Variação Linguística - Portal

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COLÉGIO MILITAR DE BRASÍLIA
COORDENAÇÃO DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
LÍNGUA PORTUGUESA
1º BIMESTRE – NOTA DE AULA 04
COORDENAÇÃO DO 1º ANO
Variação Linguística
Textos para introdução e discussão sobre as questões relacionadas às variações linguísticas.
Texto I
A lingoagem e figura do entendimento[...] os bons falão virtude e os maliçiosos maldades [...] sabe falar os q etede as cousas:
porq das cousas naçe as palauras e não das palauras as cousas.
(Fernão de Oliveira, autor da primeira gramática da língua portuguesa, publicada em 1536)
.
Texto II
Há alguns anos, o dramaturgo Plínio Marcos escreveu um texto e, a partir dele, gravou um vídeo para apresentar aos
presidiários da Casa de Detenção, em São Paulo. O objetivo era orientar os detentos sobre os cuidados que eles deveriam ter
para evitar o contágio pelo vírus da AIDS.
“Aqui é o bandido Plínio Marcos! Atenção malandrage! Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: AIDS é
uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pegá essa praga está
ralado de verde e amarelo[...]. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem ai-jesus. Pegou AIDS,
foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua: AIDS passa pelo esperma e pelo sangue! [...]
Aids não toma conhecimento de macheza, pega pra lá e pega pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé,
pega em roçadeira! Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tempão sem sabê [...] Então te cuida!
Sexo, só com camisinha.
Conceitos:
Variações Línguísticas.
a) Variação histórica
b) Variação geográfica
c) Variação sociocultural
Língua Culta – Convencionalmente considerada “certa” ou “modelar”, é a variedade linguística valorizada pelos falantes que
integram o grupo social de maior prestígio.
Língua Coloquial – considerada uma variante mais espontânea, utilizada nas relações informais entre os falantes.
O “certo” e o “errado” no idioma
Segundo Mauro Ferreira (2007, p.81), os falantes de um idioma, de modo geral, são levados a aceitar como correto o
modo de falar do segmento social que, em consequência de sua situação econômica e cultural privilegiada, tem maior prestígio
na sociedade. O modo de falar desse grupo social, dessa forma, passa a servir de padrão, enquanto as demais variedades
linguísticas, faladas por grupos sociais menos prestigiados, passam a ser consideradas erradas.
O gramático ressalta que não há uma forma melhor (mais certa) ou pior (mais errada) de falar, já que o que promove
essa diferenciação são os critérios sociais e as situações de uso efetivo da língua. Expõe ainda que a frase “Eles não teve peito
de encará os ladrões” está linguisticamente correta, já que podemos compreender as ideias que expressa, porém está
gramaticalmente incorreta, pois não obedece aos padrões da gramática normativa. Já a frase “Obviamente faltou-lhes coragem
para enfrentar os ladrões” é gramaticalmente correta.
Adequação e inadequação vocabular
Para o falante adequar sua linguagem às circunstâncias do ato de comunicação, são vários os fatores que,
isoladamente ou combinados, ele deve observar: Destacam-se alguns desses fatores.
 O interlocutor (não se fala do mesmo jeito com um adulto e com uma criança);
 O assunto (não se fala da morte de uma pessoa amiga do mesmo modo que se fala de uma partida de futebol);
 O ambiente (não se fala do mesmo jeito em um templo religioso e em um churrasco com amigos);

A relação falante-ouvinte (não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho; ou em uma relação
social informal e uma relação formal).
Exercícios
1- As diferentes falas dos assaltantes revelam suas origens. Identifique de qual Estado provém cada bandido.
ASSALTANTE EM _____________________________
-Ei, bichim... Isso é um assalto... Arriba logo os braço e num se bula não.
Num se cague, num se mije e num faça munganga...
Jogue o dinheiro no mato e não faça pantim, si não enfio a pexeira no teu bucho e boto os fato prá fora...Me perdoi, meu
Padim Ciço, mai é qui eu tô cuma fome da muléstia dos cachorro.
ASSALTANTE EM _____________________________
-Aí meu rei... Isso é um assalto...Levanta os braços, mas não se avexe não... Se num quiser nem precisa levantar, pra num
ficar cansado... Vai passando a grana, bem devagarinho...
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado. Não esquenta não, meu irmãozinho, vou deixar teus
documentos na encruzilhada.
ASSALTANTE EM _____________________________
- Ô siô, prestenção... isso é um assarto, uai.
Levanta os braço e fica quetin quêsse trem na minha mão tá cheio de bala....
Mió passá logo os trocados que eu num to bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o quê, siô?!
ASSALTANTE EM ____________________________
- Seguiiiinnte, bicho ... Tu te ferrou, mermão. Isso é um assalto. Perdeu, perdeu! Passa a grana e levanta os braço, rapá. Num
fica de bobeira que eu atiro bem pra #@8*%. Vai andando e se olhar prá trás vira presunto.
