a responsabilidade tanto pelo fracasso como o sucesso era apenas do educando. Inúmeras escolas regulares de todo o Estado passaram a oferecer esse tipo de atendimento aos educandos com deficiência. Até o ano de 1982, esta estrutura do Ensino Especial permaneceu, quando foi criada, por meio da portaria n° 1.674, a Unidade de Ensino Especial (UEE), vinculada à Superintendência de Assuntos Educacionais da Secretaria Estadual de Educação (SEE). Nesta ocasião, aumentou muito o número de classes especiais no ensino regular, abrangendo vários municípios e iniciou a sistematização do atendimento precoce, da pré-escola, do primeiro, segundo e terceiro graus, bem como, a profissionalização de alunos em todas as áreas de deficiência. Deu-se o início, também ao atendimento à pessoa superdotada. Tudo isso com a intenção de se adotar um modelo educacional em detrimento do modelo clínico 5 de até então (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 07). A Unidade de Ensino Especial (1987) foi extinta e por meio da Lei nº 10.160 de nove de abril do mesmo ano, foi criada a Superintendência de Ensino Especial (SUPEE), vinculada diretamente à Secretaria Estadual de Educação com a finalidade de direcionar o Ensino Especial em todo o Estado com competência para elaborar, planejar, coordenar, supervisionar, assessorar e executar os programas de Educação Especial em todos os níveis de ensino se estruturando organizacionalmente. (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 07). 4 Este tópico contém a síntese de um capítulo da Dissertação de Mestrado de Carmem Susana Makhoul, sob o título Educação Física e inclusão em escolas estaduais de Goiás. 5 Sob o enfoque do modelo clínico, a deficiência era entendida como doença e o atendimento destinado às pessoas com deficiência, mesmo na área educacional, era realizado pelo viés terapêutico. O trabalho enfatizava, prioritariamente, terapias na área da fisioterapia, fonoaudióloga, psicologia etc., em detrimento de ênfase nas atividades escolares ou acadêmicas. 66 O primeiro vínculo da educação especial com a SEE foi por meio da SUPEE. Com uma maior autonomia financeira e administrativa, a Superintendência expandiu seu atendimento com a abertura de novas escolas especiais na rede estadual, classes especiais, salas de recursos e de apoio. Porém não se alterou muito entre os anos de 1987 e 1998. Os seus atendimentos continuaram tendo um caráter segregador apesar de terem funcionado no ensino regular (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 08). Antes de 1999, em Goiás em relação ao ponto em que se encontrava a questão da educação de pessoas com deficiência houve várias mudanças e as principais foram: 1) Desenvolvimento da inclusão onde quer que a educação inclusiva tenha chegado, desde escolas, famílias, alunos com e alunos sem deficiência e profissionais em geral, até autoridades, estudantes universitários e outras pessoas; 2) Mudança arquitetônica nas escolas e nos espaços urbanos; 3) Mudança nas metodologias, nos instrumentais, nas formas de comunicação (convencional, Braille, LIBRAS, computador etc.) e nas políticas e leis; 4) Mudança no enfoque dado pela mídia goiana aos assuntos pertinentes á diversidade humana, às deficiências e à inclusão escolar. Em 1999, o documento preliminar foi apresentado em um importante evento no campo educacional voltado a alunos com deficiência. Com o nome de Fórum Estadual de Educação de Goiás, o evento aconteceu em Goiânia por iniciativa da então Fundação da Criança, do Adolescente e da Integração do Deficiente (FUNCAD) em parceria com a Universidade Católica de Goiás, atualmente (PUCGOIÁS), a Secretaria de Educação de Goiânia dentre outros. No fórum foi exaustivamente discutido pelo público o documento preliminar "Uma Nova Proposta Educacional com Base nos Princípios da Inclusão" (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 13). 67 Se deu no ano de 2000 o começo das consultorias de áreas específicas que ofereceram para os professores das escolas em processo de inclusão, técnicos da SUEE, multiplicadores do SAI e coordenadores pedagógicos os seguintes cursos: Curso de Braille (Grau I), Curso de Soroban, Curso de Libras (Nível I, II, III e IV), Avaliação e Adaptação Curricular, Construindo uma Proposta Pedagógica para Alunos com Deficiência Mental, Trabalhando a Diversidade - alunos mais capazes, Teorias e Práticas Pedagógicas para a Diversidade (Goiás/SEE/SUEE, 2010, p. 14). O censo demográfico de 2003, apresentou a efetivação de apenas 500 mil matrículas de alunos com necessidades especiais (deficientes), no universo de 55 milhões de matrículas na educação básica, caracterizando um percentual aquém da demanda, uma vez que o Censo de 2000 estimou que havia 4,3% de crianças e jovens com deficiência, na faixa etária de 0 a 17 anos no Brasil. (Ferreira, 2006). Já o censo escolar de 2010, registra avanços desde então, principalmente no número de matrículas de alunos com necessidades especiais, sendo que a Política de Educação Especial adotada pelo Ministério da Educação estabelece que a educação inclusiva seja prioridade. Contudo, a Política trouxe consigo mudanças a fim de permitir a oferta de vagas na educação básica, valorizando as diferenças e atendendo às necessidades educacionais de cada aluno, a fim de fundamentar a educação especial na perspectiva da integração. Se em 2009, havia 639.718 matrículas nesta modalidade de ensino, em 2010 contabilizou-se 702.603, caracterizando um aumento de 10%. (BRASIL, INEP, 2010). Comparando os anos de 2007 a 2010 ao número de matrículas nas escolas públicas, esse censo demonstrou que 62,7% do total de matrículas da educação especial estavam nas escolas públicas de 37,3% nas escolas privadas. Em 2010, estes números alcançaram 75,8% nas públicas e 24,2% nas escolas privadas. (BRASIL, INEP, 2010). Com respaldo de mecanismos legais, nos tratados, nas convenções, simpósios, congressos, encontros de âmbito internacional, nacional, regional e local, e seguindo os princípios sócio-interacionistas, a Superintendência de Ensino Especial (SUEE) propôs a reformulação da Política de Educação Especial em Goiás, ao adotar a filosofia da educação inclusiva, voltada não só para os alunos da 68 educação especial, sem distinção, buscando contribuir de maneira significativa para a melhoria da qualidade do ensino no Estado (SEE/SUEE, 1999). Sendo assim, como resultado dos estudos acerca da realidade do Ensino Especial em Goiás e da documentação nacional e internacional que apontam para a direção de um sistema educacional centrado na diversidade humana, o Governo do Estado de Goiás por meio da Secretaria Estadual de Educação SEE/SUEE lança o Programa de Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva (Peedi) em outubro do ano de 2000. 2.4 O Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa perspectiva inclusiva Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva (Peedi) – Programa lançado pelo Governo do Estado de Goiás por meio da Secretaria da Educação/Superintendência de Ensino Especial em outubro de 2000 que objetiva implantar em Goiás uma política educacional inclusiva que considere as potencialidades individuais inerentes ao ser humano, envolvendo uma reformulação nos projetos político-pedagógicos das escolas, nas estruturas físicas, na formação continuada de recursos humanos, atendendo às necessidades resultantes da diversidade das pessoas, de forma que haja uma educação solidária, ética, democrática, inovadora, com equidade e qualidade para todos. O Peedi ainda tem como objetivos: implantar unidades escolares inclusivas, instituir Centros de Atendimento Educacional Especializado, projeto RE-Fazer que atende os alunos autistas, bem como, projetos de formação continuada aos profissionais da Rede de Apoio a Inclusão e desenvolver parcerias e interfaces com Instituições afins e comunidade em geral (Goiás/SEE/SUEE, 2010 p.16). O Programa de Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva (Peedi) elenca como objetivos específicos: implantar unidades inclusivas, instituir unidades de referência, implantar projetos de atendimento educacional hospitalar, implantar e/ou racionalizar projetos metodológicos e recursos especiais e por último, desenvolver parceria e interfaces. O referencial teórico para o alcance desses 69 objetivos é a obra de Vygotsky, porque para este autor, a construção da aprendizagem não