centro de ensino superior do ceará faculdade cearense curso de

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE PEDAGOGIA
MAYARA ALBUQUERQUE CAETANO
AS DIFICULDADES DAS CRIANÇAS COM TDAH E AS INTERVENÇÕES DO
PROFESSOR NO AMBIENTE ESCOLAR
FORTALEZA
2012
MAYARA ALBUQUERQUE CAETANO
AS DIFICULDADES DAS CRIANÇAS COM TDAH E AS INTERVENÇÕES DO
PROFESSOR NO AMBIENTE ESCOLAR
Monografia
submetida
à
aprovação
da
coordenação do curso de Pedagogia do Centro de
Ensino Superior do Ceará, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Graduação.
Orientadora: Suzanety Franco de Sá e Souza
FORTALEZA
2012
MAYARA ALBUQUERQUE CAETANO
AS DIFICULDADES DAS CRIANÇAS COM TDAH E AS INTERVENÇÕES DO
PROFESSOR NO AMBIENTE ESCOLAR
Monografia
como
pré-requisito
para obtenção do título de Licenciatura
em
Pedagogia,
outorgado
pela
Faculdade Cearense - FAC, tendo sido
aprovada
pela
banca
examinadora
composta pelos professores.
Data da aprovação: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
Profº. Ms.Judenildes Guedes Batista
Profª. Ms. Luiza Lúlia Feitosa Simões
Profª. Esp. Suzanety Franco de Sá e Souza
Dedico a minha querida e amada mãe e a minha avó
Maria Liberato que, lá do céu, esta festejando comigo essa
vitória.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que, com o seu amor incondicional de pai,
me deu força e garra pra chegar até aqui.
A minha mãe que com sua luta durante a vida, me ensinou a não fraquejar e
sempre buscar os meus sonhos, motivando-me, apoiando-me e como uma boa mãe
me estimulado quando parecia esmorecer. Essa vitória também é sua.
Aos meus irmãos, Ana Amélia, Pedro e Evandi, que me ensinaram o valor de
ser família.
Aos meus amigos e companheiros de turma Kamille, Hellen, Deline, Fernanda
e Adriano, que estiveram comigo durante toda essa caminhada. Compartilhamos
alegrias, tristezas, decepções, surpresas. Foi intenso e verdadeiro cada momento ao
lado de vocês.
Ao meu esposo, Leandro, que sempre me apoiou, dando-me conselhos para
ser firme e não desistir. Você foi companheiro, paciênte e fez-me amada, cuidada
durante toda essa jornada.
A minha professora e orientadora, Suzanety Sá e Sousa, que com seu alto
astral e conhecimentos me fez chegar até aqui. Acreditou e confiou muito em meu
potencial.
A todos que acreditaram em mim, muito obrigado, esse trabalho tem um
pouquinho de cada um de vocês e por isso essa vitória é nossa!
O aluno com TDA/H impulsiona o professor a uma constante
reflexão sobre a sua atuação pedagógica, obrigando-o a uma
flexibilização constante para adaptar seu ensino ao estilo de
aprendizagem
do
aluno,
atendendo,
assim,
as
suas
necessidades educacionais individuais.
(Rohde ET ALII, 2003, p. 206)
RESUMO
O presente estudo aborda as dificuldades apresentadas pelas crianças com
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no ambiente escolar, bem
como as intervenções pedagógicas realizadas pela professora junto ao aluno. O
estudo tem como objetivos: pesquisar as dificuldades que os alunos portadores de
TDAH possuem; investigar os conhecimentos prévios do professor que está em sala
de aula com esse aluno; verificar qual é a metodologia utilizada com a turma e
analisar dados significativos de uma criança com o déficit em seu convívio social na
escola. Com a ajuda da psicóloga escolar é possível conhecer o histórico do aluno
TDAH, desde a sua chegada. Onde é feito o primeiro contato em uma entrevista
com os pais do aluno até o acompanhamento atual da criança. Os dados da
pesquisa indicam que as crianças que apresentam Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade ainda não são bem aceitas pela escola. Muitas vezes, os
professores utilizam rótulos para defini-las como: problemáticas, indisciplinadas,
danadas e inquietas. Entretanto, estudos apontam que na verdade são pessoas
criativas, inventivas, divertidas, observadoras, simples e comuns. Possuem grandes
habilidades e são muito inteligentes. Porém, muitas dessas habilidades não são
observadas pelos professores, pois algumas vezes os mesmos só conseguem
perceber o lado negativo do aluno, o comportamento inadequado; atitudes essas
que são involuntárias em crianças com esse transtorno, devido à dificuldade de não
conseguirem controlar seus impulsos. Se diagnosticadas durante a infância, tratadas
e orientadas corretamente podem se tornar adultos brilhantes.
Palavras Chaves: TDAH, escola, professor, metodologia, convívio social.
ABSTRACT
This paper addresses the difficulties faced by children with Attention Deficit Disorder
and Hyperactivity Disorder (ADHD) in the school environment as well as the
pedagogical interventions performed by the teacher with the student. The study aims
to: investigate the difficulties that students with ADHD have; investigate the prior
knowledge that the teacher is in the classroom with this student, check what is the
methodology used with the class and analyze meaningful data from a child with
deficits in their social life at school. With the help of the school psychologist is
possible to know the history of ADHD student from the finish where the first contact is
made with the interview with the student's parents to the child's current monitoring.
The survey data indicate that children who have Attention Deficit Disorder and
Hyperactivity are not well accepted by the school. Often, teachers use labels to
define them as problematic, unruly, damaged and restless. However, studies show
that people are actually creative, inventive, funny, observant, simple and ordinary.
They have great skills and are very intelligent. But many of these skills are not
observed by teachers, because sometimes they can only see the negative side of the
student, inappropriate behavior, that these attitudes are involuntary in children with
this disorder, due to the difficulty of being unable to control their impulses. If
diagnosed during childhood, treated and educated correctly can become bright
adults.
Key Words: ADHD, school, teacher, methodology, social interaction.
Sumário
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2. A HISTÓRIA DO TDAH ......................................................................................... 15
2.1 A descoberta do TDAH .................................................................................. 15
2.2 A evolução do diagnóstico do TDAH ........................................................... 17
2.3 As contribuições atuais das pesquisas sobre TDAH ................................. 18
3. A CRIANÇA COM TDAH ....................................................................................... 20
4. A VISÃO DA ESCOLA SOBRE A CRIANÇA COM TDAH..................................... 24
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ......................................................... 28
5.1 Entrevista com a professora do aluno com TDAH ...................................... 28
5.2 Entrevista com a Psicóloga Escolar............................................................. 32
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
APÊNDICE A............................................................................................................. 42
APÊNDICE B............................................................................................................. 43
11
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata-se de um estudo de caso relacionado às
dificuldades que crianças com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) enfrentam no ambiente escolar e qual a metodologia utilizada pelo professor
em sala de aula mediante essa situação.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma das doenças
infantis mais comuns no mundo e trata-se de um transtorno neurobiológico, de
causas genéticas. Dentre os sintomas mais comuns estão: a desatenção, a
inquietude e a impulsividade (ABDA, 2011).
