UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL CURSO DE MESTRADO EM PATOLOGIA ORAL JOABE DOS SANTOS PEREIRA ANÁLISE DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS FOXP3+ NO LÍQUEN PLANO ORAL Natal / RN 2010 JOABE DOS SANTOS PEREIRA ANÁLISE DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS FOXP3+ NO LÍQUEN PLANO ORAL Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Patologia Oral Orientadora: Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel Natal / RN 2010 Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Pereira, Joabe dos Santos. Análise de células T regulatórias FoxP3+ no líquen plano oral / Joabe dos Santos Pereira. – Natal, RN, 2010. 107 f. : il. Orientador: Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel. Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral. 1. Líquen Plano Oral – Dissertação. 2. Imunoistoquímica – Dissertação. 3. Celulas T Regulatórias – Dissertação. 4. FoxP3 – Dissertação. I. Miguel, Márcia Cristina da Costa. II. Título. RN/UF/BSO Black D66 O temor do Senhor é o princípio do saber... Pv. 1:7 Dedicatória A Deus, princípio de todas as coisas e para quem todas elas são, razão do meu viver e existir; Aos meus pais, por terem acreditado e investido em mim; Às minhas irmãs por sempre me trazerem alegria; A todos aqueles que me incentivaram mesmo sem saber, com suas palavras ou ações, e até mesmo pela simples lembrança presente em minha memória... ...dedico. Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade. Por que dirão as nações: Onde está o seu Deus? No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. Salmos 115:1-3 Agradecimento Especial Agradeço à Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, minha orientadora, pela dedicação incessante no desenvolvimento dos trabalhos, por sempre se mostrar solícita nos momentos de orientação, pelo desejo sempre presente de transmitir seus conhecimentos, pelo interesse de realizar tudo que faz com excelência, por todo conhecimento científico compartilhado, pela imensa e fundamental contribuição na realização deste trabalho. Obrigado pela amizade, pela presença nos momentos de informalidade, pela compreensão nos momentos de dificuldade, pela paciência que teve para comigo, demonstrada desde o início do curso. Enfim, por ter me preparado e capacitado para ser um profissional melhor. Certamente levarei comigo seus ensinamentos por toda a minha vida acadêmica. Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti. Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna. Isaías 26:3,4 Agradecimentos A Deus, por ter me concedido de graça toda paz e felicidade que possuo. Por ter concretizado em minha vida a realização deste sonho. Por me dar capacidade para enfrentar todas as etapas da minha vida e me fazer chegar até aqui. Por me tornar tudo aquilo que sou hoje. Pelos momentos difíceis que me fizeram crescer, amadurecer e ser mais forte. Por renovar meus sonhos e me dar novos propósitos nos momentos de maior dificuldade, nunca me deixando só. Por tudo enfim, obrigado Senhor! À meus pais Jorge Avelino Pereira e Jaidete dos Santos Pereira, por terem acreditado e investido em mim durante toda a minha vida. Por serem exemplos de honestidade, humildade, integridade, perseverança e tantas outras qualidades que nem as maiores intempéries da vida podem apagar do meu coração nem do meu caráter. Com eles aprendi não somente a ser alguém melhor, mas a ter um sentido para ser melhor. Obrigado pela fé que me ensinaram. Às minhas irmãs Joyce e Jeísa, por toda felicidade que me trazem. Por estarem sempre presentes nos momentos mais importantes da minha vida. À minha tia Maria Dasdores por todo o carinho dispensado, pelo cuidado, pelo interesse, pela saudade e por todas as alegrias. Ao meu sobrinho Arthur por me dar mais um motivo pra ser feliz. À minha avó Eunice, exemplo de fé, de coragem, de amor a Deus e ao próximo. Obrigado por tudo que me ensinou. À todos os meus amigos, pessoas sem as quais seria muito difícil chegar até aqui. Ao Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, exemplo de dedicação e amor pelo que faz. Sua experiência e seus conhecimentos contribuem de forma singular com nosso aprendizado científico. À Profa. Dra. Lélia Batista de Souza, por todos os seus valiosos conhecimentos compartilhados, por toda colaboração para a melhoria deste Programa de Pós-graduação. Pelo interesse em tornar seus alunos profissionais melhores. Pelos momentos de seriedade e probidade com os quais conduz suas atividades, e pela simpatia nos momentos de descontração. À Profa. Dra. Roseana de Almeida Freitas, pelos valiosos ensinamentos e pela disponibilidade sempre presente nos momentos de dúvida. À Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, por toda a competência com que conduz suas atividade neste programa. À Prof. Dra. Hébel Cavalcanti Galvão, pela confiança em nós depositada durante a realização das nossas atividades, por ser sempre incentivadora e pelos estímulos cedidos. Ao Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, por ser para seus alunos um exemplo de integridade e seriedade naquilo que faz, além de proporcionar valiosos momentos de descontração. À Profa. Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira, por ser para nós um exemplo de dedicação e perseverança. Pelo seu amor à profissão demonstrado em todas as suas atitudes. Pelo entusiasmo contagiante sempre presente no nosso cotidiano. Ao Prof. Dr. Manuel Antonio Gordón Nuñez, pelo seu exemplo de dedicação e humildade. À Profa. Dra. Ana Miryam Costa de Medeiros, por toda a competência demonstrada na condução da clínica da estomatologia. Por ser uma pessoa atenciosa, calma e paciente para ensinar. Ao Prof. Dr. Kênio Costa Lima, pela contribuição na realização da análise estatística deste trabalho. Ao Prof. Dr. Gustavo Pina Godoy por ser um grande exemplo de professor e pesquisador, pela participação importante nas etapas da minha vida acadêmica desde a graduação, pelo encaminhamento a este Programa de Pós-Graduação. Aos meus amigos da turma de Mestrado, por todos os momentos compartilhados. Pela força durante as dificuldades, e pelas dificuldades compartilhadas também. Pelo companheirismo presente no nosso dia a dia. Pelo otimismo, pela ajuda mútua, pelo cuidado e preocupação. Por todos os nossos momentos de alegria... ... como teria sido difícil esta caminhada sem todos vocês! Vocês estarão sempre presentes na minha memória. Obrigado Cyntia Carvalho, Emeline Lima, Felipe Matos, Maiara Moraes, Marianne Carvalho, Thaís Benevenuto. Aos meus amigos da turma de doutorado, com quem sempre posso compartilhar não somente experiências acadêmicas, mas também momentos excepcionalmente simples e especiais, como uma conversa agradável durante o almoço, Águida, Pedro Paulo, Alessandra, Valéria, Ana Rafaela, sem vocês meu dia a dia não seria o mesmo. Aos colegas do doutorado Cassiano, George, Déborah, Bruna Rafaela, Bruna Amaral, Karuza, Alexandre, Polliana, Cristina, Adriana, Marcelo e Ruth por toda a ajuda dispensada no início e no decorrer do curso. Pelas experiências compartilhadas, pelos ensinamentos, por toda atenção e pelo convívio sempre agradável. Aos funcionários: Gracinha, Sandrinha, Lourdinha, Canindé, Andréia, Idelzuite e Hévio, por toda a ajuda prestada. À CAPES, pelo incentivo financeiro que me permitiu cursar este Mestrado. Agradeço. Resumo RESUMO As células T regulatórias (Treg) possuem a função de controlar respostas imunes e manter a autotolerância. O FoxP3 tem sido considerado o marcador mais específico para células Treg. O objetivo deste estudo foi avaliar a imunoexpressão do FoxP3 no infiltrado inflamatório do líquen plano oral (LPO) comparado ao da hiperplasia fibrosa inflamatória (HFI) e posteriormente entre as formas reticular e erosiva do LPO. A amostra foi composta por 32 casos de LPO (17 reticulares e 15 erosivos) além de 10 casos de HFI que foram submetidos à marcação imunoistoquímica para o FoxP3. A localização da marcação foi classificada em justaepitelial ou intraepitelial e a quantidade das células FoxP3+ foi avaliada através da contagem destas em 10 campos consecutivos, com aumento de 400x. Os valores foram expressos em média ± desvio-padrão, e submetidos aos testes estatísticos com nível de significância de 5%. Observou-se uma diferença estatisticamente significativa na quantidade de células Treg FoxP3+ entre os dois tipos de LPO reunidos (1,6 ± 2,2) e a HFI (0,5 ± 0,4) (P<0,05). Isto talvez possa ser explicado pelo mecanismo imunológico do LPO, que envolve uma provável indução antigênica permanente com conseqüente perpetuação da lesão, suscitando a proliferação e recrutamento constante das células Treg. Em contrapartida, a HFI apresenta uma etiopatogenia diferente, na qual também há geração de um infiltrado inflamatório variável, porém qualitativamente distinto do verificado no LPO. A forma erosiva do LPO exibiu um maior número (1,7 ± 2,4) de células Treg FoxP3+ que a forma reticular (1,5 ± 2,1). Estas alterações podem ter relação com a maior atividade da doença verificada no LPO erosivo, ou ainda, com anormalidades na função reguladora das células Treg que ocasionariam o aumento observado. Considerando-se a capacidade já bem estabelecida na literatura, tanto das células Treg modularem as respostas imunológicas, quanto da mucosa oral em exibir um grande potencial de regeneração, sugere-se que a possibilidade de desenvolvimento e implantação de estratégias imunoterapêuticas que regulem a freqüência e a função destas células, possa futuramente auxiliar no tratamento de doenças inflamatórias mediadas imunologicamente, como o LPO. Palavras-chave: líquen plano oral, imunoistoquímica, célula T regulatória, FoxP3 Abstract ABSTRACT T regulatory cells have the function of controlling immune responses and maintaining self-tolerance. The FoxP3 has been considered the most specific marker for Treg cells. The aiming of this paper was to evaluate the immunoexpression of FoxP3 in the inflammatory infiltrate from oral lichen planus (OLP) and to compare it with the infiltrate in fibrous inflammatory hyperplasia (FIH) and then, between reticular and erosive forms of OLP. The samples were composed by 32 cases of OLP (17 reticular and 15 erosive) beyond 10 cases of FIH that were submitted to immunohistochemistry staining for FoxP3. Localization of the staining was classified in underepithelial and intraepithelial and the amount of FoxP3+ cells was evaluated through cells counting in 10 consecutive fields, at 400x power magnification. The values were expressed in mean ± standart deviation, and submitted to statistical tests with 5% of significance level. It was observed