se dá individualmente, mas através das relações interpessoais, como pode se constatar no trecho seguinte: A construção das funções psíquicas apresenta-se vinculada à apropriação da cultura humana, através das relações interpessoais. Segundo Vygotsky (1989), esta noção pode ser transposta para a realidade específica de sala de aula. Para esse teórico, a educação formal é, por excelência, a modalidade de educação responsável pelo desenvolvimento dos processos psíquicos superiores, no sentido em que os processos evolutivos da cognição são uma consequência do conteúdo internalizado através das relações que ocorrem ao longo do processo educativo. (Vygotsky, 1989, p. 04). O Programa apresenta como objetivo geral: Implantar em Goiás uma política educacional inclusiva que leve em conta as potencialidades individuais inerentes ao ser humano, envolvendo uma reformulação nos projetos político-pedagógicos das escolas, nas estruturas físicas, na capacitação de recursos humanos, atendendo às necessidades resultantes da diversidade das pessoas, de forma que haja uma educação solidária, ética, democrática, inovadora, com equidade e qualidade para todos. (GOIÁS/SEE/SUEE, 1999, p. 15). Com vistas à realização de seus objetivos, a SEE/SUEE lança os dez (projetos que compõem o Peedi, a saber: Projeto Hoje, Projeto Caminhar Juntos, Projeto Prevenir, Projeto Comunicação, Projeto Depende de Nós, Projeto Despertar, Projeto Espaço Criativo, Projeto Re-Fazer, Projeto Unidades de Referência e Projeto Escola Inclusiva. Projeto Hoje O Projeto apresenta uma proposta de atendimento educacional hospitalar destinado às crianças, jovens ou adultos que estejam em situação de internado ou albergado para tratamento de saúde com assistência médica diária ou periódica. Projeto Caminhar Juntos 70 Tem como objetivo geral estabelecer parceria entre a SEE/SUEE e as Secretarias Municipais de Educação (SMEs) para cooperação em capacitação de recursos humanos, definição de estratégias, orientações e diretrizes para disseminação da política de educação inclusiva, assegurando a todos a igualdade de condições para o acesso, a permanência e o sucesso na escola. Projeto Prevenir Propõe viabilizar parcerias entre unidades escolares e organizações governamentais e não-governamentais, sobretudo com as relacionadas à saúde, para a realização do trabalho de prevenção e detecção de deficiências. Projeto Comunicação Tem como objetivo geral possibilitar aos alunos com necessidades comunicativas diferenciadas sua inclusão na rede regular de ensino do Estado de Goiás, conforme as diretrizes do Peedi, garantindo acessibilidade aos conteúdos curriculares mediante a utilização, valorização e divulgação da Língua de Sinais e demais recursos comunicacionais necessários. Projeto Depende de Nós O Projeto busca a aproximação entre a família e a escola com um envolvimento sistematizado que possibilitará a corresponsabilidade entre estes dois importantes elementos envolvidos no processo ensino- aprendizagem formal. Tem como objetivo geral efetivar a parceria escolafamília para a realização de um trabalho conjunto. Projeto Despertar Visa contribuir para uma mudança na prática pedagógica em relação ao atendimento do aluno superdotado, o que resulta em uma mobilização da escola como um todo, os espaços, os pensamentos, as atitudes e os recursos materiais. Projeto Espaço Criativo 71 Visa utilizar as várias linguagens artísticas como ferramentas de aprendizagem, bem como caminhos para o desenvolvimento cognitivo dos educandos, contribuindo para uma educação de qualidade. Projeto Re-fazer Tem como objetivo geral estruturar, implantar, acompanhar e avaliar o atendimento de pessoas com autismo e outros atrasos do desenvolvimento, visando sua inclusão na rede regular de ensino ou no sistema educacional. Unidades de Referência O projeto se desenvolve para atender os alunos que apresentam comprometimentos acentuados, em resposta aos quais as escolas regulares não dispõem de métodos e técnicas específicos e adequados. Trata-se de uma reorganização das escolas especiais, para atender esses alunos, voltando-se essencialmente para as ações de cunho educacional. Projeto Escola Inclusiva Apresenta como fundamentado em objetivo geral, princípios que desenvolver atendam um a novo diversidade paradigma humana, ressignificando os processos educacionais, ampliando todas as possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento dos educandos, com e sem deficiência. Com a implantação gradativa a Superintendência de Ensino Especial (SUEE) do Projeto Escola Inclusiva em Goiás, teve sua base em ações de sensibilização e conscientização, capacitação continuada, orientação às Subsecretarias Regionais de Ensino (SRE) e Unidades Escolares a respeito da legislação referente à inclusão educacional, elaboração de um instrumento diferenciado, e avaliação para os casos de alunos com deficiência mental (Plano Individualizado de Educação - PIE), orientações às Subsecretarias acerca das adequações curriculares, viabilização de recursos didáticos pedagógicos e equipamentos específicos (Libras, soroban, ajudas técnicas, orientação e mobilidade, Educação Física Adaptada e outros), remoção de barreiras arquitetônicas e atitudinais, assessorias às Unidades Escolares e às SREs (que contavam com um Coordenador Regional de Apoio à Inclusão) por parte dos 72 técnicos da SUEE e do Setor de Apoio à Inclusão (psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, intérprete de Libras, instrutor de Libras, pedagogo e professor de português para surdos). (GOIÁS/SEDUC/SUEE, 2010, p. 18). Conforme o PEEDI, as escolas inclusivas são: Espaços didáticos recreativos e informacionais e se destinam a promover o desenvolvimento humano em seus diversos níveis e modalidades, tendo o ser humano como fim e a diversidade humana como meio. (Goiás/SEE/SUEE, 1999, p. 15-16). E ainda, em conformidade com o Projeto, as escolas inclusivas Serão norteadas por uma filosofia de aceitação das diferenças individuais, o que exige a reformulação do projeto político-pedagógico da escola segundo os princípios de uma educação inclusiva, contando com currículos amplos e flexíveis, colocando serviços de apoio à disposição dos professores, organizando a reflexão do trabalho em equipe e adotando critérios e procedimentos flexíveis de avaliação. [...] Os profissionais desta escola deverão repensar suas práticas pedagógicas, ressignificar seus conhecimentos e, sobretudo aceitar as diferenças individuais inerentes aos seres humanos como uma oportunidade de aprendizado mútuo, aplicando conhecimento à medida que são solicitados pelos educandos. (ibidem). Portanto, o Estado de Goiás começa adotando o paradigma da inclusão, que consiste no processo de adequação da realidade das escolas á realidade do alunado que, por sua vez, deve representar toda a diversidade humana. As escolas passariam a ser chamadas inclusivas no momento em que decidem aprender com os alunos o que deve ser eliminado, modificado, substituído ou acrescentado nas seis dimensões de acessibilidade (arquitetônica, atitudinal, comunicacional, metodológica, instrumental e programática), a fim de que cada aluno pudesse aprender pelo seu estilo de aprendizagem e com o uso de todas as suas inteligências, ou seja, como pessoa por inteiro. A Resolução CNE/CEB nº 2, de 11/9/01, que se configura como um avanço na direção da inclusão e estabelece no artigo 2° que, 73 Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. A educação numa democracia é o principal meio de instrumentalização do indivíduo para o exercício de suas funções na sociedade. Logo, é de vital importância que as diretrizes norteadoras da política nacional de educação contemplem todos os alunos, sem exceção. 