BLU PUTNAM, ECONOMISTA-CHEFE E DIRETOR ADMINISTRATIVO DO CME GROUP SEPTEMBER 2015 Os oito fatores que influenciam os mercados de energia Em 2016 e no futuro Todos os exemplos neste relatório são interpretações de situações hipotéticas usadas somente com propósito de explicação. As visões contidas neste relatório refletem somente as opiniões dos autores e não necessariamente do CME Group ou de suas instituições afiliadas. Este relatório e a informação contida nele não devem ser considerados conselhos de investimento ou resultados de experiência real de mercado. Os mercados de energia estão em sintonia com forças de curto e longo prazos colidindo para criar mais que a usual parcela de incerteza. Durante o curso de 2016, nós vemos a continuação do ambiente de preços baixos para o petróleo e o gás natural, embora com considerável volatilidade enquanto preços giram em torno de largas faixas de negociação. No longo prazo, digamos de 2017 a 2020, o nosso cenário base envolve uma divergência entre as dinâmicas de preço do petróleo e do gás natural, e uma maior confiança no WTI como a referência global para o petróleo. Nós vemos a evolução de oito fatores-chave que direcionam as dinâmicas do mercado de energia, quatro para o curto prazo e outros quatro para o longo prazo: Curto prazo: • Crescimento contínuo da produção nos Estados Unidos. • Aumento da produção do Oriente Médio. • Crescimento global lento; e • Impacto do El Nino no inverno dos EUA em 2015-2016. Longo prazo: • Exportações de GNL dos Estados Unidos. • Queda na produção de petróleo do Mar do Norte. • Descolamento dos preços do gás natural dos preços do petróleo na Europa e Ásia. •Potencial para o fim da proibição das exportações de petróleo dos EUA. 1) Crescimento contínuo da produção dos Estados Unidos apesar dos preços menores manterem os preços do petróleo baixos. Quando os preços do petróleo entraram em colapso e caíram pela metade no quarto trimestre de 2015, muitos analistas esperavam uma resposta relativamente rápida de oferta em modelos ensinados em todas as aulas de Microeconomia. Infelizmente, a versão de economia básica não conhece nada sobre dívida, tempo, e fluxo de caixa, entre muitas outras coisas. Muitos poços nos Estados Unidos foram fechados, mas o foco em conseguir mais petróleo de poços mais eficientes tem mantido a produção em alta. E isto terá que apreciar a diferença entre o fluxo de caixa e os balanços. Os produtores de petróleo, assim como as lojas de conveniência da família, sabem que o dinheiro é rei. É muito fácil incluir itens não monetários como a depreciação, assim como um certo investimento ou custo de capital, nos cálculos da soma de dinheiro exigida na produção de um barril de petróleo. O que realmente importa ao produtor de petróleo, entretanto, é o atual custo à vista do próximo barril de petróleo, e estes custos à vista podem ser substancialmente menores que os custos aferidos pelos princípios de contabilidade e parecem representar o custo em dólar por barril. Isto significa que, em uma base monetária futura, muitos poços que parecem não lucrativos em uma base contábil ainda são positivos no fluxo de caixa líquido. Então, o produtor mantém-se bombeando – petróleo e dinheiro. 1 SEPTEMBER 2015 A dívida importa também, porque muitos produtores de petróleo têm um monte delas. Se eles fechassem seus poços, não haveria mais fluxo de petróleo, além de fluxo de caixa e o dinheiro necessário para pagar suas dívidas. Extrair petróleo com perda faz sentido se o produtor pode manter-se no jogo por um prazo maior e evitar a falência. 