O estudo pretende entender um pouco mais o TDAH que muitas vezes por
falta de informações tem sido negligenciado pelos próprios profissionais da área da
educação. Isso ocorre porque os mesmo costumam confundir as suas atitudes como
a “má educação” ou a “falta de limites”, gerando consequências graves que podem ir
desde dificuldade de aprendizagem até a pré-disposição para o uso de drogas,
álcool ou a prática de crime.
O TDAH na infância está associado às dificuldades enfrentadas pelo aluno na
escola quando comparada ao rendimento das demais crianças. Os meninos tendem
a ter mais sintomas do que as meninas, e um dos sintomas mais comum dentre as
crianças que sofrem com este transtorno é a desatenção (apud, 2011).
O que muitas vezes atrapalha e distancia essa criança do progresso em
relação às demais crianças. Não queremos dizer que essas crianças possuem
algum retardo ou não conseguem aprender, mas são inúmeras as vezes que os
profissionais que lidam com elas em sala tendem a rotulá-las, como já citamos no
inicio, como “alunos problemas”.
Em todo o mundo há estudos que falam que a prevalência do TDAH é
parecida em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a
fatores culturais, como por exemplo, a maneira com que os pais educam seus filhos
(apud, 2011).
12
As primeiras referências à hiperatividade na literatura médica aconteceram
durante o século XVIII. Entretanto, em 1902, o pediatra inglês George Fredick Still
descreveu esse quadro clínico mais detalhadamente e nomeou-o de “Defeito na
conduta moral”. Still prescreveu como condição médica, condutas infantis que eram
tratadas como “maus comportamentos” (LIMA, 2005). Veremos que essa concepção
ainda influencia nos dias atuais, acreditamos que essa seja uma das razões pela
quais alguns professores não tratam desse transtorno de maneira pedagógica.
No Brasil, por volta da década de 1970, o diagnóstico de Disfunção Cerebral
Mínima (DCM) foi difundido especialmente por Lefèvre, um neuropediatra de
renome. Ele define a DCM como um estudo multidisciplinar e resguarda o lugar da
neurologia, psicologia, psicopedagogia, psicomotricidade, fonoaudiologia e outros,
no espaço escolar (LEFÈVRE, 1978).
Através desta investigação pretendo apontar questões relacionadas a
problemas que pessoas com TDAH enfrentam na sociedade. Com objetivo geral a
pesquisa fala sobre as dificuldades que os alunos portadores de TDAH possuem. E
com objetivos específicos, foi possível verificar os conhecimentos prévios do
professor e verificar a metodologia utilizada em sala de aula, além de analises de
dados significativos da criança em seu convívio escolar. Dentre essas questões o
descaso e a falta de conhecimento sobre o TDAH. É o que acarreta preconceitos e
descriminações, inclusive de professores que afirmam ter alunos “danados”, que não
param um minuto e “só atrapalham”. Essa é uma das afirmações mais comuns entre
profissionais leigos, despreparados ao se referir a esse tipo de transtorno. De certo,
um professor que não tem o conhecimento necessário sobre as características
apresentadas por alunos com TDAH e sua implicação no processo de aprendizagem
terá dificuldade em tratar os “problemas” que surgem em sala de aula.
A formação continuada de professores será uma alternativa para que os
profissionais da área da educação aprofundem seus conhecimentos sobre a TDAH.
Tais formações podem acontecer de diversas maneiras: palestras, para que eles
possam melhor compreender os comportamentos apresentados por seus alunos,
mesas redondas com outros professores é possível discutir a melhor solução e a
metodologia adequada a ser aplicada para a aprendizagem desses alunos,
13
especialização, dentre outras. Buscando uma compreensão de que todos têm
capacidade para aprender e que nós como mediadores do conhecimento
precisamos ter estratégias para alcançar tais crianças. Quando esses alunos são
alcançados, eles se dedicam e envolvem-se, trazendo grandes surpresas para os
professores. Essa é uma maneira de sensibilizar professores e a comunidade
escolar, a fim de buscar habilidades que possibilitem lidar com esses alunos, sem
perdê-los.
Para que alcançar os objetivos será necessário realizar pesquisa bibliográfica,
para que tenhamos maior embasamento teórico para tratar sobre o tema, assim
como estudo de campo onde utilizei como instrumento a observação. Foi observado
o aluno em sala de aula, em seu convívio com os colegas, com a professora. E com
orientações da psicóloga foi possível encontrar respostas para muitas indagações.
Outro instrumento utilizado foi o questionário, este aplicado junto à professora, com
o intuito de verificar seus conhecimentos sobre TDAH. Ainda foi feito um paralelo
com o que foi observado sobre a atuação da professora em sala de aula, ou seja, a
sua postura e a metodologia utilizada com o aluno portador do transtorno. As
perguntas buscavam conhecer sobre a criança, se esta havia passado por algum
tratamento, se estava sendo ou foi acompanhada por outros especialistas, se ela
estava sendo tratada. Tudo isso contribuiu para que encontrássemos dados
concretos e dialogássemos com especialistas no assunto do estudo. Em contato
com a psicóloga da escola, que acompanha a criança desde os quatro anos de
idade (hoje com sete anos), quando chegou ao colégio para fazer a entrevista foi
possível colher informações de grande valor para o estudo.
Minha prática pedagógica como educadora me conduziu nessa investigação.
Nesse período tive a oportunidade de observar a relação que os professores
estabeleciam com a criança TDAH. O contato que tive com a criança que
apresentava TDAH, suscitava em mim questões relacionadas à: quais dificuldades
os alunos com TDAH enfrentam em seu processo de aprendizagem? Quais práticas
pedagógicas
os
professores
desses
alunos
apresentam?
metodológicos utilizam no trabalho com alunos com TDAH?
Quais
recursos
14
Quando iniciei minha experiência na educação deparei-me com dificuldades
minhas e de outras professoras em relação aos alunos que apresentam TDAH.
Foram essas dificuldades que me fizeram levantar algumas questões, tais como:
Como os educadores devem atuar e tratar desse transtorno, sem que ficasse
sequelas na vida dessa criança? Nós não poderíamos contribuir para que haja
crianças chegassem a se tornar adultos incapazes perante a vida, pois esta é uma
realidade para pessoas hiperativas, isto é, quando na infância não diagnosticadas e
com isso não são tratados como deveriam ser.
A pesquisa é de origem descritiva e exploratória a partir de um estudo de
caso em uma escola de ensino particular do município de Fortaleza no período de
janeiro de 2012 a junho de 2012 com dois sujeitos participantes. O aluno portador de
TDAH e a sua professora da sala de aula.
Foi utilizado um questionário com perguntas sobre TDAH para identificar o
nível de conhecimento prévio desse professor atuante em sala de aula (Anexo A) e
uma entrevista (Anexo B) com a psicóloga escolar que acompanha o aluno desde a
sua chegada ao colégio como forma de conhecer um pouco do contexto em que o
aluno está inserido. As observações serão direcionadas as atitudes do aluno com o
transtorno e o relacionamento entre escola x aluno.
15
2. A HISTÓRIA DO TDAH
2.1 A descoberta do TDAH
A sigla TDAH é atual e surgiu recentemente, na década de 1990, no entanto
possui uma longa trajetória de estudos e observações, referentes ao transtorno, até
chegar a essa nomenclatura. Nessa primeira parte faremos um breve histórico sobre
a descoberta do TDAH.