74 CAPÍTULO III A PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL E AS (NOVAS) DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS A política educacional são resistência da questão social, uma vez que são desencadeadas em interesses antagônicos, por lutas da classe trabalhadora para garantir seus direitos e impondo desafios aos sujeitos que participam de seu planejamento, da implementação, da execução e apresenta demandas ao Serviço Social. Serviço Social, como uma profissão inserida na divisão social do trabalho tem a atribuição e a competência de investigar, conhecer, analisar e intervir na realidade social, combatendo qualquer forma de discriminação e lutando pela justiça, equidade social e autonomia das pessoas, respeitando sua especificidade e plural idade; conforme está previsto na lei de Regulamentação da Profissão nº 8.662/93 e no Código de Ética Profissional aprovado em 1993. As condições de trabalho dos assistentes sociais são profundamente violadas pelas determinações da precarização do trabalho e sua autonomia sócioprofissional, limitada quanto ao seu direcionamento ético-político, seja pelo crescente domínio de uma tecnologia propiciada pelas condições de desenvolvimento da sociabilidade burguesa e pela generalizada burocratização da vida social (Netto, 1992, p.81), seja pela redução e cortes orçamentários no atendimento às demandas apresentadas na relação com os sujeitos do exercício profissional. Segundo Piana (2007, p. 125) a educação não é um campo de trabalho novo para o Serviço Social, porém, houve um crescente interesse dos assistentes sociais, devido seu aspecto teórico-metodológico e no aspecto interventivo, sobretudo na esfera pública, por meio de muitas contratações desse profissional para integrar a equipe profissional da educação nas escolas. 75 Com reconhecimento fundamental e assumindo espaço únicos no processo da implementação e execução da política educacional. O Serviço Social consiste em ―identificar e propor alternativas de enfrentamento aos fatores sociais, políticos, econômicos e culturais que interferem no sistema educacional, de forma a cooperar com a efetivação da educação como um direito para a conquista da cidadania‖ Piana (2007, p. 125 e 126). Na década de 1990, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia, a escola passa a ser reconhecida como espaço plural que comporta as diversidades presentes na sociedade. A instituição escolar passa assumir o compromisso, não só com a educação e a formação do estudante para o trabalho, mas, a partir da década de 1990, como também a responsabilidade com a promoção da equidade social, superação da exclusão mediante o redimensionamento da educação para que esta venha contribuir com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária (Machado, et ali 2007, p. 2). No II Fórum Mundial de Educação, realizado em Porto Alegre (RS), em janeiro de 2003, discutiu e defendeu a educação pública, como direito social inalienável de todos os homens e mulheres de nosso Planeta. Reafirmando o I Fórum Mundial de Educação, e inovando com algumas temáticas dentre elas a resistência a todo o tipo de discriminação e a defesa da liberdade, da igualdade e do respeito às diferenças em todos os campos da vida humana, mormente no da educação (Sguissardi, 2003 p. 321). O autor Sguissardi (2003 p. 321) diz que o Fórum Mundial da Educação é um espaço aberto de encontro das entidades e movimentos da sociedade civil. O II Fórum Mundial de Educação resultou na Declaração de Porto Alegre que visa reunir os compromissos e propostas do evento com os fundamentos, princípios e diretrizes do I Fórum Mundial de Educação, reafirmando as proposta de elaboração de uma Proposta Mundial de Educação: VIII – Ofertar educação especial, de modo a garantir, aos portadores de necessidades especiais e em situação de risco, a prioridade de atendimento. 76 Com este novo compromisso, surge à necessidade de trabalhar as expressões da questão social, tais como: discriminação, fracasso escolar, evasão escolar, precarização do aprendizado, dependência química, violência, gravidez na adolescência, desemprego, falta de acesso às políticas públicas, abandono, negligência, perda do senso de pertencimento e outras. Contudo, destacamos a necessidade da inserção do profissional do Serviço Social, em parceria com os educandos, famílias, gestores, professores, todo o quadro funcional, enfim, toda comunidade escolar, no propósito de fortalecer as políticas sociais, por considerá-Ias de fundamental importância no alcance dos direitos sociais e exercício da cidadania. 3.1 O Serviço Social na política educacional Nos municípios do Brasil, por vários trabalhos isolados tentaram a atuação da profissão do serviço social, nesta política social pública e privada, sem muitos avanços, contudo uma história teve que ser escrita novamente, com apelos de organização da categoria na elaboração de leis que garantam efetivamente a atuação do Serviço Social na política educacional brasileira (Piana 2007, p. 123). Nos Estados Unidos no ano de 1906 teve o início do Serviço Social articulado com as escolas para averiguar a evasão escolar, adaptação, dentre outros e em paralelo na Europa atendia a crianças abandonadas ou órfãs, mães solteiras, colocação em lares substitutos ou para adoção e serviços em instituições fechadas. Enfim, o trabalho do Serviço Social Escolar integrava a equipe multidisciplinar juntamente com psicólogos e professores. Com o objetivo de atender aos educandos com problemas de aprendizagem e com tendência do Serviço Social era atender às dificuldades de caráter individual e familiar, configurados como problemas sociais, apresentados no espaço escolar (Vieira, B., 1977, p.67). No âmbito da América Latina, buscava a relação da escola com a comunidade por meio da família dos alunos. O Serviço Social, não privilegiava a área da educação como campo de trabalho, sua história aponta para os ―congressos internacionais e nacionais que estudavam a profissão em sua aplicação na 77 sociedade para resolver os problemas apresentados dentro de determinado campo‖ (Vieira, B., 1977, p. 66). Nos estudos do autor Amaro (1997, p. 51) no Brasil há relatos históricos de que os estados de Pernambuco e Rio Grande do Sul no ano de 1946 foram pioneiros no debate e no início do trabalho acerca do Serviço Social Escolar. Os assistentes sociais eram requisitados a intervir em situações escolares consideradas desvio, defeito ou anormalidade social. Em 1957, na cidade de Porto Alegre ocorreu um seminário com o tema: ―Educação para Adultos e Desenvolvimento de Comunidade‖, realizado pela Conferência Internacional de Serviço Social (CISS) e a União Católica Internacional de Serviço Social (UCISS), com reflexões sobre a intervenção no campo educacional seguia a lógica desenvolvimentista voltada à preparação social dos indivíduos (Vieira, B., 1977, p.178). Na década de 1970, o Serviço Social teve uma vinculação ideológica por subordinação ou opção ao projeto político do Estado legitimando a ordem vigente. Somente na década de 1980 verticalizou a intervenção no campo educacional devido o Movimento de Reconceituação fundamentado nos desdobramentos críticos da identidade profissional e no rompimento com um Serviço Social conservador e tradicional (Piana 2007, p. 125). Com o Projeto de Lei Federal nº 837/03 que tramita no Congresso Nacional, ratifica sobre a prestação de serviços de Psicologia e de Serviço Social nas escolas públicas de educação básica, assim afirma no artigo 1º que ―o poder público deverá assegurar atendimento por psicólogos e assistentes sociais a alunos das escolas públicas de educação básica que dele necessitarem‖. Referindo a um universo mais amplo de unidades de ensino, da criança ao jovem, de não se limita à perspectiva do Serviço Social Escolar no ensino fundamental e em seu artigo 2º dispõe que, expressa Os sistemas de ensino, em articulação com os sistemas públicos de saúde e de assistência social, deverão prever a atuação de psicólogos e assistentes sociais nos estabelecimentos públicos de educação básica ou o atendimento preferencial nos serviços de saúde e assistência social a alunos das escolas públicas de educação básica. 