a statistical significant difference in the amount of FoxP3+ Treg cells between the two combined forms of OLP (1,6 ± 2,2) and the FIH (0,5 ±0,4) (P<0,05). This maybe could be explained by immunological mechanism of OLP, which involves a permanent antigenic induction likely with consequent perpetuation of lesion, eliciting the proliferation and constant recruitment of Treg cells. Otherwise, FIH presents a different etiopathogenesis, in which there is also generation of a variable inflammatory infiltrate, however qualitatively distinct from that seen in OLP. The erosive form of OLP exhibited a greater number (1,7 ± 2,4) of FoxP3+ Treg cells than reticular form (1,5 ± 2,1). These alterations could have relation with the great disease activity verified in erosive OLP, or also, with abnormalities in the regulatory function of Treg cells that could cause the increase observed. Considering the capacity already well established in the literature, both about Treg cells in modulating immune responses, as in the oral mucosa in showing great potential for regeneration, it is suggested that the possibility of development and implantation of immunotherapeutic strategies that regulate the frequency and function of these cells, may help in future treatment of immune-mediated inflammatory diseases such as OLP. Key words: oral lichen planus, immunohistochemistry, regulatory T cells, FoxP3 Lista de Ilustrações LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 01 Critérios diagnósticos propostos pela OMS para LPO, modificados por van der Meij e van der Waal (2003)....................................................................... Quadro 02 52 Especificidade, clone, recuperação antigênica, diluição e tempo de incubação dos anticorpos utilizados................................................................ 53 Gráfico 01 Distribuição da amostra quanto ao tipo de lesão. Natal/RN – 2010................ 58 Gráfico 02 Barra de Erros da média ± desvio padrão em relação ao tipo de lesão. Natal/RN - 2010............................................................................................... 62 Gráfico 03 Barra de Erros da média ± desvio padrão em relação ao tipo de lesão. Natal/RN - 2010............................................................................................... 64 Figura 01 Corte histológico de líquen plano oral corado em HE, exibindo atrofia epitelial ........................................................................................................... Figura 02 Corte histológico de líquen plano oral corado em HE, exibindo os Corpos de Civatte ....................... ................................................................................ Figura 03 66 66 Imunoexpressão do FoxP3 em líquen plano oral, exibindo a formação de centro germinativo no infiltrado inflamatório justaepitelial ............ .............. 67 Figura 04 Imunoexpressão do FoxP3 nas células Treg intraepiteliais (setas) em líquen plano oral reticular ............ ............................................................................. 68 Figura 05 Imunoexpressão do FoxP3 nas células Treg intraepiteliais e justaepiteliais (setas) em líquen plano oral erosivo ............................................................... Figura 06 68 Imunoexpressão do FoxP3 nas células Treg justaepiteliais (setas) em líquen plano oral reticular ............ ............................................................................. 69 Figura 07 Figura 08 Imunoexpressão do FoxP3 nas células Treg justaepiteliais (setas) em líquen plano oral erosivo ........... ............................................................................... Imunoexpressão do FoxP3 nas células Treg intraepiteliais e justaepiteliais (setas) em hiperplasia fibrosa inflamatória ............. ....................................... 69 70 Lista de Tabelas LISTA DE TABELAS Tabela 01 Distribuição dos casos quanto ao tipo de lesão em relação ao tipo de ceratinização. Natal/RN – 2010....................................................................... 59 Tabela 02 Distribuição dos casos quanto ao tipo de lesão em relação ao tipo de hiperceratinização. Natal/RN – 2010............................................................... 59 Tabela 03 Distribuição dos casos quanto ao tipo de lesão em relação às características epiteliais. Natal/RN – 2010............................................................................. Tabela 04 60 Quantidade, média ± desvio padrão e intervalo de confiança (95%) relativos à contagem de células justaepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. ............................................................................... Tabela 05 62 Valor de P e Intervalo de Confiança (95%) obtidos através do teste t de Student para a quantidade de células justaepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. ............................................................................... Tabela 06 63 Quantidade, média ± desvio padrão e intervalo de confiança (95%) relativos à contagem de células intraepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. ............................................................................... Tabela 07 64 Valor de P e Intervalo de Confiança (95%) obtidos através do teste t de Student para a quantidade de células intraepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. ............................................................................... 