Em 1902, Still descreveu o quadro clínico de uma criança hiperativa e
nomeou de “Defeito na conduta moral”. Still observou que as crianças mesmo tendo
sido criadas em ambientes estruturados, demonstravam ser inábeis para internalizar
regras. Entretanto, percebeu também que no ambiente em que viviam essas
crianças, havia outros membros da família que apresentavam patologias
psiquiátricas como o alcoolismo, a depressão ou até o mesmo quadro
comportamental
revelado
pelas
crianças,
levando
assim
a
hipótese
de
hereditariedade genética. Still acreditava que essas crianças poderiam ser ajudadas
e educadas em idade precoce (BENCZIK, 2000a; HALLOWELL & RATEY, 1999;
LEITE, 2002; LIMA, 2005).
Entre 1917 e 1918, após uma pandemia de encefalite (doença causada por
uma inflamação no cérebro), observou-se que as crianças atingidas revelavam como
sequelas a hiperatividade, desatenção e impaciência. Esse quadro foi denominado
por Holman, em 1922, de “Desordem pós encefalítica”, tendo contribuído para
reforçar a hipótese de uma causa biológica para distúrbios de conduta infantis
(LIMA, 2005). Para as crianças que não foram expostas ao surto de encefalite, mas
que apresentavam sintomas parecidos foi sugestionado que, talvez tivessem sofrido
dano cerebral originário de outra maneira. Essas crianças apresentavam-se um tanto
espertas e inteligentes para serem portadoras de uma lesão cerebral. Passou-se
então ao termo “Lesão Cerebral Mínima” pelo fato de não haver evidências que
atestassem a presença de lesões cerebrais.
Outras contribuições para essa hipótese foram o experimento de Charles
Bradley, em 1937, com medicações estimulantes em crianças emocionalmente
perturbadas, tendo como consequências vários prejuízos que resultavam em
comportamentos de inquietação, desatenção e impaciência. Todos esses fatos
16
chegavam à conclusão da categoria “Lesão cerebral mínima” por Strauss e Lehtinem
em 1947. (BENCZIK, 2000a; LIMA, 2005; MOYSÉS & COLLARES 1992a).
Em 1962, as hipóteses de lesão cerebral não haviam se confirmado e, após
um simpósio em Oxford, Londres, com objetivo de promover o consenso sobre essa
situação, modificou-se a denominação para “Disfunção cerebral mínima” (DCM).
Assim, estabeleceu-se que o comprometimento cerebral não se tratava de lesão,
mas sim de disfunção (BENCZIK, 2000a; CYPEL, 2001; LIMA, 2005).
Um fato muito importante propiciado pela extensão de um diagnóstico tão
impreciso como o de DCM e por sua associação aos fracassos escolares, foi à
emergência de novas profissões como de psicopedagogia e a psicomotricidade. A
escola passa a configurar um novo setor de trabalho para vários especialistas, que
adéquam sua orientação profissional a essa concepção biológica do processo
ensino aprendizagem (MOYSÉS & COLLARES, 1992 a).
Lefèvre, 1987 define o DCM como um estudo multidisciplinar fazendo com
que o diagnóstico de DCM fique desacreditado, na vastidão e na incerteza dos
quadros clínicos que nele são incluídos, vislumbrando um esforço por parte dos
pesquisadores em diferenciar a sua sintomatologia.
O termo “hiperatividade” eclode em 1957, com Laufer, Denhoff e Salomons,
através da categoria “Síndrome do impulso hipercinético”, e, em 1960, com Stella
Chess e outros autores, através da nomenclatura “Síndrome da criança hiperativa”.
Chess acreditava que a síndrome aparecia apenas em meninos e que diminuiria ao
longo do crescimento natural do indivíduo e descartou a hipótese de dano cerebral,
mas considerou uma forma de “hiperatividade fisiológica” (HALLOWELL & RATEY,
1999; LIMA, 2005).
Em 1968 a Associação de Psiquiatria Americana (APA) usou o termo Reação
Hipercinética da Infância ao publicar o Manual de Diagnóstico e Estatístico de
Desordens Mentais (DSM-II).
“Os novos termos tiveram grande validade para as crianças que
apresentavam hiperatividade como parte de seus sintomas. Muito embora,
tendessem a ignorar o fato de que um grande número de crianças
apresentasse déficits de atenção sem qualquer sinal de hiperatividade. Era
17
evidente que mais pesquisas deveriam ser realizadas para responder a
essas e outras questões” (SILVA, 2003).
A partir da década de 1970, o foco começa a se deslocar da hiperatividade
para as dificuldades de atenção e do controle dos impulsos, nesse momento, os
trabalhos de Virgínia Douglas tiveram bastante relevância. Esse deslocamento
culmina, na década de 1980, em um novo termo “Distúrbio do Déficit de Atenção”
(DDA) e que incluiu dois subtipos: com ou sem hiperatividade (HALLOWELL &
RATEY, 1999; LIMA, 2005).
Na década de 1990, chegou-se, finalmente, à nomenclatura atual. A síndrome
recebeu o nome de “Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade” (TDAH) e se
dividiu
em
três
subtipos,
um
predominantemente
desatento,
outro
hiperativo/impulsivo e um terceiro, o combinado (BENCZIK, 2000a; LIMA, 2005).
2.2 A evolução do diagnóstico do TDAH
O TDAH conquistou nas ultimas décadas maior atenção e investigação por
parte dos especialistas. Com o objetivo de divulgar informações relevantes a
respeito da doença e contribuir para a atualização científica dos profissionais que se
dedicam ao atendimento de portadores desse transtorno.
Apesar de inúmeras pesquisas, somente na década de 1970 observou-se que
algumas crianças com diagnostico de TDAH persistiam com muitos sintomas e
prejuízos significativos após a adolescência. Apesar da farta literatura científica
disponível e da maior divulgação deste assunto em nosso meio na atualidade, a
maioria das pessoas que possuem esse transtorno permanece sem diagnóstico, por
desconhecerem ou usarem o mecanismo de defesa da negação, e, portanto ficam
sem tratamento adequado.
O TDAH pode ser rigorosamente diagnosticado e tratado. O diagnostico é
clínico, não sendo necessária a realização de exames.
O Dr. Thomas Bradley (1937), relatou o efeito paradoxal dos estimulantes
benzedrina em crianças hiperativas, observando melhora do comportamento, da
atenção, do desempenho e no relacionamento com outras pessoas. Em 1944,
18
Panizzon, realizou a primeira síntese do metilfenidato. Em 1954 foi demonstrado o
seu efeito estimulante sobre o Sistema Nervoso Central e foi inicialmente lançado
para o tratamento de depressão e fadiga crônica. Em 1959 o metilfenidato foi
utilizado pela primeira vez para tratar pessoas com TDAH e atualmente ainda é o
medicamento de melhor escolha para esse tratamento. (LEITE, 2002).
A primeira apresentação do metilfenidato era composta de 20% com isômeros
dl-threometilfenidato e 80% dl-erythro-metilfenidato. Como o isômero erythro era
menos eficaz, ele deixou de ser utilizado. Hoje todas as apresentações do
metilfenidato disponíveis no Brasil possuem uma composição de misturas iguais
(LEITE, 2002).