78 Diante do exposto, o Serviço Social expressa uma ação complementar nas áreas citadas. No entanto, a viabilização na área da saúde favorece o desenvolvimento dos educandos no processo de aprendizagem, mas os encaminhamentos e orientações dos profissionais da educação são primordiais para o um resultado positivo. Para verticalizar as relações entre Estado e Educação e a inserção do profissional de Serviço Social nessa política pressupõe visualizar uma dinâmica complexa de avanços e retrocessos. Para compreensão desta temática vamos expor um marco teórico-conceitual para estabelecer uma reflexão sobre as relações entre Estado, sociedade civil, frente ao sistema educacional. Para Gramsci (1973, p. 244) o ―Estado é todo complexo de atividades políticas e teóricas com as quais a classe dominante não somente justifica e conserva a sua dominação, mas manobra para conquistar o consentimento ativo daqueles que estão subjugados às suas regras‖. Nos estudos de Gramsci (Gramsci, 2000a) sociedade civil e sociedade política situam-se na superestrutura, a primeira é entendida como o conjunto dos organismos privados. É no espaço da sociedade civil que o Estado busca exercer o consenso, por meio de sua função hegemônica, isto é, pelo convencimento e, quando ele não vence pelo consenso, o Estado utiliza de outros aparelhos, no caso, os coercitivos. O autor entende que o Estado deve ser concebido também como ―educador‖, com a tarefa educativa ―quando mais extensa for a ―área‖ escolar e quanto mais numerosos forem os ―graus verticais‖ da escola, tão mais complexo será o mundo cultural, a civilização de um determinado Estado‖ Gramsci (2000 b, p.19). Gramsci afirma que a ―educação deve ser conduzida, além do conhecimento das ciências e das técnicas produtivas, para fornecer as condições necessárias à reflexão crítica do indivíduo quanto ás forças sociais que o cercam‖. Nesta perspectiva, a educação atinge seu auge, posto que sua função seja instrumentalizar o indivíduo para o exercício da cidadania, capacitando-o para compreende-se como participe dos fenômenos sociais e com poder de deliberar sobre os mesmos. A educação, como política social pública é um espaço contraditório de lutas de classes e por isto, dinâmico, histórico, mutável e universal, que se altera na 79 sociedade para a sociedade, de grupo social, para outro, sempre tensionada pela conjuntura. Como componente do direito social é ―um processo social, vivenciado no âmbito da sociedade civil e protagonizado por diversos sujeitos sociais, como uma área estratégica de atuação do Estado‖ (Martins, 2007, p. 21). Nesta luta pela educação constitui-se em uma das respostas às várias expressões da questão social, cujo objetivo é o atendimento de demandas sociais e sua legitimação como direito social. Nesse sentido, A política de educação e, principalmente, as instituições escolares, são espaços contraditórios de embates entre as diferentes concepções de mundo existente na sociedade, pois é um campo de disputas de diferentes grupos sociais pela direção e difusão da cultura (Martins, 2007, p. 22). O Projeto de Lei Federal nº 1995/76, é a reapresentação do projeto anterior (nº 2006/74), feito para ter uma marca ideológica dos tempos da ditadura à intervenção que se desejava produzir com a inserção dos assistentes sociais nas escolas. O Projeto de Lei Federal nº 2349/96 estabelece a importância dos profissionais assistentes sociais em todas as instituições prestadoras de serviço à população, em seu artigo 1º onde diz que, Todas as instituições ou empresas urbanas e rurais que atuam na produção, prestação de serviços, assistência social, planejamento, previdência, habitação, educação, saúde e ação comunitária, devem contratar e manter em seus quadros o Assistente Social. Com a transição da política de assistência social no Brasil de compensatória para política pública de valorização e atendimento adequado aos usuários, justificase então este projeto. O Projeto de Lei Federal nº 3689/00 limita a atuação do profissional de Serviço Social aos problemas de evasão e de repetência escolar. Responsabiliza as famílias pelos problemas de ―desajustes comportamentais dos estudantes‖, ratifica o 80 assistente social o foco de trabalho, a fim de apoiá-las na superação das dificuldades. Segundo Almeida (2004, p. 38), a família hoje tem sido atacada de todas as contradições e conflitos do sistema vigente, isto é, A partir da hegemonia do pensamento neoliberal no âmbito do Estado, os programas sociais dirigidos à família tendem a transferir para elas uma série de responsabilidades das quais o Estado tem se isentado, ou seja, se retira da esfera pública e do campo do reconhecimento dos direitos sociais uma série de cuidados e os desloca para a esfera privada, para o campo da dinâmica familiar. Assim, todo o processo de mudanças sofrido pela família ao longo das últimas duas décadas, tem sido acompanhado de ações públicas que combinam de forma desigual uma variedade de estratégias de amenização de algumas de suas necessidades com o aumento das suas responsabilidades do ponto de vista legal e das expectativas sociais quanto ao seu papel. Em Minas Gerais com o Projeto de Lei nº 1297/03, foi aprovado em 2005, institui, ainda que de forma operacional e limitada, a presença do Serviço Social na rede pública de ensino do estado, voltado ao atendimento às comunidades escolares e a serem desenvolvidas de forma integrada às demais políticas. Já no Estado do Ceará criou o Serviço Social Escolar nas escolas públicas do Estado com o Projeto de Lei nº 161/05, objetivando prestar assistência social aos alunos e a seus familiares. O Projeto de Lei nº 2514/98 do Rio de Janeiro, propõe uma atuação investigativa da profissão do serviço social no que diz respeito aos problemas que atingem o jovem em seu processo educacional e suas famílias, onde em seus artigos 4° e 5° na Lei Federal 8.662/93 que dispõe das atribuições previstas sobre a profissão de Assistente Social que compreendem desde a pesquisa socioeconômica e familiar, elaboração de programas em atendimentos aos problemas e sua justificativa e pela necessidade de conhecer os problemas que atingem o desempenho do aluno na escola, diagnosticar as causa e atuar de forma preventiva e curativa. Mesmo com a ausência de legislações que legitimem a intervenção do Serviço Social na Educação, e sem registros oficiais o Estado de São Paulo faz parte desta luta. 81 Desde a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9394/96. Quando substituiu o primeiro projeto de 1994, da LDBEN, discutido e negociado com muitas entidades e os movimentos sociais do campo educacional, por outro projeto do Ministério da Educação (MEC), articulado às diretrizes do Banco Mundial. E desde então, o MEC tem imposto várias reformas educacionais sem o diálogo e a participação da sociedade civil organizada e de profissionais do campo educacional. Reafirma Almeida (2000 a, p.161) quando expõe que, A política desenvolvida pelo MEC nos últimos anos foi orientada, sobretudo pela necessidade de elevar o nível de escolaridade mínima da mão de obra no País e de empreender reformas no sentido de garantir sua integral adequação às novas exigências da esfera da produção e da cultura sem grandes investimentos, visto que deveria ser também funcional ao processo de ajuste fiscal imposto pela nova ordem econômica mundial. Nesse sentido salientamos que, A LDB contém um arcabouço geral de organização e orientação da política educacional referenciado pelas principais balizas do Estado neoliberal: a reforma administrativa e gerencial do Estado; a flexibilização das legislações exigida pela flexibilização da produção no mundo do trabalho; a substituição da lógica do pleno emprego pela da empregabilidade; a valorização ideológica da supremacia do mercado e da individualidade. A categoria profissional Serviço Social ao longo dos anos busca a interface com outras políticas sociais previstas em leis, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/90 e a Lei Orgânica de Assistência Social, Lei nº 8742/93 e para ampliar as estratégias no campo da educação nesse novo milênio. A aproximação do Serviço Social com a educação, por muitos anos, esteve baseada ora ao campo de formação profissional, ora à dimensão educativa do trabalho de assistentes sociais. Ao delinear este processo, o autor Almeida ressalta que, 82 As razões não são desconhecidas: uma franca alteração no perfil do mercado de trabalho, no que tange à efetiva atuação dos assistentes sociais no âmbito dos estabelecimentos e da política educacional ao longo dos anos 1970 e parte dos 1980, a afirmação do debate e das práticas sobre educação popular que se estenderam para além dos muros institucionais, além do reconhecido avanço teórico e político que as abordagens sobre a formação dos assistentes sociais ganharam no final deste século, particularmente face à atuação da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social - Abepss. (Almeida, 2000 a, p. 19-20). A realidade amplia-se, pelos avanços teóricos de discussão da profissão em torno das políticas sociais como campo privilegiado da ação profissional e pela articulação política da categoria com movimentos sociais para a construção de um novo projeto societário