Volume 1 POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Língua Portuguesa Redação Matemática Noções de Direito Constitucional Ética no Serviço Público Noções de Informática Noções de Direito Administrativo O FOCUS CONCURSOS, se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (impressão e apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da idenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Quem vender, expuser à venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98). Impresso no Brasil - Printed in Brazil Copyright © 2016 by FOCUS CONCURSOS Rua R. Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro, Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 E-mail: [email protected] Organizadores: Vitor Matheus Krewer , Marcelo Adriano Ferreira DIRETORIA EXECUTIVA Evaldo Roberto da Silva Ruy Wagner Astrath PRODUÇÃO EDITORIAL Vítor Matheus Krewer DIAGRAMAÇÃO Willian Brognoli CAPA/ILUSTRAÇÃO Rafael Lutinski DIREÇÃO EDITORIAL Vítor Matheus Krewer Marcelo Adriano Ferreira COORDENAÇÃO EDITORIAL Vítor Matheus Krewer Marcelo Adriano Ferreira PROPOSTA DA APOSTILA PREPARATÓRIA PARA O CONCURSO DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL O presente material tem como objetivo preparar candidatos para o certame da Polícia Rodoviária Federal. Com a finalidade de permitir um estudo autodidata, na confecção do material foram utilizados diversos recursos didáticos, dentre eles, Dicas e Gráficos. Assim, o estudo torna-se agradável, com maior absorção dos assuntos lecionados, sem, contudo, perder de vista a finalidade de um material didático, qual seja uma preparação rápida, prática e objetiva. Conhecimentos Básicos e Específicos LÍNGUA PORTUGUESA Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. Domínio da ortografia oficial. Emprego das letras. Emprego da acentuação gráfica. Domínio dos mecanismosde coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de sequenciação textual. Emprego/correlaçãode tempos e modos verbais. Domínio da estrutura morfossintática do período. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. Emprego dos sinais de pontuação. Concordância verbal e nominal. Emprego do sinal indicativo de crase. Colocação dos pronomes átonos. Reescritura de frases e parágrafos do texto. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Retextualização de diferentesgêneros e níveis de formalidade. REDAÇÃO Redação básica para concursos. MATEMÁTICA Números inteiros, racionais e reais. Problemas de contagem. Sistema legal de medidas. Razões e proporções; divisão proporcional. Regras detrês simples e composta. Porcentagens. Equações e inequações de 1º e 2ºgraus. Sistemas lineares. Funções. Gráficos. Sequências numéricas. Progressão aritmética e geométrica. Noções de probabilidade e estatística. Raciocínio lógico: problemas aritméticos. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Princípios fundamentais. Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de eficácia plena, contida e limitada. Normas programáticas. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos. Organização político-administrativa do Estado. Estado federal brasileiro, União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios. Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos. Poder executivo. Atribuições e responsabilidades do presidente da República. Poder judiciário. Disposições gerais. Órgãos do poder judici- ário. Organização e competências, Conselho Nacional de Justiça. Composição e competências. Funções essenciais à justiça. Ministério público, advocacia pública. Defensoria pública. ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Ética e moral. Ética, princípios e valores. Ética e democracia: exercício da cidadania. Ética e função pública. Ética no Setor Público. Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civildo Poder Executivo Federal). NOÇÕES DE INFORMÁTICA Noções de sistema operacional Windows. Edição de textos, planilhase apresentações (ambiente BrOffice). Redes de computadores. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. Programas de navegação (Mozilla Firefox e Google Chrome). Programas de correio eletrônico (Mozilla Thunderbird). Sítios de busca epesquisa na Internet. Grupos de discussão. Computação na nuvem (cloud computing). Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas. Segurança da informação. Procedimentos de segurança. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-spywareetc.). Procedimentos de backup. Armazenamento de dados na nuvem (cloudstorage). NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes, natureza, fins e princípios. Direito administrativo: conceito, fontes e princípios. Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. Invalidação, anulação e revogação. Prescrição. Agentes administrativos. Investidura e exercício da função pública. Direitos e deveres dos funcionários públicos; regimes jurídicos. Processo administrativo: conceito, princípios, fases e modalidades. Lei nº 8.112/1990 e alterações. Poderes da administração: vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar e regulamentar. Princípios básicos da administração. Responsabilidade civil da administração: evolução doutrinária e reparação do dano. Enriquecimento ilícito e uso e abuso de poder. Improbidade administrativa: sanções penais e civis — Lei nº 8.429/1992 e alterações. Serviços públicos: conceito, classificação, regulamentação, formas e competência de prestação. Organização administrativa. Administra- 07 ção direta e indireta, centralizada e descentralizada. Autarquias, fundações,empresas públicas e sociedades de economia mista. Controle e responsabilização da administração. Controle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo. Responsabilidade civil do Estado. 08 2016 FOCUS CONCURSOS APOSTILA PREPARATÓRIA PARA A POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Índice Geral Língua Portuguesa......................................................................................................................................................................................11 Redação..........................................................................................................................................................................................109 Matemática..........................................................................................................................................................................................131 Noções de Direito Constitucional.......................................................................................................................................................181 Ética no Serviço Público.......................................................................................................................................................................275 Noções de Informática............................................................................................................................................................................301 Noções de Direito Administrativo.....................................................................................................................................................353 09 POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL NÍVEL SUPERIOR Conhecimentos Gerais e Específicos Publicado em Novembro/2016 1ª Edição LÍNGUA PORTUGUESA PROFESSOR Priscila de Sá Monteiro Professora de Língua Portuguesa em cursos preparatórios para concursos. Professora de Português na rede estadual de Santa Catarina. Formada em Letras - Habilitação em Português e Inglês, pela Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc. Especialização em Educação para Jovens e Adultos. Fui instrutora de Cursos Profissionalizantes na Empresa Sest Senat, em Criciúma. Atualmente, atuo também em atividades como: aulas particulares de Português; ministração de aulas de Português em grupos de estudos focais; revisões de textos acadêmicos e empresariais. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. PRONOME.................................................................................................................................................................................................. 15 Pronomes Pessoais ....................................................................................................................................................................................................................................15 Caso Reto.........................................................................................................................................................................................................................................................16 Caso Oblíquo..................................................................................................................................................................................................................................................16 Pronomes de Tratamento.........................................................................................................................................................................................................................17 Emprego dos Pronomes de Tratamento.............................................................................................................................................................................................18 Pronomes Demonstrativos.......................................................................................................................................................................................................................18 Pronomes Relativos.....................................................................................................................................................................................................................................19 Pronomes Interrogativos..........................................................................................................................................................................................................................19 Pronomes Indefinidos...............................................................................................................................................................................................................................20 Pronomes Possessivos...............................................................................................................................................................................................................................20 Colocação Pronominal..............................................................................................................................................................................................................................20 2. CONJUNÇÃO ............................................................................................................................................................................................23 Conjunções Coordenativas e Subordinativas.................................................................................................................................................................................. 23 Resumo da Aula........................................................................................................................................................................................................................................... 26 3. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL......................................................................................................................................................... 31 Flexão Nominal.............................................................................................................................................................................................................................................31 Flexão Verbal................................................................................................................................................................................................................................................ 35 4. VOZES DO VERBO.................................................................................................................................................................................. 41 Flexão de Voz ................................................................................................................................................................................................................................................41 Resumo da Aula...........................................................................................................................................................................................................................................44 5. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL......................................................................................................................................46 Concordância Nominal.............................................................................................................................................................................................................................46 Concordância Verbal................................................................................................................................................................................................................................. 50 6. REGÊNCIA.................................................................................................................................................................................................62 Regência Nominal e Verbal.................................................................................................................................................................................................................... 63 Regência com Pronome Interrogativo................................................................................................................................................................................................ 72 Regência com Pronome Relativo.......................................................................................................................................................................................................... 72 Regência com Pronome Pessoal do Caso Oblíquo Átono .......................................................................................................................................................... 74 Verbos que Pedem Dois Complementos............................................................................................................................................................................................ 75 Sujeito e Regência...................................................................................................................................................................................................................................... 76 7. CRASE..........................................................................................................................................................................................................78 Ocorrência de Crase.................................................................................................................................................................................................................................. 78 Crase com Pronome Demonstrativo................................................................................................................................................................................................... 78 Crase com Artigo........................................................................................................................................................................................................................................ 79 Diante de Pronomes...................................................................................................................................................................................................................................80 Outros Casos..................................................................................................................................................................................................................................................81 8. CONSTRUÇÃO FRASAL.......................................................................................................................................................................83 Sintaxe da Oração e do Período............................................................................................................................................................................................................. 83 Construção Frasal....................................................................................................................................................................................................................................... 83 Resumo da Aula........................................................................................................................................................................................................................................... 86 9. PONTUAÇÃO............................................................................................................................................................................................88 Vírgula............................................................................................................................................................................................................................................................. 88 Ponto e Vírgula..............................................................................................................................................................................................................................................91 Dois-Pontos.................................................................................................................................................................................................................................................... 92 Ponto-Final..................................................................................................................................................................................................................................................... 92 Ponto de Interrogação............................................................................................................................................................................................................................... 93 Ponto de Exclamação................................................................................................................................................................................................................................. 93 Reticências..................................................................................................................................................................................................................................................... 93 Parênteses...................................................................................................................................................................................................................................................... 93 Travessão........................................................................................................................................................................................................................................................ 94 Aspas................................................................................................................................................................................................................................................................ 94 Resumo da Aula........................................................................................................................................................................................................................................... 95 10. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS....................................................................................................................................................96 Sinônimo......................................................................................................................................................................................................................................................... 97 Antônimo........................................................................................................................................................................................................................................................ 97 Homônimos................................................................................................................................................................................................................................................... 97 Parônimos...................................................................................................................................................................................................................................................... 98 Polissemia....................................................................................................................................................................................................................................................100 13 SUMÁRIO Denotação e Conotação...........................................................................................................................................................................................................................100 11. TIPOLOGIA TEXTUAL.......................................................................................................................................................................102 Tipologia Textual.......................................................................................................................................................................................................................................102 12. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS...............................................................................................................104 14 CAPÍTULO 01 - Pronome Introdução Neste capítulo iremos abordar mais um assunto: Pronome: emprego, formas de tratamento e colocação. Para adentrarmos nesse assunto, importante lembrar do nosso quadro esquemático: Pessoas do discurso Pronomes pessoais retos Pronomes pessoais oblíquos Átonos Tônicos Singular 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa eu tu ele / ela me te se, o, a, lhe mim, comigo, ti, contigo si, ele, consigo Plural 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa nós vós eles /elas nos vos se, os, as, lhes nós, conosco vós, convosco si, eles, consigo Com base no quadro acima, os pronomes pessoais são aqueles que indicam: - quem fala: EU (1ª pessoa do singular) e NÓS (1ª pessoa do plural); Exemplos: Eu tenho estudado todos os dias. – (EU= pronome pessoal – 1ª pessoa do singular) Nós temos estudado todos os dias. – (NÓS= pronome pessoal – 1ª pessoa do plural) 1. PRONOME Como se vê no quadro esquemático acima, o pronome é uma classe de palavras variáveis que acompanha ou substitui o substantivo e que dá indicações sobre aquilo que este expressa, limitando ou concretizando o seu significado. Os pronomes concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem. Exemplos: Márcio chegou cedo. – Márcio: substantivo ou nome próprio. Ele chegou cedo. — ele: pronome substantivo, pois substitui um substantivo ou um nome, neste caso, “Marcio”. Meu pai chegou cedo. — meu: pronome adjetivo, pois acompanha um substantivo, neste caso, “pai”. - com quem se fala: TU (2ª pessoa do singular) e VÓS (2ª pessoa do plural); Exemplos: Tu não virás à reunião amanhã? – (TU=pronome pessoal – 2ª pessoa do singular) Vós não vistes tudo – (VÓS= pronome pessoal – 2ª pessoa do plural) - de quem se fala: ele / ELA (3ª pessoa do singular) e ELES / elas (3ª pessoa do plural) Exemplos: Ele/Ela tem estudado muito nesses últimos meses. – (ELE=pronome pessoal – 3ª pessoa do singular) Eles / Elas não são brasileiros. – (ELES = pronome pessoal – 3ª pessoa do plural) Pronomes Pessoais Os pronomes pessoais são termos pertencentes a uma classe de palavras que representam no discurso as três pessoas gramaticais, indicando, por isso, quem fala, com quem se fala e de quem se fala. 15 LÍNGUA PORTUGUESA Caso Reto Observando o quadro abaixo, os pronomes do caso reto são: EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS, ELES/ELAS. Pessoas do discurso Pronomes caso reto Singular 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa eu tu ele / ela Plural 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa nós vós eles /elas São do caso reto os pronomes que nas orações desempenham a função de sujeito ou predicativo do sujeito. 16 Exemplos: Eu desejo sorte a você. (EU= pronome reto> sujeito) Tu não desejaste sorte para mim. (TU= pronome reto > sujeito) Ele/Ela não pediu desculpas para sua colega ainda. (TU= pronome reto> sujeito) Nós chegamos cedo para a prova. (NÓS= pronome reto> sujeito) Eles/Eles saíram antes de nós. (ELES= pronome reto> sujeito) Nota: na primeira frase o pronome do caso reto “NÓS” por estar no plural está concordando com o verbo “VAMOS”. Já na segunda sentença, o pronome do caso reto foi substituído por “A GENTE” que está no singular, por isso está concordando também com o verbo “vai” no singular. Caso Oblíquo São do caso oblíquo os pronomes que, nas orações, desempenham funções de complemento verbal ou complemento nominal. As formas dos pronomes pessoais do caso oblíquo variam de acordo com a tonicidade com que são pronunciados, dividindo ­se em átonos e tônicos. Pronomes pessoais do caso reto e oblíquo Caso reto Caso oblíquo átono Caso oblíquo tônico Eu Tu Ele/ela Nós Vós Eles/elas Me Te Se o/a/se/lhe nos vos os/as/se/lhes Mim/comigo Ti/contigo Ele/ela/si/consigo Nós/conosco Vós Convosco Eles/elas/si/consigo Os pronomes oblíquos átonos só podem aparecer ao lado do verbo (próclise, mesóclise ou ênclise): Dica Focus: esses pronomes não costumam ser usados como complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele na rua” , “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. Na linguagem coloquial, o pronome nós é, muitas vezes, substituído por “A GENTE”. Exemplos: Nós vamos visitar Maria no domingo. A gente vai visitar Maria no domingo. Observação: Jamais me abandonará. (próclise – antes do verbo) Abandonar­-me-­á? (mesóclise – meio do verbo) Abandonou­-me. (ênclise – final do verbo) Os pronomes oblíquos tônicos podem aparecer em qualquer lugar da frase: Para mim, estudar Português é fácil. Estudar Português, para mim, é fácil. Estudar Português é, para mim, fácil. Estudar Português é fácil para mim. Mais adiante, veremos a colocação dos pronomes com mais detalhe. O pronome oblíquo átono “lhe” é o único que já se apresenta na forma contraída, ou seja, o ou a e preposição a ou para já se encontram unidos na forma “lhe”. Por ser constituído diretamente por uma preposição, o pronome lhe exerce sempre a função de objeto indire-to CAPÍTULO 01 - Pronome na oração. Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos. Já os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos diretos. Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. A seguir, alguns exemplos, usando as formas supracitadas: Exemplo: - Trouxeste o pacote? - Sim, entreguei-to ainda há pouco. - Não contaram a novidade a vocês? - Não, não nola contaram. No português do Brasil, até mesmo nos textos literários atuais, o emprego dessas combinações não são muito usadas. Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é suprimida. Exemplos: fiz + o = fi-lo fazeis + o = fazei-lo dizer + a = dizê-la Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as formas no, nos, na, nas. Exemplo: viram + o: viram-no repõe + os = repõe-nos retém + a: retém-na tem + as = tem-nas Questão Comentada (Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: TRT - 9ª REGIÃO (PR) Prova: Técnico de enfermagem) A substituição do segmento grifado por um pronome, com os necessários ajustes, foi realizada corretamente em: a. influenciam comportamentos e crenças = influenciam-lhes b. moldaram o pensamento e as ações das civilizações antigas e das nações modernas = moldaram-os c. alteram crenças e comportamentos huma- nos = alteram-nos d. trocar ideias = trocar-nas e. homogeneizar crenças = lhes homogeneizar Comentário: Como vimos anteriormente, os pronomes oblíquos aparecem sempre acompanhados de um verbo, e por isso exercem função de objeto direto ou indireto. Os oblíquos átonos “a, o, as, os” desempenham função de objeto direto. E dependendo do verbo, assumem formas como “lo, la, los, las” ou “no, na, nos, nas”. Os primeiros possuem essas formas por acompanharem verbos terminados em “r”, “s” ou “z”; já o segundo grupo, por acompanharem verbos terminados com som “nasal”. Por conta disso, que ao verificar entre as alternativas da questão acima, podemos ir direto aos verbos terminados com som nasal e concluir que o verbo com a forma do pronome oblíquo correta é aquele terminado em “m” + pronome “nos". Pronomes de Tratamento São usados no trato formal, quando não deve haver intimidade. Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram a segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. Observação: O verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: Vossa senhoria nomeará o substituto. Vossa Excelência conhece o assunto. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: Exemplos: Vossa Senhoria nomeará seu substituto. Vossa Excelência levará consigo o documento. 17 REDAÇÃO PROFESSOR Lucas Jaques Natural de Osório – RS. Graduado em Farmácia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pós-Graduado em Direito Constitucional – Faculdade Anhanguera - SP. Extensão em Ciência Política pela FFLCH/ USP. Cursando Direito Internacional na Universidade Federal do Pampa – Unipampa. Professor de Redação/ Questões Discursivas e Legislação Especial no Focus Concursos. Atualmente exerce o cargo de Agente de Polícia Federal (2º lugar nacional – 2009). Aprovado nos seguintes concursos: Senado Federal - 2012 (Excedente: Analista de Processo Legislativo), AGEPEN/ DEPEN-2008, Farmacêutico SES/RS 1o lugar - 2006, Farmacêutico TJ-SC 1º lugar – 2007, Farmacêutico-Fiscal CRF-RS 2006. ttps://www.linkedin.com/in/lucas-jaques-47465a121 SUMÁRIO SUMÁRIO 1. A IMPORTÂNCIA DA PROVA DISCURSIVA EM CONCURSOS PÚBLICOS................................................................... 113 2. COMO ESCREVER UMA REDAÇÃO EM CONCURSOS PÚBLICOS................................................................................... 114 3. ETAPAS DE RESOLUÇÃO DA PROVA DISCURSIVA................................................................................................................117 4. DICAS PARA ESCREVER UMA EXCELENTE REDAÇÃO...................................................................................................... 118 5. GRADES GENÉRICAS DE CORREÇÃO ........................................................................................................................................127 6. RECURSOS: A 2ª ETAPA DA DISCURSIVA.................................................................................................................................129 111 CAPÍTULO 01 - A Importância da Prova Discursiva em Concursos Públicos 1. A IMPORTÂNCIA DA PROVA DISCURSIVA EM CONCURSOS PÚBLICOS A prova discursiva em concursos públicos chegou pra ficar. Se antes era vista com certo receio pelos candidatos, hoje ela deve ser encarada como mais uma disciplina a ser estudada para o concurso. Antes mesmo de ser CLASSIFICATÓRIA, a prova discursiva é ELIMINATÓRIA e o candidato que desprezar sua preparação para ela talvez possa amargar uma reprovação e terá que estudar mais um ciclo para que consiga ser aprovado. Em virtude disso, os candidatos devem se preparar com antecedência para a prova discursiva de seu concurso. A maioria das pessoas possui dificuldade em escrever e isso se deve em grande parte a sua formação escolar básica precária e pelo pouco interesse pela leitura e produção textual. Mesmo os que têm facilidade em escrever devem se preparar para as provas discursivas devido a sua especificidade. O candidato que escrever bem, mas que não escrever o que a banca solicitou - e do modo como ela solicitou -, pode ser desclassificado. Em provas de concursos, normalmente é exigido que o candidato elabore um texto DISSERTATIVO. A partir dessa tipologia textual podem ser elaborados os seguintes textos: • DISSERTATIVO – ARGUMENTATIVO; • DISSERTATIVO – EXPOSITIVO; • DISSERTATIVO – DESCRITIVO. Cada tipo de texto deve ser escrito de determinada forma. Cada qual contém especificidades que o candidato deve estar ciente – e treinado – antes de entrar no campo de batalha que é o concurso público. Se a banca exigir um tipo e o candidato fizer outro, a chance de ser eliminado é real. Para dificultar, as bancas organizadoras de concursos públicos não deixam claro que subtipo de texto dissertativo elas estão cobrando na prova discursiva. De praxe, solicitam – laconicamente - a elaboração de um texto “dissertativo”, sem maiores detalhamentos. Com isso, é necessário que o candidato saiba diferenciar quando deve escrever um ou outro tipo de texto. Neste espaço, iremos tratar a respeito da produção textual de textos DISSERTATIVOS – ARGUMENTATIVOS, que são os mais comuns de serem cobrados pelas bancas. Ademais, cada banca possui seus critérios de correção da prova discursiva. Legalmente, esses critérios devem ser especificados no edital de abertura do concurso. O candidato deve “jogar com o regulamento debaixo do braço”, como eu sempre digo. A resolução da prova discursiva deve ser INVERTIDA: o texto deve ser elaborado de trás pra frente, isto é, a partir dos critérios de correção adotados pela banca é que o candidato deve elaborar seu texto. Por exemplo: o Cespe/UnB separa a correção em dois momentos. Primeiro, corrige os aspectos MACROESTRUTURAIS (onde o candidato ganha pontos: apre- sentação, estrutura textual, desenvolvimento do tema, seleção dos argumentos, encadeamento, coesão, coerência e obediência ao tipo dissertativo) e, em seguida, os aspectos MICROESTRUTURAIS (onde o candidato perde pontos: erros de grafia/acentuação, morfossintaxe e propriedade vocabular. Já a Fundação Carlos Chagas (FCC) divide sua correção em 3 momentos: CONTEÚDO (perspectiva em relação ao tema, capacidade de análise e senso crítico, consistência dos argumentos, clareza e coerência), ESTRUTURA (respeito ao gênero textual, progressão textual e encadeamento de ideias e articulação de frases e parágrafos) e EXPRESSÃO (de acordo com o desempenho linguístico, adequação ao nível de linguagem e do domínio da norma culta pelo candidato). Por sua vez, a Escola de Administração Fazendária (ESAF) pontua quanto à capacidade de desenvolvimento do tema proposto em relação aos aspectos como: capacidade de argumentação, sequência lógica do pensamento, alinhamento ao tema, cobertura dos tópicos apresentados. Ademais, quanto ao uso do idioma a ESAF desconta pontos e seu valor vai depender do tipo de erro cometido: nos aspectos formais (ortografia) perde-se 0,25 pontos; nos aspectos gramaticais (erros de sintaxe e regência) perde-se 0,50 pontos e nos aspectos textuais (sintaxe de coesão, coerência, clareza, concisão, paralelismo semântico e sintático) a perda aumenta para 0,75 por erro cometido. Por tudo isso, é necessário que antes de escrever qualquer tipo de texto o candidato deve estar ciente de como ele será avaliado para que possa escrever um texto que caiba no “molde de correção” estabelecido pela banca. PARA PONTUAR NA DISCURSIVA Finalizando esta parte introdutória, reafirmo que é de extrema importância vocês se dedicarem ao estudo e preparação para a prova discursiva, pois ela pode representar de 10 a 33% da nota final do candidato na primeira etapa. Se você passou no ponto de corte da parte objetiva e tiver a redação corrigida, ainda é preciso que obtenha, no mínimo, a metade da pontuação estabelecida para a prova discursiva. Superando essa barreira VOCÊ TERÁ UMA CLASSIFICAÇÃO NO CONCURSO. Do contrário, será ELIMINADO. No geral, tem-se observado que cerca de 10% dos candidatos acabam não atingindo esse mínimo de 50% na redação: seja por terem zerado a pontuação (fuga ao 113 REDAÇÃO tema, por exemplo), seja por algum outro critério de eliminação (veremos isso mais adiante). O que isso significa? Significa que se você estiver inicialmente fora das vagas previstas no edital, após a correção das discursivas você poderá estar DENTRO DAS VAGAS previstas, pois muitos candidatos irão reprovar nessa fase e ainda sua nota será maior do que a de muitos outros candidatos. Com isso, você ganhará muitas posições, até mesmo porque você está se preparando para a discursiva e a maioria dos seus concorrentes não! 2. COMO ESCREVER UMA REDAÇÃO EM CONCURSOS PÚBLICOS Escrever redação em concursos públicos é o equivalente a escrever uma redação nos moldes exigidos pelos vestibulares e ENEM, se bem que em concursos públicos a exigência da banca é maior em relação aos argumentos utilizados, visto que o objetivo é selecionar os candidatos mais preparados para ingressar no serviço público. Trata-se de elaborar um texto DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO. Argumentativo: argumentar, discutir situações ou opiniões conflitantes, apresentando fundamentos com a finalidade de persuadir o interlocutor para um entendimento mútuo. 