Apesar de o mecanismo de ação do metilfenidato não ser inteiramente
compreendido, acredita-se que ele se liga aos transportadores de dopamina e
noradrenalina e bloqueia a recaptação destes neurotransmissores no neurônio présináptico. Ele também facilita a liberação de dopamina, inibe a atividade catabólica
da enzima monoamina-oxidase, estimula autorreceptores alfa-2-adrenérgicos,
redistribui as vesículas de dopamina no citoplasma, protege o neurônio do estresse
oxidativo e aumenta a liberação de histamina no córtex pré-frontal (LEITE, 2002).
2.3 As contribuições atuais das pesquisas sobre TDAH
A cultura da população moderna utiliza-se do discurso da biologia para
explicar comportamentos de todos os tipos. Crianças desatentas, avoadas,
desorganizadas, inquietas, hoje são consideradas e diagnosticadas de TDAH.
“Talvez a grande maioria da população mundial não esteja atenta para o fato de que
neste exato momento estamos vivenciando uma verdadeira revolução” (SILVA,
2003, p. 210).
O mundo esta vivendo uma revolução cultural e tecnológica, tudo está
acontecendo muito rápido. As crianças dessa década também estão acompanhando
esse ritmo acelerado. O comportamento hiperativo está aumentando porque o
mundo tem outro movimento. É um transtorno na vida de muita gente. De um lado
temos as pessoas que enxergam a criança portadora de déficit e de outro as
pessoas que só vêem a criança desatenta.
19
A escola, os professores e a família precisam estar preparados para
compreender as crianças, pois a sociedade atual não é igual a da época de nossos
pais. Os jogos de computadores são mais eletrizantes e os desenhos animados bem
mais elaborados e agitados. As crianças com TDAH precisam apenas ser
compreendidas antes mesmo de serem criticadas.
20
3. A CRIANÇA COM TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno
neurobiológico, de causas genéticas. Ele se caracteriza por sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade. Grande parte da população nunca ouviu
falar no TDAH ou até mesmo não acredita que o mesmo exista. Talvez por
ignorância, falta de informação científica e/ou até má fé. Mas existe sim, e é
reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), basta que seja divulgado (ABDA, 2011).
O transtorno é muito mais comum do que parece. Ocorre em 3 a 5% das
crianças em várias regiões diferentes do mundo e mais da metade dos casos
quando não tratados perduram e acompanham o individuo na vida adulta. Os
sintomas se caracterizam principalmente por desatenção e hiperatividadeimpulsividade. Fontana, Vasconcelos e Werner, realizaram um estudo para analisar
a prevalência de crianças com TDAH em quatro escolas públicas brasileiras com
461 crianças. Baseados nos critérios de diagnósticos do DSM-IV observaram que
13% das crianças eram portadoras do transtorno, um nível bem mais elevado do que
divulga a literatura (apud, 2011).
O TDAH na infância em geral, se associa as dificuldades na escola e no
relacionamento com as demais crianças, pais e professores. Os meninos tendem a
ter mais sintomas do que as meninas, mas todos são desatentos (apud, 2011).
Estudos científicos comprovam que portadores do TDAH possuem alterações
na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital
é uma das mais desenvolvidas na espécie humana, sendo responsável pela inibição
do comportamento indisciplinar (apud, 2011).
Aparentemente essa alteração na região cerebral afeta o funcionamento de
um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, principalmente
a dopamina e a noradrenalina que passam informações entre células nervosas,
causando assim o transtorno (apud, 2011).
21
Segundo estudos feitos pela Associação Brasileira de Déficit de Atenção
(ABDA), o transtorno pode ser causado por problemas gerados pela hereditariedade.
Os genes não são responsáveis diretamente pelo transtorno em si, mas geram uma
predisposição. Com a suspeita dos genes, surgiram as observações feitas em
famílias de crianças portadoras. E a presença de parentes próximos afetados era
mais frequente nessas famílias do que em famílias que não tinham crianças
portadoras. A predisposição chega de duas a dez vezes mais do que na população
geral (apud, 2011).
Outros problemas podem surgir a partir de substâncias ingeridas na gravidez,
como a nicotina e o álcool; por sofrimento fetal; exposição ao chumbo; ou até
mesmo por problemas familiares. Mas as dificuldades em famílias podem ser mais
consequências do que causas - podem agravar o quadro, mas não causá-lo (apud,
2011).
Crianças portadoras do TDAH possuem dificuldades em manter a atenção em
atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. Elas são
facilmente distraídas por estímulos do ambiente externo, mas também se distraem
com pensamentos internos. Mas quando se dedicam a fazer algo estimulante ao seu
interesse, conseguem incrivelmente permanecer bem mais calmas. Isso ocorre
porque os centros de prazer no cérebro são ativados e conseguem dar um impulso
no centro da atenção que está ligado a ele, funcionando normalmente e
proporcionando boa concentração. Mas isso não exclui o diagnostico do TDAH
(apud, 2011).
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ADBA), existem três
aspectos para saber se a criança é portadora de TDAH. O primeiro aspecto é
perceber se o aluno possui as características de desatenção, inquietude,
impulsividade e hiperatividade constantemente. O segundo aspecto é saber se
essas características têm predominância desde a infância e o terceiro e ultimo
aspecto é quando estes sintomas possuem uma intensidade e constância de tal
forma que afetam mais de um ambiente. Por exemplo, a criança possui
características hiperativas na escola e em casa ou na escola e em sua vida social.
22
Sabe-se que o professor não pode diagnosticar uma criança com TDAH, mas
é de fundamental importância que o mesmo possua conhecimentos e seja capaz de
identificar corretamente uma criança com o déficit e tomar as providências
necessárias.
“(...) os professores devem ter cuidado para não diagnosticar, mas
apenas descrever o comportamento e o rendimento do aluno, propondo um
possível curso de ação.” (ROHDE et alli, 2003, p. 204)
“Uma avaliação adequada para TDA/H supõe entrevista com
profissional capacitado; análise do histórico familiar e do comportamento da
criança no ambiente da família; avaliação neuropsicológica e avaliação do
desenvolvimento emocional e afetivo.” (ROHDE et alli, 2003, p. 205)
A escola é onde há o maior índice de diagnóstico de crianças hiperativas, pois
é lá que o aluno passa grande parte do seu tempo sendo observado. Outras vezes
os próprios pais, percebem que há algo de errado no comportamento de seus filhos,
mas acabam acreditando que é normal, pois não querem aceitar o diferente.
Quando diagnosticado, o TDAH costuma gerar enorme angústia para os pais
e para as crianças que o possuem, pois as mesmas são rotineiramente taxadas de
“problemáticas, indisciplinadas, desmotivadas, avoadas, malcriadas, irresponsáveis”
ou, até mesmo, “pouco inteligentes”. A maior parte das vezes em que se lê ou ouve
falar sobre o assunto, o mesmo tem uma conotação negativa. Isso se deve ao fato
desse tema ser pouco conhecido.
O tratamento desse transtorno é simples e fácil, basta que seja feita uma
combinação de medicamentos juntamente com a orientação dos pais e professores,
além de técnicas que são ensinadas aos portadores. Quanto à psicoterapia se indica
a Terapia Cognitiva Comportamental. Ainda não existe outra forma de psicoterapia
para auxiliar os sintomas (ABDA, 2011).