2) Aumento da produção do Oriente Médio contribui para um ambiente de preço baixo. Na maioria, os produtores do Oriente Médio trabalham com custos de margens extremamente baixos. Não há qualquer incentivo para que estes produtores de custo extremamente baixo reduzam a produção de petróleo, enquanto há incentivos de longo prazo para a extração de mais petróleo, incluindo a necessidade de renda, assim como o desejo de colocar mais pressão na concorrência. E ainda há a dinâmica das políticas do Oriente Médio. O acordo das cinco nações com o Irã sobre a geração de energia nuclear e o surgimento de sanções econômicas seguem conforme o previsto. Isto significa uma maior produção do Irã entrando nos mercados. Além disso, os vários conflitos no Oriente Médio têm uma nova dimensão. O objetivo de várias rebeliões é ter o controle das reservas de petróleo para seus propósitos e não para a capacidade de produção de petróleo, como o Iraque fez quando recuou do Kuwait nos anos 1990. O resultado líquido é que a política no Oriente Médio, por muito tempo associada com rupturas de abastecimento, contribuem atualmente para uma maior oferta. Certamente, isto pode mudar num instante, mas ignora esta nova realidade à sua própria sorte. 3) Crescimento global lento, incluindo a China em desaceleração, o que representa menor crescimento de demanda por energia. Os Estados Unidos são das economias industrializadas maduras mais robustas e crescem apenas estáveis 2.5% de PIB real a cada ano. A Europa parece estar emergindo de sua estagnação econômica em 2015. Entretanto, isto significa apenas de 1% a 2% de crescimento do PIB real. O Japão está crescendo pouco, já que nem a “Abenomics”, nem o iene japonês extremamente depreciado, poderiam levantar esta economia envelhecida de seu marasmo. No mundo emergente, países do Brasil à Turquia à Tailândia estão presenciando o aumento de riscos políticos levando à ruptura. Mas a China é o destaque. Depois de décadas tendo média de 10% de crescimento de PIB real, está desacelerando. O gasto com infraestrutura não traz o mesmo retorno que antes. E os parceiros comerciais da China, tanto países de economia emergente quanto países industrializados, simplesmente não estão crescendo com a rapidez necessária para dar suporte à máquina exportadora que é a China. Sem crescimento das exportações, a China desacelera ainda mais rapidamente. Uma China em desaceleração, com crescimento lento de mercados emergentes e países maduros são fatores de têm como consequência um crescimento muito baixo de demanda por energia. 4) Impacto do El Nino no inverno dos EUA de 2015-2016 poderá reduzir a demanda por gás temporariamente. O último fator de curto prazo teve impacto no gás natural nos Estados Unidos. Um padrão de clima do El Nino desenvolvido pelo equador no Oceano Pacífico entre março e julho de 2015. Mesmo que o El Nino comece a enfraquecer neste inverno, terá ganhado força suficiente para influenciar a trilha de tempestades dos Estados Unidos com potencial para maior precipitação e clima de inverno mais ameno. Um inverno mais quente que o normal poderia colocar alguma pressão de baixa temporária sobre os preços do gás, enquanto o gás natural serve tanto como combustível destinado diretamente para o aquecimento de casas, quanto como combustível para a geração de energia. Sumário de curto-prazo. O exemplo tem tudo a ver com oferta elevada e menor demanda, mesmo com a queda expressiva nos preços do petróleo no final de 2014. Isso dá suporte ao petróleo ficar em um ambiente de negociação relativamente baixo com pouca probabilidade de um retorno a US$ 100 por barril em um futuro próximo. Nós poderíamos colocar o petróleo WTI na faixa de US$ 35 a US$ 55. Uma baixa para US$20/barril poderia ser desencadeada por uma séria recessão global. Apesar de nosso pessimismo sobre o lento crescimento global, vemos apenas uma probabilidade de 10% para o desenvolvimento de uma recessão global. E, um retorno 2 SEPTEMBER 2015 de US$100/barril poderia exigir uma larga ruptura de oferta no Oriente Médio ou um retorno de 5% a 10% de crescimento de PIB real na China e outros países emergentes. Nenhuma destas possibilidades parece provável no curto prazo. 5) As exportações de GNL dos Estados Unidos poderiam aumentar os preços do gás natural dos EUA e reduzir os preços na Ásia e na Europa. Antes do início do boom da produção do gás natural, os Estados Unidos foram importadores de gás natural liquefeito (GNL). Atualmente, bilhões de dólares são gastos em grandes projetos de capital para construir unidades de GNL e portos reversos para exportação. Este processo leva tempo – anos e anos. É como assistir a uma pintura secar. A pintura realmente seca, e as exportações de GNL dos Estados Unidos terão provavelmente uma influência nos preços do gás natural dos Estados Unidos (altista), e da Europa e Ásia (baixista) no período de 2017 a 2020. 