114 O candidato deve expor seus ARGUMENTOS para convencer o leitor/corretor. Este tipo de texto apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias apresentadas de forma lógica e organizada. Nesse tipo de texto, é imprescindível razoável grau de OBJETIVIDADE, CLAREZA, CONCISÃO, respeito pela norma CULTA e FORMAL da língua e ainda COESÃO e COERÊNCIA. Seu intuito é DEFESA DE UM PONTO DE VISTA que CONVENÇA o interlocutor (corretor, no nosso caso). O traço mais marcante em um texto argumentativo é a presença do CONTRAPONTO: onde não há contraponto, não existe texto argumentativo. Nele, a regra é POLEMIZAR, sair de cima do muro. Principais características dos textos ARGUMENTATIVOS: • Presença de estrutura básica: introdução, desenvolvimento e conclusão; • Ideia principal do texto (TESE); argumentos (estratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato-exemplo, enumeração, etc). • Texto deve ter elevado poder de PERSUASÃO: deve convencer o leitor a aceitar o seu ponto de vista. • Conclusão trazendo a síntese dos pontos principais e ainda sugestão/solução; • Utiliza VERBOS NA TERCEIRA PESSOA: necessário para argumentações formais e para imprimir impessoalidade e veracidade ao que está sendo dito. Com isso, privilegiam-se as estruturas IMPESSOAIS, em vez de juízos de valor ou sentimentos pessoais mais radicais; • Há um cuidado com o desenvolvimento coerente da ideia principal, EVITANDO-SE RODEIOS; • Verbos se encontram no PRESENTE DO INDICATIVO ou no FUTURO DO PRESENTE. Trocando em miúdos: é aquela estrutura já batida introdução, desenvolvimento e conclusão. Normalmente nas provas de concursos as propostas temáticas são precedidas de um, ou mais, texto(s) motivador(es). Ademais, a depender da banca, o TEMA em si é complementado em dois, três ou até quatro tópicos (de abordagem obrigatória pelo candidato). Esses tópicos temáticos podem possuir valores iguais ou diferentes a depender da importância que a banca der a cada um deles (prestar atenção nisso). Entretanto, existem bancas que não fornecem o TEMA diretamente, como é o caso da FCC. Essa banca, algumas vezes, fornece somente o(s) texto(s) motivador(es) e o candidato deve primeiro interpretá-los para que consiga extrair a proposta temática da prova discursiva. Esse processo exige um nível altíssimo de atenção e concentração, para que o candidato não interprete os textos de forma errônea e fuja do tema proposto, sendo então eliminado. Antes de seguirmos adiante, é de suma importância falar um pouco mais sobre o que vem a ser o texto MOTIVADOR. É comum as bancas inserirem após o texto motivador e antes de informar o TEMA o seguinte comando: “Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter UNICAMENTE MOTIVADOR, redija um texto DISSERTATIVO acerca do tema a seguir:” Mas o que vem a ser esse caráter UNICAMENTE MOTIVADOR, afinal? Se me permitem, vou fazer uma analogia pra facilitar a compreensão disso. Imaginemos que escrever a redação fosse o mesmo que pintar um quadro. Imagine que você ao entrar na sala da prova se depare com 5 telas para pintura em branco: Digamos que cada uma dessas telas seja um tipo de texto possível de ser escrito (tipologias textuais): descritivo, injuntivo, narrativo, poético, dissertativo, etc. A banca, ao dizer que quer um texto DISSERTATIVO, delimita o tipo de texto, ou, no nosso exemplo, escolhe uma das telas – a tela DISSERTATIVA: MATEMÁTICA PROFESSOR PROFESSOR Formado em Matemática pela Universidade Es-tadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Professor de Matemática, Matemática Financeira e Raciocínio Lógico, atuando em cursos preparatórios para concursos e pré-vestibulares. Formado em Matemática pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Especialista em Ensino da Matemática pela Universidade Paranaense – UNIPAR. Mestrando em Educação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Professor de Matemática, Matemática Financeira, Estatística e Raciocínio Lógico, atua desde 1998 em cursos preparatórios para concursos e pré-vestibulares. Jhoni Zini Altevir Rossi SUMÁRIO SUMÁRIO 1. CONJUNTOS NUMÉRICOS: OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS, FRACIONÁRIOS E DECIMAIS. FRAÇÕES ORDINÁRIAS E DECIMAIS...................................................................................................................................................................135 Conjunto dos Números Naturais (ℕ)................................................................................................................................................................................................. 135 Mínimo Múltiplo Comum (mmc)........................................................................................................................................................................................................ 136 Máximo Divisor Comum (mdc)........................................................................................................................................................................................................... 137 Conjunto dos Números Inteiros (ℤ)................................................................................................................................................................................................... 137 Conjunto dos Números Racionais (ℚ)............................................................................................................................................................................................... 139 Frações..........................................................................................................................................................................................................................................................140 Conjunto dos Números Racionais (ℚ)............................................................................................................................................................................................... 143 Conjunto dos Números Irracionais (ℚ’ ou 𝕀).................................................................................................................................................................................. 144 Conjunto dos Números Reais (ℝ)....................................................................................................................................................................................................... 145 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 145 2. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM...........................................................................................................................................................146 3. SISTEMA LEGAL DE UNIDADES...................................................................................................................................................150 4. RAZÃO, PROPORÇÃO E REGRA DE TRÊS.................................................................................................................................154 Propriedades das Proporções.............................................................................................................................................................................................................. 154 Grandezas Diretamente Proporcionais e Grandezas Inversamente Proporcionais.......................................................................................................155 Regra de Três.............................................................................................................................................................................................................................................. 156 Porcentagem................................................................................................................................................................................................................................................157 Média Aritmética Simples e Média Aritmética Ponderada......................................................................................................................................................157 5. APLICAÇÕES E OPERAÇÕES COM INEQUAÇÕES.................................................................................................................. 157 Inequação do 1° Grau...............................................................................................................................................................................................................................157 Inequação do 2° Grau.............................................................................................................................................................................................................................. 158 6. PORCENTAGEM....................................................................................................................................................................................159 7. SISTEMAS LINEARES E PROBABILIDADE................................................................................................................................160 Equações do 1º Grau..................................................................................................................................................................................................................................161 Equações do 2º Grau................................................................................................................................................................................................................................ 162 Noções de Probabilidade....................................................................................................................................................................................................................... 163 Princípio Aditivo....................................................................................................................................................................................................................................... 163 Fatorial.......................................................................................................................................................................................................................................................... 164 Arranjos Simples....................................................................................................................................................................................................................................... 164 Permutações Simples.............................................................................................................................................................................................................................. 164 Combinação Simples............................................................................................................................................................................................................................... 165 Teoria das Probabilidades..................................................................................................................................................................................................................... 165 Probabilidade de Ocorrência de um Evento.................................................................................................................................................................................. 166 8. FUNÇÕES: CONCEITO E TIPOS......................................................................................................................................................167 Conceito........................................................................................................................................................................................................................................................ 167 Funções Injetora e Sobrejetora........................................................................................................................................................................................................... 167 Função Exponencial................................................................................................................................................................................................................................. 168 Gráfico........................................................................................................................................................................................................................................................... 168 Função Inversa........................................................................................................................................................................................................................................... 169 9. ESTATÍSTICA..........................................................................................................................................................................................170 Média Aritmética...................................................................................................................................................................................................................................... 170 Média Aritmética Ponderada............................................................................................................................................................................................................... 170 Média Geométrica......................................................................................................................................................................................................................................171 Moda................................................................................................................................................................................................................................................................171 Mediana........................................................................................................................................................................................................................................................ 172 10. GRÁFICOS E TABELAS.....................................................................................................................................................................172 Análise das Coleções............................................................................................................................................................................................................................... 172 11. SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS, PROGRESSÃO ARITMÉTICA E PROGRESSÃO GEOMÉTRICA............................... 177 Sequências Numéricas............................................................................................................................................................................................................................177 Progressão Aritmética (PA)....................................................................................................................................................................................................................177 Progressão Geométrica (PG)..................................................................................................................................................................................................................177 Fórmula da Soma dos Termos da PG Finita....................................................................................................................................................................................177 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 178 133 CAPÍTULO 01 - Conjuntos Numéricos: Operações com Números Inteiros, Fracionários e Decimais. Frações Ordinárias e Decimais 1. CONJUNTOS NUMÉRICOS: OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS, FRACIONÁRIOS E DECIMAIS. FRAÇÕES ORDINÁRIAS E DECIMAIS A organização dos conceitos matemáticos passou por várias mudanças, até chegar na forma que hoje estudamos. A concepção dos conjuntos numéricos recebeu maior rigor em sua construção com Georg Cantor, que pesquisou a respeito do número infinito. Cantor iniciou diversos estudos sobre os conjuntos numéricos, constituindo, assim, a teoria dos conjuntos. A construção de todos os conjuntos numéricos que hoje possuímos parte de números inteiros usados apenas para contar (números naturais) até os números complexos que possuem vasta aplicabilidade nas engenharias, nas produções químicas, entre outras áreas. Podemos afirmar que um conjunto é uma coleção de objetos, números, enfim, elementos com características semelhantes. Sendo assim, os conjuntos numéricos são compreendidos como os conjuntos dos números que possuem características semelhantes. Vamos estudar os seguintes conjuntos numéricos: Conjunto dos números Naturais (ℕ); Conjunto dos números Inteiros (ℤ); Conjunto dos números Racionais (ℚ); Conjunto dos números Irracionais (∥); Conjunto dos números Reais (ℝ); Conjunto dos Números Naturais (ℕ) ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5,...} Um subconjunto importante de N é o conjunto ℕ* = {1, 2, 3, 4, 5,...} (o símbolo * exclui o zero do conjunto) Podemos considerar o conjunto dos números naturais ordenados sobre uma reta, como mostra o gráfico abaixo: Subtração (com a > b) a–b=c Exemplo: 7 – 4 = 3 Multiplicação a. b=c Exemplo: 3 . 5 = 15 Divisão (com a múltiplo de b) a:b=c Exemplo: 12 : 4 = 3 Potenciação Exemplo: 35=3∙3∙3∙3∙3=243 Particularmente, a2 lê-se “a ao quadrado” e a3 lê-se “a ao cubo”. Radiciação 135 Particularmente, lê-se “raiz quadrada de a” e, tendo resultado exato, a é chamado quadrado perfeito. Por exemplo, 49 é um quadrado perfeito, pois Analogamente, lê-se “raiz cúbica de a” e, tendo resultado exato, a é chamado cubo perfeito. Por exemplo, 27 é um cubo perfeito, pois Propriedades em ℕ Associativa da adição Sendo a, b, c ∊ ℕ (a + b) + c = a + (b + c) Operações em ℕ Associativa da multiplicação Sendo a, b, c ∊ ℕ (a . b) . c = a . (b . c) Adição a+b=c Comutativa da adição Sendo a, b ∊ ℕ a+b=b+a Dados a, b, c, n ∊ ℕ, temos: Exemplo: 2 + 3 = 5 Comutativa da multiplicação Sendo a, b ∊ ℕ a.b=b.a MATEMÁTICA Elemento neutro da adição Sendo a ∊ ℕ a+0=0+a=a Elemento neutro da multiplicação Sendo a ∊ ℕ a.1=1.a=a Distributiva da multiplicação em relação à adição Sendo a, b, c ∊ ℕ a . (b + c) = a . b + a . c Números Compostos Chamamos de compostos os números que possuem mais de dois divisores. Assim, são compostos os números: 4, 6, 8, 9, 10, 12, 14, 15, 16, 18, ... Fechamento da adição A soma de dois números naturais é sempre igual a um número natural. Note que: O número 1 não nem primo, nem composto. O número 0 também não é nem primo, nem composto. Fechamento da multiplicação O produto de dois números naturais é sempre igual a um número natural. Decomposição de um Número em Fatores Primos Números Pares e Números Ímpares Um número natural p é dito par se p = 2.n, com n ∊ ℕ. São números pares: 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, ... Um número natural i é dito ímpar se i = 2.n + 1, com n ∊ ℕ. São números ímpares: 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ... 136 • 1 não é primo, pois tem apenas um divisor. • 0 não é primo, pois tem infinitos divisores. • 2 é o único número par e primo ao mesmo tempo. Resolução de Expressões Numéricas Para decompor um número em fatores primos, seguimos o algoritmo abaixo, dividindo o número dado pelo seu menor divisor primo, repetindo o procedimento da mesma maneira com cada quociente obtido, até obter o quociente 1. Por exemplo, decompondo o número 72, temos Analogamente, decompondo o número 6000, temos Para resolver uma expressão numérica, devemos eliminar os sinais de pontuação, respeitando a ordem: • eliminar parêntesis: ( ) • eliminar colchetes: [ ] • eliminar chaves: { } Resolvendo as operações de acordo com a ordem de prioridade: • resolver potenciações e radiciações • resolver multiplicações e divisões • resolver adições e subtrações. Como exemplo, vamos resolver a expressão numérica: Números Primos Chamamos de primo o número que possui dois e somente dois divisores: 1 e ele próprio. Assim, são números primos: 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, ... Observe que: Mínimo Múltiplo Comum (mmc) O mmc entre dois ou mais números é o menor dos múltiplos comuns entre os múltiplos dos números dados, excluíndo o zero. Por exemplo, consideremos os números 6 e 8. Temos: Múltiplos de 6: M(6) = {0, 6,12, 18, 24, 30, 36, 42, 48, ...} Múltiplos de 8: M(8) = {0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, ...} Podemos observar que os números 0, 24, 48, ... são múltiplos comuns do 6 e do 8. Daí, o mínimo múltiplo comum entre 6 e 8 é o número 24. Escreve-se mmc (6, 8) = 24. Para obter rapidamente o mmc entre dois ou mais números dados, basta decompor esses números em fatores primos, simultaneamente. O mmc será o produto dos fatores primos resultantes dessa decomposição. Por exemplo, vamos obter o mmc (6, 8): NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSOR Willian Prates Professor de Direito Constitucional, Administrativo, Tributário e Processo Civil em diversos preparatórios para concursos públicos. Foi coordenador pedagógico de diversos preparatórios para concursos. Palestrante sobre planejamento e técnicas de estudos. Palestrante motivacional. Foi Cadete do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais – aprovado no concurso aos 17 anos de idade. Aprovado em mais de 13 concursos públicos e vestibulares de universidades públicas, entre os quais: Ministério Público da União, Banco Central do Brasil, Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais e Polícia Civil do Estado de Minas Gerais. SUMÁRIO SUMÁRIO Apresentação do Material..................................................................................................................................................................................................................... 185 1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS........................................................................................................................................................185 Análise dos Artigos 1º-4º........................................................................................................................................................................................................................ 185 Formas de Governo.................................................................................................................................................................................................................................. 185 Formas de Estado...................................................................................................................................................................................................................................... 186 Regime Político.......................................................................................................................................................................................................................................... 187 Regime ou Sistema de Governo.......................................................................................................................................................................................................... 187 Fundamentos da República Federativa Brasil.............................................................................................................................................................................. 188 Tripartição dos Poderes.......................................................................................................................................................................................................................... 188 Objetivos Fundamentais........................................................................................................................................................................................................................ 189 Princípios das Relações Internacionais........................................................................................................................................................................................... 189 Objetivos Internacionais........................................................................................................................................................................................................................ 189 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................190 2. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS........................................................................................................................ 191 Tipos de Eficácia.........................................................................................................................................................................................................................................191 Espécies de Normas de Eficácia Limitada...................................................................................................................................................................................... 192 Definidoras de Princípios Programáticos....................................................................................................................................................................................... 192 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 192 3. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS...................................................................................................................193 Diferença entre Direitos e Garantias................................................................................................................................................................................................ 193 Titularidade dos Direitos e Garantias Fundamentais................................................................................................................................................................ 193 Gerações ou Dimensões de Direitos Fundamentais................................................................................................................................................................... 193 Características dos Direitos Fundamentais................................................................................................................................................................................... 194 Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos............................................................................................................................................................................ 195 Direito à Igualdade................................................................................................................................................................................................................................... 195 Origem............................................................................................................................................................................................................................................................211 Possíveis Nomes.........................................................................................................................................................................................................................................211 Remédios Constitucionais..................................................................................................................................................................................................................... 215 Questão Gabaritada................................................................................................................................................................................................................................ 220 4. DIREITOS SOCIAIS..............................................................................................................................................................................221 Direitos Sociais em Espécie.................................................................................................................................................................................................................. 221 Direito Individual do Trabalho............................................................................................................................................................................................................222 Direitos Coletivo do Trabalho – Direito Sindical..........................................................................................................................................................................226 5. DIREITOS DA NACIONALIDADE.................................................................................................................................................. 228 Nacionalidade Primária ou Originária............................................................................................................................................................................................229 Nacionalidade Secundária ou Adquirida........................................................................................................................................................................................229 Distinções entre Brasileiro Nato e Naturalizado........................................................................................................................................................................ 230 Hipóteses de Perda da Nacionalidade............................................................................................................................................................................................. 230 Idioma e Símbolos Nacionais............................................................................................................................................................................................................... 231 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 231 6. DIREITOS POLÍTICOS........................................................................................................................................................................ 232 O Voto Como Forma de Democracia Indireta................................................................................................................................................................................232 Instrumentos de Democracia Direta.................................................................................................................................................................................................233 Capacidade Eleitoral Ativa....................................................................................................................................................................................................................233 Capacidade Eleitoral Passiva...............................................................................................................................................................................................................233 Direitos Políticos Negativos..................................................................................................................................................................................................................234 Princípio da Anualidade da Lei Eleitoral........................................................................................................................................................................................237 Partidos Políticos.......................................................................................................................................................................................................................................237 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................238 7. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO............................................................................................ 239 Reorganização dos Limites Territoriais...........................................................................................................................................................................................239 Autonomia x Soberania......................................................................................................................................................................................................................... 240 Principais Garantias da Federação.................................................................................................................................................................................................... 241 Repartição de Competências e Cláusula Pétrea........................................................................................................................................................................... 241 Diferença entre Competências Administrativas e Legislativas............................................................................................................................................. 241 Competências da União..........................................................................................................................................................................................................................242 Competência dos Estados-Membros.................................................................................................................................................................................................243 Competência do Distrito Federal........................................................................................................................................................................................................244 Competência dos Municípios...............................................................................................................................................................................................................244 Competência Administrativa Comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios..........................................................................................244 Competência Legislativa Concorrente da União, Estados e Distrito Federal...................................................................................................................244 183 SUMÁRIO 8. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA........................................................................................................................................................... 246 Princípios Admistrativos.......................................................................................................................................................................................................................246 Administração Pública...........................................................................................................................................................................................................................249 Autarquias................................................................................................................................................................................................................................................... 251 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................254 9. AGENTES PÚBLICOS......................................................................................................................................................................... 255 Classificação................................................................................................................................................................................................................................................255 Normas Constitucionais.........................................................................................................................................................................................................................256 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................258 10. PODER EXECUTIVO......................................................................................................................................................................... 