Em sala de aula é de fundamental importância que o professor saiba distinguir
o que o portador é capaz de fazer do que não o é. Observar o aluno e estudar sobre
o assunto ainda são as melhores formas de se preparar para conhecer melhor e
saber como lidar com esse transtorno. É de grande valor perceber o progresso de
23
um aluno com transtorno, assim ele se sentirá mais valorizado e terá grandes
avanços (ABDA, 2011).
De acordo com Vygotsky (2004), a aprendizagem é um processo social, já
que começa muito antes das crianças frequentarem a escola. Qualquer situação de
aprendizado escolar tem uma história prévia e produz algo novo no desenvolvimento
da criança. Sendo assim, o autor apresenta as áreas de desenvolvimento proximal,
ou seja, a distância entre a zona de desenvolvimento real e o nível de
desenvolvimento potencial.
A zona de desenvolvimento proximal pode ser ilustrada através daquilo que a
criança faz hoje com o auxílio de adultos, mas que amanhã poderá realizar por si
mesma (VYGOTSKY, 2004).
Segundo Vygotsky (2004), o processo de aprendizagem e desenvolvimento
para cada passo que a criança dá adiante no aprendizado são dois passos que ela
avança no desenvolvimento. De fato, cabe ao professor estimular constantemente a
atenção da criança com o TDAH, para que a mesma não se perca em qualquer novo
estímulo do ambiente.
Professores e orientadores devem evitar ao máximo a repressão a essas
crianças, pois elas são bastante frágeis às frustrações, o que pode levar muitas
vezes a agirem de maneira violenta e agressiva (VYGOTSKY, 2004).
A criança com déficit de atenção e hiperatividade tem plena capacidade de
desenvolver seu potencial criativo. Porém sempre que perde a atenção deixa seus
projetos pela metade, faltando à conclusão. Insiste-se ainda no papel fundamental
do educador, cujo estímulo e atenção constante são a única ferramenta capaz de
proporcionar a plenitude das vivências e experimentações pela mesma, ao menos
no âmbito escolar, garantindo o seu maior aproveitamento e aprendizagem.
24
4. A VISÃO DA ESCOLA SOBRE A CRIANÇA COM TDAH
A escola tem um papel fundamental na sociedade, que é promover a
formação e socialização dos sujeitos. Por isso é de suma importância que todas as
crianças
estejam
regularmente
matriculadas
e
frequentando
uma
escola,
independente se é portador de alguma deficiência ou TDAH. Dentre os aspectos
legais a educação é para todos, pois busca garantir e assegurar a inserção de
alunos com necessidades educacionais especiais, segundo a Lei de Diretrizes e
Bases para a Educação Nacional (LDB, 1996).
A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação (LDB), Lei Nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, capítulo V, fala do direito do aluno com necessidades
educacionais especiais e o dever da instituição escolar em assegurar e adequar no
processo de ensino.
A Lei é clara quanto à educação especial como uma modalidade de educação
escolar que deve ser oferecida nas redes de ensino, com direito ao aluno que
necessita de atendimento especializado, quando necessário. Tem um capítulo
exclusivo à educação especial que abrange todos os níveis de ensino. (LDB, 1996).
No que diz respeito o que é e o que assegura os sistemas de ensino
encontra-se o seguinte artigo. Art. 58 “Entende-se por Educação Especial, para os
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino para educando de necessidades especiais”. (LDB, 1996)
Entende-se como necessidades especiais, aquelas crianças que precisam de
apoio específico para seu desenvolvimento social, mas isso vai depender da sua
necessidade, se são motoras, físicas sensoriais, cognitivas, síndrome ou outros
transtornos.
“Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais.
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
especificos, para atender as suas necessidades;
25
II – terminalidade especifica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigida para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, a aceleração para concluir em menor tempo o programa escola
para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem com professores do ensino regular,
capacitados para integração desses educando para a classe comum.”
No entanto o artigo 59 busca garantir a flexibilidade do currículo, métodos,
técnicas, recursos educativos e na organização de apoio e atendimento, de acordo
com as necessidades de cada aluno. Para crianças com TDAH esses são fatores
fundamentais para garantir e assegurar o atendimento nas instituições.
É de fundamental importância que os pais de crianças com TDAH conheçam
as Leis e Diretrizes e Bases, pois assim conhecerão os seus direitos de seus filhos e
se sentirão mais seguros diante dos desafios do dia a dia escolar.
O professor precisa estar apto e preparada para receber qualquer tipo de
criança independente se é especial ou não. Muitos dos casos de TDAH são
descobertas na escola. Os educadores são de suma importância na identificação do
tipo de comportamento que o aluno apresenta. É feito uma análise pela especialista
da escola que se perceber algo diferente encaminha para um especialista da área
como médicos, psicólogos, psicopedagogos que poderão diagnosticar ou não o
TDAH.
Em uma avaliação com o psicopedagogo, por exemplo, Rohde et alii (2003),
afirmam:
O
psicopedagogo
deve
fazer
um
relatório
objetivo
da
avaliação
psicopedagógica explicando o desempenho na leitura, na escrita, na
matemática, em nível de pensamentos, e o tipo de vínculo com a
aprendizagem, bem como outra habilidades (conforme a queixa) ao final
deverão ser estabelecidas hipóteses diagnosticadas relacionando todos os
dados coletados. (p.112).
26
Considerando a criança diagnosticada é necessário que o tratamento seja
devidamente feito e assistido, ou se não a mesma poderá sofrer dificuldades ao
longo do seu desenvolvimento escolar e social. Espera-se então que o professor
juntamente com a escola busque estratégias para adequar suas práticas
pedagógicas de acordo, que ajude no desempenho do aluno, respeitando o seu
ritmo e seu limite. Assim também como os demais alunos sem TDAH, apresentam
ritmos diferenciados de desenvolvimento.
As crianças com TDAH são bastante inteligentes, mas possuem grandes
dificuldades na hora de se concentrar e isso se torna um grande desafio para o
professor em sala de aula. Sendo assim é necessário que o professor faça algumas
adaptações e adequações no ambiente escolar, tanto nos materiais didáticos como
em sua postura em sua prática pedagógica.
A respeito do espaço escolar ideal para crianças com TDAH Rohde et alii
(2003) propõe:
Propõe-se uma organização que seja dinâmica e flexível, que facilite o
processo-aprendizagem e a participação ativa de todos os envolvidos nesse
processo. Arrumar a sala de modo a haver bom acesso e boa visibilidade
para todos, evitando que as carteiras estejam sempre dispostas em fila, ou
que as atividades sejam sempre as mesmas para todos, utilizando-se do
mesmo livro, no mesmo momento. Quando o professor escolher os grupos
de trabalho, a disposição do espaço do tempo e dos móveis deve ter em
mente as necessidades específicas desses alunos de modo que favoreça,
ao máximo sua participação total na dinâmica (p.208).
O fato de o aluno estar inserido no ambiente escolar, trabalhando a
socialização, as diferenças, aprendendo a como lidar com regras (esse é um dos
maiores desafios), participando de atividades diferentes, como jogos, esportes,
computação, música, teatro, artes, entre outros, auxilia bastante no desenvolvimento
da aprendizagem de alunos com TDA/H.