65 Lista de Siglas e Abreviaturas LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Treg Célula T regulatória LPO Líquen plano oral HFI Hiperplasia fibrosa inflamatória LP Líquen plano MMP Matrix metalloproteinase – metaloproteinase da matriz CD Cluster of differentiation - unidade de diferenciação MHC Major histocompatibility complex - complexo principal de histocompatibilidade IL Interleukin - interleucina APC Antigen-presenting cell - célula apresentadora de antígeno Th T helper cells - células t auxiliares INF Interferon NF-κB Nuclear factor-kappa b – fator nuclear kappa b TGFβ Transforming growth factor-β - fator transformador de crescimento-β ICAM Intercellular adhesion molecule - molécula de adesão intercelular VCAM Vascular cell adhesion molecule – molécula de adesão celular vascular MEC Matriz extracelular CXCR Chemokine receptor cxc – receptor à quimiocina cxc CCR Chemokine (c-c motif) receptor – receptor (c-c motif) à quimiocina TNFα Tumor necrosis factor alpha – fator de necrose tumoral alfa TNF-R Tumor necrosis factor Receptor – receptor ao fator de necrose tumoral VEGF Vascular endothelial growth factor – fator de crescimento endotelial vascular nTreg Célula T regulatória natural iTreg Célula T regulatória induzida Ts Célula T supressora TCR T cell receptor - receptor de célula T IPEX Immunodysregulation polyendocrinopathy enteropathy X-linked syndrome – síndrome da desregulação imune, poliendocrinopatia, enteropatia, ligada ao X NK Natural killer cells – células eliminadoras naturais CTLA Cytotoxic T lymphocyte antigen – antígeno associado ao linfócito T citotóxico mRNA Messenger ribonucleic acid – ácido ribonucléico mensageiro GITR Glucocorticoid-induced TNF receptor – receptor TNF induzido por glicocorticóide HE Hematoxilina e eosina Tr Células T reguladoras AMP Adenosine monophosphate – monofosfato de adenosina DC Dendritic cell – células dendríticas TLR Toll-like receptor – receptor Toll-like Sumário SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 25 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 28 2.1 Líquen plano oral...................................................................................................... 28 2.2 Células T regulatórias............................................................................................... 36 3 PROPOSIÇÃO .......................................................................................................... 48 4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 50 4.1 Considerações Éticas ................................................................................................ 50 4.2 Caracterização do estudo .......................................................................................... 50 4.3 População ................................................................................................................. 50 4.4 Amostra .................................................................................................................... 50 4.5 Critérios de seleção da amostra ................................................................................ 51 4.5.1 Critérios de inclusão .............................................................................................. 51 4.5.2 Critérios de exclusão ............................................................................................. 51 4.6 Estudo morfológico .................................................................................................. 51 4.7 Estudo imunoistoquímico ......................................................................................... 52 4.7.1 Método imunoistoquímico..................................................................................... 52 4.7.2 Análise do perfil imunoistoquímico ...................................................................... 55 4.8 Análise Estatística .................................................................................................... 56 5 RESULTADOS .......................................................................................................... 58 5.1 Caracterização da amostra ........................................................................................ 58 5.2 Análise morfológica ................................................................................................. 58 5.3 Análise do perfil imunoistoquímico ......................................................................... 