259 Atribuições do Presidente da República.........................................................................................................................................................................................259 Responsabilidade do Presidente da República............................................................................................................................................................................ 260 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 261 11. PODER JUDICIÁRIO.......................................................................................................................................................................... 263 Generalidades.............................................................................................................................................................................................................................................263 As Garantias do Poder Judiciário.......................................................................................................................................................................................................263 Garantias dos Magistrados...................................................................................................................................................................................................................264 Vedações aos Magistrados....................................................................................................................................................................................................................264 Estrutura do Poder Judiciário..............................................................................................................................................................................................................264 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................268 12. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA................................................................................................................................. 269 Ministério Público....................................................................................................................................................................................................................................269 Advocacia Pública..................................................................................................................................................................................................................................... 271 Defensoria Pública...................................................................................................................................................................................................................................272 Advocacia Privada....................................................................................................................................................................................................................................272 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................273 184 CAPÍTULO 01 - Princípios Fundamentais Apresentação do Material Republicana A presente obras foi elaborada na medida certa para aqueles que estão se preparando para concursos públicos (nível médio ou superior) – tribunais, carreiras administrativas, carreira policial, carreira fiscal etc. Os temas são abordados na profundidade necessária, em sintonia com o entendimento doutrinário majoritário e jurisprudência dos tribunais superiores (notadamente o Supremo Tribunal Federal), bem como o entendimento das principais bancas organizadoras de concursos públicos do Brasil. Obra indicada para aqueles que estão no início dos estudos, bem como para aqueles que desejam aprofundar os conhecimentos em alguns temas do Direito Constitucional. República vem do latim “res”, que significa coisa, e pública, que significa algo que é público, do povo. Desse modo, a coisa, que é o poder, é do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos (art. 1º, parágrafo único, CF/88). Na república, os governantes chegam ao poder através das eleições, cujo mandato é exercido por prazo determinado, e, ainda, devem prestar contas aos governados, de modo que na república há a responsabilidade do governante. Na Forma de Governo Republicana os governantes chegam ao Poder através de eleições, exercem mandato por prazo determinado, devendo ainda prestar contas aos governados, ou seja, na República temos a responsabilidade do Governante. 1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Os princípios fundamentais são tratados na Constituição Federal de 1988 (CF/88) entre os artigos 1º e 4º. É tema que se relaciona com a parte estrutural do Estado, onde são abordados fundamentos, objetivos, princípios que regerem as relações internacionais do Brasil, bem como os objetivos internacionais. Análise dos Artigos 1º-4º Exemplo: Brasil – O Presidente da República chega ao poder através de eleição, para exercer mandato por 4 anos, representando os anseios do povo. Caso comenta algum crime de responsabilidade, será processado e julgado por tal crime, cuja condenação gera a perda do cargo, suspensão de direitos políticos etc. 185 Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...]. Do dispositivo acima é possível extrair: • Forma de governo (república); • Forma de Estado (federado); • Regime político (democrático). Implicitamente também é possível extrair o regime ou sistema de governo adotado pelo Brasil, que é o presidencialismo. Formas de Governo A forma de governo trata da relação governante-governado, notadamente no que se relaciona ao exercício do poder. no que tange ao exercício do poder. Analisar forma de governo é analisar fonte do poder. Como os governantes adquirem o poder? O exercício do poder é de forma temporária ou vitalícia? Há responsabilidade dos governantes perante os governados? A forma de governo republicano possui as seguintes características: • Eletividade; • Temporalidade; • Representatividade popular, pois os governantes são eleitos para representar o povo; • Responsabilidade do governante. Monarquia Na monarquia, o poder é exercido por uma única pessoa – o rei e sua família real. O povo não é titular do poder. Na forma de governo monárquico, o governante chega ao poder pelo fato de pertencer à família real, e o exercício do poder se dá de forma vitalícia (não há eleições “reais”), de modo que não há representatividade popular. O governante é irresponsável, pois não há prestação de contas de seus atos. A monarquia possui as seguintes características: • Hereditariedade; • Vitaliciedade; • Não representatividade popular, pois o rei não é eleito pelo povo (cidadãos); • Irresponsabilidade do governante, pois este não presta conta dos seus atos. DIREITO CONSTITUCIONAL República Monarquia Eletividade Hereditariedade Temporalidade Vitaliciedade Representatividade popular Não-representatividade popular Responsabilidade do Governante – deve prestar contas Irresponsabilidade do governante – Não prestação de contas Prosseguindo com os desdobramentos do caput do art. 1º, temos que o Brasil é uma República Federativa, e isso diz respeito à Forma de Estado adotada pelo Brasil. Formas de Estado A forma de estado diz respeito à distribuição espacial do poder, ou seja, como o poder é geograficamente distribuído dentro do território. Estado Unitário 186 No Estado unitário existe apenas um ente com capacidade política no território, o que não impede a realização de descentralizações administrativas. Assim, é possível a existência de governos regionais, frutos de descentralização administrativa. No entanto, estes governos não possuem poderes políticos (mas sim, administrativos), de modo que não são dotados de autonomia. Exemplo: Portugal é um Estado unitário, pois o país não é dividido em entes federados. O que existe é descentralização administrativa, onde são formadas as províncias, mas qualquer obra, por menor que seja, é feita pelo governo central, pois os administradores das províncias não possuem nenhuma capacidade política, não possuem autonomia. A divisão em províncias é simplesmente para facilitar a constatação e solução de problemas. As decisões nacionais, regionais e locais partem de um único centro de poder. Estado Composto Já no Estado composto há a presença de vários entes políticos, ou seja, vários são os entes dotados de capacidade política (descentralização). Dependendo da composição do Estado, este poderá ser federado (entes autônomos) ou confederado (entes soberanos). Importante ressaltar que o modelo de Estado federal brasileiro é do tipo segregador (fruto de mo- vimento centrífugo), pois inicialmente o Brasil era um Estado unitário (Brasil Império), e, posteriormente, surgiram entes dotados de autonomia (Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Estado Federado: é formado por vários entes políticos dotados de autonomia. Porém, tais entes, não são dotados de poder de secessão (separação). Em regra, são organizados por uma Constituição Federal. Exemplo: Brasil – É formado pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, que são entes dotados de capacidade política, ou seja, podem legislar, se organizarem administrativamente etc. Estado Confederado: é formado por vários entes soberanos, e, geralmente, são organizados por meio de tratados e acordos internacionais. Exemplo: União Europeia – é formada por vários países que se juntaram para constituir um Estado Confederado, um bloco econômico. A organização é feita por meio de um tratado internacional, e cada ente (país) que compõe o Estado confederado pode deixá-lo quando bem entenderem. Quadro Comparativo Estado Composto Federado Estado Composto Confederado Organizado por uma constituição. Organizados através de um tratado internacional Não possuem poder de secessão. Possuem poder de secessão. Os entes são dotados de Autonomia. Os entes são dotados de Soberania. Prosseguindo com os desdobramento do caput do art. 1º da CF/88, constata-se que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e DF. A referida indissolubilidade é consequência do modelo federado de Estado adotado pelo Brasil, pois os entes federados não possuem poder de secessão. Assim, os Estados-membros, Municípios e DF que compõem a República Federativa do Brasil não podem abandonar a mesma para formar um novo Estado federado, ou seja, um novo país. CAPÍTULO 01 - Princípios Fundamentais para finalizar o raciocínio até então desenvolvido. Exemplo: O Estado de Minas Gerais não pode se separar da República Federativa do Brasil para formar um novo país, pois uma das características do Estado federado é a indissolubilidade. Não confunda indissolubilidade (não secessão), com reorganização de limites territoriais internos, pois estes últimos são permitidos pela CF/88, atendidos os requisitos. Por exemplo, é possível a fusão de dois ou mais municípios para a formação de um novo município, o mesmo ocorrendo em relação aos Estados, mas todos continuam pertencendo à República Federativa do Brasil. Importante frisar que a República Federativa constitui um Estado democrático de Direito, que corresponde ao regime político adotado pelo Brasil. Presidencialismo No presidencialismo os Poderes Executivo e Legislativo são independentes, de modo que cada um deles exerce a sua competência sem que a vontade de um esteja vinculada à vontade do outro. Exemplo: No Brasil, uma vez eleito o presidente, o mesmo cumprirá o seu mandato por prazo certo, independentemente da vontade do legislativo. Mesmo que o legislativo não apoie o seu plano de governo, o presidente cumprirá todo o seu mandato. O mesmo acontece com o legislativo que, independentemente da vontade do executivo, os mesmos cumprirão seu mandato por prazo certo. Regime Político O regime político diz respeito à participação do povo (cidadãos) na tomada decisões do Estado. São basicamente 2 regimes: o autocrático e o democrático. No regime autocrático, os cidadãos não participam da tomada de decisões, ou seja, a vontade dos cidadãos é desconsiderada. Já no regime democrático, os cidadãos participam da tomada de decisões, de modo que a sua vontade é de suma importância no processo estatal decisório. Na democracia, todo o poder emana do povo, e o exercício pode ser direto ou indireto. Assim, a democracia indireta é aquela exercida através do voto, onde são eleitos representantes. Já na democracia direta, os cidadãos participam da tomada de decisões através de instrumentos constitucionalmente previstos, que podem ser memorizados através do seguinte macete (rol exemplificativo): PRIDA Plebiscito / Referendo / Iniciativa Popular de Lei / Denúncia ao Tribunal de Contas / Ação Popular. A Constituição Federal Brasileira adota os dois modelos de democracia – direita e indireta – o que recebe o nome de democracia semidireta ou plebiscitária. Regime ou Sistema de Governo Diz respeito ao modo como os Poderes Executivo e Legislativo se relacionam. A depender do tipo de relação entre tais poderes, a vontade de um pode ou não interferir na vontade do outro. Importante ressaltar que o art. 1º da Constituição Federal não diz nada sobre o regime ou sistema de governo, de modo que o assunto será abordado simplesmente No presidencialismo, a chefia do Poder Executivo é monocrática, de modo que o Presidente é, ao mesmo tempo, Chefe de Estado e Chefe de Governo. Chefia de Estado: está relacionada com a representação do país como Estado soberano perante outros Estados soberanos. 187 Exemplo: quando o Presidente da República viaja para firmar um acordo comercial com outro país, está atuando como chefe de Estado, ou mesmo quando recebe uma representação diplomática de outro país, por exemplo, a visita de uma Presidente. Chefia de Governo: está relacionada com a gestão da coisa pública, da máquina administrativa. Cuida de assuntos de interesse predominantemente interno. Exemplo: Quando o Presidente da República convoca uma reunião de ministros para cuidar dos rumos da economia. O chefe do poder executivo responde pelo seu governo diretamente perante o povo, e não perante o poder legislativo. No Brasil, por mais que os parlamentares (deputados federais e senadores) não apoiem o plano de governo do Presidente da República, o mesmo não é destituído do cargo por tal motivo. ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO PROFESSOR Tiago Zanolla Professor de Ética no Serviço Público, Conhecimentos Bancários e Direito Regimental. Formado em Engenharia de Produção pela Universidade Pan-Americana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Envolvido com concursos públicos desde 2009 é professor em diversos estados do Brasil. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. COMO ESTUDAR ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO................................................................................................................... 279 Introdução....................................................................................................................................................................................................................................................279 2. ÉTICA, MORAL, PRINCÍPIOS E VALORES................................................................................................................................. 279 3. ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA........................................................................................................ 283 4. ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA............................................................................................................................................................ 284 5. DECRETO 1.171/1994........................................................................................................................................................................... 286 Das Regras Deontológicas.....................................................................................................................................................................................................................287 Dos Principais Deveres do Servidor Público .............................................................................................................................................................................. 290 Das Vedações ao Servidor Público.....................................................................................................................................................................................................292 Das Comissões de Ética – Decreto 1.171............................................................................................................................................................................................295 6. ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO....................................................................................................................................................... 296 Comportamento Profissional................................................................................................................................................................................................................296 Atitudes em Serviço.................................................................................................................................................................................................................................297 Organização do Serviço..........................................................................................................................................................................................................................297 Prioridades em Serviço......................................................................................................................................................................................................................... 300 277 CAPÍTULO 01 - Como Estudar Ética no Serviço Público 1. COMO ESTUDAR ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Introdução Muitos candidatos, desprezam o estudo da disciplina Ética no Serviço Público. Acreditam que apenas uma leitura da “lei seca” é suficiente. Ocorre que muitas bancas têm elaborado questões mesclando conhecimentos de outras disciplinas, tais como, direito administrativo, direito constitucional, direito penal, leis especiais, entre outros, com dispositivos do Decreto 1.171. Além disso, temos o estudo da “Teoria da Ética”. O estudo da ética é muito subjetivo, existem centenas de conceitos. Veja o exemplo de recentes questões que concurso: (CESPE – 2008 – Analista do Seguro Social) O código de ética se caracteriza como decreto autônomo no que concerne à lealdade à instituição a que o indivíduo serve (CESPE – 2012 – IBAMA – Téc. Adm.) A ética, enquanto filosofia da moral, constata o relativismo cultural e o adota como pressuposto de análise da conduta humana no contexto público. (CESPE - 2015 - MPU - Técnico do MPU) A ética envolve um processo avaliativo do modo como os seres humanos, a natureza e os animais intervêm no mundo ao seu redor O que achou? Conseguiu respondê-las? Questões desse tipo, podem ser a diferença entre a aprovação no certame pretendido. Quem visa passar em concurso público deve lutar por cada ponto. Apesar de muitos acharem a disciplina complicada, pois o tema é amplo e difícil de ser previsto devido à grande referência bibliográfica, a grande verdade é que o foco de cobrança de Ética tem sido tratado sobre a abordagem sobre o cliente-cidadão. Com a metodologia apropriada, o estudo torna-se muito agradável. 2. ÉTICA, MORAL, PRINCÍPIOS E VALORES O tema ética está presente na vida das pessoas, seja em pequenas ou grandes decisões, dilemas éticos surgem cotidianamente. A escolha entre o caminho fácil e o mais correto, entre obediência e sentimento, conflitos de foro íntimo são travados. A ética é uma ciência de estudo da filosofia., pautada no indivíduo. O termo Ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). A ética serve para que haja um EQUILÍBRIO E BOM FUNCIONAMENTO SOCIAL, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. ÉTICA Significa COMPORTAMENTO, sendo um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais, ou seja, antecede qualquer lei ou código. Evolução Histórica da Ética A evolução do conceito de ética foi, sempre, dentro de determinados contextos específicos, elaborados pelo homem. Significa que a evolução do conceito resulta de condições civilizacionais e de contemporaneidade que foram mudando ao longo do tempo. Por outras palavras é a sociedade que determina as regras da ética (seja através das leis, dos costumes , da Moral, de códigos de conduta ou da deontologia) mas existe sempre um espaço de consciência individual que permite a cada cidadão estabelecer as suas fronteiras desde que não infrinja princípios determinados por regras de conduta sociais. A ética na civilização Grega: A ética tinha uma relação muito estreita com a política. Atenas era o ponto de encontro da cultura grega onde nasceu uma democracia com assembleias populares e tribunais e as teorias éticas incidiam sobre a relação entre o cidadão e a polis. As correntes filosóficas: ética aristotélica, ética socrática e ética platónica, têm em comum que o homem deverá pôr os seus conhecimentos ao serviço da sociedade. A Ética na civilização grega era apenas uma ética normativa. Limitava-se a classificar os atos do homem. Após as conquistas de Alexandre Magno, a humanidade presencia uma nova era: No mundo helenístico e romano, a ética passa a sustentar-se em teorias mais individualistas que analisam de diversas formas o modo mais agradável de viver a vida. Já não se tratava de conciliar o homem com a cidade. Em todas as abordagens éticas estava subjacente a procura de felicidade como o bem supremo a atingir. A Ética na Idade Média: Na idade média o conceito de ética altera-se radicalmente. Desliga-se da natureza para se unir com a moral cristã. A influência da igreja, entre os séculos IV e XIV, impede que nas cidades europeias a ética se afaste das normas que ela própria dita. Só o encontro do Homem com Deus lhe possibilitará a felicidade. Ética e moral fundiam-se numa simbiose que a igreja considerava perfeita. Durante este período a Ética deixa de ser uma opção, passa a ser imposta, confundindo-se com a religião e a moral. Continua porém apenas a ser normativa. Idade contemporânea: Surgem ramos diferenciados aplicados nos diferentes campos do saber e das atividades do ser humano. No Séc. XIX começa a aparecer a ética aplicada. A ciência e a economia substituem a religião. Começa a falar-se de “ética utilitarista”: tudo o que contribua para o progresso social é bom. Anos 50 a 80, Ética, consumo e sustentabilidade: So- 279 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO ciedade de consumo – cidadão consumidor Final do séc. passado: As desigualdades fazem despertar uma consciência cívica. O consumidor-objeto dá lugar ao consumidor sujeito, mais preocupado com o significado e as consequências dos seus padrões de consumo. Multiplicam-se os códigos de ética ou de conduta. Nasce a empresa-cidadã: postura ética empresarial. Séc. XXI: Ética sustentável – caracterizada pelo respeito pela natureza. Do ponto de vista da Filosofia, Ética é a parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral e os princípios ideais da conduta humana, ou seja, tem como objeto de estudo o estímulo que guia a ação: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias. As ações (condutas) são baseadas em juízos éticos que nos dizem o que são o bem, o mal e a felicidade. Enunciam também que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral. Juízos éticos de valor, que são também normativos, , enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do bem e do mal, ou seja, do correto e do incorreto. Fique atento: o examinador pode cobrar dois tipos de juízo: Juízo de Fato 280 Juízo de Valor São aqueles que dizem o que as coisas são, como são e porque são. Em nossa vida cotidiana, os juízos se fato estão presentes Constitui avaliações sobre coisas, pessoas, situações, e são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião, enfim, em todos os campos da existência social do ser humano. Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espíritos, intenções e decisões como sendo boas ou más, desejáveis ou indesejáveis Juízo de Fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e porque são. Em nossa vida cotidiana, os juízos se fato estão presentes Juízo de Valor constitui avaliações sobre coisas, pessoas, situações, e são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião, enfim, em todos os campos da existência social do ser humano. Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espíritos, intenções e decisões como sendo boas ou más, desejáveis ou indesejáveis Qual a origem da diferença entre os dois tipos de juízo? A diferença está entre a natureza e a cultura. A natureza é constituída por estruturas e processos necessários, que existem em si e por si mesmos, independentemente de nós. A chuva, por exemplo, é um fenômeno meteorológico cujas causas e efeitos necessários podemos constatar e explicar. A cultura, por sua vez, nasce da maneira como os seres humanos se interpretam a si mesmos, e as suas relações com a natureza, acrescentando-lhe sentidos novos, intervindo nela, alterando-a através do trabalho e da técnica dando-lhe valores. Outro ponto de cobrança é a diferença entre ética filosófica e ética científica: ÉTICA FILOSÓFICA x ÉTICA CIENTÍFICA A ÉTICA FILOSÓFICA é aquela que tenta estabelecer princípios constantes e universais para a boa conduta da vida em sociedade, em suma, tenta estabelecer uma moral universal, a qual os homens deveriam seguir independentemente das contingências de lugar e de tempo. A ética tem como objeto de estudo o estímulo que guia a ação: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas ações. Por outro lado, a ÉTICA CIENTÍFICA constata o relativismo cultural e o adota como pressuposto. Qualifica o bem e o mal, assim como a virtude e o vício, a partir de seus fundamentos sociais e históricos. Na investigação da ética científica, a pluralidade, a diversidade cultural e a dinâmica da sociedade são relevantes. Memorize: ÉTICA FILOSÓFICA ÉTICA CIENTÍFICA Moral universal Relativismo cultural Princípios universais Depende da situação Lei natural Cultura e sentimentos Consciência imutável Relativismo moral SÓCRATES, considerado o pai da filosofia, dizia que a obediência à lei era o divisor entre a civilização e a barbárie. Segundo ele, as ideias de ordem e coesão garantem a promoção da ordem política. A ética deve respeitar às leis, portanto, à coletividade. KANT afirmava que o fundamento da ética e da moral seria dado pela própria razão humana: a noção de dever. Mais recentemente, o filósofo inglês BERTRAND RUSSELL afirmou que a ética é subjetiva, portanto não conteria afirmações verdadeiras ou falsas. Porém, defendia que o ser humano deveria reprimir certos desejos e reforçar outros se pretendia atingir o equilíbrio e a felicidade. Quer um exemplo prático? Imagine que você precisa ir ao banco. Chegando lá há uma enorme fila, porém você está atrasado para um compromisso. O que você faz? Por que está com pressa, já vai “furando” a fila? NÃO, CLARO QUE NÃO, pois, é ético respeitá-la, ou seja, apesar de seu desejo e necessidade, você vai lá para o final da fila, mantendo assim a harmonia da coletividade ali presente. Quem chegou antes, tem o direito de ser atendido antes. E essa coisa de respeitar a fila, está em alguma lei? Também não, pois é um valor arraigado em nossa sociedade. O termo moral deriva do latim – mos/mores (do latino CAPÍTULO 02 - Ética, Moral, Princípios e Valores “morales”), e significa COSTUMES. Moral é agir de maneira ética. No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. Segundo Aranha e Martins (1997, p. 274): A moral é o conjunto das regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo de homens. Nesse sentido, o homem moral é aquele que age bem ou mal na medida que acata ou transgride as regras do grupo. A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamental a vida moral. Essa reflexão pode seguir as mais diversas direções, dependendo da concepção de homem que se toma como ponto de partida. MORAL São os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade em determinada época, por isso, é mutável. A moral pessoal é formada pela cultura e tradição do grupo ao qual o indivíduo está inserido. Segundo Cordi, desde a infância a pessoa está sujeita à influência do meio social por intermédio da família, da escola, dos amigos e dos meios de comunicação de massa (principalmente a televisão). Assim, ela vai adquirindo aos poucos princípios morais. Portanto, ao nascer o sujeito se depara com um conjunto de normas já estabelecidas e aceitas pelo meio social. Este é o aspecto social da moral. Mas a MORAL NÃO SE REDUZ AO ASPECTO SOCIAL. À medida que o indivíduo desenvolve a reflexão crítica, os valores herdados passam a ser colocados em questão. Ele reflete sobre as normas e decide aceitá-las ou negá-las. A decisão de acatar uma norma é fruto de uma reflexão pessoal consciente que se chama interiorização. Essa interiorização da norma é que qualifica o ato como moral. Caso não seja interiorizado, o ato não é considerado moral, é apenas um comportamento determinado pelos instintos, pelos hábitos ou pelos costumes. A Moral sempre existiu, sendo, portanto anterior ao Direito. Nem todas as regras Morais são regras jurídicas. A linguagem da moral possui caráter prescritivo significa, portanto, afirmar que ela não se limita à descrição ou à análise do modo como as coisas são, mas dita o modo como devem ser. A semelhança que o Direito tem com a Moral é que ambas são formas de controle social e constituem um padrão para julgamento dos atos. MORAL TRADICONAL x MORAL MODERNA A moral tradicional é aquela que repousa sobre a crença em uma autoridade. Por que devemos aceitar tais e tais mandamentos? Porque os mesmos refletem a vontade divina, a vontade de um governante ou de qualquer indivíduo no qual reconhecemos uma autoridade, nossos pais, ídolos, etc. A moral moderna recusa a transcendência e questiona o fundamento de autoridade. Será para ela que dirigiremos agora a pergunta: por que devemos então aceitar um princípio moral? Encontramos no dicionário Houaiss, várias definições de moral, entre elas: • “Conjunto de valores como a honestidade, a bondade, a virtude etc., considerados universalmente como norteadores das relações sociais e da conduta dos homens.” • “Conjunto das regras, preceitos característicos de determinado grupo social que os estabelece e defende.” • “Cada um dos sistemas variáveis de leis e valores estudados pela ética, caracterizados por organizarem a vida de múltiplas comunidades humanas, diferenciando e definindo comportamentos proscritos, desaconselhados, permitidos ou ideais.” • “Do latim Moraallis, Mor, Morale – relativos aos costumes.” • “Parte da filosofia que estuda o comportamento humano à luz dos valores e prescrições que regulam a vida das sociedades; No sentido prático, a finalidade da ética, da moral e do direito são muito semelhantes. Todas são responsáveis e objetivam construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade. AÇÕES DO HOMEM E FENÔMENOS DA NATUREZA “A ética envolve um processo avaliativo especial sobre o modo como os seres humanos intervêm no mundo ao seu redor, principalmente quando se relacionam com os seus semelhantes. Assim como os fenômenos da natureza (movimentos das rochas, dos mares e dos planetas, etc.), as ações humanas também modificam o mundo. Contudo, esses dois tipos de eventos - naturais e humanos - são apreciados por nós de formas completamente distintas. Quando se trata de uma ação humana, por exemplo um roubo praticado por alguém, fazemos não apenas uma avaliação moral do aspecto exterior, visível, do evento (a apropriação indevida de algo que pertence a outra pessoa), mas principalmente uma avaliação moral do sentido dessa ação para o agente que a pratica, em um esforço para compreender as suas intenções. Quando, porém, se trata de um fenômeno da natureza, como uma acomodação de placas da crosta terrestre que causa terremotos na superfície do planeta, essa avaliação moral não ocorre, exatamente porque não há como atribuir uma intenção àquela força. Vamos a um exemplo: não é incomum vermos na imprensa denúncias contra agentes públicos que se apropriam indevidamente de recursos do Estado, prejudicando, assim, investimentos nas políticas públicas e atendimento das demandas sociais. Muitas catástrofes naturais, em sua manifestação exterior e visível, provocam destruição e morte. São frequentes as notícias de terremotos, tempestades e 281 INFORMÁTICA PROFESSORA Katia Quadros Graduada em Processamento de Dados. Especialista em TI – Desenvolvimento Web – PUC-PR. Analista de sistemas. Ex-examinadora para concursos públicos. Professora de Informática desde 1998 em cursos técnicos. Professora de Informática e Arquivologia desde 2008 para Concursos Públicos presenciais e à distância. Comentarista de questões e autora de materiais de concursos públicos.Orientadora de estudos para concurso. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. SISTEMAS OPERACIONAIS ............................................................................................................................................................ 305 Introdução....................................................................................................................................................................................................................................................305 O Que Faz um Sistema Operacional.................................................................................................................................................................................................305 Gerenciador de Processos.....................................................................................................................................................................................................................305 Conceitos Básicos......................................................................................................................................................................................................................................308 Sistemas Operacionais: Windows 7................................................................................................................................................................................................... 312 Sistemas Operacionais: Windows 10................................................................................................................................................................................................. 316 2. BROFFICE................................................................................................................................................................................................321 Broffice Calc................................................................................................................................................................................................................................................ 321 Broffice Writer...........................................................................................................................................................................................................................................322 Broffice Impress........................................................................................................................................................................................................................................325 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................326 3. REDES E INTERNET........................................................................................................................................................................... 327 Introdução....................................................................................................................................................................................................................................................327 Conceitos Iniciais......................................................................................................................................................................................................................................327 Domínios.......................................................................................................................................................................................................................................................328 Protocolos.....................................................................................................................................................................................................................................................329 Navegadores................................................................................................................................................................................................................................................ 331 Cloud Computing......................................................................................................................................................................................................................................339 Correio Eletrônico.................................................................................................................................................................................................................................... 