6) A produção de petróleo do Mar do Norte em queda faz do petróleo Brent uma referência menos atraente. O Mar do Norte é um lugar desafiador para a produção de petróleo. Pergunte a um operador de equipamentos da indústria do petróleo nas águas geladas da Escócia e da Noruega, e ele deverá dizer a você sobre nove meses de inverno e três meses de clima ruim. Isto significa, então, que é um ambiente de preço baixo, onde manutenção e custos de investimento argumentam contra a expansão da produção do Mar do Norte. E, o mercado do Mar do Norte tem visto a queda na produção por mais de uma década. A baixa na produção associada à probabilidade de aumento das interrupções de produção relacionadas à manutenção sugerem que a base entre o Brent e outros tipos de petróleo irá tornar-se muito mais volátil, e base volátil não é uma prescrição para uma referência de mercado robusta. 7) Descolamento dos preços do gás natural do petróleo na Europa e Ásia enfraquece ainda mais o Brent no mercado e sugere menores preços de gás natural na região. No passado, o Brent se beneficiou como uma referência por ser usado para definir preço dos contratos europeus de gás natural de longo prazo. Esta ligação gás-petróleo vem se desfazendo e esta tendência se acelera. A implicação dos preços do gás natural na Europa e Ásia pode, agora, dançar com a própria música, e isso sugere a possibilidade de preços de gás natural menores nesta região, assim como o avanço no enfraquecimento do risco de gestão que usa o Brent como referência. 8) Potencial para o surgimento da proibição das exportações de petróleo dos EUA pode aumentar o uso do WTI como uma referência global. De volta aos anos de 1970, os Estados Unidos estavam preocupados que a OPEP tivesse poder sobre a economia norteamericana e, com isso, foi aprovada legislação para a proibição da exportação de petróleo dos EUA. Esta proibição à exportação de petróleo foi marginalizada pelo boom de produção de petróleo. E o caso de permitir as exportações de produtos refinados, mas não do petróleo bruto quando a oferta é abundante, não faz muito sentido agora. Dito isto, a política de Washington move-se muito lentamente, então uma revisão da proibição das exportações do petróleo provavelmente terá que esperar até depois das eleições presidenciais de 2016. Mesmo assim, no período de 2017 a 2020, uma ligação mais estreita entre o WTI e outros tipos de petróleo produzidos no Oriente Médio e Rússia sugerem um crescimento constante do WTI como a referência global favorita. Sumário de longo prazo. Para o longo prazo, o cenáriobase envolve o ressurgimento do petróleo WTI dos EUA como referência global, influenciado pela produção em declínio no Mar do Norte, descolamento da convenção europeia do preço do gás natural em termos de Brent, e o potencial de uma revisão da proibição das exportações do petróleo depois das eleições presidenciais dos EUA. No mundo do gás natural, o grande acontecimento será o advento de uma capacidade significativa de GNL dos Estados Unidos. O gás natural é dominado por considerações de oferta e demanda de mercados locais quando dutos são os principais mecanismos de entrega. As exportações de GNL, entretanto, podem ligar o gás natural dos Estados Unidos aos mercados europeu e asiático, enquanto for o caso com as importações de GNL nos Estados Unidos antes do início do boom da produção. Isto sugere uma mudança relativa de preços, com a Europa e Ásia tendo uma pressão baixista e os Estados Unidos tendo uma pressão altista para o gás natural. 3 Os futuros de óleo de palma bruto são listados com e sujeitos às regras e regulações da CME. Todos os outros futuros de grãos e oleaginosas são listados e sujeitos às regras e regulações da CBOT. Futuros de boi gordo, derivados de leite e de madeira são listados e sujeitos às regras e regulações da CME. O CME Group é uma marca registrada da CME Group Inc. 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