61 6 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 72 7 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 87 REFERÊNCIAS APÊNDICES ANEXO Introdução 25 1 INTRODUÇÃO O líquen plano (LP) é uma doença inflamatória crônica imunologicamente mediada que pode afetar a pele e a mucosa. É uma das condições dermatológicas que mais freqüentemente envolvem a cavidade oral. Sua prevalência na população é estimada entre 1 a 2%, existindo um grande número de casos relatados em mulheres (BORNSTEIN, HAKIMI e PERSSON, 2008; MCCARTAN e HEALY, 2008; SOUSA e ROSA, 2008). De acordo com Sousa e Rosa (2008), o líquen plano oral (LPO) possui características clínicas específicas, se apresentando mais comumente em duas formas principais: a reticular e a erosiva. A forma reticular geralmente é assintomática, sendo descoberta na maioria das vezes durante exame clínico intra-oral de rotina. Diferentemente, as lesões erosivas são dolorosas, causando incômodo no paciente (BORNSTEIN, HAKIMI e PERSSON, 2008; MCCARTAN e HEALY, 2008). Não existem tratamentos específicos para o LPO, todavia o paciente deve ser orientado para diminuir possíveis traumas mecânicos ou químicos, o que pode levar à remissão dos sintomas (EISEN et al, 2005). As medicações para estas lesões são utilizadas de forma paliativa e agem apenas temporariamente na resolução das lesões. As drogas usadas podem ser de ação local ou sistêmica e possuem como principais componentes ativos os corticosteróides (AGHA-HOSSEINI et al, 2009). O LPO apresenta etiologia desconhecida, todavia, Sugerman et al (2002) afirmaram que mecanismos imunológicos específicos e não-específicos podem estar envolvidos na sua patogênese. Bornstein, Hakimi e Persson (2008) citam como mecanismos específicos a apresentação de antígenos pelos ceratinócitos e a morte celular causada pelos linfócitos T citotóxicos, enquanto que os não-específicos incluem a degranulação dos mastócitos e ativação das MMPs (metaloproteinases da matriz). No LPO, as células T CD4+ podem ser ativadas por um antígeno ainda desconhecido associado ao MHC de classe II nas células de Langerhans ou ainda nos ceratinócitos. Altos níveis de expressão antigênica, coexpressão de CD40 e CD80, e secreção de IL-12 pelas APCs podem promover uma resposta Th1 CD4+ com secreção de IL-2 e INF-γ. A produção local de INF-γ pode manter a expressão do MHC de classe II pelos ceratinócitos, contribuindo para a cronicidade da lesão. Lodi et al (2005) relatam ainda que a maior parte das células citotóxicas das lesões de LPO são os linfócitos T CD8+, que por motivos ainda 26 desconhecidos, são ativadas de forma descontrolada, como reposta a um antígeno de natureza incerta associado ao MHC de classe I nos ceratinócitos da camada basal do epitélio, conduzindo estes ceratinócitos à apoptose. Um subconjunto de células T, conhecidas como células T regulatórias (Treg), possui a função de controlar respostas imunes e manter a autotolerância (YAN e LIU, 2009; FEUERER et al, 2009). Estas células são geradas principalmente no timo, mas também podem se desenvolver nos tecidos periféricos (ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2008). Possuem ainda a função de prevenir respostas imunes descontroladas contra patógenos ou alérgenos, ajudar a manter o equilíbrio da microflora normal e prevenir que tumores escapem da vigilância imunológica (FEUERER et al, 2009). Boros e Bromberg (2009) afirmam que as células Treg demonstram ser importantes no desenvolvimento do câncer, na autoimunidade, alergia e asma. Existem vários estudos sobre o papel das Treg em diferentes doenças, como: dermatite atópica (ITO et al, 2009); doença do enxerto versus hospedeiro (WANG et al, 2009; RAO et al, 2009; XIE et al, 2009); linfoma de células T (KARUBE et al, 2004; MARZANO et al, 2009; RAO et al, 2009; WADA et al, 2009); miastenia grave (MU et al, 2009); linfoma de células B (GRILLE et al, 2009); aterosclerose (VAN ES et al, 2009); esclerose múltipla (VANDENBARK et al, 2009); lúpus eritematoso sistêmico (FERREIRA et al, 2009; YANG et al, 2009); artrite reumatóide (RAGHAVAN et al, 2008; CHEN et al, 2008), líquen plano cutâneo (DE BOER et al, 2007a); líquen plano oral (TAO et al, 2009). O FoxP3 é o marcador mais específico para células Treg disponível atualmente (KARUBE et al, 2004; YAGI et al, 2004; BONELLI et al, 2007; LIN et al, 2007; SCHEREIBER, 2007; SOLOMON e MAGRO, 2008; WADA, 2009). Yan e Liu (2009) e Feuerer et al (2009) afirmam que as células Treg exercem um papel essencial na manutenção da autotolerância e na prevenção de doenças autoimunes bem como no controle de respostas imunes exacerbadas. Mesmo assim, estudos que verifiquem a presença e função deste subtipo celular em líquen plano oral são raros na literatura. Diante disto, o objetivo desta pesquisa consistiu em avaliar a presença destas células Treg no LPO e se estas exerceram algum papel no desenvolvimento de suas principais formas clínicas, a reticular e a erosiva. Revisão da Literatura 28 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Líquen Plano Oral O Líquen Plano (LP) é uma doença mucocutânea crônica, relativamente comum e que pode envolver a mucosa oral, pele, mucosa genital, couro cabeludo e unhas. Embora sua etiologia permaneça desconhecida, uma patogênese mediada imunologicamente tem sido reconhecida nessa entidade. O LP tem sido relatado com maior freqüência em pacientes de meia idade e do sexo feminino, sendo raros os casos encontrados em crianças (ISMAIL, KUMAR e ZAIN, 2007). Balasubramaniam, Ogboli e Moss (2008) relatam que a maioria dos casos de LP em crianças ocorre na Índia, com média de idade de 10 anos e em indivíduos do gênero masculino. Estudo recente relatou a prevalência do líquen plano oral (LPO) em uma população indiana, o qual revelou 1,26% da população estudada acometida, principalmente na faixa etária entre 41 e 60 anos (MATHEW et al, 2008). Pentenero et al. (2008), encontraram em seu estudo uma freqüência de 1,46% de ocorrência do LPO entre as lesões orais, sem diferença entre gênero. Todavia, vários