valor prognóstico do pcr como preditor de complicações pré e pós

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VALOR PROGNÓSTICO DO PCR COMO PREDITOR DE
COMPLICAÇÕES PRÉ E PÓS-ENXERTIAS EM
QUEIMADURAS AGUDAS
PROGNOSTIC VALUE OF CRP AS A PREDICTOR OF COMPLICATIONS
PRIOR AND POST-GRAFTING IN ACUTE BURNS
TIAGO SARMENTO SIMÃO1, FELIPE RODRIGUES MÁXIMO1, FERNANDO MÁRCIO MATOS BEZERRA1,
IVENS NOGARA DE OLIVEIRA1, DÉBORA NASSIF PITOL1, LEÃO FAIWICHOW1
RESUMO
INTRODUÇÃO
Introdução: Todo trauma tecidual, incluindo as
agressões térmicas, resultam em uma resposta
inflamatória imediata iniciada pela liberação de
citocinas e outros mediadores inflamatórios que
estimulam a produção hepática de proteínas de
fase aguda. Objetivo: Avaliar o valor prognóstico da
proteína C reativa (PCR) como preditor de morbidade,
mortalidade e complicações pós-operatória em
pacientes submetidos a enxertias. Método: Foi
realizado análise retrospectiva de 46 pacientes vítimas
de queimaduras admitidas no CTQ do Hospital do
Servidor Público Estadual de São Paulo, no período
de fevereiro a junho de 2011. Conclusão: As proteínas
de fase aguda se mostram como potenciais preditores
de morbidade ou mortalidade.
Todo trauma tecidual, incluindo as agressões
térmicas, resultam em uma resposta inflamatória
imediata iniciada pela liberação de citocinas e
outros mediadores inflamatórios como o fator de
necrose tumoral (TNF), interleucina 1 e interleucina
6 (IL 6).1 Esses mediadores estimulam a produção
hepática de proteínas de fase aguda como proteína
A amilóide, alfa-1-antiquimotripsina, ferritina,
albumina, pré-albumina, alfa-1-glicoproteína ácida
e proteína C reativa (PCR).2,3 O pico de elevação
do PCR é observado em torno de 48-72h após
a queimadura.4 Na literatura, muitos trabalhos
têm correlacionado o índice de complicações
infecciosas e de mortalidade pós-queimaduras
com os níveis séricos de proteínas de fase aguda
como o PCR.2-6
DESCRITORES:
1. Queimaduras;
2. Enxerto de pele;
3. Reação de fase aguda.
ABSTRACT
Introduction: Every tissue trauma, including
thermal stress, results in an immediate inflammatory
response initiated by the release of cytokines
and other inflammatory mediators that stimulate
the hepatic production of acute phase proteins.
Objective: To evaluate the prognostic value of
C-reactive protein (CRP) as a predictor of morbidity,
mortality and postoperative complications in patients
undergoing skin grafting. Method: We conducted
a retrospective analysis of 46 acute burn patients
admitted to the Burns Centre of the Hospital do
Servidor Público Estadual de São Paulo in the
period from February to June 2011. Conclusion:
The acute phase proteins are shown as potential
predictors of morbidity or mortality.
KEYWORDS:
1. Burns;
2. Skin grafting;
3. Acute-phase reaction.
1. Residente do serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do
Servidor Público Estadual de SP
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OBJETIVO
Avaliar o valor prognóstico da proteína C
reativa (PCR) como preditor de morbidade,
mortalidade e complicações pós-operatória em
pacientes submetidos a enxertias de pele após
queimaduras agudas.
MÉTODOS
Foi realizado análise retrospectiva de 46
pacientes vítimas de queimaduras agudas
admitidas no Centro de Queimaduras do Hospital
do Servidor Público Estadual de São Paulo,
no período de fevereiro a junho de 2011, com
idades variando entre 1 a 83 anos (média de
26,55 anos) e com área de superfície corpórea
queimada (SCQ) variando entre 1 a 58% (média
de 17%). Todos os pacientes selecionados foram
submetidos a um ou mais enxertos de pele parcial
sobre as áreas de queimaduras profundas, sendo
colhido exame de proteína C reativa (PCR) no
momento da internação, na véspera da primeira
enxertia de pele, 24h e 72h após a enxertia. Valor
de referência: até 5mg/L.
Todos estes pacientes foram submetidos a
debridamentos cirúrgicos das áreas queimadas,
para preparação do leito alguns dias antes da
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 41 - Suplemento 01 - 2012
enxertia. O tempo entre a internação e o primeiro
debridamento cirúrgico variou entre 3 e 16 dias
(média de 10,03 dias).
Foram avaliados as variáveis: número
de enxertias por paciente, dias de internação,
necessidade de intubação orotraqueal (IOT), índice
de infecção (comprovada por culturas), necessidade
de antibióticos (por infecção confirmada por culturas
ou por infecção não confirmada porém suspeitada
devido elevação da temperatura corporal ou por
alterações laboratoriais no leucograma e provas
inflamatórias), perdas parciais ou totais dos
enxertos e índice de mortalidade.
de SCQ, porcentagem de queimadura de
terceiro grau e níveis elevados de proteínas
de fase aguda como a alfa-1-glicoproteína
ácida e a proteína C reativa (PCR). (3) Em 70
% dos pacientes com infecção, a elevação
da PCR precede em pelo menos 12 horas a
elevação de outros marcadores de infecção
como leucocitose, hemossedimentação e,
mesmo a febre. (7-9)
RESULTADOS
O nível de PCR médio dos pacientes que
evoluiram com perdas parciais ou totais do
enxerto foi comparado com o nível médio do PCR
dos pacientes que não apresentaram perdas, nas
4 fases avaliadas (gráfico 1).
Foram utilizados como pontos de corte para
comparação, os valores de PCR de 12mg/L no
momento da internação, 14mg/L nas primeiras
24h da enxertia e 20 mg/L após 72h da enxertia de
pele; sendo comparado a incidências em cada um
dos grupos das variáveis previamentes descritas
(tabela 1). Houve apenas 2 óbitos entre todos os
pacientes estudados, não permitindo estabelecer
alguma relação causal.
CONCLUSÃO
As proteínas de fase aguda se mostram como
importantes sinalizadores e quantificadores de
resposta inflamatória além de potenciais preditores de
morbidade ou mortalidade de pacientes que sofreram
agressão tecidual por queimaduras e de complicações
pós-operatórias em pacientes submetidos a cobertura
cutânea com enxertos de pele.
DISCUSSÃO
A elevação dos mediadores de fase
aguda expressa o grau de extensão do
trauma
tecidual,
estando
diretamente
relacionada a área de superfície corpórea
queimada (SCQ) e ao intervalo de tempo
entre a agressão tecidual e a cobertura
com enxerto. Gottschlich e colaboradores,
identificaram uma relação estatisticamente
significativa entre o nível PCR e a taxa
de mortalidade, além de complicações
infecciosas relacionadas à porcentagem
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