pela conquista da cidadania (Almeida 2000 a, p.20). O profissional de Serviço Social não se restringe à escola, mas vem passando por um processo de reconhecimento da profissão com seu trabalho fundamental nas secretarias de educação municipal e estadual mediante o assessoramento na elaboração da política educacional. E, como exemplo, tem-se o Projeto ―Político Instrumental‖, desenvolvido pelo Serviço Social na Secretaria de Estado da Educação e Superintendência do Ensino Especial no estado de Goiás, de assessoria e consultoria para a educação especial (Piana 2007, p. 151). Com esta inserção no campo da educação, tem-se uma atuação promissora, pois é possível refletir a natureza política e profissional da função social da profissão em relação às estratégias de luta pela conquista da cidadania por meio da defesa dos direitos. O autor Almeida em seus estudos diz que, A política educacional aparece no cenário das preocupações profissionais hoje de uma forma diferenciada da que tínhamos há alguns anos. Não se trata mais de uma aproximação saudosista quanto ao campo de atuação profissional que minguou com tempo, mas de um interesse ancorado na leitura do papel estratégico que esta política desempenha do ponto de vista econômico, cultural e social. As mudanças ocorridas ao longo das últimas três décadas do século XX no mundo de produção capitalista forma decisiva para um conjunto diversificado de requisições ao campo educacional. (Almeida, 2004, p. 03). É necessário que os profissionais de Serviço Social, juntamente com suas entidades representativas, Conselhos Federal (CFESS) e Regional (CRESS) de Serviço Social, priorizem movimentos e organizações temáticas para conhecer todos 83 os seus profissionais no campo da educação. Como é feito na cidade de Goiânia, pelo CRESS com o GT Educação e, assim, estabelecer um plano estratégico para romper com ações e práticas profissionais isoladas. Em suma, mediante essas reflexões, cabe ao assistente social a tarefa de traçar objetivos e finalidades de sua ação de forma crítica e consequente, por meios das determinações gerais e particulares de seu campo profissional. É fundamental que tenha como parâmetro da ação profissional em suas diferentes dimensões, o Projeto Ético-Político-Profissional (Piana 2007, p. 156). 3.2 O Papel da Família no Movimento pela Inclusão O papel da família é primordial no sentido de serem parceiros vitais ao processo de inclusão (social/escolar) da pessoa com deficiência. O movimento mundial pela educação inclusiva ―é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação‖. (Santos a, 1999, p. 75). A Declaração de Salamanca (1994) clarifica no que se refere à família e o movimento pela inclusão. Ela possui quatro artigos 59°, 60°, 61° e 62° especificamente relativos à "interação com os pais", dentre outros que indiretamente implicam uma parceria com a instituição familiar no processo de integração/inclusão das pessoas com deficiência. Em especial vamos dar ênfase nos artigos 60 e 61 que ratificam, Os pais são os principais associados no tocante às necessidades educativas especiais de seus filhos, e a eles deveria competir, na medida do possível, a escolha do tipo de educação que desejam seja dada a seus filhos. (Declaração de Salamanca, art. 60, pág. 43) A declaração salienta a importância das relações pais e administração, 84 Deverão ser estreitadas as relações de cooperação e apoio entre administradores das escolas, professores e pais, fazendo que estes últimos participem na tomada de decisões, em atividades educativas no lar e na escola (onde poderiam assistir a demonstrações técnicas eficazes e receber instruções sobre como organizar atividades extra-escolares) e na supervisão e no apoio da aprendizagem de seus filhos. (Declaração de Salamanca, art. 61. pág. 43). O autor Santos (1999 a, p. 76) diz que a ―família deve ser vista e tratada como um parceiro a mais no processo de quebra das barreiras que impedem a participação e a inclusão social de seus membros, por quaisquer motivos que sejam‖. O que não deve acontecer e a ausência da responsabilidade do Estado, ou seja, tanto a família como o Estado têm suas responsabilidades conjuntas. No Brasil, as Organizações Não Governamentais (ONG´s) são criadas, em grande parte, pelos pais e/ou por técnicos. Estas organizações, em parceria com o poder público governamental, têm oferecido o atendimento às pessoas com deficiência que necessitam na área da educação, saúde e trabalho (Santos a, 1999, p. 76). As associações de pais, no caso do Brasil, seriam viáveis, pois dispõem, de serviços educacionais e terapêuticos cujo pessoal passou por um treinamento especializado. Socializar estes conhecimentos de uma proposta inclusiva de participação social de seus familiares reafirmando as diretrizes mais recentes a respeito da inclusão (Santos a, 1999, p. 78). Na Declaração de Salamanca (1994) ratifica em seus artigos 50° que, O apoio às escolas comuns poderia ficar a cargo tanto das instituições de formação do professorado como do pessoal de extensão das escolas especiais. As escolas comuns deverão utilizar cada vez mais estas últimas como centros especializados que dão apoio direto a crianças com necessidades educativas especiais. Tanto as instituições de formação como as escolas especiais podem dar acesso a dispositivos e materiais específicos que não se encontram nas salas de aula comuns. (Declaração de Salamanca, art. 50, pág. 39). Conforme o autor Montaño (2002, p. 225) o ―terceiro setor‖, retira do Estado todas as responsabilidades e respostas à questão social e flexibilizou os direitos sociais, econômicos e políticos, conquistados e garantidos pelo Estado democrático. 85 Nos estudos do autor, no que se refere a sociedade civil ―a nossa é mais uma sociedade civil ―gelatinosa‖ e pouco organizada; o seu fortalecimento não resulta da ampliação de organizações dóceis e supraclassistas, mas das organizações principalmente articuladas às classes trabalhadoras‖ (2002, p. 129) Montaño (2002, p. 16 e 183) ainda justifica sobre o motivo de ser empregado o termo sempre entre aspas, devido o afastamento do Estado das suas responsabilidades sociais, sendo um conceito ideológico (com "falsa consciência") portador da função de encobrir e desarticular a realidade. O autor tem a preocupação de desvendar o que está contido no conceito do "terceiro setor", não descartando sumariamente o conceito, mas também não o aceitando tal como é tratado pelos seus defensores do seu ideário. A crítica a essa percepção não quer dizer que não se admita um trabalho conjunto entre os setores não-oficiais e o Estado de forma articulada, em uma perspectiva de complementaridade, no sentido ético-político do termo. 86 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na elaboração da presente dissertação, buscou-se a perspectiva de uma abordagem histórica e teórico-crítica, pois sabe-se que uma política social se efetiva como pública quanto mais ela combina a defesa dos direitos de cidadania com o atendimento à satisfação das necessidades humanas básicas. Isso significa qualificar a vida de educandos (as) com deficiências nas políticas públicas e promover mudanças substantivas no campo da relação Estado e sociedade, bem como, rege ao direito, garantindo o acesso e permanência para todos (as) independente de suas necessidades educacionais especiais ou deficiência. No campo dos direitos humanos, o autor Wilson (1997, p. 16) afirma que esses ―são construídos por relações sociais e é uma forma de poder resultante de disputas sociais‖. Negando como categorias morais universais e reafirmando como ―construções marcadas por poderes que relacionam e ordenam sujeitos e objetos, atribuem e selecionam significados‖. Os direitos humanos são mutáveis, históricos, dinâmicos e sua construção é gradual. Para a psicóloga Clímaco (2101, p.221 e 230), os direitos humanos regem pela lógica da super visibilidade e invisibilidade e enquadra as pessoas com deficiência no último quadro. A autora diz que, devido à vaga referência a este segmento nos mecanismos legais se limita o seu avanço e destaca ainda como marco a Declaração de Salamanca. Ressalta que a inscrição da deficiência nos direitos humanos não é satisfatória, por não estar sendo cumprida, pois a deficiência ainda segue como ―um modelo clínico individualizado de reabilitação e não situa a sociedade como elemento central na criação destas mesmas deficiências‖. Os direitos humanos devem ser pautados na satisfação dos cidadãos de todas as nações. Para a assistente social Mota, (2000, p. 167), a política social é um ―mecanismo de intervenção e regulação do Estado, dotado pelo desenvolvimento do capitalismo monopolista e determinado por um conjunto de necessidades socioeconômicas, jurídicas e políticas e que são expressões do antagonismo da relação entre as classes e destas com o Estado. 