estudos relatam uma predominância desta condição em mulheres (LOZADA-NUR e MIRANDA, 1997; KOVAC- KOVACIC e SKALERIC, 2000; EISEN, 2002). A prevalência do LPO relatada na literatura varia de 0,5 a 2,2% da população, com idade entre 30 e 60 anos (VAN DER WALL, 2009). De acordo com Bidarra et al (2008), o LP confinado em mucosa oral com mínimo envolvimento em pele, é encontrado em aproximadamente 15% dos casos relatados. Outros sítios de acometimento citados na literatura são o esôfago, a mucosa gástrica, a conjuntiva, a bexiga e a mucosa vulvolvaginal, muito embora casos nessas regiões sejam incomuns. O LP em pele apresenta-se clinicamente em forma de pápulas, de superfície plana, com coloração violácea, forma poligonal, pruriginosa e um aspecto rendilhado na superfície (BATRA et al, 2008). Os principais locais de acometimento são as superfícies flexoras dos punhos, pernas, terço distal das extremidades inferiores, abdome, região do sacro, genitálias e unhas (JACQUES et al, 2003). O envolvimento das unhas pode resultar em cicatrizes, formação de pterígio, ou perda permanente da estrutura, enquanto o 29 envolvimento do couro cabeludo resulta em alopécia por cicatriz (SUGERMAN et al., 2002). As lesões de LPO surgem como lesões esbranquiçadas, de forma reticulada ou estriada (estrias de Wickham), pápulas ou placas, eritemas, erosões ou bolhas. Essas lesões são geralmente bilaterais e as de forma atrófica, erosiva ou bolhosa usualmente ocorrem com sensação de queimação ou dor (ISMAIL, KUMAR e ZAIN, 2007; RAD et al, 2009). O sítio mais comum de envolvimento é a mucosa jugal, seguida pela língua, gengiva, mucosa labial, e vermelhão do lábio. As lesões no palato, assoalho da boca e no lábio superior são incomuns. (EISEN, 2002). De acordo com Kovac-Kovacic e Skaleric (2000) o tipo reticular é a forma de apresentação mais comum, que em seu estudo teve 92,3% de prevalência entre os diversos tipos de LPO. De modo geral, o LPO pode se apresentar clinicamente de duas formas distintas: a reticular e a erosiva. A forma reticular ocorre com maior freqüência, sendo caracterizada por estriações brancas conhecidas como estrias de Wickham, geralmente cercadas por bordas discretamente eritematosas. Essa forma usualmente é assintomática. A forma erosiva tem por característica ser sintomática (dor e/ou ardor), se apresentando como áreas eritematosas frequentemente rodeadas por finas estrias (SOUSA e ROSA, 2008). Em algumas lesões, as características clínicas por si só podem ser suficientes para o diagnóstico do LPO, particularmente quando o padrão reticular está presente. A evidência relativa à necessidade da biópsia para confirmação histológica do diagnóstico já foi bastante questionada (VAN DER MEIJ e VAN DER WAAL, 2003). Todavia, por ser uma condição crônica, essa patologia exige tratamento e monitoramento por tempo prolongado, o que torna a biópsia uma prática clínica prudente, particularmente quando a doença não mostra suas características clínicas típicas, ou quando há dúvida com relação à existência de displasia ou malignidade (EISENBERG, 2000). De acordo com Epstein et al (2007) as lesões de LPO que apresentam endurecimento, componente vermelho, superfície não homogênea e ulceração são as mais indicadas para a realização de biópsia. Os pacientes com lesões vermelhas precisam ser examinados preferencialmente duas vezes por ano. Numerosos estudos vêm tentando esclarecer a patogênese do LPO. Neste sentido, especula-se que haja um ou mais antígenos expressos pelos ceratinócitos da camada basal do epitélio responsáveis pelo início da lesão do LPO. Também é possível que este evento 30 inicial no LPO possa variar de paciente para paciente, através de mecanismos específicos e não específicos. Todavia, após o evento inicial da lesão, tanto os mecanismos específicos quanto os não específicos permanecem induzindo a formação e conseqüente expansão da lesão. A susceptibilidade de um paciente em desenvolver LPO pode resultar de uma combinação de fatores, incluindo a expressão desregulada de antígeno pelos ceratinócitos do epitélio de mucosa oral, persistência das células de Langerhans orais maduras, circulação de células T auto reativas e atividade imunossupressora defeituosa combinada com o reconhecimento de algum antígeno próprio (SUGERMAN et al., 2002). Lodi et al (2005) afirmam que no LP, as células T CD8+ lesionais podem ser ativadas por um antígeno associado ao MHC de classe I nos ceratinócitos basais. Estes então são levados à apoptose, sendo a natureza deste antígeno ainda desconhecida. As células de Langerhans, ou ainda os ceratinócitos também apresentam um antígeno associado ao MHC de classe II para as células T CD4 auxiliares, que secretam IL-2 e INFγ. A combinação destes dois mecanismos pode ser responsável pela ativação dos linfócitos T CD8+ citotóxicos. A produção local de INF-γ pode manter a expressão do MHC classe II pelos ceratinócitos, contribuindo assim para o cronicidade do LPO. Além disto, o rompimento da membrana basal pode ainda ser mediado pelas proteases dos mastócitos diretamente ou indiretamente através da ativação da MMP-9, secretada pelas células T. De acordo com Scully e Carrozzo (2008) a forma crônica do LPO pode resultar da ativação do NF-κB e a inibição da via do TGF-beta/smad pode causar a hiperproliferação dos