340 Redes e Internet: Conclusão................................................................................................................................................................................................................ 340 Mecanismos de Pesquisa....................................................................................................................................................................................................................... 341 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 341 4. SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO.................................................................................................................................................. 342 Introdução....................................................................................................................................................................................................................................................342 Conceitos de Segurança da Informação..........................................................................................................................................................................................342 Golpes, Ameaças e Ataques..................................................................................................................................................................................................................347 Segurança da Informação: Conclusão.............................................................................................................................................................................................. 351 303 CAPÍTULO 01 - Sistemas Operacionais 1. SISTEMAS OPERACIONAIS Introdução Neste capítulo vamos estudar Sistemas Operacionais. Estudaremos o Sistema Operacional Windows nas versões 7 e 10 e também, Linux. Fique atento às novidades do Windows 10, pois o examinador gosta delas! A maioria das funcionalidades são iguais em todas as versões do Windows. Funcionalidades como copiar, renomear, mover arquivos. Conceitos de unidades, pastas, nomes de arquivos. Procure estudar as versões do Windows na prática, pelo menos tenha uma dessas versões instalada em seu computador. Linux também é cobrado. O examinador cobra de maneira diferente do Windows. Através de conceitos e os comandos e diretórios. O Que Faz um Sistema Operacional Quando instalamos um Sistema Operacional, estamos de certa forma definindo um gerente para os recursos do nosso computador. E o que é preciso gerenciar em um computador? Um dos itens que precisam ser gerenciados são os programas (softwares) que você costuma utilizar quase ao mesmo tempo. Um programa é basicamente um conjunto de instruções que, ao serem executadas pelo computador, com a ajuda de um Operacional, realizam determinadas tarefas. Essa “lista de instruções” deve ser armazenada de forma que a mesma possa ser utilizada a qualquer momento - para tanto, precisamos guardar essas instruções em arquivos armazenados no HD de nosso computador. Para que um programa possa ser executado no seu computador, primeiramente, o código do programa (lista de instrução) é transferido do HD para a memória principal. Quando disponível na memória principal, o processador tem acesso às instruções e poderá então ler e executar cada uma das instruções. Cada instrução pode corresponder a uma entrada ou saída de dados, como, por exemplo, obter os dados que digitamos no teclado ou imprimir documentos na impressora. Programas em execução são chamados de processos. Um processo é formado por três partes principais, são elas: 01.o código do programa (lista de instruções); 02.os dados processados pelo programa; 03.o contexto que consiste no conjunto de informações adicionais sobre o processo - como e onde estão armazenados os dados e instruções. Para que um programa qualquer possa ser executado em um computador, o Sistema Operacional precisa executar um conjunto de funções básicas. Fazendo um paralelo com o mundo real, para que um ator possa representar um papel em uma peça, um conjunto de funções básicas de suporte precisou ser feitas: um local precisou ser reservado para o espetáculo, o cenário precisou ser montado, a iluminação precisou ser preparada, os atores contratados... Se não fosse esse trabalho de suporte, o ator não poderia atuar. Assim, para que um programa qualquer possa ser executado no seu computador, nos bastidores o Sistema Operacional realizará um conjunto de funções básicas: (1) o gerenciamento dos processos; (2) o gerenciamento da memória disponível no seu computador; (3) o gerenciamento dos arquivos existentes no computador; e (4) o gerenciamento dos dispositivos de entrada e saída. Gerenciador de Processos O conceito mais importante em sistemas operacionais é o de processos, e entendê-los é fundamental para todo estudante interessado em conhecer como os sistemas operacionais funcionam realmente. Todas as ações que ocorrem no seu computador giram em torno de processos, pois, como dissemos antes: processos são programas em execução e, sendo assim, todos os aplicativos que usamos são na verdade processos. Mas, como os processos são criados a partir do código de seus respectivos programas? E como preparar os diversos componentes do computador (memória, HD, processador) para que os processos possam ser executados normalmente? Para que você possa entender melhor estes conceitos, vamos fazer a seguinte comparação do que ocorre no computador com um exemplo bem simples: uma mesa de estudos. Você deve ter muitas atividades escolares que precisam de sua dedicação e esforço para serem realizadas. Provavelmente, você tem um lugar preferido para estudar, mas vamos considerar que você tenha uma mesa de estudos própria com gavetas onde é guardado todo seu material escolar e nela são feitos todos os seus trabalhos das mais diversas disciplinas (matemática, português, física, química etc.). Vamos dizer que exista para cada disciplina uma lista de exercícios a ser resolvida. Então para estarmos prontos, qual o primeiro passo a ser realizado? Poderíamos considerar a ação de pegar das gavetas e colocar sobre a mesa as listas de exercícios que serão resolvidas, assim você terá acesso direto às questões para resolvê- 305 INFORMÁTICA -los um de cada vez. Se considerarmos que nossa mesa de estudos é a memória do computador, e que nós somos o processador, então, os programas são as listas de exercícios e quando a colocamos sobre a mesa, estamos deixando elas prontas para serem resolvidas, ou seja, neste momento, cada lista deixa de ser apenas uma folha guardada na gaveta (ou HD, se considerarmos os programas) para se tornar parte de uma atividade, ou seja, de um processo. Associado a cada processo criado, existe uma quantidade de memória reservada, conhecida como espaço de endereçamento do processo, onde o processo pode ler e gravar dados. Nessa área de memória, encontramos: (1) o código do programa que será executado e (2) os dados que são usados pelo programa. Para que o Sistema Operacional gerencie os processos, primeiro ele deve ser capaz de: (1) criá-los, (2) reservar memória e (3) colocar os processos numa fila de espera para uso do processador. O próprio Sistema Operacional é um conjunto de vários processos que também compartilham a CPU para serem executados. Gerenciador de Memória 306 A memória é um componente importante do computador que deve ser cuidadosamente gerenciada , pois apesar da grande evolução da tecnologia e do aumento crescente da memória dos computadores, os programas estão crescendo na mesma proporção e assim o Sistema Operacional precisa lidar com as limitações da capacidade da memória para organizar os processos que estão em execução. Voltando ao exemplo da mesa de estudos. Imagine se todo o material sobre a mesa de estudos estiver bagunçado. Papéis amontoados em um canto, livros espalhados e uma pilha de rascunhos jogados em sua frente, você conseguiria estudar nessa desorganização? Apesar de que muitos estudantes tentam estudar em uma montanha de livros e papéis, é muito mais fácil reservar um tempo para organizar sua mesa de estudos, aproveitando de maneira organizada toda a área da mesa, é exatamente isso que o Sistema Operacional realiza. Identificar quais partes da memória estão em uso e quais não estão, reservar espaço para os processos e deixar disponível as áreas que forem liberadas por um processo ativo ou quando um processo é encerrado, são essas as atividades executadas pelo Sistema Operacional, assim, os programas não precisam se preocupar em como obter a memória necessária para ser executado. Mas, quando o espaço de endereçamento não é suficiente para todos os processos ativos, o que o Sistema Operacional pode fazer? Uma solução simples seria encerrar alguns programas, liberando a área de memória deles, mas tornaria os computadores mais limitados com relação à quantidade de processos ativos. Então, o que podemos fazer? No exemplo da mesa de estudos, vamos dizer que você está montando um painel para sua aula de biologia e a cartolina ocupa quase toda a área de sua mesa, e agora não existe espaço suficiente para o restante do material, pois você ainda precisa deixar disponível o seu livro de biologia e as revistas para o recorte de figuras, mas apenas um deles pode ficar sobre a mesa e durante toda a atividade você precisa de todo o material, o que fazer para que você não perca tanto tempo na construção desse painel? Utilizando uma das gavetas da mesa de estudos para guardar o livro exatamente na página que você estava pesquisando ou as revistas nas páginas que serão recortadas, você poderá realizar uma troca rápida entre as ações que serão executadas e, apesar do uso da gaveta tornar mais lento, ela permite que você possa realizar todas as atividades necessárias. Assim funciona no computador quando existem processos demais para a quantidade de memória. O Sistema Operacional gerencia as trocas de dados entre a memória e o HD quando não existe espaço de endereçamento suficiente para todos os processos, na aula de gerenciamento de memória, você aprenderá mais sobre essas atividades e as ações que são necessárias para a organização da memória – Memória Virtual. Quando instalamos um Sistema Operacional, ele já configura um espaço no HD para utilizar como Memória Virtual. A memória RAM possui capacidade limitada, com isso ao executarmos vários processos simultaneamente, não fosse a memória virtual, nosso computador iria travar, ter o chamado piripaque!!!! Quando a memória RAM está com a capacidade total comprometida, e queremos executar mais um software, por exemplo, o Sistema Operacional faz a troca de arquivos: Envia para a memória virtual o que está na memória RAM e não estamos utilizando e assim libera espaço para a nova execução. CAPÍTULO 01 - Sistemas Operacionais Assim, os programas podem acessar os dados armazenados nos discos através das chamadas de sistemas do Sistema Operacional relacionada à manipulação de arquivos, e ações como criar, ler, gravar e remover arquivos podem ser realizadas nos processos de forma simples. O conceito de diretório ou pasta de arquivos está relacionado à maioria dos sistemas operacionais como uma forma de agrupar os arquivos, possibilitando uma forma de organização hierárquica em que, dentro de um diretório, podem existir arquivos e outros diretórios. Olha o S.O. fazendo a troca de arquivos: Essa estrutura pode ser comparada a uma árvore, pois no decorrer do tempo ela vai formando uma rede de diretórios e arquivos interligados a partir de um diretório raiz. Para os programas encontrarem os arquivos, eles precisam saber o nome de caminho, que é a sequência de diretórios a partir do diretório raiz para chegar ao arquivo, um exemplo simples seria o nome de caminho do arquivo listMat.txt, que seria: /disciplinas/listas/matemática/listaMat.txt Mas, não é apenas através do nome de caminho que podemos encontrar um arquivo. Para cada processo, existe um diretório de trabalho atual que indica a partir de qual diretório o processo está manipulando, dessa forma, não é necessário que o programa informe o caminho completo para chegar ao arquivo, basta verificar a partir do diretório de trabalho que pode ser mudado durante a execução do programa. Além da informação do nome de caminho, a maioria dos sistemas operacionais atuais criou mecanismos de segurança de dados e só com permissões dadas ao usuário os diretórios e arquivos podem ser acessados ou alterados. Por exemplo, cada processo recebe o código de identificação do usuário que o executou, através desse código, é verificado o nível de acesso ao arquivo, no momento em que ele for aberto, assim, o programa verifica se tem permissão de ler o conteúdo do arquivo e até mesmo alterá-lo. Gerenciador de Dispositivos de Entrada e Saída Gerenciador de Arquivos Agora, imagine as gavetas de sua mesa de estudos. E se, ao abrirmos elas, todo o seu material escolar estiver desorganizado? Você provavelmente perderia um bom tempo procurando por seus livros, revistas, listas de exercícios e qualquer material que precisasse. Mas, se todo o conteúdo das gavetas estivesse organizado com áreas nas gavetas dedicadas para cada uma das disciplinas, então, seria mais prático e simples procurar por um determinado livro ou revista. E é exatamente dessa forma que os sistemas operacionais gerenciam os dados armazenados. Uma das principais funções dos sistemas operacionais é controlar todos os dispositivos de entrada e saída de dados, como, por exemplo: teclado, mouse, monitores, discos e impressoras. As partes do Sistema Operacional responsáveis pelos dispositivos de E/S (Entrada/Saída) devem permitir 307 DIREITO ADMINISTRATIVO PROFESSOR Robson Fachini Experiência em concursos públicos desde 1999, tendo sido aprovado nos cargos de agente administrativo da prefeitura de Rancharia – SP, recenciador do IBGE, agente de escolta e vigilância penitenciária – SP, agente de segurança penitenciária – SP, agente penitenciário – PR, agente penitenciário federal – MJ, analista do tribunal de contas do DF e atualmente aprovado para o cargo de auditor de controle externo do tribunal de contas dos municípios do estado de Goiás. Formado em tecnologia em gestão pública pelo instituto tecnológico da Universidade Federal do Paraná e pós graduando em MBA em gestão pública. Professor de direito administrativo em cursos preparatórios para concursos desde 2010. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO, ESTADO E GOVERNO...................................................................................357 Conceito de Direito...................................................................................................................................................................................................................................357 Ramos do Direito.......................................................................................................................................................................................................................................357 Conceito de Direito Administrativo..................................................................................................................................................................................................357 Objeto do Direito Administrativo.......................................................................................................................................................................................................357 Fontes do Direito Administrativo.......................................................................................................................................................................................................358 Sistemas Administrativos.....................................................................................................................................................................................................................358 Noções de Estado......................................................................................................................................................................................................................................359 Formas de Estado......................................................................................................................................................................................................................................359 Poderes do Estado.................................................................................................................................................................................................................................... 360 Noções de Governo.................................................................................................................................................................................................................................. 360 Sistemas de Governo............................................................................................................................................................................................................................... 361 Formas de Governo.................................................................................................................................................................................................................................. 361 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................362 2. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TÉCNICAS ADMINISTRATIVAS........................................................... 362 Conceito de Administração Pública..................................................................................................................................................................................................362 Classificação da Administração Pública.........................................................................................................................................................................................363 Comparação entre Governo e Administração Pública..............................................................................................................................................................363 Administração Pública Direta.............................................................................................................................................................................................................364 Administração Pública Indireta.........................................................................................................................................................................................................364 Organização Administrativa da União.............................................................................................................................................................................................365 Técnicas Administrativas......................................................................................................................................................................................................................365 Criação dos Entes da Administração Indireta..............................................................................................................................................................................368 Autarquia.....................................................................................................................................................................................................................................................368 Fundação Pública......................................................................................................................................................................................................................................369 Empresas Estatais (Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista)............................................................................................................................370 Empresa Pública.......................................................................................................................................................................................................................................370 Sociedade de Economia Mista............................................................................................................................................................................................................. 371 Entidades Paraestatais............................................................................................................................................................................................................................372 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................374 3. ÓRGÃOS PÚBLICOS E AGENTES PÚBLICOS............................................................................................................................375 Órgão Público.............................................................................................................................................................................................................................................375 Agentes Públicos.......................................................................................................................................................................................................................................377 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................379 4. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.380 Regime Jurídico Administrativo.........................................................................................................................................................................................................380 Princípios Fundamentais da Administração Pública................................................................................................................................................................380 5. PODERES ADMINISTRATIVOS...................................................................................................................................................... 384 Poder Hierárquico....................................................................................................................................................................................................................................385 Poder Disciplinar......................................................................................................................................................................................................................................386 Poder de Polícia.........................................................................................................................................................................................................................................386 Poder Regulamentar................................................................................................................................................................................................................................389 Abuso de Poder..........................................................................................................................................................................................................................................389 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................ 390 6. ATOS ADMINISTRATIVOS............................................................................................................................................................... 390 Conceito de Atos Administrativos..................................................................................................................................................................................................... 391 Características de Atos Administrativos........................................................................................................................................................................................ 391 Outros Conceitos Pertinentes ao Tema............................................................................................................................................................................................ 391 Elementos ou Requisitos de Validade dos Atos Administrativo............................................................................................................................................392 Atributos dos Atos Administrativos..................................................................................................................................................................................................394 Classificações de Atos Administrativos...........................................................................................................................................................................................395 Espécies de Atos Administrativos......................................................................................................................................................................................................397 Extinção dos Atos Administrativos / Desfazimento do Ato Administrativo....................................................................................................................399 Convalidação.............................................................................................................................................................................................................................................. 400 7. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...........................................................................................................................401 Classificação do Controle da Administração Pública................................................................................................................................................................401 Espécies de Controle da Administração Pública........................................................................................................................................................................ 404 8. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.................................................................................................................................408 Responsabilidade Civil (Direito Civil)............................................................................................................................................................................................. 408 Classificação da Responsabilidade Civil........................................................................................................................................................................................ 408 Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência da Atuação da Administração Pública.................................................................................... 409 Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência de Atos Legislativos...........................................................................................................................411 355 SUMÁRIO Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência de Atos Judiciais................................................................................................................................ 412 Ação de Reparação de Danos............................................................................................................................................................................................................... 412 Ação Regressiva......................................................................................................................................................................................................................................... 413 9. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA..............................................................................................................................................413 Conceito de Improbidade Administrativa...................................................................................................................................................................................... 413 Fundamento Constitucional................................................................................................................................................................................................................. 413 Lei 8.429/92................................................................................................................................................................................................................................................. 414 10. SERVIÇOS PÚBLICOS...................................................................................................................................................................... 425 Conceito Amplo de Serviço Público..................................................................................................................................................................................................425 Conceito Estrito de Serviço Público..................................................................................................................................................................................................425 Classificações de Serviço Público......................................................................................................................................................................................................426 Distribuição Constitucional de Competência para Prestar Serviços Públicos...............................................................................................................428 Formas de Prestação dos Serviços Públicos..................................................................................................................................................................................429 Controle da Prestação dos Serviços Públicos................................................................................................................................................................................429 Serviço Público Adequado....................................................................................................................................................................................................................429 Delegação de Serviços Públicos......................................................................................................................................................................................................... 430 11. LEI 8.112/90 – ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO............................................................. 433 Título I – Das Disposições Preliminares..........................................................................................................................................................................................434 Título II - Do Provimento, Vacância, Remoção, Reditribuição e Substituição................................................................................................................435 Título III – Dos Direitos e Vantagens.................................................................................................................................................................................................442 Título IV – Do Regime Disciplinar..................................................................................................................................................................................................... 451 Processo Administrativo Disciplinar................................................................................................................................................................................................455 Da Seguridade Social do Servidor...................................................................................................................................................................................................... 461 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................465 12. PROCESSO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................................................... 466 Conceito de Processo Administrativo...............................................................................................................................................................................................466 Classificação dos Processos Administrativos................................................................................................................................................................................466 Disposições Gerais da Lei 9.784/99...................................................................................................................................................................................................466 356 CAPÍTULO 01 - Noções de Direito Administrativo, Estado e Governo 1. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO, ESTADO E GOVERNO Para uma boa compreensão do conceito de direito administrativo, ou seja, do que é o direito administrativo, e também qual a finalidade do direito administrativo, é importante, em primeiro, plano compreender de forma objetiva o que é o direito. Direito é um conjunto de normas impostas coativamente pelo Estado, que vão regular a vida em sociedade, possibilitando a coexistência pacífica das pessoas. de conflitos que envolvam tais interesses contra os interesses dos particulares. Nestes casos, em um dos lados do conflito está o Estado, representante dos interesses da coletividade, e do outro lado da disputa tem-se o particular (tanto faz esse particular ser pessoa física ou pessoa jurídica), representando os seus próprios interesses. No direito público, o Estado tem um tratamento privilegiado diante do particular, ou seja, as normas que regulam o direito público conferem prerrogativas especiais ao Estado diante do particular, o que impede um tratamento igualitário entre as partes. A característica marcante do direito público é a relação jurídica de desigualdade estabelecida entre os polos. Assim sendo, no direito público as partes são tratadas com distinção de direitos, obrigações e responsabilidades. Essa relação jurídica de desigualdade também é chamada de relação jurídica vertical. O fundamento dessa relação jurídica vertical entre o Estado e o particular, arbitrada pelo direito público é encontrado no princípio da supremacia do interesse público, tal princípio preconiza que os interesses públicos (da coletividade) se sobrepõem aos interesses privados, e sendo o Estado o procurador dos interesses da sociedade, a ele são conferidos poderes especiais para conseguir defender o interesse da coletividade. O direito administrativo faz parte do ramo do direito público, e como outros exemplos do direito público temos o direito constitucional, penal, processual penal, tributário, dentre outras searas do direito. Ramos do Direito Conceito de Direito Administrativo O direito é dividido em dois ramos distintos, são eles: o direito privado e o direito público. O professor Hely Lopes Meirelles conceitua o direito administrativo como sendo “o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem órgãos, agentes e atividades públicas que tendem a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. A professora Maria Sylvia Di Pietro define o Direito Administrativo como “o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza política.” O direito administrativo é o conjunto de regras que orientam a atuação da administração pública e o exercício das atividades administrativas do Estado. Sendo assim, o direito administrativo é a espécie de direito que tem por objetivo definir as regras que orientam a atuação do Estado como administrador da coisa pública. Sendo o direito administrativo uma espécie de direito, para o bom entendimento da matéria, neste bloco iremos conhecer o conceito de direito, os ramos do direito, o conceito e objetos do direito administrativo, as fontes do direito administrativo e os sistemas administrativos. Conceito de Direito Direito Privado O direito privado é caracterizado pela regulamentação de interesses PRIVADOS. Neste ramo do direito, existe um conflito entre particulares, ou seja, em um dos lados da disputa tem um particular, seja este uma pessoa física, ou uma pessoa jurídica, e do outro lado tem-se outro particular, tanto faz se ele é pessoa física ou pessoa jurídica. Em regra, o direito privado não regula relações entre particulares e o Estado. Eventualmente o Estado pode integrar um dos polos regulados pelo direito privado, conforme veremos logo adiante. Característica marcante do direito privado é a relação jurídica de igualdade estabelecida entre as partes. Essa relação jurídica de igualdade também é chamada de relação jurídica horizontal. O direito administrativo não faz parte do ramo do direito privado, e como exemplos desse ramo do direito tem-se o direito civil o direito empresarial, dente outros. Direito Público O direito público é caracterizado pela regulamentação dos interesses públicos e o seu objetivo é a resolução Objeto do Direito Administrativo O direito administrativo tem dois objetos, a administração pública e o exercício das atividades administrativas do Estado. O direito administrativo tem por objetivo regular as relações da administração pública, sejam estas relações de natureza interna entre as entidades que a compõe, seus órgãos e agentes; ou relações de natureza externa entre a administração e os administrados. Além de ter por objeto a administração pública, também é foco do direito administrativo o desempenho das atividades públicas, tanto exercidas pelo próprio estado, por meio da administração pública, ou exercidas por algum particular, como no caso das concessões, permis- 357 DIREITO ADMINISTRATIVO sões e autorizações de serviços públicos. Resumidamente, pode-se dizer que o direito administrativo tem por objeto a administração pública e também as atividades administrativas, independente de quem as exerça. Fontes do Direito Administrativo O termo fonte dá ideia do lugar onde algo começa a surgir. Sendo assim, por fontes do direito administrativo, deve-se entender os lugares onde encontramos as suas regras. Todavia o direito administrativo não é codificado, dessa forma, não é possível encontrarmos um código que contemple as normas de direito administrativo como acontece com o direito penal, civil, processual penal, dentre outros. Para encontrarmos as normas de direito administrativo temos que recorrer a diversas fontes. São fontes do direito administrativo a lei, a jurisprudência, a doutrina e os costumes (praxe administrativa). Veja a seguir as características de cada uma das fontes. Lei 358 Em decorrência do princípio fundamental da legalidade, que orienta todo o direito administrativo, a lei é a fonte primária e principal do direito administrativo. A lei vincula a atuação da administração pública dos três poderes e de todas as esferas da federação. No entanto, para entendermos melhor o significado do termo lei e da sua finalidade, é importante classificá-la em dois tipos: Lei em sentido estrito e Lei em sentido amplo. Lei em sentido estrito são os atos legislativos que inovam o ordenamento jurídico, tais como as leis complementares, ordinárias e delegadas. Lei em sentido amplo é um termo mais amplo que inclui qualquer tipo de norma aplicada à administração pública, independente do órgão estatal que a produziu. Neste caso, entende-se por lei a própria Constituição Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias, decretos, resoluções, portarias e qualquer outro ato que seja de obediência obrigatória pela administração pública. O direito administrativo adota como fonte principal a lei em seu sentido amplo. Jurisprudência A jurisprudência é o resultado de vários julgados realizados pelo poder judiciário sobre determinada matéria que caminham num mesmo sentido, serve como paradigma para o julgamento de novas ações judiciais referentes aos mesmos temas. Em regra, a jurisprudência não vincula a atuação da administração pública, somente serve como ponto de orientação, mas como exceção tem-se as súmulas vinculantes que foram introduzidas no ordenamento jurídico brasileiro pela emenda constitucional nº 45. As súmulas vinculantes são publicadas pelo Supremo Tribunal Fe- deral (STF) depois de reiteradas decisões num mesmo sentido e seu conteúdo vincula a administração pública dos poderes legislativo, executivo e judiciário da União, Estados, DF e municípios. Doutrina A doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos do direito administrativo. São livros que têm a finalidade de tentar sistematizar e melhor explicar o conteúdo das normas de direito administrativo, os quais podem ser utilizados como critério de interpretação de normas, bem como auxiliar a produção normativa. A doutrina não vincula a atuação da administração pública, ela é só uma fonte de orientação. Devido ao fato de a doutrina representar o entendimento do seu autor sobre as regras do direito administrativo, essa fonte do direito apresenta várias contradições, pois é comum que em alguns pontos os autores tenham entendimentos distintos de um ou outro instituto jurídico. Costumes Administrativos (Praxe Administrativa) Os costumes são práticas reiteradas observadas pelos agentes administrativos diante de determinada situação quando há lacuna da norma. Os costumes somente podem ser utilizados para orientar a atuação da administração pública na falta de lei determinando o que deve ser feito. Sendo assim, o costume não pode substituir a lei, mas somente pode ser utilizado para tampar uma lacuna deixada na lei pelo legislador. Sistemas Administrativos São os regimes que dispõe o Estado para realizar o controle de legalidade dos seus atos administrativos. E estes podem ser classificados em sistema francês ou inglês. Veja a seguir. Sistema Francês / Dualidade da Jurisdição / Contencioso Administrativo Pelo sistema francês, o poder judiciário não tem competência para fazer controle de legalidade dos atos da administração pública. Neste caso existe duas justiças, uma justiça comum para julgar os particulares e uma justiça administrativa que tem a competência de julgar os atos da administração pública. Neste sistema, os atos praticados pela administração pública não podem ser anulados pelo poder judiciário. Existem tribunais de natureza administrativa que têm a competência de realizar o controle de legalidade dos atos administrativos e caso seja necessário, anulá-los. As decisões desses tribunais administrativos têm efeito de coisa julgada, pois não podem ser revistas pelo poder judiciário, haja vista o fato de o poder judiciário CAPÍTULO 01 - Noções de Direito Administrativo, Estado e Governo não realizar controle de legalidade dos atos da administração pública. O sistema administrativo francês não é o sistema administrativo para controle de legalidade dos atos da administração pública. Sistema Inglês / Jurisdição Única / Sistema não Contencioso Pelo sistema inglês, o poder judiciário tem competência para fazer controle de legalidade dos atos da administração pública. Neste caso, existe uma única justiça, representada pelo poder judiciário e este tem competência para julgar tanto processos que envolvam particulares como também processos que envolvam a administração pública. Todos os conflitos entre a administração e o administrado e ainda entre a administração e os seus agentes, podem ser levados até o poder judiciário, e só este tem o poder de decidir com força de coisa julgada. É importante observar que neste sistema, a administração pode julgar conflitos, todavia mesmo que ela já tenha julgado ou esteja julgando um conflito, o particular pode acionar o poder judiciário e este poderá desfazer o resultado do julgamento feito pela administração pública, pois as decisões da administração pública não tem força de coisa julgada. Esse é o modelo de sistema administrativo adotado pelo Brasil. Ainda que as decisões da administração pública não tenham força de coisa julgada, isso não impede que a administração pública julgue conflitos. Todavia, estes conflitos podem ser levados para solução perante o poder judiciário e é este quem tem o poder de dizer qual é o direito aplicável ao caso. Para entender melhor o assunto, basta comparar o sistema inglês com o francês, enquanto no primeiro existe uma justiça com competência para julgar poder público e particulares, no sistema francês existe uma justiça para julgar o poder público e outra para julgar o particular. Noções de Estado Neste tópico nós iremos estudar o Estado. Abordaremos o conceito de Estado, os elementos que o integram, seus poderes e suas funções. Conceito de Estado O termo Estado pode ter várias interpretações, por exemplo, tal termo é geralmente utilizado para nos referirmos aos Estados-membros, entes que compõe a República Federativa do Brasil (ex. São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Sergipe etc.). No entanto, neste tópico, devemos associar a palavra Estado à ideia de país. Neste sentido, podemos conceituar Estado como sendo a pessoa jurídica territorial soberana. Analisando o conceito de Estado, encontramos alguns elementos que devem ser bem compreendidos, veja a se- guir: • Pessoa: capacidade para contrair direitos e obrigações. • Jurídica: É a pessoa constituída através de uma formalidade documental (de uma convenção entre pessoas físicas), seu contraponto é a pessoa física ou humana. • Territorial soberana: quer dizer que dentro do território do Estado, este detém a soberania, ou seja, sua vontade prevalece ante a das demais pessoas (sejam elas físicas ou jurídicas). Podemos definir soberania da seguinte forma, soberania representa independência na ordem internacional (lá fora ninguém manda no Estado) e supremacia na ordem interna (aqui dentro quem manda é o Estado). Elementos do Estado Os elementos que compõe o Estado são três: o território, o povo e o governo soberano. • Território: é a base fixa do Estado (solo, subsolo, mar, espaço aéreo). • Povo: é o componente humano do Estado. • Governo Soberano: é o responsável pela condução política do Estado, por ser tal governo soberano, temos que este não se submete a nenhuma vontade externa, pois, relembrando, lá fora o Estado é independente e aqui dentro sua vontade é suprema. Observação: A palavra povo não pode ser substituída por população, cidadão, nem por nenhuma outra similar. Formas de Estado Existem duas formas de Estado: Estado unitário e Estado federado. Estado Unitário Estado unitário é o termo utilizado para se referir aos países caracterizados pela centralização política. Neste tipo de país existe um poder político central que emana sua vontade por todo o território nacional. Em um Estado unitário, existe relação de hierarquia e subordinação entre o poder político central e os poderes políticos regionais e locais, ou seja, Estados-membros e municípios em regra não existem e quando existem não são dotados de competências políticas, pois as competências políticas são exclusivas do poder político central. Neste caso, Estados-membros e municípios são subordinados a vontade do poder político central. O Brasil não é um Estado unitário. Um exemplo de Estado unitário é o Uruguai. 359 Volume 2 POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Noções de Direito Penal Noções de Direito Processual Penal Legislação Especial Direitos Humanos Legislação Relativa ao DPRF Física Aplicada à Perícia de Acidentes Rodoviários O FOCUS CONCURSOS, se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (impressão e apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da idenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Quem vender, expuser à venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98). Impresso no Brasil - Printed in Brazil Copyright © 2016 by FOCUS CONCURSOS Rua R. Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro, Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 E-mail: [email protected] Organizadores: Vitor Matheus Krewer , Marcelo Adriano Ferreira DIRETORIA EXECUTIVA Evaldo Roberto da Silva Ruy Wagner Astrath PRODUÇÃO EDITORIAL Vítor Matheus Krewer DIAGRAMAÇÃO Willian Brognoli CAPA/ILUSTRAÇÃO Rafael Lutinski DIREÇÃO EDITORIAL Vítor Matheus Krewer Marcelo Adriano Ferreira COORDENAÇÃO EDITORIAL Vítor Matheus Krewer Marcelo Adriano Ferreira PROPOSTA DA APOSTILA PREPARATÓRIA PARA O CONCURSO DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL O presente material tem como objetivo preparar candidatos para o certame da Polícia Rodoviária Federal. Com a finalidade de permitir um estudo autodidata, na confecção do material foram utilizados diversos recursos didáticos, dentre eles, Dicas e Gráficos. Assim, o estudo torna-se agradável, com maior absorção dos assuntos lecionados, sem, contudo, perder de vista a finalidade de um material didático, qual seja uma preparação rápida, prática e objetiva. Conhecimentos Específicos NOÇÕES DE DIREITO PENAL Aplicação da lei penal. Princípios da legalidade e da anterioridade. A lei penal no tempo e no espaço. Tempo e lugar do crime. Lei penal excepcional, especial e temporária. Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. Pena cumprida no estrangeiro. Eficácia da sentença estrangeira. Contagem de prazo. Interpretação da lei penal. Analogia. Irretroatividade da lei penal. Conflito aparente de normas penais. O fato típico e seus elementos. Crime consumado e tentado. Pena da tentativa. Concurso de crimes. Ilicitude e causas de exclusão. Excesso punível. Culpabilidade. Elementos e causas de exclusão. Imputabilidade penal. Concurso de pessoas. Crimes contra a pessoa. Crimes contra o patrimônio. Crimes contra a fé pública. Crimes contra a administração pública. Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos). Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal. Crimes contra a Dignidade Sexual. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. Disposições preliminares do Código de Processo Penal. Inquérito policial. Ação penal. Competência. Prova. Juiz, ministério público, acusado, defensor,assistentes e auxiliares da justiça, atos de terceiros. Prisão e liberdade provisória. Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária). Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. Habeas corpus e seu processo. Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. DIREITOS HUMANOS Teoria geral dos direitos humanos. Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação. Afirmação histórica dos direitos humanos. Direitos humanos e responsabilidade do Estado. Direitos humanos na Constituição Federal. Institucionalização dos direitos e garantias fundamentais. Política nacional de direitos humanos. Programas nacionais de direitos humanos. Globalização e direitos humanos. As três vertentes da proteção internacional da pessoa humana. Direitos humanos, direito humanitário e direito dos refugiados. A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos. Aplicações da perspectiva sociológica a temas e problemas contemporâneos da sociedade brasileira: a questão da igualdade jurídica e dos direitos de cidadania, o pluralismo jurídico, acesso à justiça. Práticas judiciárias e policiais no espaço público. Administração institucional de conflitos no espaço público. LEGISLAÇÃO ESPECIAL Lei nº 10.826/2003 e alterações (Estatuto do Desarmamento). Lei nº 7.716/1989 e alterações (crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor). Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal). Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade). Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura). Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), Título II, Capítulos I e II, Título III, Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII . Lei nº 10.741/2003 e alterações (Estatuto do Idoso). Lei nº 9.034/1995 e alterações (crime organizado). - REVOGADO - SUBSTITUÍDO LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013. Lei nº 9.099/1995 e alterações (juizados especiais cíveis e criminais), Capítulo III, Lei nº 10.259/2001 e alterações (juizados especiais cíveis e criminais no âmbito da Justiça Federal). Lei nº 11.340/2006 (Maria da Penha – violência doméstica e familiar contra a mulher). Lei nº 11.343/2006 (sistema nacional de políticas públicas sobre drogas). Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei das contravenções penais). Lei nº 9.605/1998 e alterações (Lei dos crimes contra o meio ambiente), Capítulos III e V. Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (Tráfico de pessoas). LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF Lei n.º 9.503/1997 - Código de Trânsito Brasileiro, e suas atualizações; Perfil constitucional: funções institucionais. Lei 9.654/1982. Decreto nº 6.061/2007 e alterações. Decreto 1.655/1995. FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Cinemática escalar. Cinemática vetorial. Movimento circular uniforme. Leis de newton. Energias mecânicas. quantidade de movimento, impulso, colisões. Estática dos corpos rígidos. Estática dos fluídos princípios de pascal, arquimedes e stevin. Movimento harmônico simples (mhs). Ondas sonoras efeito doppler. Ondas eletromagnéticas. Frequências naturais e ressonância. Reflexão e espelhos. Refração e lentes. 07 2016 FOCUS CONCURSOS APOSTILA PREPARATÓRIA PARA A POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL Índice Geral Noções de Direito Penal.............................................................................................................................................................................11 Noções de Direito Processual Penal....................................................................................................................................................113 Direitos Humanos....................................................................................................................................................................................205 Legislação Especial..................................................................................................................................................................................253 Legislação Relativa ao DPRF..............................................................................................................................................................387 Física Aplicada à Perícia de Acidentes Rodoviários...................................................................................................................507 09 POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL NÍVEL SUPERIOR Conhecimentos Específicos Publicado em Novembro/2016 1ª Edição DIREITO PENAL PROFESSOR Paulo Coen Advogado e Médico. Mestre em Direitos Fundamentais e Democracia. Além de Professor de Medicina Legal do FOCUS, é Professor de Direito Penal, Direito Processual Penal, Criminologia e Medicina Legal no Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil; Membro do Conselho Superior de Ensino e Pesquisa (CONSEPE) e do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Direito do Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil. Professor de Medicina Legal no Curso de Direito - PUC/PR; Professor de Direito Penal e Medicina Legal em Cursos de Belo Horizonte/MG e Rio de Janeiro/RJ. Advogado com atuação na área criminal em Curitiba-PR. Na área médica possui Pós-Graduação em Cardiologia, Medicina do Trabalho e Especialização em Patologia. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL................................................................................................................................................................ 15 Princípio da Legalidade e da Anterioridade.....................................................................................................................................................................................15 Lei Penal Espaço e no Tempo..................................................................................................................................................................................................................16 Eficácia da Sentença Estrangeira e Pena Cumprida no Estrangeiro.....................................................................................................................................21 Contagem de Prazo..................................................................................................................................................................................................................................... 22 Interpretação da Lei Penal...................................................................................................................................................................................................................... 23 Argumento Analógico............................................................................................................................................................................................................................... 23 2. TEORIA DO DELITO..............................................................................................................................................................................24 Introdução à Teoria do Delito................................................................................................................................................................................................................ 24 Teorias da Conduta..................................................................................................................................................................................................................................... 24 Ausência de Conduta Humana.............................................................................................................................................................................................................. 27 3. TEORIA DA TIPICIDADE ...................................................................................................................................................................29 Exclusão da Tipicidade Penal - Princípio da Adequação Social.............................................................................................................................................. 29 Criação dos Tipos (E. Beling - 1906)....................................................................................................................................................................................................30 Teoria do Tipo Avalorado ........................................................................................................................................................................................................................30 Teorias - Fase Neokantiana – 1910 ......................................................................................................................................................................................................30 Tipos Ativos Dolosos ..................................................................................................................................................................................................................................31 Teoria da Imputação Objetiva................................................................................................................................................................................................................ 32 Tipicidade Subjetiva.................................................................................................................................................................................................................................. 34 Dolo................................................................................................................................................................................................................................................................... 34 Tendência Interna dos Tipos.................................................................................................................................................................................................................. 36 Erros de Tipo (Erro de Tipo Essencial)............................................................................................................................................................................................... 37 Tipos Culposos.............................................................................................................................................................................................................................................. 38 Crimes Culposos e Finalismo.............................................................................................................................................................................................................39 Teoria da Antijuridicidade......................................................................................................................................................................................................................40 Excesso das Excludentes da Antijuridicidade................................................................................................................................................................................44 Teoria da Culpabilidade........................................................................................................................................................................................................................... 45 Imputabilidade Penal e Sistemas de Inimputabilidade.............................................................................................................................................................. 47 Erro de Proibição (Erro Sobre a Ilicitude).........................................................................................................................................................................................51 4. CRIMES CONTRA A PESSOA.............................................................................................................................................................53 Dos Crimes Contra a Vida....................................................................................................................................................................................................................... 53 Das Lesões Corporais................................................................................................................................................................................................................................ 56 Da Periclitação da Vida e da Saúde..................................................................................................................................................................................................... 57 Da Rixa............................................................................................................................................................................................................................................................60 Dos Crimes Contra a Honra....................................................................................................................................................................................................................60 Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal............................................................................................................................................................................................ 63 Dos Crimes Contra a Inviolabilidade do Domicílio....................................................................................................................................................................... 65 Dos Crimes Contra a Inviolabilidade da Correspondência........................................................................................................................................................ 65 Dos Crimes Contra a Inviolabilidade dos Segredos...................................................................................................................................................................... 66 5. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO..................................................................................................................................................68 Do Furto.......................................................................................................................................................................................................................................................... 68 Do Roubo e da Extorsão........................................................................................................................................................................................................................... 69 Da Usurpação............................................................................................................................................................................................................................................... 70 Do Dano............................................................................................................................................................................................................................................................71 Da Apropriação Indébita.......................................................................................................................................................................................................................... 72 Do Estelionato e Outras Fraudes.......................................................................................................................................................................................................... 73 Da Receptação.............................................................................................................................................................................................................................................. 77 Disposições Gerais...................................................................................................................................................................................................................................... 78 6. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.................................................................................................................................78 Crimes Contra a Liberdade Sexual - Após a Lei 12.015/2009................................................................................................................................................... 78 Casa de Prostituição.................................................................................................................................................................................................................................. 83 Disposições Gerais...................................................................................................................................................................................................................................... 85 7. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA....................................................................................................................................................85 Moeda Falsa................................................................................................................................................................................................................................................... 85 Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos............................................................................................................................................................................... 86 Falsidade Documental............................................................................................................................................................................................................................... 87 Outras Falsidades........................................................................................................................................................................................................................................90 Das Fraudes em Certames de Interesse Público............................................................................................................................................................................91 8. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................................................................... 91 Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral.....................................................................................................91 Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral......................................................................................................................... 97 Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração Pública Estrangeira .................................................................................................101 13 SUMÁRIO Dos Crimes Contra a Administração da Justiça...........................................................................................................................................................................102 Dos Crimes Contra as Finanças Públicas....................................................................................................................................................................................... 108 9. LEI 8.072/90 – “LEI DOS CRIMES HEDIONDOS”..................................................................................................................... 110 14 CAPÍTULO 01 - Aplicação da Lei Penal 1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL Introdução O Direito Penal (DP) pode ser conceituado como um “conjunto de normas estabelecidas pelo Estado para combater o crime com penas ou medidas de segurança” e que tem por finalidade obter ou manter a paz social protegendo bens jurídicos mais importantes. Fontes do Direito Penal: Suas fontes: são classificadas em materiais e formais. Como fonte material tem-se o Art. 22 da Constituição da República (CR) de 1988: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;” Como fontes formais tem-se a subdivisão em: imediata: Lei Penal mediatas: costumes e Princípios Gerais do Direito Aplicação da Lei Penal A Lei Penal é principal fonte do Direito Penal. Se divide em 2 partes: preceito primário: descrição da conduta preceito secundário: a pena A partir daí temos os Art. 1º e 2º do Código Penal (CP): “Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” “Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” Princípio da Legalidade e da Anterioridade Princípio da Legalidade e da Anterioridade “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Tal princípio, inerente ao Estado Democrático de Direito está presente já no Art. 1º do Código Penal, acima transcrito. Importante mencionar que não se trata de qualquer lei; deve ser (no Brasil) lei positivada (escrita) não cabendo Direito Consuetudinário em matéria criminal. Ainda, deve ser lei certa, no sentido de ser clara, não deixar margens a dúvidas em sua redação. Dispositivos Constitucionais Aplicáveis ao Direito Penal Além dos Princípios acima, tendo em vista viver-se, após 1988, em contexto de dirigismo constitucional, ou seja, que o texto e os valores constitucionais são o parâmetro e o critério hermenêutico de todo o Ordenamento, além dos Princípios já descritos acima, pode-se mencionar os seguintes Princípios presentes na CR como regentes da ordem penal: Princípio da Dignidade da Pessoa Humana – fundamento da República Federativa do Brasil, deve ser considerado na criação, cominação e na aplicação de penas; presente no Art. 1º, III da CR; Princípio da Culpabilidade – traz a noção de que não há pena sem culpabilidade e de que a pena não pode ultrapassar a medida dessa culpabilidade. Ou seja, só pode ser punido quem age culpavelmente1, ou seja, pode ser responsabilizado por seus atos. Decorre dos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 1º, III (Princípio da Dignidade da Pessoa Humana), Art. 4º, II, (Prevalência dos Direitos Humanos), 5º, caput (inviolabilidade do direito à liberdade e isonomia), 5º, XLVI (individualização da pena). No tocante à isonomia, a CR determina tratamento diverso ao agente culpável e ao não-culpável, o que respalda o sistema vicariante (Art. 183 da Lei de Execuções Penais – 7.210/84) existente no Brasil, onde para o primeiro caberá pena, para o segundo a medida de segurança; perceptíveis dos Art. 18 e 19 do CP; Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos – o fim imediato e primordial do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos essenciais e mais relevantes em um contexto de Estado Democrático de Direito; Princípio da Intervenção Mínima - e Lei Penal só deve intervir quando for absolutamente necessário e apenas na medida necessária para ter eficácia, daí porque se dizer que o Direito Criminal é a ultima ratio; Princípio da Fragmentariedade – na mesma linha, que a tutela criminal só deveria ser proporcionada a esses bens jurídicos quando ofendidos de forma mais intensa; Princípio da pessoalidade da pena – a sanção penal jamais passará da pessoa do condenado. Veda-se a transcendência da pena. Princípios da Pessoalidade e da Individualização da pena – o primeiro impede que pessoa seja punida por fato alheio, conforme Art. 5º, XLV, da CR, ligado diretamente ao Princípio da Culpabilidade já discutido. Já o segundo princípio tem amparo no Art. 5º, XLVI da CR e obriga o julgador a fixar espécie, quantidade e forma de execução das penas de forma individualizada. Conforme PRADO2, essa individualização se dá em 3 fases distintas: legislativa, judicial e executória. Princípio da Proporcionalidade – refere-se a uma relação de proporção entre delitos e penas, conforme sugeria Beccaria, já no século XVIII. Essa relação deve ocorrer tanto em abstrato (na Lei) quanto em concreto (na sentença judicial). Princípio da Humanidade – refere-se à humanização das sanções criminais. É também forma de preservar a Dignidade da Pessoa Humana. Na Constituição pode-se buscar fulcro em vários dispositivos, a saber: Art. 1º, III (Dignidade da Pessoa Humana), Art. 5º, XLI 1 PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 14ed. São Paulo: RT, 2015, p. 113. 2 PRADO, Luiz Regis. Op cit, p. 119. 