87 O conceito de público engloba outros significados que, pelo grau de universalidade que contêm, estão diretamente a ele vinculados, tais como, política social, direito social, cidadania ampliada. Portanto, a dimensão pública somente é garantida mediante a primazia do Estado na regulação do processo de provisão social, privilegiando as demandas e necessidades sociais como indutores das políticas sociais. Estudiosos de diferentes correntes sustentam que a configuração do Estado Social muito contribuiu para a estabilidade da democracia, uma vez que consideram como fator importante para o surgimento ou consolidação das democracias, a ausência de desigualdades econômicas extremas. Porém, a dissertação sinaliza o esgotamento do modelo neoliberal por produzir tanta pobreza e desigualdade social, apesar de seu reconhecimento sobre as dificuldades para se definir estratégias concretas que permitam frear a expansão, ou até mesmo superar a hegemonia da ordem capitalista. Diante dessa exigência, torna-se imprescindível o respaldo de teorias sobre políticas sociais, elaboradas de forma propositivas, tendo em vista a continuidade desse debate em bases científicas e democráticas, por entender que essas discussões forçam o aparecimento de novos entendimentos sobre relações entre Estado, sociedade civil, direito público e privado, cidadania e políticas sociais. A situação do Brasil, torna-se cada vez mais, paradoxal quando, de um lado, o país convive com uma legislação social de perfil cidadão (Constituição Federal de 1988), e, do outro lado, o executivo federal (e por extensão as esferas estaduais e municipais), mesmo tendo de principio adotado uma política de redistribuição de renda, de acesso a assistência social como direito da maioria da população, não superou as exigências do mercado/ capital, os qualificá-los como instâncias reguladora das relações sociais e econômicas, em detrimento ao papel do Estado Social. Com o fim desta trajetória, muitas questões tratadas ganham relevo permitindo um novo olhar sobre o objeto desta dissertação, possibilitando apontar alguns aspectos que se destacaram e elucidar algumas considerações sobre o contexto estudado, estabelecer ligações, e apresentar sugestões para futuras pesquisas. A temática não se esgota neste trabalho, assim, espera-se que ele possa motivar novas pesquisas e aproximações, na perspectiva de mudanças na Política 88 de Educação pela efetivação da Educação Especial em Goiânia e no Estado de Goiás. O que chamou a atenção da pesquisadora foi à constatação que a educação inclusiva em Goiânia é especial, no aspecto que ela é fundamental para os educandos com necessidades educacionais especiais possam efetivar e garantir os direitos explícitos em mecanismos legais nacionais e internacionais, que dispõe sobre a pessoa com deficiência no ensino regular, sendo uma grande conquista desse movimento que se empenha incessantemente, na proteção da pessoa com deficiência. O termo Portador de Deficiência é polêmico, devido condicionar a pessoa a portar algo e em algum momento da sua vida optar por não mais portá-lo, infelizmente a pessoa com deficiência não pode mudar a sua deficiência ou desfazer dela, este é o motivo pelo qual a pesquisadora optou pelo termo pessoa com deficiência para produzir esta dissertação. A negação dos familiares devido ao sentimento de vergonha, ainda hoje escondem a pessoa com deficiência que são guardadas, mantidas em cárcere privado, atados com medicações, julgado por suas anormalidades posta pela sociedade que ainda contrária as diversas formas de excluir este grupo social. Esta dissertação foi uma forma de fortalecer este movimento e colocar à tona o arsenal de leis, regulamentações, resoluções, decretos, declarações e mecanismos legais nos âmbitos nacionais e internacionais para argumentar e implementar as políticas sociais públicas no que se refere a este segmento. Isto, também as retirar do campo do discurso e colocando no campo do direito, porém, cumprir com as políticas sociais públicas, buscando criar outros para que se fixem na tão esperada sociedade inclusiva que deverá ser feita de forma bilateral, onde a sociedade deve se adaptar para inserir as pessoas com deficiência. O AEE é fundamental para a escola inclusiva e assegurado pelo decreto n ° 6571/2008 e regulamenta o parágrafo único do artigo 60 da Lei n° 9394/96 disponibilizando para a educação especial. Na resolução n° 4 do Conselho Nacional de Educação em seu artigo 2° discorre sobre sua função, 89 Complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na educação àqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços. O AEE deve estar contemplado no PPP de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, em seu artigo 12, inciso I, prevê que ―os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, tem a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica‖, deixando explícita a idéia de que a escola não pode prescindir da reflexão sobre a intencionalidade educativa. Está é realmente a afirmação de liberdade, podendo-se constatar que a escola é "livre" para essa elaboração. A educação inclusiva em Goiás se concretiza em meados de 1999 com seu início na capacitação de profissionais na rede estadual de educação para a diversidade, com o consultor Romeu Kazumi Sassaki sobre educação inclusiva no intuito de torna-los multiplicadores. Em 2000, seguiu com outros consultores de áreas específicas como o Braille, Soroban, Libras e para Avaliação e Adaptação curricular e neste mesmo ano o Governador do Estado de Goiás Marconi Perillo Júnior juntamente com a Secretária de Educação e Cultura Raquel Teixeira por meio da SEE/SUEE lança o PEEDI que constitui em 10 programas já apresentados no corpo da dissertação. O Serviço Social é uma profissão que trabalha no sentido educativo de revolucionar consciências, de proporcionar novas reflexões. Desta forma, pode-se afirmar: O campo educacional torna-se para o assistente social hoje não apenas um futuro campo de trabalho, mas sim um componente concreto do seu trabalho em diferentes áreas de atuação que precisa ser desvelado, visto que encerra a possibilidade de uma ampliação teórica, política, instrumental da sua própria atuação profissional e de sua vinculação às lutas sociais que expressam na esfera da cultura e do trabalho, centrais nesta passagem de milênio (Almeida, 2000, p.74). 90 Entende-se ainda, que a implantação de um novo modelo societário, baseado em valores de dignidade e justiça, implica na ruptura do atual padrão de acumulação do capital e riqueza, aliada a transformação política e ética dos parâmetros que norteiam as relações pessoais, interpessoais e econômicas vigentes, os quais permitirão efetivamente o exercício da democracia e da concretização das formas da cidadania, possibilitando o enfrentamento e a solução efetiva dos problemas presentes no setor educacional, oriundos da pobreza e da exclusão social. O Serviço Social como profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho, por meio do seu compromisso com a construção de uma nova sociedade baseada na justiça e na equidade sem dominação ou exploração de classe, etnia, discriminação e gênero, enfrenta o desafio de seu projeto defendendo como estratégia fundamental a defesa da qualidade dos serviços e o compromisso com os usuários nas suas várias instâncias de atuação o que implica mediações diferenciadas entre Estado, burguesia e classe trabalhadora na implantação das políticas sociais, destinadas a tratar a chamada ―questão social‖, que surgiu com a implantação do sistema capitalista, e que, hoje, complexifica-se por meio das novas expressões do ideário neoliberal. Depois de todas as reflexões realizadas voltadas, ao conhecimento e à compreensão do cenário educacional e do Serviço Social, vale ressaltar a importância de ações conjuntas, interdisciplinares na educação. E na construção de um sistema de ensino, pautado na justiça, na