A escola deve considerar que o aluno traz consigo uma bagagem de
conhecimentos adquirida antes da vida escolar, tais conhecimentos prévios são de
27
grande valor para o professor que deve sempre estar atento a individualidade de
cada aluno, ajudando a superar as dificuldades, inclusive de alunos TDAH.
Segundo Farrel (2008, p.78), são necessárias algumas adaptações em sala
de aula com alunos TDAH iniciando com a postura do educador e o material
didático. O ambiente deve estar bem estruturado com o mínimo de cartazes e
instruções, pois é algo que tira não só atenção dos TDAH, mas de qualquer outra
criança. As instruções e informações devem ser curtas objetivas e bem claras, deve
haver uma rotina bem definida. Assim as possibilidades de o aluno TDAH se
concentrar serem bem maiores. Portanto, fica claro a importância da escola na vida
de crianças com TDAH, a identificação, a socialização, a estimulação na
aprendizagem, são alguns fatores que auxiliam a enfrentar e superar suas
dificuldades. Desta forma a prática pedagógica com base no respeito às diferenças e
a busca de meios de como lidar com eles, Rohde et alii confirma:
Em uma sociedade em transformação, na qual o conhecimento muda e se
amplia em ritmo acelerado, é preciso garantir ao estudante o acesso a todas
as fontes de produção de conhecimento, adaptando-as as características de
cada um, inclusive às daqueles com TDAH. (2003, p. 115).
Mas, para garantir a eficiência de uma escola inclusiva é necessário um
trabalho de parceria entre escola, professor, família e especialistas. Acredita-se
muito na importância de um professor que esteja ativamente empenhado na
construção de um modelo de intervenção que alcance os alunos com TDAH, pois
este constrói o vinculo de confiança e de cumplicidade que a criança TDAH precisa
para garantir uma boa aprendizagem.
28
5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
5.1 Entrevista com a professora do aluno com TDAH
Em uma escola particular de grande porte do município de Fortaleza, foi
realizado um questionário de 12 perguntas para a professora da sala de aula regular
do aluno TDAH com o objetivo de verificar os conhecimentos prévios da mesma
sobre o transtorno. A professora já se encontra na instituição de ensino há quatro
anos e é exclusiva do 2º ano do Ensino Fundamental I.
Segundo a entrevistada, na primeira questão onde se refere sobre o
comportamento da criança, a professora caracteriza o aluno TDAH como uma
criança agitada e com muita dificuldade de controlar suas emoções, bastante
impulsiva. Segundo Sena e Diniz Neto, 2007:
Agitar mãos, pés ou remexer-se na cadeira constantemente sem razão
aparente, abandonar a sua cadeira diversas vezes em situações nas quais
se espera que permaneça sentada como na sala de aula (...). Dar respostas
precipitadas antes mesma das perguntas terem sido completadas. Ter
dificuldades
para aguardar a sua vez. Interromper conversas ou
brincadeiras de outras ou intrometer-se nelas sem ser convidada (p. 21 e
22).
Através da concepção do autor podemos relacionar exatamente as tais
características que a educadora relata em seu questionário.
Na segunda questão foi abordado quando ao conhecimento prévio que a
professora possui sobre o transtorno. A mesma diz ter o conhecimento básico visto
na faculdade e na especialização em psicopedagogia. Macêdo, (2002) considera a
formação docente extensa e complexa. Destaca quatro pontos fundamentais a este
respeito:
Primeiro é importante para o docente tomar consciência de que faz ou
pensa a respeito da sua prática pedagógica; segundo ter uma visão crítica
das atividades e procedimentos na sala de aula e dos valores culturais de
sua função docente; terceiro, adotar uma postura de pesquisador e não
apenas de transmissor; quarta, ter um melhor conhecimento dos conteúdos
escolares e das características de desenvolvimento e aprendizagem de
seus alunos (p.61).
29
Isso demonstra a visibilidades que a professora detém sobre o assunto e é de
fundamental importância que os educadores busquem por novos conhecimentos que
o auxiliem em sua conduta em sala de aula.
Na terceira questão foi perguntado quanto às orientações dadas pela escola
em relação ao aluno TDAH, à educadora diz ter procurado conversar com a
professora do ano anterior e a mãe do aluno. Silva, (2009, p.238) acredita que mais
do que enriquecimento cultural, a informação sobre o funcionamento TDAH trará
conhecimento que o auxiliará na compreensão de como o transtorno afeta sua vida
e a de todos que se encontra ao seu redor.
Podemos perceber que a busca por informações de como funciona o
transtorno, com pessoas que estiveram ou estão próximas à criança, facilita as
relações interpessoais na escola.
Na quarta questão foi perguntado como a professora relata sua relação com o
aluno, que diz ser bastante afetiva, onde transmite confiança e segurança para o
aluno. Neto, (2010, p. 337) acredita que se o professor participar ativamente na
construção de um modelo de intervenção acaba por reconstruir o vínculo de
confiança e de cumplicidade, fundamental para o processo de aprendizagem.
Podemos constatar que a relação entre professor e aluno vai além do fazer
pedagógico, pois o vínculo de confiança ajuda bastante no desenvolvimento
intelectual do aluno TDAH.
Na quinta questão o assunto abordado foi em relação ao desempenho e
participação do aluno TDAH. A professora diz que o aluno é bastante inteligente,
mas dependendo do dia a professora relata que o aluno tenta se aproveitar do
transtorno para fugir de algumas regras. Segundo Mattos, (2006, p. 65) o
aprendizado é prejudicado pela pouca dedicação ao estudo, e não por um problema
propriamente de aprendizagem, que é outro problema distinto, mas também pode
coincidir com o TDAH em 20-25% dos casos.
Compreende-se que alunos TDAHs são inteligentes, mas que grande parte
das vezes é prejudicada por sua falta de atenção que é um grande desafio para sua
concentração nas atividades escolares.
Na questão seis foi questiona quanto à segurança que o aluno possui em
realizar atividades sozinho. A educadora percebe que o aluno não se sente seguro e
tem muito medo de errar. A criança precisa sempre de uma confirmação positiva.
30
Silva, (2003, p. 121) diz que em vez de criticarmos a criança por aquilo que ela não
consegue fazer é melhor alogia-lá no momento em que ela consiga fazer as coisas
de forma adequada.
Pode-se perceber que a melhor forma de ajudar um aluno TDAH na sua
aprendizagem é dar auxilio e segurança, pois dessa forma será capaz de se
desenvolver, já que os mesmos possuem baixa auto-estima, e caso não se sintam
motivados, perderão o interesse total.
Na sétima questão foi perguntado como é o relacionamento do aluno TDAH
com as outras crianças. A professora relata que o aluno TDAH é bastante querido
pelos colegas, mas que infelizmente seus relacionamentos vão de um extremo ao
outro. Confirma Silva, (2009, p.72) quando diz que o aluno TDAH mesmo em um
local entediante e na ausência de brinquedos, da um jeito de inventar várias
brincadeiras. De dentro daquela “cabecinha” surgirão as mais diferentes ideias,
sugestões e as historinhas mais doidas possíveis.
De acordo com a resposta da professora pode-se perceber que embora o
transtorno causado em alguns momentos, o aluno consegue interagir bem com
amigos, porque é visto como um colega bastante criativo.