15 DIREITO PENAL (tutela aos direitos e liberdades fundamentais), Art. 5º, XLVII (vedação de penas cruéis), e Art. 5º, XLIX (respeito à integridade física e moral). Além disso, cumpre mencionar a Lei 9.455/97 que pune a prática de tortura e não discriminação, do Art. 3º, caput, e parágrafo único). Princípio da Adequação Social – concebido por Hans Welzel, prevê que, embora a conduta seja formalmente típica, não o será sob o aspecto penal. Haverá tipicidade formal, mas não tipicidade penal (como se verá adiante). Ou seja, não será punida, desde que não vá contra os valores decorrentes da Constituição e prevalentes na Sociedade naquele momento. Cabe distinguir esse do Princípio do Risco Tolerado: nesse último, não se trata de deixar de punir por uma interpretação teleológica-restritiva, mas sim por ser conduta praticada sem dolo ou culpa. Princípio do ne bis in idem – limite ao poder punitivo do Estado, sob forma de dupla punição individual pelo mesmo fato (tríplice identidade entre fato, sujeito e fundamento3). Princípio da segurança jurídica – manifesta-se em diversos dispositivos com fulcro constitucional, tais como legalidade e anterioridade penal (Art. 5º, XXXIX/ CR), irretroatividade da lei penal (Art. 5º, XL/CR), pessoalidade (Art. 5º, XLV/CR), individualização das penas (Art. 5º, XLVI/CR), humanidade das penas (Art. 5º, XLVII/CR), além das garantias processuais e de execução penal, que podem ser verificadas na CR nos Incisos LIV, LV, LVII, XLIX, LXIII, LXIV do Art. 5º. 16 Lei Penal Espaço e no Tempo A) Lei Penal no Espaço A noção de lei penal no espaço está intimamente relacionada à noção de soberania. Uma das consequências de se estar em um Estado soberano é que a Lei brasileira é aplicável para crimes ocorridos no território nacional. Tem como exceção situações que envolvem imunidade diplomática. Isso pode ser verificado no Art. 6º do Código Penal (CP), de onde se deduz a Teoria da Ubiquidade: “Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” Uma vez que sabe-se que a lei brasileira aplicável aos crimes “praticados no Brasil”, é preciso saber quando um delito pode ser considerado como praticado aqui. Para isso, cabe analisar o Art. 5º do CP: “Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.” E os parágrafos desse artigo especificam melhor o sentido da expressão “território nacional”: “§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 3 id. p. 130. brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente e estas em porto ou mar territorial do Brasil.” O Código de Processo Penal (CPP) também trata do tema, nos Art. 89 a 91: “Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.” “Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.” “Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção.” Assim, um crime é praticado no Brasil quando: a conduta típica é praticada aqui no todo ou em parte ou quando aqui ocorre ou deveria ocorrer o resultado. Com isso verifica-se que é possível a conduta ocorrer no estrangeiro e resultado no Brasil (e vice-versa). O exemplo clássico do disparo efetuado do lado argentino da fronteira e a vítima atingida do lado brasileiro é sempre útil. Nesse exemplo a conduta ocorreu no exterior e o resultado no Brasil. Poderia ser o contrário. Em ambos os casos pode-se aplicar a lei brasileira ao caso. Outro alerta importante é que neste tópico falou-se de competência penal (e não processual penal). Ainda, que o “território brasileiro” se estende no mar até 12 milhas náuticas da costa (Lei 8.617/93). Quaisquer aeronaves ou embarcações públicas brasileiras (pertentes à Marinha ou Aeronática, por exemplo) são consideradas território brasileiro, onde quer que estejam: em espaço aéreo ou águas internacionais ou mesmo aterrissados ou ancorados em território de outros países. Já aeronaves ou embarcações privadas brasileiras são consideradas território brasileiro quando em espaço aéreo ou águas internacionais. Se em espaço aéreo ou águas internacionais ou aterrissados ou ancorados em outros países prevalecerá a lei daquele país sobre os crimes porventura praticados a bordo, a não ser que a lei daquele local fale em contrário. Tudo isso consta do Art. 5º do CP, que é considerado um tipo explicativo: Art. 5º/CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como ex- CAPÍTULO 01 - Aplicação da Lei Penal tensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Constata-se, então que a competência penal é fixada: a) pelo tempo do crime, aplicando-se a Teoria da Atividade b) pelo lugar do crime, aplicando-se a Teoria da Ubiquidade Observação: para efeitos processuais penais aplica-se a Teoria do Resultado, ou seja, é competente para julgar o caso (dentre os juízes brasileiros) o juiz do local onde o resultado ocorreu. Os Princípios adotados: para se saber se a lei penal brasileira será aplicada a determinado caso serão: a) Princípio da Nacionalidade Ativa (da Personalidade): presente no Art. 7º, II, ‘b’ / CP: leva em conta a nacionalidade do autor e independe do independe do local do crime. Visa a proteção aos cidadãos contra o jus puniendi estrangeiro. Por esse Princípio, sempre que o fato for praticado por brasileiro seria aplicada a lei penal brasileira. b) Princípio Real (da Defesa / da Proteção de Interesses): art.7º, I e §3º/CP: leva em conta a nacionalidade do bem afetado; devem ser objeto de tutela exclusivamente bens / interesses estatais / coletivos / comunitários (não individuais). Assim, se um bem brasileiro fosse lesado em qualquer local do mundo (por exemplo, crime de dano contra uma embaixada brasileira) aplicar-se-ia a lei brasileira ao caso. c) Princípio da Representação (da Bandeira): art. 7º, II, ‘c’ /CP: leva em conta o local da infração; no caso de delitos praticados a bordo de aeronaves ou embarcações, aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação / aeronave OU lei do Estado cuja bandeira ostenta quando o delito ocorre no estrangeiro e lá não é julgado. d) Princípio Cosmopolita (da Justiça Universal): art. 7º, II, ‘a’ /CP: o crime é um mal universal: deve ser reprimido, não importa quem o praticou. Visa a justiça penal universal mediante o critério da prevenção; aplica-se a lei nacional a todos os fatos puníveis, independe do local do crime, nacionalidade do autor ou do bem jurídico atingido. e) Princípio da Territorialidade: aplica-se a lei penal aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do: agente, do ofendido ou do bem jurídico lesado. Justifica-se pela soberania do Estado; a Lei brasileira usa essa diretriz geral de forma atenuada (“temperada”) no art. 5º/CP. A1) Extraterritorialidade: Consiste em Regras de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira (art. 7º/CP4) excepcionam a regra do art. 5º/CP (Princípio da Territorialidade). A1.1) extraterritorialidade incondicionada: Por esta visão, aplica-se a lei brasileira sem condicionantes: art. 7º, I / CP, ainda que o agente tenha sido julgado no estrangeiro (§1º), com fundamento nos Princípios da: da Defesa (art. 7º, I, ‘a’, ‘b’, ‘c’/CP) e da Universalidade (art. 7º, I, ‘d’/CP) A1.2) extraterritorialidade condicionada: A partir deste conceito, aplica-se a lei brasileira se houver requisitos (art. 7º, II, ‘a’/CP): da Personalidade (art. 7º, II, ‘b’/CP), da Bandeira (art. 7º, II, ‘c’/CP) e da Defesa (art. 7º, § 3º / CP). A1.3) Crime praticado por brasileiro no estrangeiro: De acordo com o Art. 88 do CPP, o juiz competente será o da comarca onde por último o autor morou no Brasil; se é brasileiro mas nunca morou no Brasil, o foro competente para julgá-lo é da Capital Federal. A2) Lugar do crime (locus comissi delicti (LCD): Este tópico é muito importante pois visa evitar os chamados “conflitos negativos de jurisdição”, ou seja, que não haja juiz legalmente competente para julgar o caso. Por exemplo: imagine que a lei argentina determinasse que crimes cometidos por brasileiros em território 4 Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça 17 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PROFESSOR Professor para concursos públicos desde 2009. Sou ex-militar de carreira das Forças Armadas (minha primeira aprovação aos 18 anos de idade) e atualmente servidor Público Federal, sendo aprovado em vários concursos, como Polícia Federal (2x), Polícia Civil do Distrito Federal, DEPEN, dentre outros. Autor do livro Série Provas & Concursos, lançado pela editora Abril Educação - Alfacon, te auxiliarei em seu grande objetivo que é a aprovação para o tão sonhado cargo público.Formado pela UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana) ministro aulas em grandes cursos para concursos públicos online e presenciais em praticamente todo o Brasil (Brasília, Curitiba, Cascavel, Fortaleza). Também sou professor da ANP (Academia Nacional de Polícia) e instrutor nas matérias de Tiro, Uso Progressivo da Força e Técnicas e Tecnologias não Letais. Professor de Direito Constitucional, Administrativo, Tributário e Processo Civil em diversos preparatórios para concursos públicos. Foi coordenador pedagógico de diversos preparatórios para concursos. Palestrante sobre planejamento e técnicas de estudos. Palestrante motivacional. Foi Cadete do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais – aprovado no concurso aos 17 anos de idade. Aprovado em mais de 13 concursos públicos e vestibulares de universidades públicas, entre os quais: Ministério Público da União, Banco Central do Brasil, Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais e Polícia Civil do Estado de Minas Gerais. Marcelo Adriano Willian Prates SUMÁRIO SUMÁRIO 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS E PRINCÍPIOS..........................................................................................................................117 Papel do Estado...........................................................................................................................................................................................................................................117 Direito Penal................................................................................................................................................................................................................................................117 Jus Puniendi.................................................................................................................................................................................................................................................119 Persecução Penal (Persecutio Criminis)...........................................................................................................................................................................................119 Direito Processual Penal........................................................................................................................................................................................................................120 Lei Processual no Espaço.......................................................................................................................................................................................................................120 Lei Processual no Tempo........................................................................................................................................................................................................................121 Interpretação da Lei Processual Penal............................................................................................................................................................................................. 122 2. PRINCÍPIOS APLICADOS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL - DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICADA AO PROCESSO PENAL............................................................................................................................................................................123 Princípio do Devido Processo Legal.................................................................................................................................................................................................. 123 Princípio da Inocência ou Presunção de Inocência ou da não Culpabilidade................................................................................................................. 123 Princípio da Ampla Defesa (art. 5º, LV, CF) ................................................................................................................................................................................... 124 Princípio do Contraditório ou da Bilateralidade da Audiência (art. 5º, LV, CF) ............................................................................................................. 125 Princípio da Plenitude da Defesa....................................................................................................................................................................................................... 125 Princípio da Publicidade ...................................................................................................................................................................................................................... 125 Vedação das Provas Ilícitas................................................................................................................................................................................................................... 126 Princípio do Juiz Natural ...................................................................................................................................................................................................................... 126 Princípio da Legalidade da Prisão..................................................................................................................................................................................................... 126 Princípios da Economia Processual, Celeridade Processual e Duração Razoável do Processo (art. 5º, LXXVIII, CF).................................... 127 Princípio da Prevalência do Interesse do Réu ou Favor Rei, Favor Libertatis, In Dubio Pro Reo , Favor Inocente (art. 5º, LVII, CF)....... 127 Não Obrigatoriedade de Produção de Prova Contra Si............................................................................................................................................................. 127 Princípio do Juiz Imparcial .................................................................................................................................................................................................................. 128 Inércia Judicial........................................................................................................................................................................................................................................... 128 Princípio da Verdade Real..................................................................................................................................................................................................................... 128 Princípio do Livre Convencimento Motivado................................................................................................................................................................................ 129 Princípio da Legalidade.......................................................................................................................................................................................................................... 129 3. INQUÉRITO POLICIAL.......................................................................................................................................................................129 Conceito Inquérito Policial....................................................................................................................................................................................................................130 Critérios para Determinação do Titular do IP...............................................................................................................................................................................131 Finalidade do IP..........................................................................................................................................................................................................................................131 Produto do IP - Valor Probatório.........................................................................................................................................................................................................131 Características Do Inquérito Policial................................................................................................................................................................................................ 132 Lei 12.850/13................................................................................................................................................................................................................................................ 133 Prazo para Conclusão do Inquérito Policial................................................................................................................................................................................... 135 Contagem do Prazo.................................................................................................................................................................................................................................. 136 Notícia do Crime....................................................................................................................................................................................................................................... 136 Destinatários da Notícia Criminis..................................................................................................................................................................................................... 137 Providências da Autoridade Policial................................................................................................................................................................................................. 138 Atividades Complementares................................................................................................................................................................................................................ 139 Arquivamento.............................................................................................................................................................................................................................................140 Arquivamento Originário.......................................................................................................................................................................................................................141 Arquivamento Implícito..........................................................................................................................................................................................................................141 Arquivamento Indireto............................................................................................................................................................................................................................141 Arquivamento Provisório.......................................................................................................................................................................................................................141 Desarquivamento (Art. 18)..................................................................................................................................................................................................................... 142 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 142 4. PROVAS - TEORIA GERAL................................................................................................................................................................144 Conceito........................................................................................................................................................................................................................................................ 144 Elementos de Informação x Prova..................................................................................................................................................................................................... 144 Princípio da Busca pela Verdade Real............................................................................................................................................................................................. 144 Provas em Espécies - Perícias (Considerações Gerais)............................................................................................................................................................. 148 Questões Gabaritadas..............................................................................................................................................................................................................................161 5. AÇÃO PENAL..........................................................................................................................................................................................162 Condições da Ação Penal....................................................................................................................................................................................................................... 162 Espécies de Ação Penal.......................................................................................................................................................................................................................... 162 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido........................................................................................................................................ 163 Dispositivos do CPP Relativos à Ação Penal.................................................................................................................................................................................. 165 Açao Civil Ex Delicto............................................................................................................................................................................................................................... 166 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 167 6. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA......................................................................................................................................................168 Jurisdição..................................................................................................................................................................................................................................................... 168 Princípios da Jurisdição......................................................................................................................................................................................................................... 168 Competência............................................................................................................................................................................................................................................... 169 115 SUMÁRIO Da Conexão e da Continência.............................................................................................................................................................................................................. 172 Competência por Prerrogativa de Função...................................................................................................................................................................................... 173 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 173 7. SUJEITOS DA RELAÇÃO PROCESSUAL......................................................................................................................................174 Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos Assistentes e Auxiliares da Justiça.......................................................................... 174 Juiz ..................................................................................................................................................................................................................................................................175 Ministério Público (Parquet)................................................................................................................................................................................................................ 176 Acusado (Réu ou Querelado) ............................................................................................................................................................................................................... 178 Defensor ...................................................................................................................................................................................................................................................... 178 Assistente..................................................................................................................................................................................................................................................... 179 Funcionários da Justiça ......................................................................................................................................................................................................................... 180 Peritos e Intérpretes ............................................................................................................................................................................................................................... 180 Assistentes Técnicos.................................................................................................................................................................................................................................181 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 182 8. MEDIDAS CAUTELARES...................................................................................................................................................................183 A Tutela Cautelar no Processo Penal................................................................................................................................................................................................ 183 Medidas Cautelares de Natureza Patrimonial (ou Reais)......................................................................................................................................................... 183 Medidas Cautelares de Natureza Probatória................................................................................................................................................................................ 184 Procedimento para Aplicaçao das Medidas Cautelares............................................................................................................................................................ 186 Prisão............................................................................................................................................................................................................................................................. 189 Prisão em Flagrante................................................................................................................................................................................................................................. 190 Flagrante nas Várias Espécies de Crime......................................................................................................................................................................................... 192 Fases da Prisão em Flagrante.............................................................................................................................................................................................................. 193 Convalidação Judicial da Prisão em Flagrante............................................................................................................................................................................. 193 Natureza Jurídica da Prisão em Flagrante..................................................................................................................................................................................... 194 Prisão Preventiva e Prisão Temporária........................................................................................................................................................................................... 195 Prisão Domiciliar...................................................................................................................................................................................................................................... 197 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 198 9. HABEAS CORPUS.................................................................................................................................................................................198 116 Matriz Constitucional............................................................................................................................................................................................................................. 198 Espécies........................................................................................................................................................................................................................................................ 199 Natureza Jurídica...................................................................................................................................................................................................................................... 199 Interesse de Agir....................................................................................................................................................................................................................................... 199 Legitimidade Ativa................................................................................................................................................................................................................................... 199 Legitimidade Passiva – Autoridade Coatora................................................................................................................................................................................. 200 Dilação Probatória................................................................................................................................................................................................................................... 200 Situações de Coação Ilegal da Liberdade de Locomoção..........................................................................................................................................................201 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................ 202 10. PROCEDIMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DO FUNCIONÁRIO .................................................... 203 CAPÍTULO 01 - Conceitos Introdutórios e Princípios 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS E PRINCÍPIOS O Direito Processual Penal é uma matéria muito recorrente em concursos de área policial, isso quer dizer que aprendê-la é essencial para você que deseja ser um operacional e integrante de uma das carreiras relacionadas à segurança pública. Especialmente para Agente e Escrivão de Polícia Federal, as questões vêm embasadas no texto de lei, na doutrina e, não raro, em jurisprudência. A despeito de boa parte das questões serem respondidas com a “letra” da lei e muitas vezes não serem diretamente cobradas em edital, alguns conhecimentos introdutórios, como conceitos gerais e princípios aplicados ao Direito Processual Penal (cuja uma das principais fontes é a Constituição Federal) devem ser conhecidos e estudados, pois algumas questões requerem uma certa interdisciplinaridade. Por exemplo: Questão Comentada (CESPE /2013/Escrivão da Polícia Federal) O valor probatório do inquérito policial, como regra, é considerado relativo, entretanto, nada obsta que o juiz absolva o réu por decisão fundamentada exclusivamente em elementos informativos colhidos na investigação. Gabarito: Certo Comentário: CPP Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Apesar da redação da lei dizer que o juiz não deve decidir com base nos elementos exclusivos do inquérito policial, o entendimento doutrinário e jurisprudencial é que o juiz não pode condenar exclusivamente com base nessas provas, pois não foram submetidas ao contraditório e a ampla defesa, mas ele pode absolver com base nesses mesmos elementos. Papel do Estado O Estado é o produto da soma da vontade de todos os que vivem sob sua jurisdição. O ser humano é um ser gregário, que necessita viver em comunidade. Para que se possa viabilizar sua existência, sem que haja dominação, abuso e violações por parte de outros indivíduos, em um sistema democrático, as pessoas se sujeitam ao poder do Estado para que ele possa garantir o bem-estar de todos. Para tanto, os integrantes contribuem abrindo mão de parcela de sua liberdade e entregando recursos financeiros em prol da viabilidade desse ente público para que ele possa zelar pela paz social, sendo assim seu guardião. Quando o Estado é efetivamente democrático, ou seja, com existências de liberdades individuais e coletivas, respeito à dignidade da pessoa humana, permitindo o acesso ao poder e existindo para promover o bem-estar da maioria, as regras a serem obedecidas são elaboradas e aprovadas por representantes do povo. Visando a obtenção e manutenção da paz social, esses representantes aprovam leis que definem todos os aspectos relevantes para a vida em sociedade, dentre eles quais condutas são consideradas inaceitáveis, ou seja, quais não são socialmente aceitas. Dentre elas, especial atenção é dada à proteção de bens jurídicos mais relevantes que, quando agredidos, geram profundos prejuízos físicos, emocionais e patrimoniais, sendo, em boa parte das vezes, irreparáveis. Para que seja efetivada essa “proteção”, o Estado deve promover o cumprimento dessas leis, utilizando ferramentas como instituições especializadas na investigação, acusação, julgamento e, sendo o caso, aplicação da pena que visem à proteção daquilo que a sociedade considera mais relevante, mais caro. Direito Penal É o ramo do direito público que tem por função selecionar os bens mais relevantes para a sociedade, descrever as condutas consideradas agressões insuportáveis a esses bens jurídicos (crimes e contravenções) juntamente com as diversas circunstâncias que possam influenciar de alguma forma algum aspecto relevante, além de estabelecer as sanções para aqueles que incorrerem na prática das infrações penais. Assim, as regras penais (princípios, Constituição, leis,) têm por função: 01.Definir quais bens jurídicos são considerados mais caros, ou seja, aqueles que devem ser protegidos com mais vigor: vida, incolumidade física, honra, liberdade, patrimônio, dignidade sexual etc. 02.Descrever as condutas consideradas agressões insuportáveis aos bens jurídicos caros. Essas agressões são classificadas com infrações penais (crimes e contravenções) e, por consequência, punidas com maior rigor. Seguem alguns exemplos: Bem jurídico protegido: vida Exemplos de condutas consideradas, segundo o ordenamento jurídico vigente, agressões insuportáveis à vida: “Matar alguém” (homicídio, art. 121); Fique atento, pois a ocorrência do resultado não de- 117 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL fini a existência de uma infração penal. Quando não se age com dolo ou culpa, mesmo matando alguém, por exemplo, não existirá o crime de homicídio. Serve de exemplo alguém que, pretendendo suicidar-se, atire-se na frente de um automóvel de um condutor que dirigia dentro dos limites de velocidade e tomando as devidas cautelas, mas que, pela surpresa da conduta, não consegue parar a tempo. “Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça”; Bem jurídico protegido: liberdade Exemplo de conduta considerada agressão liberdade: “Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado”; Bem jurídico protegido: patrimônio Exemplo de conduta considerada agressão ao patrimônio: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. Descrição de todos os outros fatores que podem tornar “pior” ou “melhor” juridicamente essa conduta, como atenuantes, agravantes, causas de redução e aumento de pena, ou ainda, situações que venham a justificar a agressão, desqualificando-a como crime ou excluindo a pena. Servem de exemplo alguns institutos previstos em nosso código penal abaixo relacionados: Excludentes de Ilicitude: 118 Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excludente de Culpabilidade É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Caso de Diminuição de Pena Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Qualificadora Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Estabelecimento de punições específicas para aqueles que incorrerem nas condutas descritas, agredindo bens jurídicos protegidos: Para fazer valer a vontade social, inibindo a prática dessas condutas, os representantes do povo por meio de leis atribuem punições a quem às práticas, que no Brasil, em tempo de paz, podem chegar à restrição total do direito de ir e vir, a pena de prisão. Art. 32 - As penas são: I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa. Definição dos diversos elementos necessários ao direito penal, como por exemplo a definição técnica de crime. Segundo doutrina majoritária, pode-se definir crime como fato típico, antijurídico e culpável: Fato Típico Como primeiro elemento do crime, segundo a maioria da doutrina, para que um fato seja considerado crime ele deve: • Ser uma conduta (omissiva ou comissiva) humana; • Produzir um resultado e que se ajusta formal e materialmente ao direito penal; • Existência de nexo causal entre a conduta e o resultado; • Enquadramento perfeito à descrição legal, ou seja, deve conter tipicidade. Antijuridicidade Ilicitude ou antijuridicidade é a afronta da conduta ao ordenamento jurídico, às normas legalmente estabelecidas. É de se imaginar que toda agressão humana a um bem jurídico caro possa ser considerado um crime, pois afrontaria o ordenamento jurídico. Porém, existindo a agressão, se essa conduta ocorrer em razão de situações definidas pela norma, ela passa a ser tolerada pela sociedade, o que lhe retira o caráter criminoso. No Brasil, segundo o Art. 23 do código penal, não há crime quando o agente pratica o fato: • Em estado de necessidade; • Em legítima defesa; • Em estrito cumprimento de dever legal ou • No exercício regular de direito Culpabilidade Culpabilidade é pressuposto para aplicação da pena, CAPÍTULO 01 - Conceitos Introdutórios e Princípios é definida como o juízo de reprovação da conduta típica e antijurídica praticada. É o juízo de censura social. Segundo corrente majoritária (teoria normativa pura da culpabilidade, que se relaciona coma teoria finalista da ação), a culpabilidade possui o seguinte elementos: Imputabilidade São condições pessoais do agente para que o mesmo seja considerado capaz. Essas condições tornam possível que lhes seja imputado o fato punível. Considera-se imputável o agente com capacidade mental plena, desenvolvida, capaz de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. O art. 26 do Código Penal estabelece as causas de exclusão da imputabilidade: I -Doença mental (art. 26, caput ); II -Desenvolvimento mental incompleto (art. 26, caput); III-Desenvolvimento mental retardado (art. 26, caput); IV -Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28, § 1º). Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Potencial Consciência da Ilicitude da Conduta Potencial conhecimento de que a conduta afronta ao ordenamento jurídico, de que conduta é um crime. É uma condição intelectual e também denominada erro de proibição. Segundo o art. 21 do CPP, o desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Exigibilidade de Conduta Diversa É considerada inexigível a conduta quando não é possível para autor agir de forma diversa, restando-lhe cometer o fato típico e antijurídico. Jus Puniendi Como guardião da paz social, ao estado é deferida a responsabilidade por aplicar a lei penal quando infrações penais são cometidas. Assim, cometido o ilícito penal, surge para o Estado o Jus Puniendi Estatal, o direito de punir a pessoa que cometeu o crime. Em realidade é um poder dever, já que não há facultatividade no desenvolvimento dessa atividade, ou seja, comprovada existência da infração penal é obrigação do Estado punir. O direito de punir (jus puniendi) concentra-se na figura do Estado, como consequência do monopólio jurisdicional Penal, manifestando-se de maneira abstrata ou concreta. 01.Poder dever de punir em abstrato É representado pela previsão legal do tipo penal de crime, que se aplica a todas as pessoas dentro de determinado espaço. 02.O poder dever de punir em concreto O direito de punir em concreto é representado pela persecução penal exercida em face da pessoa que comete qualquer fato definido como crime. Persecução Penal (Persecutio Criminis) Persecução Penal é o conjunto de atividades estatais destinadas a propiciar ao Estado o exercício do Jus Puniendi, ou seja, fazer cumprir em concreto a lei penal. Diante da impossibilidade de o Estado “adivinhar” todos os elementos necessários para aplicação da pena (existência da infração penal, autoria, culpa, dolo, circunstâncias etc.), sendo o estado Democrático, ou seja, com direitos e garantias individuais, é necessário que se elucide todos os acontecimentos relacionados ao fato para que, em primeiro lugar, se chegue a duas conclusões: 01.Existe prova da existência da infração penal; 02.Existem, ao menos, indícios suficientes de autoria 03.Quais foram as circunstâncias em que o fato aconteceu Em um segundo momento, processar os acusados e aplicar a pena aquele que comete conduta criminosa levando em consideração todas as circunstâncias relacionadas. Deve-se, ainda, ter em mente as implicações da existência de um Estado Democrático, cujos objetivos principais são os de: • Aplicar a lei penal; • Manter a paz social; e • Preservar a dignidade da pessoa humana. Pode-se entender a persecução penal em duas partes distintas: 01.Pré-processual, investigativa (extrajudicial). 119 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PROFESSOR Adriel Sá Professor de Direito Administrativo, Administração Pública e Administração Geral em cursos preparatórios presenciais e à distância. Servidor do Ministério Público da União - área administrativa. Formado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina, possuo especialização em Gestão Pública. Fui militar das Forças Armadas por 11 anos, atuando em diversas áreas, tais como, Recursos Humanos, Comunicação Social e Licitações e Contratos. Orientador de grupos focais de estudos. Coautor do livro “Direito Administrativo Facilitado” para concursos, pelo Grupo Editorial Gen/Método. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS............................................................................................................................ 209 Conceito....................................................................................................................................................................................................................................................... 209 Terminologia.............................................................................................................................................................................................................................................. 209 Características...........................................................................................................................................................................................................................................210 Estrutura Normativa...............................................................................................................................................................................................................................210 Fundamentação.........................................................................................................................................................................................................................................210 2. AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS......................................................................................................... 211 Fase Pré-Estado Constitucional.......................................................................................................................................................................................................... 212 A Crise da Idade Média, Início da Idade Moderna e os Primeiros Diplomas de Direitos Humanos...................................................................... 212 O Debate das Ideias: Hobbes, Grócio, Locke, Rousseau e os Iluministas.......................................................................................................................... 213 A Fase do Constitucionalismo Liberal e das Declarações de Direitos................................................................................................................................ 213 A Fase do Constitucionalismo Social................................................................................................................................................................................................ 213 A Fase da Internacionalização dos Direitos Humanos.............................................................................................................................................................. 213 3. DIREITOS HUMANOS E A RESPONSABILIDADE DO ESTADO........................................................................................214 4. GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS..................................................................................................................................214 A Proteção Internacional dos Direitos Humanos........................................................................................................................................................................ 215 5. AS TRÊS VERTENTES DA PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA...................................................217 6. TRATADOS INTERNACIONAIS.......................................................................................................................................................218 Aspectos Iniciais....................................................................................................................................................................................................................................... 218 7. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS.....................221 Status Normativo dos Tratados de Direitos Humanos............................................................................................................................................................... 221 8. DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL........................................................................................................ 225 Direitos Humanos x Direitos e Garantias Fundamentais........................................................................................................................................................225 Incidente de Deslocamento para a Justiça Federal.....................................................................................................................................................................226 Direitos Humanos Sociais.....................................................................................................................................................................................................................227 9. DOCUMENTOS HISTÓRICOS BRASILEIROS........................................................................................................................... 228 10. POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................231 11. PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS........................................................................................................ 232 12. APLICAÇÕES DA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA A TEMAS E PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA: A QUESTÃO DA IGUALDADE JURÍDICA E DOS DIREITOS DE CIDADANIA, O PLURALISMO JURÍDICO, ACESSO À JUSTIÇA............................................................................................................................ 246 13. PRÁTICAS JUDICIÁRIAS E POLICIAIS NO ESPAÇO PÚBLICO...................................................................................... 247 14. ADMINISTRAÇÃO INSTITUCIONAL DE CONFLITOS NO ESPAÇO PÚBLICO.......................................................... 248 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................248 207 CAPÍTULO 01 - Teoria Geral dos Direitos Humanos 1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS Conceito O que significa direitos humanos? Qual a sua extensão jurídica? Para iniciar nossos estudos, e de forma bem sucinta, os direitos humanos são os direitos essenciais e indispensáveis à vida digna. Assim, podem ser conceituados da seguinte forma (André de Carvalho Ramos): Citação doutrinária Conjunto de direitos considerado indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade. A expressão “direitos humanos” objetiva, portanto, assegurar ao homem a dignidade e evitar que passe por sofrimentos. No entanto, essa concepção atual varia em sua essência, na medida em que não há uma lista exaustiva desses direitos mínimos essenciais a uma vida digna. As necessidades humanas variam e, de acordo com o contexto histórico de uma época, novas demandas sociais são traduzidas juridicamente e inseridas na lista dos direitos humanos. A concepção atual de direitos humanos foi formulada recentemente pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, quando a humanidade horrorizou-se com as crueldades cometidas nos conflitos. Terminologia A correta definição do termo direitos humanos envolve diversos conceitos associados, tais como direitos humanos, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais, liberdades públicas, direitos fundamentais e direitos fundamentais do homem ou direitos humanos fundamentais. Vejamos cada um desses conceitos na lição de Ricardo Castilho: DIREITOS HUMANOS: é a terminologia normalmente empregada em direito internacional, sendo a forma encontrada em diversos tratados e declarações. Liga-se à ideia de proteção do ser humano, em suas múltiplas facetas. A crítica de sua utilização fica por conta de que não há direito que não seja humano, pois somente o homem pode ser titular de direitos, o que tornaria a expressão redundante. Mas a crescente proteção aos animais diminui a força de tal crítica. Além disso, é forçoso reconhecer que se trata de expressão utilizada em diversos dispositivos constitucionais, e “humanos”, na expressão, não se refere à titularidade do direito, mas ao bem protegido. DIREITOS INDIVIDUAIS: é expressão que se relaciona com a origem histórica desses direitos. Critica-se sua utilização porque nem todos os direitos fundamentais são propriamente individuais, mas apenas os surgidos no bojo das declarações do século XVIII. Não obstante, nossa Constituição adotou a terminologia no Capítulo I do Título II, abarcando com ela os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Estes, portanto, podem ser ditos verdadeiros – e em sentido técnico – direitos individuais em face de nosso ordenamento positivo. DIREITOS PÚBLICOS SUBJETIVOS: aponta para a ideia de pretensão do indivíduo em face do Estado, e com isso traz a noção de abstenção do Estado em face do particular. Padece, sob o ponto de vista crítico, da mesma falha da expressão anterior, dado o sentido individualista de sua concepção. Além disso, não faz referência ao papel positivo do Estado na efetivação dos direitos fundamentais, mas tem o mérito de afastar qualquer inferência no sentido de que estes possuam apenas um dito valor moral. LIBERDADES FUNDAMENTAIS E LIBERDADES PÚBLICAS: de modo geral, estão ligadas à tradicional formulação de direitos públicos subjetivos. Daí que a elas se aplicam a mesma crítica apontada acima. Saliente-se que “liberdades públicas” é expressão amplamente utilizada na França para designar os direitos tidos por nossa Constituição como individuais. Tais expressões, em suma, não sintetizam com precisão o atual estado da evolução dos direitos fundamentais. DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM OU DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS: São as terminologias empregadas no Título II de nossa Constituição. José Afonso da Silva sustenta ser “direitos fundamentais do homem” a expressão mais adequada, eis que é expressão que engloba não apenas a noção histórica desses direitos, situando-os em face da positivação ocorrida em cada ordenamento em particular (e, com isso, dotando-se da generalidade que todo conceito deve possuir), como, também, faz referência direta ao ser humano e a tudo quanto seja indispensável para sua vida digna. Nesse sentido, encontra correspondência com a acepção adotada nas declarações de direito internacionais. É de se notar, portanto, que os conceitos de direitos humanos e direitos fundamentais são muito semelhantes. A distinção ocorre no plano de positivação desses direitos. Nota: Direitos humanos referem-se aos direitos universalmente aceitos, positivados na ordem internacional. Direitos fundamentais constituem o conjunto de direitos positivados na ordem interna de determinado Estado. 209 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA Características As quatro características essenciais dos direitos fundamentais são as seguintes: 1) HISTORICIDADE: decorrem das condições materiais e culturais de uma época. São frutos da evolução histórica de cada povo – daí não serem os mesmos em todas as partes do mundo; 2) INALIENABILIDADE: são direitos indisponíveis e, portanto, não podem ser objeto de quaisquer negociações; 3) IMPRESCRITIBILIDADE: os direitos fundamentais não se sujeitam à prescrição, isto é, veda-se ao legislador que estipule prazo para o exercício do direito de ação com vistas a preservá-los; 4) IRRENUNCIABILIDADE: não pode o particular renunciar aos direitos fundamentais de que é titular. Pode, todavia, optar por não exercê-los em determinadas situações (renúncia ao exercício). 210 Historicidade evolução histórica Inalienabilidade direitos não negociáveis Imprescritibilidade sem prazo para exercício Irrenunciabilidade titularidade absoluta; admite renúncia de exercício Estrutura Normativa Os direitos humanos possuem uma estrutura normativa ABERTA. Vamos ver o que isso significa. A estrutura do ordenamento jurídico é dividida entre REGRAS e PRINCÍPIOS. Em síntese, REGRAS são enunciados jurídicos tradicionais, nos quais consta um pressuposto de fato e uma consequência jurídica. Exemplo: “Aquele que matar outra pessoa deve ser preso”. Caso o caso concreto ajusta-se ao pressuposto de fato (matar alguém), aplica-se à consequência jurídica (prisão). Também de forma resumida, os PRINCÍPIOS são mandamentos de otimização de um determinado valor ou bem jurídico, ordenando que esse valor ou bem jurídico seja realizado na maior medida do possível. Exemplo: “Todos têm direito à duração razoável do processo”. Não há aqui um pressuposto de fato; logo, os princípios são aplicados mediante a técnica da ponderação, não por meio da lógica “tudo ou nada”, mas sim à lógica do “mais ou menos”. Importante: Portanto, dizer que os direitos humanos possuem uma estrutura normativa aberta significa afirmar que são majoritariamente formados por PRINCÍPIOS; “majoritariamente”, já que há regras de direitos humanos, como, por exem- plo, a regra de exigência de ordem judicial ou flagrante delito para que alguém seja preso. Fundamentação A fundamentação ou os fundamentos são as razões que legitimam e motivam o reconhecimento dos direitos humanos. São quatro correntes que procuram estudar a fundamentação dos direitos humanos: 1. corrente NEGACIONISTA; 2. corrente JUSNATURALISTA; 3. corrente POSITIVISTA; e 4. corrente MORALISTA. Corrente Negacionista Para a corrente NEGACIONISTA, a fundamentação dos direitos humanos é impossível ou até perigosa. Perceberam que o próprio conceito de direitos humanos é vago? Assim, para essa corrente, um dos pressupostos da negação reside no fato de que há divergência até na definição do que seria o conjunto de “direitos humanos”, logo, como fundamentar aquilo cuja determinação já é duvidosa? Outra defesa dessa corrente está na relatividade dos direitos humanos, para a qual alguns autores a consideram como característica, dada a evolução e modificação em cada contexto histórico. Por fim, os direitos humanos constituem-se também em uma categoria heterogênea, contendo pretensões muitas vezes conflitantes, a exigir a ponderação de interesses no caso concreto. Ainda, há aqueles que negam a existência de fundamentação racional dos direitos humanos baseados na assertiva que tais direitos são consagrados a partir de juízos de valor, ou seja, de opções morais as quais, por definição, não podem ser comprovadas ou justificadas, mas aceitas por convicção pessoal. Corrente jusnaturalista A corrente JUSNATURALISTA sustenta que há normas anteriores e superiores ao direito estatal. Um dos idealizadores dessa corrente natural e de inspiração divina é São Tomás de Aquino. Para ele, a lei humana deve obedecer a lei divina. Ainda, para Hugo Grotius, iniciador da teoria do direito natural moderno, existe um conjunto de normas ideais, fruto da razão humana. Para ele, o direito dos legisladores humanos só seria válido quando compatível com os mandamentos daquela lei imutável e eterna. Portanto, temos dois traços característicos dessa corrente: um de cunho teológico, que se funda na existência de um direito preexistente ao direito produzido pelo homem, oriundo de Deus (escola de direito natural de razão divina); e outro de cunho metafísico, de nature- LEGISLAÇÃO ESPECIAL PROFESSOR Antônio Pequeno Professor de Direito Penal e Legislação Especial Servidor público federal desde 2009. Fiscal de controle urbano da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro de 2007 a 2009. Aprovado no concurso para o cargo de Oficial de Cartório da Polícia Civil do Rio de Janeiro em 2009. Aprovado para o cargo de técnico administrativo da Anvisa. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. LEI 10.826/13 - ESTATUTO DO DESARMAMENTO.................................................................................................................257 Capítulo I - Do Sistema Nacional de Armas..................................................................................................................................................................................257 Competência...............................................................................................................................................................................................................................................257 Capítulo II - Do Registro........................................................................................................................................................................................................................257 Capítulo III - Do Porte.............................................................................................................................................................................................................................258 Porte Civil.....................................................................................................................................................................................................................................................259 Omissão de cautela................................................................................................................................................................................................................................... 261 Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido..........................................................................................................................................................................262 Disparo de Arma de Fogo......................................................................................................................................................................................................................263 Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito...........................................................................................................................................................264 Comércio Ilegal de Arma de Fogo......................................................................................................................................................................................................265 Tráfico internacional de arma de fogo.............................................................................................................................................................................................265 Capítulo V - Disposições Gerais..........................................................................................................................................................................................................266 Capítulo VI - Disposições Finais.........................................................................................................................................................................................................267 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................267 2. CRIMES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR (LEI Nº 7716 DE 5 DE JANEIRO DE 1989)............................ 270 Efeito da Condenação..............................................................................................................................................................................................................................273 Discriminação Relacionada ao Nazismo.........................................................................................................................................................................................274 3. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE Nº 4.898/1965 ...................................................................................................................275 Sujeitos do Crime de Abuso de Autoridade...................................................................................................................................................................................275 Consumação e Tentativa dos Crimes de Abuso de Autoridade.............................................................................................................................................276 Espécie de Ação Penal............................................................................................................................................................................................................................276 Competência...............................................................................................................................................................................................................................................276 Crimes de Abuso de Autoridade (Arts. 3 e 4 da Lei 4898/1965)............................................................................................................................................276 Concurso de Crimes.................................................................................................................................................................................................................................280 Sanções Penais...........................................................................................................................................................................................................................................280 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................282 4. LEI Nº 5.553, DE 6 DE DEZEMBRO DE 1968.............................................................................................................................. 282 5. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE Nº 4.898/1965 .................................................................................................................. 283 Sujeitos do Crime de Abuso de Autoridade...................................................................................................................................................................................283 Consumação e Tentativa dos Crimes de Abuso de Autoridade.............................................................................................................................................284 Espécie de Ação Penal............................................................................................................................................................................................................................284 Competência...............................................................................................................................................................................................................................................284 Crimes de Abuso de Autoridade (Arts. 3 e 4 da Lei 4898/1965)............................................................................................................................................284 Concurso de Crimes.................................................................................................................................................................................................................................288 Sanções Penais...........................................................................................................................................................................................................................................288 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................ 290 6. LEI 9.455/1997 – LEI DE TORTURA...............................................................................................................................................291 Tortura (imprescritibilidade)............................................................................................................................................................................................................... 291 Art. 1, inc.I, da lei 9455/97..................................................................................................................................................................................................................... 291 Art. 1 Inc.II, da Lei 9455/97...................................................................................................................................................................................................................292 Art. 1, parágrafo primeiro, da lei 9455/97......................................................................................................................................................................................292 Art.1, Parágrafo Segundo, da Lei 9455/97 (Omissão Perante a Tortura ou Tortura Omissiva).................................................................................292 Tortura Omissão Própria.......................................................................................................................................................................................................................293 Art.1, Parágrafo Quarto, da Lei 9455/97..........................................................................................................................................................................................293 Art.1, Parágrafo 6º, L. 9455/1997.........................................................................................................................................................................................................293 Art.1ª, § 7º, L.9455/1997...........................................................................................................................................................................................................................293 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................294 7. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - LEI N.° 8.069/1990.......................................................................... 295 Dos Crimes Previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente........................................................................................................................................... 319 8. LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003............................................................................................................................. 327 9. LEI Nº 9.099/95 E 10.259/01............................................................................................................................................................ 335 Lei Nº 10.259, de 12 de Julho de 2001............................................................................................................................................................................................... 340 10. LEI FEDERAL Nº 11.340................................................................................................................................................................... 342 11. LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006.............................................................................................................................. 345 Título I - Disposições Preliminares...................................................................................................................................................................................................345 Princípios do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas..................................................................................................................................346 Objetivos do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas...................................................................................................................................346 255 SUMÁRIO Capítulo III - Dos Crimes e das Penas..............................................................................................................................................................................................346 Título IV - Da Repressão à Produção não Autorizada e ao Tráfico Ilícito de Drogas...................................................................................................348 Concurso de Crimes.................................................................................................................................................................................................................................349 Cessão Gratuita de Droga para Consumo Conjunto...................................................................................................................................................................350 Tráfico Privilegiado................................................................................................................................................................................................................................350 Tráfico de Drogas ou Matéria-Prima................................................................................................................................................................................................ 351 Agente Primário e de Bons Antecedentes...................................................................................................................................................................................... 351 Associação para o Tráfico...................................................................................................................................................................................................................... 351 Causas de Aumento de Pena................................................................................................................................................................................................................353 Colaboração Premiada............................................................................................................................................................................................................................354 Consequências para Quem Praticar os Crimes Previstos nos Arts.33, Caput, e §1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas..............................................354 Inimputabilidade.......................................................................................................................................................................................................................................354 Semi-Imputabilidade...............................................................................................................................................................................................................................355 Capítulo III - Do Procedimento Penal...............................................................................................................................................................................................355 Capítulo IV - Da Apreensão, Arrecadação e Destinação de Bens do Acusado................................................................................................................356 Título V - Da Cooperação Internacional..........................................................................................................................................................................................357 Título VI - Disposições Finais e Transitórias................................................................................................................................................................................357 Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................358 12. DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941........................................................................................................ 