ASSALTANTE EM ______________________________
- Ôrra, meu ..... Isso é um assalto, mano Levanta os braços, mano... Passa a grana logo, mano. Rápido. Mais rápido, meu, que
eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pá comprar o ingresso do jogo do Curintias, mano ... Pô, se manda, mano... .
ASSALTANTE EM ______________________________
- Ô guri, ficas atento ... Bah, isso é um assalto. Levanta os braços e te aquieta, tchê! Não tentes nada e cuidado que esse facão
corta uma barbaridade, tchê. Passa as pila prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.
2 - (Univ. Metodista-SP). Leia o trecho abaixo e responda:
"Os nossos salário, cum relação ao que nóis fazem e o lucro que os outros tem, é insignificante. Por que acontece
isso? Eu tenho que trabaiá trezentos e sessenta e cinco dias por ano. O outro num trabaia nem... nem cem dias, ganha muito
mais. Porque eu sô a máquina que dá descanso pra ele".
(LUÍS Flávio Rainho, Os peões do Frande ABC.)
a) Transponha a linguagem coloquial para o padrão escrito da linguagem formal.
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b) O fato de o falante não se expressar de acordo com as regras da gramática normativa não o impede de ter plena
consciência do problema que ele analisa. Qual é esse problema e que opinião ele tem a respeito?
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03 - Leia o trecho a seguir e analise as opções como certas (C) ou erradas (E).
À pampa, truta?
A gíria é o elemento mais intercambiável entre as tribos. Ela se dissemina rapidamente e acaba se incorporando ao vocabulário
de todas elas.
(Revista Ana Maria, 22 de maio 2005, p. 36)
(
) As gírias são expressões que marcam a língua coloquial, ou seja, é uma variante mais espontânea, utilizada nas relações
informais entre os falantes.
(
) O emprego intensivo de gírias entre os falantes, faz com que essa variedade linguística se propague rapidamente.
(
) O autor do texto expõe um processo linguístico que sofre influência de inúmeros fatores entre eles: a relação entre
falantes e ouvintes.
(
) "À pampa, truta" são expressões resultantes de variação linguística empregadas entre falantes marcadas por uma época
e pelo grupo social de que fazem parte.
(
) O vocábulo "tribos" está empregado em um sentido denotativo, isto é, real.
Os vestibulares modernos exploram as variantes de maneira diferente, solicitando, por exemplo, comentários sobre o
uso de certas variantes e propondo comparações entre elas, como na questão que segue.
04. (UFV) — Suponha um aluno se dirigindo a um colega de classe nestes termos: “Venho respeitosamente solicitar-lhe se
digne emprestar-me o livro.” A atitude desse aluno se assemelha à atitude do indivíduo que:
a) comparece ao baile de gala trajando “smoking”.
b) vai à audiência com uma autoridade de “short” e camiseta.
c) vai à praia de terno e gravata.
d) põe terno e gravata para ir falar na Câmara dos Deputados.
e) vai ao Maracanã de chinelo e bermuda.
05. ENEM 2000- O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos
abaixo.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988)
“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se
deseja reproduzir a fala dos personagens (...).”
(CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980)
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
(A) condenam essa regra gramatical.
(B) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
(C) relativizam essa regra gramatical.
(D) afirmam que não há regras para uso de pronomes.
(E) criticam a presença de regras na gramática.
Para falar e escrever de forma adequada ao contexto, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua
Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de
Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com
situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol
dizendo “estereotipação” ? E, no entanto, por que não?
- Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
-Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
- Como é?
- Aí, galera.
- Quais são as instruções do técnico?
- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de
preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de
meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão
inesperada do fluxo da ação.
- Ahn?
- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
- Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à
qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
- Pode.
- Uma saudação para a minha progenitora.
- Como é?
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo
primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
- Estereoquê?
- Um chato?
- Isso.
Correio Braziliense, 13/05/1998.
06. ENEM 1998 - O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas:
(A) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe.
(B) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de
modo muito rebuscado.
(C) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão “progenitora”, por parte do jogador.
(D) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e
ir pra cima pra pegá eles sem calça” .
(E) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo.
07 - ENEM 1998 - O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as
diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa também uma inadequação da linguagem usada ao
contexto:
(A) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” - um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que vai
passando.
(B) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito
pouca comida nos lares brasileiros” - um professor universitário em um congresso internacional.
(C) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” - alguém comenta em uma reunião de trabalho.
(D) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa” alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.
(E) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” - um jovem que fala para um amigo.
08 - ENEM 1998 - A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua
culta, formal, por:
(A) pegá-los na mentira.
(B) pegá-los rapidamente.
(C) pegá-los em flagrante.
(D) pegá-los desprevenidos.
(E) pegá-los momentaneamente
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