Na oitava pergunta a professora foi questionada em relação a como ela se
sente em ter um aluno TDAH em sala de aula. Segundo a educadora diz sentir-se
muito feliz em poder contribuir de alguma forma e assim ajudá-lo a obter novas
conquistas. Rohde ET ELII, fala sobre a relação indissociável entre ensino e
aprendizagem:
O conceito de aprender determina o de ensinar por que ambas consiste
uma relação inseparável. Uma concepção construída da aprendizagem
deve refleti-se em uma metodologia ativa que crie condições necessárias
para que o aluno seja verdadeiro protagonista do seu processo de
aprendizagem (2003, p. 199).
Sendo assim é perceptível que a metodologia criada pela educadora é que irá
contribuir para o sucesso ou fracasso da aprendizagem do aluno.
Em relação à postura que a educadora possui diante da desatenção do aluno
na nona questão, a professora diz que procura deixar a criança TDAH bem próxima
para evitar transtornos e caso haja, negocia. Segundo Silva, (2009, p.25) se o
comportamento dos TDAH não for compreendido e bem administrado por eles
31
próprios e pelas pessoas com quem convive, consequências no agir poderão se
manifestar sob diferentes formas de impulsividade.
De acordo com a citação pode-se perceber que é de fundamental importância
para pessoas que convivem com crianças TDAH possuir o conhecimento do
transtorno e assim terão uma melhor convivência com os mesmos.
Na décima questão a professora foi perguntada sobre como o aluno reage
diante das regras. Segundo a docente a criança compreende as regras, mas tem
grandes dificuldades em cumpri-las. Silva, (2009, p.81) sugere que o professor de
alunos com TDAH: Deixe as regras bem claras, explicitas e visíveis. A criança
precisa saber com clareza o que é esperado dela e como ela deve se comportar.
Percebe-se que é preciso ser bem objetivo ao se tratar de regras com alunos
TDAHs, pois se essas regras não ficarem bem estabelecidas o aluno irá infringi-las
sem perceber.
Ao se tratar dos pontos negativos e positivos em ter um aluno TDAH em sala
de aula, na décima primeira questão, a professora diz que é um crescimento
imensurável para a turma no que diz respeito às diferenças.
A inclusão do ponto de vista individual otimizará as possibilidades de todos
os alunos desenvolverem com a diversidade e com a diferença. A educação
inclusiva não é só uma questão de acesso, mas sim e, principalmente, de
qualidade. A inclusão representa um grande desafio para as escolas
regulares, que estão sendo chamadas para levar em conta a diversidade e
as características e necessidades dos alunos, adotando um modelo nele
centrado e não no conteúdo, com ênfase na aprendizagem e não, apenas
no ensino (Carvalho, 2010, p.148).
Percebe-se que mesmo com a diversidade em sala de aula o aluno é aceito
por todos. Constatamos que há respeito às diferenças na escola.
Na décima segunda questão a professora é questionada sobre as orientações
dadas pela escola referentes às possíveis dificuldades do dia-a-dia com a criança
TDAH. A docente diz sempre que necessita entra em contato com a coordenação e
o SOP da escola. Segundo Mattos, a escola tem um papel fundamental.
A escola, para beneficiar estas crianças, deverá estar o mais próxima
possível dos valores da família, deverá dar importância às mesmas coisas
que os pais dão, enfim, ser uma escola que complete a educação que o
aluno recebe em casa (2006, p.118).
32
De acordo com a citação pode-se concluir que o papel da escola como
orientadora e mediadora é fundamental para a formação da criança TDAH. A escola
deve estar sempre em ligação com a família e assim vice versa para que a criança
tenha o suporte necessário para a aprendizagem.
5.2 Entrevista com a Psicóloga Escolar
Na mesma escola particular onde foi realizado o questionário com a
professora também foi realizado uma entrevista com a psicóloga escolar que
acompanha a criança desde quando a mesma chegou ao colégio, tendo como
objetivo conhecer o histórico escolar do aluno TDAH. A psicóloga já se encontra na
instituição de ensino há 15 anos.
De acordo com a primeira questão que se refere a qual idade e qual série o
aluno chegou a escola a psicóloga diz que o aluno entrou na escola A, no segundo
semestre do ano de 2009, tinha 4 anos de idade e fazia o infantil IV. Estava vindo
de outra escola, com a auto-estima muito baixa. A mãe encontrava-se muito
insatisfeita, insegura, ansiosa, pois a criança já havia passado por mais duas
escolas no mesmo ano. Ao falar a psicóloga dá ênfase à falta de maturidade, isso é
a dependência total dos pais. A criança já tinha o diagnóstico e foi um grande
desafio para a escola, pois era necessário adquirir a confiança da criança e dos pais.
Perceba que grande parte dos pais se culpa pelo comportamento do seu
filho portador de TDAH principalmente a mãe, muito antes que qualquer
pessoa o faça. Também se sente impotente diante da atividade exagerada
da criança e de suas condutas opositoras (ARMADIO, 2008, p.40).
Observamos que a família da criança TDAH transfere todos os seus medos e
angustias para a criança, tornando assim o aluno inseguro, sempre precisando de
algum reforço positivo para dar continuidade em suas atividades escolares.
Na segunda questão a psicóloga é perguntada se a criança já chegou com o
diagnóstico e se era acompanhada, a mesma diz que o aluno já chegou à escola
com o diagnostico de TDAH e a mãe afirmou que a criança era acompanhada pelo
neurologista e a psicóloga. Ainda não era medicado, mas a mãe foi muito clara com
33
a situação do filho. A psicóloga escola diz não ter tido acesso ao laudo, mas teve
contato com a psicóloga que o acompanhava. De acordo com Mattos, “a informação
e a conscientização do paciente e dos familiares é o primeiro passo no tratamento e
muitas vezes o mais importante de todos” (2006, p. 77).
Portanto é de fundamental importância que os familiares sejam pessoas
conscientes do transtorno do aluno, pois dessa forma podem dar um auxiliar maior
nas suas dificuldades.
Quando na terceira questão foi perguntado quê contribuição o setor de
psicologia da escola dá ao aluno, a psicóloga diz encontrar-se bimestralmente com a
professora, onde nesse momento elas mencionam as dificuldades e os avanços do
aluno, além de procurarem soluções para os problemas, funciona como um conselho
de sala. Além disso, a psicóloga está sempre à disposição dos alunos. Segundo
Mattos, “a criança e a família precisam ser ajudadas no sentido de desenvolverem
novas atitudes diante do problema, de se relacionarem entre si de forma melhor e de
desenvolverem novas habilidades” (2006, p. 83).
De acordo com o que podemos perceber a família de uma criança TDAH
precisa ter auxilio de um especialista que as oriente como lidar com o transtorno,
criando estratégias para uma melhor convivência.
Na quarta questão foi perguntado à psicóloga se o setor de psicologia da
escola entra em contato com a psicóloga externa, e a mesma afirma que sempre
que há necessidade está em contato, mas não é algo periódico. Semestralmente é
feito uma reunião com o SOP e as coordenadoras onde elas dão orientações,
sugestões e soluções de problemas. Silva, (2003) diz:
Entender a informação e o conhecimento aos familiares, amigos,
professores afetivos só irá contribuir de maneira positiva, uma vez que a
convivência, a partir de então, será muito menos desgastante, com certeza,
mais compreensiva e produtiva (p. 195).