igualdade e no entendimento dos sujeitos participantes do processo de ensino-aprendizagem. Esta pesquisa demonstra que a política educacional do Brasil não tem alcançado um padrão de qualidade necessário, embora tenha sofrido mudanças ao longo dos últimos anos, cumprindo exigências internacionais e se destacando no conjunto das ações governamentais federais que redesenham, hoje a arquitetura institucional e o papel do Estado brasileiro. E ainda, no que se refere à qualidade do ensino e ao sucesso escolar da maioria, o balanço de seu rendimento é seguramente insatisfatório, tendo 91 permanecido o caráter excludente e seletivo do sistema educacional brasileiro no decorrer desse longo período. Nesse estudo, trabalha-se com a certeza de que as pessoas com deficiência são sujeitos históricos e, assim, sujeitos da construção e da transformação de suas história e dos sistemas sociais nos quais se encontram inseridos. Para isso, faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade da formação a ser oferecida a todos (as) educandos (as). Diante do exposto muitas outras dificuldades pode-se mencionar, mas o que nós otimiza é que a sociedade, como um todo, tem se modificado frente às atitudes em relação as pessoas com deficiência, certamente a educação é a maior responsável por estas transformações. O avanço tecnológico no Brasil é destaque no âmbito internacional, um dos motivos é a expectativa de um feito que fortalecerá o movimento de pessoas com deficiências, segundo o Jornal Estadão o menino de nome Pedro Arthur (Tetraplégico com 08 anos de idade) da cidade de Contagem, que há sete anos é portador de meningite bacteriana, pode dar o chute que marcará a abertura da Copa do Mundo de 2014. Poderá ser uma das crianças a testar uma roupa robótica feita pela equipe do neurocientista, Miguel Nicolelis. Reconhecido, internacionalmente, o pesquisador desenvolveu um projeto chamado ―Walk Again‖, que pretende fazer com que tetraplégicos andem normalmente ao usarem a vestimenta. O estudo foi feito na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e escrito no Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no qual o cientista é diretor de pesquisas. Pedro Arthur usaria um macacão que envia mensagens elétricas ao cérebro. Os estímulos resultariam em comandos motores. Foi um sucesso a cirurgia do implante de um marcapasso diafragmático e a primeira criança a passar pelo procedimento na América do Sul, esta cirurgia é fundamental para que Pedro Arthur não precise mais do respirador artificial. Em outubro de 2011, a família conquistou na Justiça o direito de que a cirurgia, avaliada em R$ 500 mil, fosse feita pelo Estado. 92 Vale ressaltar, o quanto é grandioso este fato, pois o Brasil será visto não mais como o país do carnaval e sim também como um país que garante as pessoas com deficiência a universalização de seus direitos de implementação de políticas públicas, voltadas a estes sujeitos e de uma sociedade igualitária em todos os sentidos, sendo um marco sócio-econômico político e no avanço tecnológico. 93 REFERÊNCIAS ALMEIDA a, N. L. T. Capacitação em Serviço social, e política educacional. Módulo 03. Brasília: UnB, Centro de educação aberta, continuada à distância, p. 4151-163, 2000. _____b. Serviço social na educação, Ed. Revista Inscrita. n. 6 CFESS. Brasília, 2004. AMARO, S. T. A.; BARBIANI, R.; OLIVEIRA, M. C. Serviço social na escola: o encontro da realidade com a educação. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, p. 97, 2004. BERHING, Elaine Rossetti e BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2008. ______. Abordagens da Política Social e da Cidadania Fundamentos de Política social Capacitação em Serviço Social e Política Social. Módulo 03 do ano 2000. BORGES, C. M. M. ―Gestão participativa em organizações de idosos: instrumento para a promoção da cidadania‖. In: FREITAS, E. V. de. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 2002. Cap.124, p.1037-1041. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Inclusão: revista da educação especial, v. 4, n 1, janeiro/junho 2008. Brasília: MEC/SEESP, 2008. ______. Os direitos das pessoas com deficiência. Brasília, Coordenadoria Nacional para integração da pessoa com deficiência – CORDE, 1996. ______. Ministério da Educação. A escola comum inclusiva, 2010. ______. IBGE. Censo 2010. 94 ______. Programa de Ação Mundial Para as pessoas com deficiência. Brasília, 1997. ______. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, nº 248, 1996. ______. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial (SEESP). Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC, 2008. ______. Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dão outras providencias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2001. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Inclusão: revista da educação especial, v. 4, n 1, janeiro/junho 2008. Brasília: MEC/SEESP, 2008. ______. Projeto de Lei Federal nº 837/2003. ______. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Censo Escolar, 2010. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 4.024 de 1961. ______. Lei nº 926 foi criado o Instituto Pestalozzi de Goiânia (que só foi inaugurado em 1955). ______. Lei nº 8.069/1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente. ______. Decreto nº 6.571 de 17 de setembro de 2008/ regulamentando as novas diretrizes de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2009. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2009. 95 ______. Projeto de Lei nº 2.514/1998. ______. Constituição da República Federativa do Brasil, São Paulo: Editora Saraiva, 1998. ______. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, nº 248, 1996. ______. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. ______. Projeto de Lei Federal nº 3.689/00. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. ______. Nacional, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. ______. Projeto de Lei Federal nº 1.995/1976. ______.Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. ______. Decreto Nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Guatemala: 2001. ______. Projeto de Lei Federal nº 2.349/1996. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2001. ______. Lei Federal 8.662/1993. 96 ______. O Censo de pessoas com deficiência na era da inclusão. Revista Nacional de Reabilitação. São Paulo, 2003. ______. Ministério Público Federal. O acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns da rede regular de ensino. Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva (Orgs.). 2ª ed. ver. e atualiz. Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, 2004. ______. Lei nº 8742/1993 (LOAS) Lei Orgânica de Assistência Social. ______. Educação Especial na perspectiva da Inclusão Escolar. Orientação e mobilidade, adequação postural e acessibilidade espacial. V.7, MEC, 2010. ______. Educação Especial na perspectiva da Inclusão Escolar. Surdocegueira e múltiplas deficiências. V.5, MEC, 2010. ______. Educação Especial na perspectiva da Inclusão Escolar. Escola Comum Inclusiva. V.1, MEC, 2010. ______. Educação Especial na perspectiva da Inclusão Escolar. Livro Acessível e Informática Acessível. V.8, MEC, 2010. ______. Educação Especial na perspectiva da Inclusão Escolar. O Atendimento Especializado para alunos com Deficiência Intelectual. V.2, MEC, 2010. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais – orientações gerais e marcos legais. Brasília: MEC/SEESP, 2006. ______. Projeto de Lei nº 1.297/2003. ______. Decreto nº 7037 de 21 de dezembro de 2009. Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3): 2009. CARVALHO a, Rosita Edler. Educação Inclusiva: com os pingos nos ―is‖. Porto Alegre: Mediação, 2004. ______b. O direito de ter direito. Brasília, 1999. 97 CERQUEIRA, M. B. Trabalhos Acadêmicos sobre a Educação Inclusiva no Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade São Marcos, São Paulo: 2008. http://www.saomarcostatuape.com.br/portal2/pos/mestrado/docs/dissetaçoes/2008/di ssertação_10.pdf. Acesso em 01 de fevereiro de 2011. CLÍMACO, Júlia C. Direitos Humanos, Invisibilidade e Educação Especial. Serviço Social: Revista do Programa de Pós-Graduação em Política Social/ Universidade de Brasília. Departamento de Serviço Social. V. 12, n° 27, julho a dezembro de 2010. DEMO, Pedro. Pobreza política, 6ª ed. Campinas: Autores, Associados, 2001, p. 60. ______. Participação é conquista: Noções de Política Social participativa, 6 ed. São Paulo, Cortez, 1999. FERREIRA, Júlio R. Educação especial, inclusão e política educacional: notas brasileiras. In: RODRIGUES, David (org.). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. FRY, P. Cor e Estado de direito no Brasil. In: MÉNDEZ, J. E., ODONNELL, G., PINHEIRO, P. S. Democracia, violência e justiça: O Estado de direito na America Latina. São Paulo; Paz e Terra, 2000, p. 201-231. GOIÁS, Secretaria de Educação/ Coordenação de Ensino Especial. Caderno 09: Programa estadual de educação para a diversidade numa perspectiva inclusiva, 2010. GUEIROS, D. A. Família e trabalho social: intervenções no âmbito do serviço social: In Revista Katályses, v. 13, n.1. Ed. Florianópolis, jan/jun, 2010. GRAMSCI, Antônio a. O materialismo histórico. Editora Riunit. Roma, 1973. ______b. Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. HAYEK, Friedrich. O caminho da servidão de Leonel Vallandro; prefácio de Adolpho Linderbeng. 2ª edição. São Paulo, Globo, 1977. HORTA, J. S. Liberalismo, tecnocracia e planejamento educacional no Brasil. São Paulo: Autores Associados; Cortez, 1982, p. 2-55. 98 ______. J. S. Plano Nacional de Educação: da tecnocracia à participação democrática. In: CURY, C.R.J. et al. (Org.). Medo à liberdade e compromisso democrático: LDB e Plano Nacional de Educação. São Paulo: Ed. do Brasil, 1997. JANNUZZI, Gilberto S. de M. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do séc. XXI. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2004. LOURENÇO, Érica. Educação Especial no pensamento de Helena Antipoff (19121974). Anais da V Semana de Pesquisa da FAE. Belo Horizonte, FAE- UFMG, 1998, p. 167-179. Disponível em <HTTP// pepsic. Bv salud.org/ cielo. Php? Pid+ 20 de fev. 2012.> MACHADO, L. M.; LABEGALINI, A. C. F. B. A educação inclusiva na legislação de ensino. Marília: Edições M3T Tecnologia e Educação, 2007. MACHADO, R. Escola Aberta às Diferenças: consolidando o movimento de reorganização didática. Florianópolis: PRELO, 2004. MARTINS, Eliane B. C. Educação e serviço social: elo para construção da cidadania. Tese de doutorado, PUC São Paulo, 2007. MAKHOUL, Carmem Susana. Educação Física e inclusão em escolas estaduais de Goiás. Dissertação 133 f. (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação/Universidade Federal de Goiás, 2007. MARTINELLI, Maria Lúcia. O Serviço Social na transição para o próximo milênio: desafios e perspectivas. In: Serviço Social & Sociedade, nº 57. São Paulo: Cortez, 1998. MAZZOTA, Marcos José da Silveira. A educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996. MENSAGEM DA APAE (1995). Quarenta anos de movimento apaeano. Ano XXI. P.78, 12-14. MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de intervenção social. São Paulo: Cortez, 2002. NASCIMENTO, Cristiane Valéria Furtado; MORAES, Márcia Andréa Soares. Montessori e as ―casas das crianças‖, ano 2008. 99 NASCIMENTO, Daniela B. do FERNANDES, Liliane A. QUEIROGA, Mariana M. AGUIAR, Narla G. de: Polêmicas entre direito e esquerda sobre necessidades e direitos sociais: um confronto das idéias de Friedrich Von HAYEK e Raymond Plant.: Política social em debate. Ano XVIII, Volume I, jun/dez, 2005. NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1992. NEVES, Lúcia Maria Wanderley. Educação e políticas no Brasil de hoje. 4º ed. São Paulo: Cortez, 2005. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 2008. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAUDE – OMS. Brasília, CORDE, 2001. PANIKKAR, Raimundo: é a noção dos direitos do homem um conceito ocidental? Diógenes: Revista Internacional de Ciências Humanas. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1993. PEREIRA, Potyara A. P. A política social no contexto da seguridade social e do Welfare State: a peculiaridade da assistência social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano 19, n° 56, p. 60-76, mar. 1998. ________. Necessidades Humanas: subsídios à critica dos mínimos sociais. São Paulo: Cortez, 2000. ________. Estado, regulação social e controle democrático. In: BRAVO, Maria Inez Sousa, PEREIRA, Potyara A. P. Política social e democracia. São Paulo: Cortez, Rio de Janeiro: UERJ, 2001. ________. Como conjugar especificidade e intersetorialidade na concepção e implementação da política de assistencial social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano 25, n° 77, p. 54-62, mar. 2004. ________. A política social no contexto da política pública, da cidadania e da relação entre Estado e sociedade. Brasília: UNB, 2006. ________. Discussões conceituais sobre política social como política pública e direito de cidadania. São Paulo: Cortez, 2008. 100 ________. Apontamento de aula de Mestrado PPSS/PUC-GO, 2010. ________. Teoria da política social e da cidadania. In: Seminário Avançado – Goiânia: PPSS / PUC - Goiás, 2011. PESTALOZZI, Johann Heinrich. Antologia de Pestalozzi: Tradução Lorenjo Luzuriaga. Bueno Aires: Editorial Losada, 1946. PISÓN, José Martínez de. Políticas de bien estar – Um estúdio sobre los derechos sociales. Madrid: Colección de Ciências Sociales/Editorial Tecnos, 1998. KOSIC, Karel. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. RIBAS, João. Preconceito contra as pessoas com deficiência: As relações que travamos com o mundo. São Paulo, Cortez, 2007. SADER, Emir e GENTILI, Pablo (org.). Pós-Neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. SANTOS, Mônica P. dos. A família e o movimento pela inclusão. Brasília: Ministério da Educação, SEED, p. 73-79, 1999. SANTOS, M. T. C. T. das. O projeto político pedagógico, autonomia e gestão democrática. In: v.1, 2010. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico, 17 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2000. SILVA, L. H. (org.) A escola cidadã no contexto da globalização. Petrópolis, Vozes, 1998. SILVA, Sérgio G. da. Direitos Humanos; entre o princípio de igualdade e a tolerância. In: Revista Praia Vermelha, v. 19, n. 1, p. 79-94, Rio de Janeiro, jan/jun, 2009. SILVA E SILVA M. O. Execução e Avaliação de Políticas e Programas Sociais, In Capacitação em Serviço Social e Política Social. Módulo 04. Brasília: CEAD/Universidade de Brasília, 2000. 101 SILVA, Luis G. A da. Os processos de dominação da escola pública de Goiânia. Ed. UCG, 2009. SGUISSARDI, Valdemar. II Fórum Mundial de Educação por uma plataforma mundial de Educação: In: Revista Educação e Sociedade, Cortez, São Paulo, v. 24, abril de 2003. SKLIAR, C. (org.). Educação e exclusão: abordagens socioantropológicas em Educação Especial. Porto Alegre, Mediação, 1997. SPOSATI, Aldaíza. Benefício de prestação continuada como mínimo social. In: Proteção social de cidadania: inclusão de idosos e pessoas com deficiência no Brasil, França e Portugal/Aldaíza Sposati, (org.) – 2ª edição, São Paulo: Cortez, 2008. TELLES, Vera da Silva. Direitos sociais: afinal do que se trata? Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. ______. Direitos sociais: Afinal do que se trata?/Vera da Silva Telles – Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. TITMUS, Richard M. Política social. Trad. Carlos Rocha Pujol. Barcelona: Editora Ariel, 1981 (do original Social Policy, Londres, 1974). VIANA, Maria José de Faria. Assistência Social no contexto do pluralismo de bemestar – prevalência da proteção social plural ou mista, porém não pública. 2007. Tese (Doutorado) – Departamento de Serviço Social (SER) /Universidade de Brasília (UNB), Brasília. VIEIRA a, Evaldo. Os direitos e a apolítica social. Ed. Cortez, 2ª edição, 2007. VIEIRA b, B. O. História do serviço social: contribuição para a construção de sua teoria. Rio de Janeiro: Agir, 1977. VIEIRA, Liszt, Cidadania e globalização, Rio de Janeiro: Record, 1997. VYGOTSKY, Lev. S. A formação social da mente - O desenvolvimento dos processos psíquicos superiores. 6 ed. S. Paulo: Martins Fontes,1989. 102 UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura / Ministério da Educação e Ciência da Espanha / Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília, 1994. WCEA. Satisfacción de las necesidades básicas de aprendizaje: una visión para el decenio de 1990. In: CONFERENCIA Mundial sobre la Educación para Todos, 1990, Jomtien, Tailândia. WILSON, R. A. (org.) Human Rights Culture y Context. Anthroplogical Perspectives, London; Pluto Press, 1997.