359 13. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (9.605/98)................................................................................................................................ 363 CAPÍTULO III - Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração........................................................................................................................363 CAPÍTULO V - Dos Crimes contra o Meio Ambiente.................................................................................................................................................................364 14. DECRETO Nº 5.948, DE 26 DE OUTUBRO DE 2006..............................................................................................................381 15. LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI Nº 12850/2013)............................................................................................... 384 Conceito Legal de Organização Criminosa.....................................................................................................................................................................................384 256 CAPÍTULO 01 - Lei 10.826/13 - Estatuto do Desarmamento 1. LEI 10.826/13 - ESTATUTO DO DESARMAMENTO Capítulo I - Do Sistema Nacional de Armas Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional. Art. 2º Ao Sinarm compete: I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro; II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País; III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal; IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores; V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo; VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes; VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade; IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições; X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante; XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta. Parágrafo único. As disposições deste artigo NÃO alcançam as armas de fogo das Forças Armadas (MARINHA, EXÉRCITO E AERONÁUTICA) e Auxiliares (BOMBEIRO E POLÍCIA MILITAR DOS ESTADOS E DO DF), bem como as demais que constem dos seus registros próprios. Competência O controle de armas pelo Brasil é feito pelo SINARM que é uma entidade da União. O TJRJ entendia que os crimes do Estatuto são de competência da Justiça Federal O STJ decidiu: o que fixa a competência é o bem jurídico tutelado, a incolumidade pública, que pertence a coletividade e não a União, salvo se atingir interesse da desta (exceção: tráfico Internacional é competência da Justiça federal). O porte ilegal de arma de fogo praticado por militar em área sujeita a administração militar, não é crime militar, logo a competência não é da justiça militar, sendo da Justiça Estadual. A competência para determinar em qual local a arma apreendida, no processo, deve ser entregue é do juiz do processo e não do comando do Exército { o STJ, CAT. 191-BA ao comando do Exército compete estabelecer quais as unidades militares que podem receber as armas apreendidas em processos judiciais, agora ao juiz criminal compete decidir em qual dessas unidades a arma deve ser entregue). Bem Jurídicos Tutelados no Estatuto Desarmamento Bem jurídico imediato no estatuto do desarmamento é a incolumidade pública (segurança) Bem jurídico mediato : a vida, a integridade física, patrimônio, liberdade, dentre os bens jurídicos fundamentais (STF HC96072/RJ E STJ HC 156736/SP) Natureza dos Crimes Para a primeira turma do STF e para quinta turma do STJ crimes de perigo abstrato – pacífico (STF HC 101994/ SP) Capítulo II - Do Registro Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei. Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos: I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei. § 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. § 2º A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 3º A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as características da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo. § 4º A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas. § 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm. § 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º será concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado. § 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescinde do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. § 8º Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que 257 LEGISLAÇÃO ESPECIAL 258 comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) § 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. § 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. § 3º O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) § 4º Para fins do cumprimento do disposto no § 3º deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro de propriedade.(Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Capítulo III - Do Porte Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: I – os integrantes das Forças Armadas(MARINHA, EXÉRCITO E AERONÁUTICA); II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal; (POLÍCIA FEDERAL; POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL; POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL; POLÍCIAS CIVIS; POLÍCIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES). III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; (POLÍCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO) VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei; IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 1º-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) § 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4º desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Comando do Exército. (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) § 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. § 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO PROFESSOR Fábio Silva Especialista em Trânsito pela Universidade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel - UNIVEL. MBA em Trânsito com ênfase nas áreas de Educação, Engenharia e Fiscalização de Trânsito - Estudos aplicados ao Direito de Trânsito e Psicologia do Trânsito. Leciona a disciplina Legislação de Trânsito em vários cursos do Brasil. Possui Graduação Superior em Letras - Línguas Portuguesa e Inglesa. Foi Militar da Força Aérea Brasileira - Especialista em Suprimento Técnico de Aviação. É Professor titular do Site mestresdotransito.com.br. SUMÁRIO SUMÁRIO CAPÍTULO I..................................................................................................................................................................................................391 Conceitos Iniciais e Disposições Preliminares............................................................................................................................................................................. 391 CAPÍTULO II............................................................................................................................................................................................... 399 Do Sistema Nacional de Trânsito.......................................................................................................................................................................................................399 CAPÍTULO III..............................................................................................................................................................................................413 Normas Gerais de Circulação e Conduta........................................................................................................................................................................................ 413 CAPÍTULO IV.............................................................................................................................................................................................430 Dos Pedestres e dos Veículos não Motorizados........................................................................................................................................................................... 430 CAPÍTULO V............................................................................................................................................................................................... 432 Sinalização de Trânsito..........................................................................................................................................................................................................................432 CAPÍTULO VI............................................................................................................................................................................................. 437 Engenharia de Tráfego...........................................................................................................................................................................................................................437 CAPÍTULO VII............................................................................................................................................................................................ 438 Segurança dos Veículos..........................................................................................................................................................................................................................438 CAPÍTULO VIII.......................................................................................................................................................................................... 445 Licenciamento do Veículo......................................................................................................................................................................................................................445 CAPÍTULO IX............................................................................................................................................................................................. 449 Transporte de Escolares.........................................................................................................................................................................................................................449 CAPÍTULO X................................................................................................................................................................................................451 Da Habilitação............................................................................................................................................................................................................................................ 451 CAPÍTULO XI............................................................................................................................................................................................. 455 Das Infrações de Trânsito......................................................................................................................................................................................................................455 CAPÍTULO XII.............................................................................................................................................................................................461 Das Penalidades......................................................................................................................................................................................................................................... 461 CAPÍTULO XIII.......................................................................................................................................................................................... 470 Das Medidas Administrativas..............................................................................................................................................................................................................470 CAPÍTULO XIV.......................................................................................................................................................................................... 476 Do Processo Administrativo.................................................................................................................................................................................................................476 CAPÍTULO XV............................................................................................................................................................................................ 484 Dos Crimes de Trânsito..........................................................................................................................................................................................................................484 CAPÍTULO XVI.......................................................................................................................................................................................... 502 Legislação Relativa ao DPRF................................................................................................................................................................................................................502 Decreto 1655/95 – Define a Competência da PRF........................................................................................................................................................................504 389 CAPÍTULO I CAPÍTULO I Conceitos Iniciais e Disposições Preliminares Neste capítulo serão abordados os conceitos iniciais e as disposições preliminares para que você obtenha o conhecimento necessário para a introdução da disciplina. Esta apostila de trânsito contém os assuntos mais cobrados em prova, um material de qualidade com a marca do professor Fábio Silva (O Mestre do Trânsito), atualizado com as últimas deliberações, portarias e resoluções do CONTRAN, incluindo as Leis mais recentes que alteraram o Código de Trânsito Brasileiro. Portanto, recomenda-se uma atenção especial na sua leitura. Contexto Histórico: O Código de Trânsito Brasileiro Em 28 de Janeiro de 1947 foi criado o primeiro Código Nacional de Trânsito, através do Decreto-lei 2994/1941, sofrendo a primeira alteração em 25 de setembro de 1941 através do Decreto-Lei 3.651/1941 e a segunda alteração em 1967, com o Decreto-Lei 237/1967. Ainda no mesmo ano, foi aprovado através do Decreto 62.127/1967 - O Regulamento do Código Nacional de Trânsito. Finalmente em 1997, fora instituído o Código de Trânsito Brasileiro através da Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997. O Código de Trânsito Brasileiro, em matéria de legislação de trânsito, é sem dúvida o mais cobrado pelas bancas de concursos, visto que o CTB reúne todos os elementos necessários e pertinentes à legislação de trânsito, sendo dividido em 20(vinte) capítulos e 2(dois) anexos. Quando falamos em Legislação de Trânsito, nos referimos ao conjunto de Leis, resoluções, deliberações, portarias do DENATRAN e outras legislações complementares, sendo o CTB a base de sustentação de todo esse sistema. Divisão do CTB O Código de Trânsito Brasileiro está dividido nos seguintes assuntos: Capítulo I – Disposições Preliminares Capítulo II – Do Sistema Nacional de Trânsito Capítulo III – Das Normas Gerais de Circulação e Conduta Capítulo IIIa – Da Condução de Veículos por Motoristas Profissionais Capítulo IV – Dos Pedestres e Condutores de Veículos não-motorizados Capítulo V – Do Cidadão Capítulo VI – Da Educação para o Trânsito Capítulo VII – Da Sinalização de Trânsito Capítulo VIII – Da Engenharia de Tráfego, da Operação, da Fiscalização e do Policiamento ostensivo de Trânsito Capítulo IX – Dos Veículos Capítulo X – Dos Veículos em Circulação Internacional Capítulo XI – Do Registro de Veículos Capítulo XII – Do Licenciamento Capítulo XIII – Da Condução de Escolares Capítulo XIII-A – Da Condução de Moto-frete Capítulo XIV – Da Habilitação Capítulo XV – Das Infrações Capítulo XVI– Das Penalidades Capítulo XVII – Das Medidas Administrativas Capítulo XVIII – Do Processo Administrativo Capítulo XIX – Dos Crimes de Trânsito Capítulo XX – Disposições Finais e Transitórias Conceito de Resoluções do CONTRAN O CONTRAN é o órgão máximo normativo e consultivo, competente a ele estabelecer as normas regulamentares referidas no Código de Trânsito Brasileiro e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito através de resoluções, como expressamente prescreve o referido Código em seu artigo 12(doze). Art. 12. Compete ao CONTRAN: I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito(...) As Resoluções do CONTRAN especificam determinada matéria contida no CTB, regulamentando os critérios técnicos a serem estabelecidos para a normatização de determinado assunto. Tal estudo técnico é realizado pelas suas câmaras temáticas, que são órgãos técnicos vinculados ao CONTRAN, integradas por especialistas e têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre assuntos específicos para decisões daquele colegiado, Art.13 CTB. “Art. 13. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vinculados ao CONTRAN, são integradas por especialistas e têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre assuntos específicos para decisões daquele colegiado”. Exemplo: Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN: I - cinto de segurança, conforme regulamentação específica do CONTRAN, com exceção dos veículos destinados ao transporte de passageiros em percursos em que seja permitido viajar em pé; (...) II - para os veículos de transporte e de condução escolar, os de transporte de passageiros com mais de dez lugares e os de carga com peso bruto total superior a quatro mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas, equipamento registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo; III - encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos automotores, segundo normas estabelecidas pelo CONTRAN; IV - (VETADO) V - dispositivo destinado ao controle de emissão de gases poluentes e de ruído, segundo normas estabelecidas pelo CONTRAN. 391 LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. VII - equipamento suplementar de retenção - air bag frontal para o condutor e o passageiro do banco dianteiro. Os equipamentos obrigatórios ora citados no Art.105 do CTB são regulamentados pela resolução CONTRAN 14/98, que estabelece os equipamentos obrigatórios para a frota de veículos em circulação e dá outras providências. Desse modo, as resoluções do CONTRAN regulamentam a matéria descrita no CTB, estabelecendo a normativa técnica necessária para aprimoramento da legislação. No ano de 2016, até o lançamento deste material, foram lançadas 45 resoluções regulamentando, expandindo, vetando ou alterando outras resoluções, o que torna o assunto extremamente complicado para o aluno, principalmente para aquele que se prepara para concursos públicos na área de trânsito. Aspectos Constitucionais da Legislação de Trânsito O Código de Trânsito Brasileiro é uma lei federal, instituída pela lei 9.503/97, competindo privativamente à União legislar sobre esta. Constituição Federal (CF): Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XI - trânsito e transporte. 392 Sendo assim, não é qualquer estado ou município, órgão ou entidade que poderá legislar sobre trânsito, dizer quais são os itens de segurança do veículo e seus equipamentos obrigatórios. Assim, por exemplo, será inconstitucional a lei estadual, por invasão da competência legislativa da União (CF, art. 22, XI), que habilita menores de dezoito anos à condução de veículos automotores ou aquela lei municipal que faculta o uso do capacete aos motociclistas quando estão conduzindo seu veículo. É PRIVATIVO à União tal atribuição. Sendo privativo, esta atividade pode ser delegada, mas somente pela própria União e por meio de lei complementar. Art.22 CF. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Conforme nos ensina o mestre Alexandre de Moraes “A Constituição Federal de 1988, alterando a disciplina anterior (CF/69, art. 8º, XVII, n, c/c o seu parágrafo único – competência concorrente União/ Estados), previu a competência privativa da União para legislar sobre as regras de trânsito e transporte (CF, art. 22, XI). Essa alteração constitucional fez com que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, pronunciando-se sobre o preceito inscrito no art. 22, XI, da Constituição Federal, declarasse competir privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte, proibindo-se, via de consequência, aos Estados-membros, a possibilidade de editar normas peculiares a essa mesma matéria, por não se encon- trar tal hipótese contemplada no rol exaustivo das competências comuns (CF, art. 23) e concorrentes (CF, art. 24) atribuídas”. Neste contexto, a competência rivativa é delegável, quando se quer atribuir competência própria a uma entidade ou a um órgão com possibilidade de delegação de tudo ou de parte, declara-se que compete privativamente a ele a matéria indicada. Justamente no Art.22 Parágrafo único da CF, nos diz que é facultado à Lei complementar autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. A contrário sensu, competência exclusiva é Indelegável. Ex. CF. Art. 49, é indicada a competência exclusiva do Congresso Nacional, somente a ele cabem tais atribuições. Alguns municípios criam projetos de lei que proíbem o uso de capacete motociclístico (na condução do veículo ou a pé), justamente por causa dos assaltos naquela região, visto que o capacete prejudica a identificação dos condutores. A título de exemplo, como correu no no município de Caracol/PI, ocasião em que o vereador Júnior do Napoleão (PDT) tentou justificar a implementação de tal proposta, que fora feita em razão do alto índice de criminalidade na região. Segundo o vereador em entrevista no portal O DIA: “A proposta atende apelo da população, haja vista que está sendo realizada uma onda de assaltos na cidade e os autores, em sua maioria, estão de moto e com capacetes”, defende. (Http://www.portalodia. com/ noticias/piaui, acesso em 22/04/2016). Assim como o vereador por Várzea Grande João Madureira (PSC) anunciou nesta quinta-feira (14/01/2016), na tribuna da Câmara durante sessão extraordinária, que irá propor um Projeto de Lei para proibir o uso do cinto de segurança no município. Conforme o parlamentar, o uso do cinto não pode ser necessário porque “suja” a roupa do trabalhador que precisa chegar ao emprego com a “roupa impecável”. Além disso, ele criticou os agentes de trânsito de Cuiabá e os Guardas Municipais de Várzea Grande que multam os motoristas pela falta do uso do equipamento de segurança (http://vanestadirecao.com, acesso em 22/04/2016). Mais um exemplo seria a Lei n° 1.925/98, do Distrito Federal, que estabeleceu a obrigatoriedade de acionamento da iluminação interna dos veículos fechados, quando estes se aproximassem de blitz ou barreira policial, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em 4 de março de 2009, por meio da ADI nº 3.625. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI entendeu que a lei local estaria eivada de inconstitucionalidade formal, uma vez que o Distrito Federal não poderia legislar sobre matéria relativa a trânsito e transporte, visto que tal assunto estaria sujeito à competência legislativa privativa da União. Todos estes projetos de lei municipal são inconstitucionais, visto que o uso do capacete e do cinto de segurança é obrigatório por lei federal (CTB), não cabendo ao município legislar sobre trânsito, pois tal competência é privativa da união legislar sobre trânsito e transporte (CF Art.22 XI). CTB. Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas FÍSICA PROFESSOR Juliano Broggio Professor de Matemática, Física e Legislação Especial. Graduado em Matemática pela Unioeste, pós-graduado em Matemática Financeira e Estatística pela Unipar. Professor em cursos preparatórios para Enem, vestibulares e concursos públicos há mais de 15 anos. Estudioso das áreas relacionadas à Segurança Pública. SUMÁRIO SUMÁRIO 1. COMO ESTUDAR FÍSICA PARA CONCURSOS PÚBLICOS................................................................................................... 511 2. CINEMÁTICA ESCALAR..................................................................................................................................................................... 511 Movimento Retilíneo Uniforme...........................................................................................................................................................................................................511 3. CINEMÁTICA VETORIAL..................................................................................................................................................................514 Grandezas físicas...................................................................................................................................................................................................................................... 514 4. MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME......................................................................................................................................... 515 5. LEIS DE NEWTON................................................................................................................................................................................ 517 Primeira Lei de Newton – Inércia.......................................................................................................................................................................................................517 Segunda Lei de Newton – Princípio Fundamental.......................................................................................................................................................................517 Terceira Lei de Newton – Ação e Reação..........................................................................................................................................................................................517 6. ENERGIAS MECÂNICAS....................................................................................................................................................................519 7. QUANTIDADE DE MOVIMENTO, IMPULSO, COLISÕES......................................................................................................521 Quantidade de Movimento ou Momento Linear........................................................................................................................................................................... 521 8. ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS............................................................................................................................................... 522 Equilíbrio de Ponto Material................................................................................................................................................................................................................522 Método de Lamy........................................................................................................................................................................................................................................522 Equilíbrio de Corpo Extenso - Condições.......................................................................................................................................................................................523 9. ESTÁTICA DOS FLUÍDOS PRINCÍPIOS DE PASCAL, ARQUIMEDES E STEVIN........................................................ 523 10. MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES (MHS)....................................................................................................................... 525 Pendulo simples........................................................................................................................................................................................................................................525 Sistema Massa-mola................................................................................................................................................................................................................................525 509 11. ONDAS SONORAS EFEITO DOPPLER....................................................................................................................................... 526 Acústica........................................................................................................................................................................................................................................................526 Qualidades Sonoras..................................................................................................................................................................................................................................526 12. ONDAS ELETROMAGNÉTICAS.....................................................................................................................................................527 Ondas de TV e Rádio...............................................................................................................................................................................................................................527 Luz Visível....................................................................................................................................................................................................................................................528 13. FREQUÊNCIAS NATURAIS E RESSONÂNCIA....................................................................................................................... 528 14. REFLEXÃO E ESPELHOS................................................................................................................................................................ 529 15. REFRAÇÃO E LENTES...................................................................................................................................................................... 530 Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 531 CAPÍTULO 01 - Como Estudar Física para Concursos Públicos 1. COMO ESTUDAR FÍSICA PARA CONCURSOS PÚBLICOS INTRODUÇÃO O conteúdo de Física cobrado em concursos públicos não difere muito com relação aquele estudado no Ensino Médio. Portanto, todos que concluíram este nível de ensino já tiveram algum contato, mesmo que superficial, com nossa disciplina. Para estudar Física é necessário, em primeiro lugar, que se tenha um conhecimento básico sobre a teoria de cada conteúdo. Outro ponto fundamental é a memorização de algumas equações que são essenciais para a resolução de questões que envolvam cálculo, a maioria delas é verdade. Além disso, serão úteis, conhecimentos de interpretação de textos e matemática básica. Para um aprendizado consistente, por fim, é importantíssimo, a resolução de questões de prova, é neste momento que você realmente tem uma ideia de como está sua preparação, o quanto já evoluiu e o quanto ainda tem pela frente. Neste material abordaremos todos estes elementos, sempre com o foco na resolução de provas e na sua aprovação no tão sonhado concurso público. Bons estudos! 2. CINEMÁTICA ESCALAR Conceitos Iniciais Deslocamento (ΔS) É a diferença entre as posições inicial e final do móvel. Podemos calcular o deslocamento pela equação: ∆S = S - S - o ∆S = deslocamento S = posição final S0 = posição inicial Velocidade Média (Vm) Grandeza física determinada pela relação entre o deslocamento de um móvel e o tempo que ele gasta para realizar tal deslocamento. Podemos calcular a velocidade média de um móvel pela equação: 511 Referencial Ponto que tomamos como referência para analisar se um móvel está ou não em movimento. Ponto Material Corpo cujas dimensões podem ser desprezadas para a situação em estudo. Movimento/Repouso Depende do referencial adotado. Um móvel pode estar em movimento em relação a um referencial e em repouso em relação a outro referencial. Vm = velocidade média ∆S = deslocamento ∆t = tempo Transformação de unidades Regra prática: Trajetória Sucessivos pontos ocupados por um móvel, ou seja, o caminho descrito pelo objeto. Depende do referencial adotado. Posição (S) Local em que o móvel se encontra em determinado momento na trajetória orientada. Origem Ponto em que se inicia a medida dos espaços de uma trajetória. A origem da trajetória não é obrigatoriamente a origem do movimento do objeto. Movimento Retilíneo Uniforme O Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U.) como o próprio nome sugere, é um movimento em linha reta e com velocidade constante, por isso uniforme. Para a resolução de questões sobre este assunto é fundamental conhecer e entender estas características já que, toda a solução seja ela com equações, gráficos ou mesmo teórica, depende disto. FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Equação das posições do MRU: Para o movimento uniforme, temos apenas uma equação que deve ser memorizada: S=S0+v.t Onde: S = posição final V = velocidade S0 = posição inicial t = tempo No primeiro caso, a velocidade é positiva, portanto o gráfico está acima do eixo dos tempos. Já no segundo gráfico, a velocidade é negativa e o gráfico está abaixo do eixo dos tempos. Para o gráfico de velocidade por tempo, a área entre dois intervalos de tempos quaisquer, indica o deslocamento do móvel. Gráfico Posição(S) X Tempo(t) A fórmula vista acima é uma função do 1º grau, conteúdo visto na matemática. É fundamental que, para o seu completo entendimento deste assunto, você esteja familiarizado com os elementos gráficos vistos nesta disciplina. O que faremos aqui é apenas uma adaptação das funções lineares para o estudo de movimentos. Na Física, podemos ter este gráfico em duas situações: Área = ΔS 512 Classificação do MRU: Gráfico Velocidade(v) X Tempo(t) Este gráfico não tem muita aplicação para movimentos uniformes, no entanto, para movimentos variados, onde os veremos novamente, será fundamental. Cabe salientar que, os gráficos em questões, costumam ser misturados, ou seja, trabalham com mais de um tipo de movimento num mesmo plano ortogonal orientado. Portanto, seu conhecimento é imprescindível para o conteúdo em estudo. Movimento progressivo: quando o deslocamento do móvel segue a orientação positiva da trajetória retilínea orientada, ou seja, v>0. Movimento retrógrado: quando o deslocamento do móvel segue a orientação contrária da trajetória retilínea orientada, ou seja, v<0 Movimento Retilíneo Uniformemente Variado O Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V) é um movimento em linha reta e com velocidade variável, em módulo, no entanto essa variação ocorre de forma uniforme, ou seja, aumenta ou diminui sempre um mesmo valor em determinado intervalo de tempo. A tabela abaixo exemplifica um caso de MRUV: CAPÍTULO 02 - Cinemática Escalar v0 = velocidade inicial t = tempo a = aceleração Note que, a cada segundo, a velocidade do móvel varia 2m/s. A unidade de aceleração no Sistema Internacional é m/s², justamente por este motivo. Para a resolução de questões sobre este assunto é fundamental conhecer e entender estas características já que, toda a solução seja ela com equações, gráficos ou mesmo teórica, depende disto. Equações do MRUV No MRUV temos três equações que são fundamentais para a resolução de questões, então, é extremamente importante a sua memorização junto com seus elementos, suas unidades de medida e o gráfico correspondente a cada uma delas. Equação de Torricelli: Esta fórmula tem como grande vantagem, o fato de não ser uma função do tempo, justamente por isso, normalmente é utilizada quando esta informação não é dada no enunciado das questões. v²=v0²+2.a.∆S Onde: ΔS = deslocamento v = velocidade final v0 = velocidade inicial a = aceleração Equação das posições: A equação a seguir é equivalente a equação vista no MRU, ou seja tem a mesma função, porém, suas características são diferentes. Onde: Gráfico Posição(S) X Tempo(t) As equações vistas acima são funções, conteúdo visto na matemática. É fundamental que, para o seu completo entendimento deste assunto, você esteja familiarizado com os elementos gráficos vistos nesta disciplina. O que faremos aqui é apenas uma adaptação das funções matemáticas para o estudo de movimentos. Na Física, podemos ter este gráfico em duas situações: S = posição final S0 = posição inicial V0 = velocidade inicial t = tempo a = aceleração Equação das velocidades: Esta fórmula é válida para determinarmos a velocidade do móvel em função do tempo de movimento do mesmo. v=v0+a.t Onde: v = velocidade final Gráfico Velocidade(v) X Tempo(t) Este gráfico tem muita aplicação para movimentos variados e também é visto no movimento uniforme. Cabe salientar que, os gráficos em questões, costumam ser misturados, ou seja, trabalham com mais de um tipo de movimento num mesmo plano ortogonal orientado. Portanto, seu conhecimento é imprescindível para o conteúdo em estudo. 513