Compreendemos que a convivência com os alunos TDAH é que vai nos
ensinar a melhor forma de como se relacionar com os mesmo e a partir de então
criar estratégias para conviver no dia-a-dia.
34
Quanto à quinta questão foi perguntado se é feita alguma orientação periódica
a professora do aluno TDAH. Segundo a psicóloga a única orientação que acontece
é no conselho de classe que ocorre no final de cada bimestre. É o momento em que
a professora tem a oportunidade de passar a situação de cada aluno individualmente
juntamente com a psicóloga e a coordenadora.
A intervenção escolar é muito importante e em alguns casos pode facilitar o
convívio dessas crianças com colegas e também evitar que elas se
desinteressem pelo colégio, fato muito comum em adolescentes. O
problema é a escola participar do tratamento; muitas escolas não apenas
desconhecem o TDAH como também não têm o desejo ou responsabilidade
de participar do tratamento, pelas mais variadas razões (MATTOS, 2006, p.
43).
Percebe-se como a escola tem um papel fundamental no acompanhamento
de alunos TDAH. É necessário um trabalho minucioso feito com a criança, pois os
mesmos possuem baixa auto estima e qualquer contratempo pode interferir
negativamente no emocional da criança.
Na sexta questão foi perguntada em relação às contribuições que a família dá
ao caso do aluno TDAH e como lida com isso. Segundo a psicóloga a criança com
TDAH tem uma irmã gemia, e o casal foram filhos muito desejados, apesar de os
pais já terem dois filhos mais velhos, adultos. A gravidez foi difícil e de grande risco
tornando assim os pais ainda mais inseguros. A família é bem estruturada e bastante
presente no acompanhamento escolar do filho. Os pais são acessíveis e bem
conscientes do transtorno, tentam fazer o possível para viver da melhor forma
possível.
As pesquisas têm mostrado que treinar pais para lidar melhor com filhos
portadores de TDAH funciona. Esse treinamento ajuda os pais a ter maior
controle sobre os filhos e aumenta a sua auto-estima. Ajuda também a
criança com TDAH aprender a ter mais autocontrole, contribuindo assim
para estabilizar a vida familiar (PHELAN, 2005, p. 141).
35
Isso comprova como os pais precisam estar conscientes da realidade de seus
filhos, encarando a verdade e buscando treinamentos para aprender a como lidar
com essas crianças.
Na sétima questão foi perguntado a psicóloga o remédio que a criança faz
uso, a mesma diz que atualmente desconhece, mas que há algum tempo o aluno
tomava a ritalina e que vivia fazendo alteração de dosagem. Segundo Mattos, no
Brasil o único estimulante disponível no mercado eficaz para o TDAH é o
matilfenidato (2006, p. 81).
De acordo com Matos, no Brasil, a ritalina é o único medicamento utilizado
para o tratamento de crianças TDAH.
36
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Busquei neste estudo compreender o aluno com Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) em seu ambiente escolar, dando ênfase aos seus
momentos em sala de aula. Pude perceber que mesmo o aluno sendo medicado e
tratado por especialistas, as características da doença permanecem marcantes. Em
diversos momentos em sala de aula é perceptiva a inquietação e a insegurança do
aluno.
A partir da entrevista realizada com a professora da sala de aula no cotidiano,
foi possível perceber que existe um conhecimento básico sobre o déficit de atenção
e hiperatividade, mas que faltam metodologias e estratégias de ação para lidar com
o aluno TDAH. Nas observações, percebi que em diversos momentos a educadora
deixava o aluno fazer o que queria, pois este a manipulava para fazer o que
desejava e esta acabava cedendo para evitar transtornos em sala de aula. Com isso,
o restante da turma percebia o aluno como alguém diferente, como aquele que
sempre é privilegiado.
Esse é o principal fator que faz com que os educadores não tenham
conhecimento suficiente para lidar em sala de aula com esses alunos. Durante o
período de observação a professora não mostrou ter conhecimentos suficientes para
lidar com a criança TDAH, bem como a falta de orientação da própria escola, que
segundo a professora em momento algum recebeu orientação de como trabalhar
com o aluno. As únicas informações quem passou foi a própria mãe da criança, que
mostra ser bastante presente na escola, aparenta ser bem centrada e consciente do
transtorno que o filho possui.
Ainda existem poucas publicações destinadas aos professores e educadores
que trabalham cotidianamente com a criança portadora do TDAH em sala de aula. É
necessário desenvolver programas de incentivo aos professores para se
especializarem, a fim de estes poderem traçar estratégias significativas que tornem a
vida das crianças mais fácil.
37
Mas este trabalho não se restringe apenas aos professores e sim a toda
comunidade educativa, que por vários motivos desconhecidos não dão importância,
ou até mesmo desconhecem o distúrbio, rotulando a criança de mal educada.
Por motivos desconhecidos a escola observada não demonstrou em nenhum
momento dar o suporte necessário para a professora que mesmo tendo
especialização, em vários momentos não sabe como lidar com o aluno que a
manipula emocionalmente, infringindo assim as regras.
A escola juntamente com o professor e a família devem sempre trabalhar
juntas com o portador de TDAH, sem esquecer que impor limite é necessário para
esta criança que vive numa sociedade cheia de regras. Aos pais e professores não
devem deixar que a patologia prevaleça, pois as crianças TDAH são muito
inteligentes e algumas vezes utilizam-se do transtorno para dominar e conseguir o
que desejam.
38
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40
VYGOTSKY, Lev. Semenovich, 1896 – 1934. Formação Social da Mente: 6 ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2004.
41
APÊNDICE
42
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA ESTUDO DE CASO COM A
PROFESSORA
1. Como você caracteriza o comportamento de uma criança com TDAH?
2. Que conhecimento você tinha sobre o transtorno antes de se deparar com
essa realidade? Onde?
3. Antes de o aluno iniciar o ano letivo você recebeu alguma orientação ou
restrição da Escola?
4. Como é a sua relação com essa criança.
5. O aluno é participativo? Como você avaliaria o seu rendimento?
6. Você percebe segurança no aluno ao realizar atividades sozinho? Como
avalia a segurança dele durante as atividades propostas em sala?
7. Como é o aluno em sala de aula? E o seu relacionamento com os colegas?
8. Como você se sente sendo professora de uma criança Hiperativa?
9. Qual a sua postura diante da desatenção do aluno, sendo essa uma das
características do TDAH?
10. Qual o comportamento do aluno diante das regras acordadas em sala de
aula?
11. Quais os pontos positivos e negativos de se ter uma criança TDAH em sala
de aula?
12. A escola lhe dá orientações sobre como agir em sala de aula mediante as
dificuldades da criança com esse transtorno?
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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA PARA ESTUDO DE CASO
COM A PSICÓLOGA
1. Desde que série o aluno frequenta a escola, quantos anos o aluno tinha?
2. A criança já veio com o diagnóstico ou a escola contribuiu para isso? Você
teve acesso ao laudo?
3. Qual a contribuição do setor de psicologia da escola ao aluno?
4. O setor de psicologia esta em contato ou entra em contato com os
profissionais que o acompanham?
5. É feita alguma orientação periódica a professora que o acompanha?
6. Você percebe o comprometimento e a contribuição da família com relação a
este caso? Como a família lida com isso?
7. Você tem conhecimento dos remédios utilizados pela criança?
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