ceratinócitos, levado às lesões brancas. Os autores relatam que as células T são recrutadas e migram através do epitélio oral, também atraídas por moléculas de adesão celular (ICAM-1 e VICAM), pelo aumento na regulação das proteínas da MEC (matriz extracelular) da membrana basal do epitélio, incluindo colágeno IV e VII, laminina e integrinas e possivelmente pelas vias de sinalização CXCR3 e CCR5. Khan et al (2003) mostraram que as células inflamatórias mononucleares no LPO expressaram INF- γ superficialmente na lâmina própria e TNF-α adjacente aos ceratinócitos da camada basal, como uma faixa contínua. Houve uma expressão variada de TGF-β1 no infiltrado subepitelial enquanto que nenhuma célula mononuclear intraepitelial expressou essa proteína. Esses dados corroboram a hipótese de que as células T CD8+ citotóxicas no LPO secretam TNF-α, que por sua vez conduz os ceratinócitos à apoptose pela via TNF-R1, muito embora a participação da granzima não possa ser excluída. 31 Muitos estudos têm sugerido um papel central do INF-γ e TNF-α na patogênese do LPO. Um estudo sugeriu que a produção aumentada de INF-γ relacionada a polimorfismo genético pode ser um fator importante para o desenvolvimento de LPO. Constatou-se nesta pesquisa que a alta produção do INF-γ determinada geneticamente pode ser responsável pelas lesões orais crônicas, enquanto que a presença de alta produção de TNF-α, determinada da mesma forma, pode estar envolvida no início das lesões cutâneas (CARROZZO et al, 2004). Kalogerakou et al (2008) citam que as citocinas representam um foco no estudo da patogênese da autoimunidade. Em geral, as citocinas são classificadas em dois grupos: as do tipo 1 (IL-2, IL-12, INF-γ, TNF-α) que se encontram relacionadas com a imunidade mediada por células, e as do tipo 2 (IL-4, -5, -6, 10, -13) que promovem a imunidade humoral. Estes autores observaram uma redução no número de células produtoras de IL12 e INF-γ no sangue periférico de pacientes com LPO, indicando uma falha na resposta imune mediada por células nesses pacientes. O INF-γ é encontrado em altas concentrações nas células mononucleares do infiltrado inflamatório em lesões de LPO. Essas células secretam INF-γ, induzindo a expressão do MHC de classes I e II nos ceratinócitos e consequentemente viabilizando a interação direta entre as células T citotóxicas e as T auxiliares com os ceratinócitos (YOUNGNAK-PIBOONRATANAKIT et al, 2009). As moléculas CD40/CD40L são proteínas transmembrana, expressas por células com alto potencial de proliferação, incluído os ceratinócitos. Estas proteínas estão relacionadas com a indução ou inibição da apoptose em diferentes cânceres. Um estudo observou a perda de expressão de CD40/CD40L na região basal de áreas de LPO, sugerindo que os ceratinócitos basais podem escapar da indução de apoptose através desta via no LPO, comprovando que outros mecanismos de apoptose encontram-se mais envolvidos nessa patologia (NEPPELBERG et al, 2007). Neppelberg e Johannessen (2007) reportam que a E-caderina, uma proteína envolvida na adesão intercelular do epitélio escamoso estratificado encontra-se expressa na mucosa oral normal e sua manutenção tem sido relacionada com a prevenção da morte celular por apoptose em linhagens de células imortais. Observou-se perda focal de expressão da E-caderina no epitélio de mucosa oral no LPO, o que pode contribuir com a 32 redução da integridade estrutural da camada basal, permitindo o aumento da migração de células T para o epitélio no LPO. Mazzarella et al (2006) citam que as MMPs estão envolvidas no processo de degradação da membrana basal do epitélio no LPO que permite a migração dos linfócitos para dentro do epitélio. Foi então realizado um estudo para avaliar a expressão das MMPs em lesões de LPO. Constatou-se que os níveis da expressão dessas proteínas se encontram aumentados nas lesões erosivas quando relacionadas com as reticulares, podendo as MMP-1 e MMP-3 estarem associadas com o desenvolvimento da forma erosiva. Dessa forma, as diferentes formas clínicas do LPO estão associadas com diferenças entre os níveis das MMPs. Um estudo recente identificou a presença de angiogênese significativa nos pacientes com LPO através da expressão de VEGF, CD34, CD106 e CD54. Esses dados indicam que a angiogênese no líquen além de restabelecer a oxigenação tecidual, possui uma função importante na modificação dos elementos inflamatórios da área afetada, bem como na perpetuação da doença através da liberação de proteases que influenciam a infiltração celular e remodelação dos tecidos (SCARDINA et al, 2009). De acordo com Lehman et al (2009), o padrão histopatológico do LP nas superficies mucocutâneas é constituído pela presença de um infiltrado linfo-histiocítico em forma de banda na junção derme-epiderme, associado à degeneração hidrópica na camada basal. Pode-se observar disceratose representada pela presença de ceratinócitos necrosados (corpos de Civatte ou corpos citóides) os quais são expulsos para a derme papilar. Fendas subepiteliais (fendas de Max-Joseph) podem ser formadas como conseqüência da inflamação na interface epitélio-conjuntivo. Além da acantose irregular e hiperortoceratose, quando encontram-se áreas de hiperparaceratose pode-se suspeitar de erupção liquenóide por drogas. De acordo com estes autores acredita-se que as estrias de