Legenda da foto: Uma das ações importantes do programa é fazer com que as crianças de até 5 anos portadoras de coagulopatias recebam os fatores para prevenção de hemorragias, mesmo que não tenham sangramento Crédito da foto: Márcio Nascimento Tratamento garante vida saudável aos hemofílicos Ministério da Saúde aumenta quantidade de fatores de coagulação fornecida aos portadores de hemofilia, doença de Von Willebrand e outras coagulopatias A ausência de uma proteína que ajuda na coagulação do sangue. Essa é a causa das coagulopatias, doenças hereditárias como a de Von Willebrand e as hemofilias. Suas principais manifestações clínicas são a ocorrência de hemorragias, principalmente nas articulações, que colocam em risco a saúde dos pacientes. O tratamento, feito com a reposição da proteína ausente por meio dos fatores de coagulação, é bastante eficaz. Hoje, cerca de nove mil brasileiros são portadores dessas doenças. Para aumentar a qualidade de vida dos pacientes, o Ministério da Saúde ampliou de 30 mil para 40 mil unidades internacionais por ano a quantidade de fatores de coagulação distribuída para cada paciente. A medida faz parte do Programa de Atenção Integral aos Pacientes Portadores de Coagulopatias Hereditárias, lançado pelo ministério em novembro de 2004. A idéia do ministério é aumentar o acesso dos portadores de coagulopatias hereditárias ao tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O programa prevê também o desenvolvimento de um sistema de cadastramento dos pacientes, o Hemovida Ambulatorial, que será elaborado pelo Departamento de Informação e Informática do SUS (Datasus). A implementação do tratamento domiciliar é outra ação importante a ser desenvolvida. “O SUS distribui o fator de coagulação específico para os pacientes cadastrados, que devem ser usados quando começar um sangramento. Assim, a medicação inibe a hemorragia e permite que os portadores da doença procurem atendimento médico”, assinala o coordenador da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, João Paulo Baccara. Outra ação importante do programa discutida no encontro será a Profilaxia Primária para as crianças de até 5 anos de idade portadoras de coagulopatias hereditárias, que chegam a cerca de 1,5 mil pacientes. Essas crianças vão contar com tratamento preventivo da hemorragia e receberão doses dos fatores de coagulação, independentemente de terem ou não sangramento. “Além de proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes, as medidas do programa reduzirão gastos com internações e tratamentos prolongados”, ressalta João Baccara. “Pretende-se que este tratamento preventivo no futuro se estenda para todos os pacientes”, acrescenta. O Programa de Atenção Integral aos Pacientes Portadores de Coagulopatias Hereditárias também pretende trabalhar na reabilitação dos hemofílicos com seqüelas nas articulações. Para isso, o Ministério da Saúde fará uma parceria com o Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), que será responsável pela realização de cirurgias de colocação de próteses nas articulações dos pacientes. “A expectativa é de que sejam realizadas de seis a oito cirurgias por mês. A realização dessas cirurgias deve iniciar no próximo semestre”, assinala João Baccara. Doenças atingem principalmente os homens Existem dois tipos de hemofilia, a do tipo A (deficiência do fator VIII no sangue) e a do tipo B (deficiência do fator IX). Os hemofílicos A e B são tratados da mesma forma, por meio da reposição da proteína ausente. Os sintomas dessas doenças também são os mesmos: ocorrem hemorragias cutâneas, no sistema neurológico e, principalmente, nas articulações. Os sintomas aparecem desde o nascimento, mas são mais freqüentes quando as crianças começam a engatinhar e se machucam. As coagulopatias ocorrem quase que exclusivamente nos homens, pelas características genéticas deles. Hoje, dificilmente são registrados óbitos causados pelas coagulopatias. No entanto, é comum o aparecimento de agravos como deformações nas articulações. Com a realização do tratamento preventivo de reposição do fator de coagulação, diminuem-se os riscos para os pacientes de sofrerem lesões. Os fatores de coagulação oferecidos pelo Ministério da Saúde são distribuídos de acordo com a necessidade dos pacientes.