1. Introdução

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INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE
TEXTO
MÓDULO 2
AS DIFERENTES LINGUAGENS
Índice
1. Introdução .............................................................. 3
1.1 Linguagem Verbal e Linguagem Não Verbal .............. 4
1.2 Linguagem Formal e Informal ................................ 4
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Interpretação e Produção de Texto – Módulo 2: As Diferentes Linguagens
1. INTRODUÇÃO
A linguagem é o instrumento com que o homem pensa e sente, forma
estados de alma, aspirações, volições e ações, o instrumento com que
influencia e é influenciado, o fundamento último e mais profundo da
sociedade humana.
L. Hjelmslev
A linguagem nasce da necessidade humana de comunicação; nela e com
ela, o homem interage com o mundo. Para tratarmos das diferentes
linguagens de que dispomos, verbais e não verbais, precisamos, inicialmente,
pensar que elas existem para que possamos estabelecer comunicação. Mas o
que é, em si, comunicar?
Se desdobrarmos a palavra comunicação, teremos:
Comunicação: “comum” + “ação”, ou melhor, “ação em comum”.
De modo geral, todos os significados encontrados para a palavra
comunicação revelam a idéia de relação. Observe:
Comunicação: deriva do latim communicare, cujo significado seria
“tornar comum”, “partilhar”, “repartir”, “trocar opiniões”, “estar em relação
com”. Podemos assim afirmar que, historicamente, comunicação implica em
participação, interação entre dois ou mais elementos, um emitindo
informações, outro recebendo e reagindo. Para que a comunicação exista,
então, é preciso que haja mais de um pólo: sem o “outro” não há partilha de
sentimentos e idéias ou de comandos e respostas.
Para que a comunicação seja eficiente, é necessário que haja um
código comum aos interlocutores.
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Interpretação e Produção de Texto – Módulo 2: As Diferentes Linguagens
Tomemos, agora, o conceito apresentado por Bechara (1999:28) para
fundamentar o conceito de linguagem:
Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos
empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar idéias e
sentimentos, isto é, conteúdos da consciência.
A linguagem é, então, vista como um espaço em que tanto o sujeito
quanto o outro que com ele interage são ativos. Por meio dela, o homem
pode trocar informações e idéias, compartilhar conhecimentos, expressar
idéias e emoções. Desse modo, reconhecemos a linguagem como um
instrumento múltiplo e dinâmico, isso porque, considerados os sentidos que
devem ser expressos e as condições de que dispomos em dada situação,
valemo-nos de códigos diferentes, criados a partir de elementos como o som,
a imagem, a cor, a forma, o movimento e tantos outros.
Vale salientar a idéia de que o processo de significação só acontece
verdadeiramente quando, ao apropriarmo-nos de um código, por meio dele
nos fazemos entender.
1.1 LINGUAGEM VERBAL E LINGUAGEM NÃO VERBAL
Chamamos de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que
nos permite realizar atos de comunicação. Certamente, você já observou que
o ser humano utiliza as mais diferentes linguagens: a da música, a da dança,
a da pintura, a dos surdos-mudos, a dos sinais de trânsito, a da língua que
você fala, entre outras. Como vemos, a linguagem é produto de práticas
sociais de uma determinada cultura que a representa e a modifica, numa
atividade predominantemente social.
Considerando o sistema de sinais utilizados na comunicação humana,
costumamos dividir a linguagem em verbal e não verbal. Assim, temos:
a.
Linguagem verbal: aquela que utiliza as palavras para
estabelecer comunicação. A língua que você utiliza, por exemplo, é
linguagem verbal.
b.
Linguagem não verbal: aquela que utiliza outros sinais que não
as palavras para estabelecer comunicação. Os sinais utilizados
pelos surdos-mudos, por exemplo, constituem um tipo de
linguagem não verbal.
1.2 LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL
Nossa língua apresenta uma imensa possibilidade de variantes
lingüísticas, tanto na linguagem formal (padrão) quanto na linguagem
informal (coloquial). Elas não são, assim, homogêneas. Especialmente no
que se refere ao coloquial, as variações não se esgotam. Alguns fatores
determinam essa variedade. São eles:
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
diferenças regionais: há características fonéticas próprias de cada
região, um sotaque próprio que dá traços distintivos ao falante
nativo. Por exemplo, a fala espontânea de um caipira difere da
fala de um gaúcho em pronúncia e vocabulário;

nível social do falante e sua relação com a escrita: um operário,
de modo geral, não fala da mesma maneira que um médico, por
exemplo;

diferenças individuais.
É importante salientar que cada variedade tem seu conjunto de
situações específicas para seu uso e, de modo geral, não pode ser substituída
por outra sem provocar, ao menos, estranheza durante a comunicação. O
texto de Luis Fernando Veríssimo ilustra uma dessas situações inusitadas:
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo,
você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no
entanto, por que não?
- Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
- Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas,
aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
- Como é?
- Aí, galera.
- Quais são as instruções do técnico?
- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção
coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as
probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contra-golpe
agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da
desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão
inesperada do fluxo da ação.
- Ahn?
- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
- Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez
mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões,
inclusive, genéticas?
- Pode.
- Uma saudação para a minha progenitora.
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- Como é?
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à
expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de
expressão e assim sabota a estereotipação?
- Estereoquê?
- Um chato?
- Isso.
Correio Braziliense, 13/05/1998.
Podemos concluir daí que cada variedade tem seus domínios próprios e
que não existe a variedade “certa” ou “errada”. Para cada situação
comunicativa existe a variante “mais” ou “menos” adequada. É certo, no
entanto, que é atribuída à variante padrão um valor social e histórico maior
do que à coloquial. Cabe, assim, ao indivíduo – competente lingüisticamente
- optar por uma ou outra variante em função da situação comunicativa da
qual participa no momento.
Por fim, citando Bechara (1999), a linguagem é sempre um estar
no mundo com os outros, não como um indivíduo em particular, mas
como parte do todo social, de uma comunidade.
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