Wickham originam-se como resultado da hipergranulose. Beachkofsky et al (2009) descrevem os achados histopatológicos do LP hipertrófico com hiperortoceratose focal, projeções epiteliais em forma de dente de serra, alterações vacuolares na camada basal do epitélio e um infiltrado linfocítico em faixa. Para o LPO as características histopatológicas são: liquefação da camada basal, seguida por um infiltrado inflamatório linfocítico disposto em faixa imediatamente abaixo do epitélio, numerosos corpos eosinofílicos na interface epitélio-conjuntivo (corpos de 33 Civatte), projeções epiteliais ausentes, hiperplásicas ou em forma de dente de serra; espessura variável da camada espinhosa e variáveis graus de orto ou paraceratose (SOUSA e ROSA, 2008). Várias lesões que acometem a mucosa oral podem apresentar um infiltrado inflamatório em posição justaepitelial semelhante ao que acontece no LPO, como por exemplo, as hiperplasias fibrosas inflamatórias (HFIs), com a diferença de que no LPO o infiltrado é predominantemente linfocítico. As hiperplasias fibrosas inflamatórias, por sua vez são caracterizadas por uma hiperplasia do tecido conjuntivo fibroso, que geralmente encontram-se associadas ao uso de próteses mal adaptadas, observando-se graus variáveis de infiltrado inflamatório mononuclear, entretanto mais variável e que muitas vezes também pode se encontrar disposto em faixa subepitelial (NEVILLE et al, 2009). Zarei, Chamania e Amanpoorb (2007) afirmam que as HFIs são lesões semelhantes a tumor, porém não neoplásicas. Estas são originadas após a ocorrência de injúrias, que desencadeiam um processo crônico caracterizado pela formação de tecido de reparo em excesso no local afetado. As HFIs podem se apresentar na forma séssil ou pediculada, com superfície íntegra ou ulcerada. Sua cor varia entre rosa pálido, vermelho ou púrpura e sua consistência pode ser amolecida, flexível ou firme, dependendo da quantidade de fibras colágenas no local. Algumas lesões com maior vascularização podem apresentar sangramento. Estes autores realizaram um estudo para verificar as características clínicas de hiperplasias reacionais orais em um grupo de iranianos, no qual observaram a ocorrência de HFIs em indivíduos de 33 até 79 anos de idade, com média de 52 anos, relação homem-mulher igual a 1:1,37 e uma maior freqüência destas lesões na região anterior da mandíbula. Freitas et al (2008) avaliaram a prevalência de lesões na mucosa oral associadas com o uso de próteses totais. Eles citam que as lesões mucosas relacionadas às próteses totais se dividem em reações agudas e crônicas, podendo ser causadas pela adesão da placa bacteriana à base da dentadura, ou como conseqüência de uma injúria, má-adaptação e desenho inadequado da prótese. As reações agudas incluem úlceras traumáticas, reações alérgicas e infecção aguda, enquanto que as crônicas incluem estomatite por prótese, queilite angular e hiperplasia fibrosa inflamatória. Os autores encontraram que a HFI foi estatisticamente associada ao uso de prótese, estando ainda relacionada negativamente com a integridade física da mesma. Ademais, o risco de desenvolver esta lesão aumenta com a idade e é influenciado pela qualidade e higiene da prótese. 34 Além da HFI, várias outras lesões também podem ser similares ao LPO tanto clinicamente quanto histopatologicamente, sendo conhecidas como reações liquenóides. Essas reações abrangem várias condições: reações liquenóides por contato (que ocorrem por contato da mucosa com materiais restauradores); aquelas que ocorrem por influência de fármacos, como agentes hipoglicêmicos orais, inibidores da enzima angiotensinaconvertase e antiinflamatórios não-esteróides; reações liquenóides da doença do enxerto versus hospedeiro (AL-HASHIMI et al, 2007). Além disto, no diagnóstico diferencial do LPO, Ismail, Kumar e Zain (2007) ainda citam as leucoplasias, o lúpus eritematoso e a doença do enxerto versus hospedeiro. A eliminação de fatores que exacerbam o LPO sintomático é um passo inicial no seu tratamento. Em sua grande maioria, os fatores consistem em restaurações ásperas, próteses mal-adaptadas, comidas ácidas, picantes ou muito temperadas e bebidas alcoólicas. O esclarecimento do paciente e as ações no sentido de diminuir estes possíveis traumas mecânicos ou químicos podem levar à melhora no quadro sintomatológico (EISEN et al, 2005). Intervenções psico-sociais também são importantes, mormente o estresse emocional agudo e/ou ansiedade que têm sido relacionados com a patogênese do LPO (CHAUDHARY, 2004). Como ainda não existe tratamento definitivo para as lesões de LPO, as medicações têm sido usadas de forma paliativa, com a finalidade de aliviar os sintomas dolorosos e o tamanho das lesões, promovendo assim a saúde bucal do paciente. As drogas usadas podem ser de ação local ou sistêmica, e possuem como principais componentes ativos os corticosteróides como a Triancinolona, acetonida de fluocinolona e fluocinonida. Elixir de dexametasona e clobetasol são frequentemente utilizados em pacientes com envolvimento oral (ISMAIL, KUMAR e ZAIN, 2007). As lesões de LPO são tratadas de acordo com as suas características clínicas, recomendando-se um acompanhamento rigoroso do paciente, que pode necessitar de várias visitas ao profissional. Novas biópsias podem ser requeridas para o diagnóstico da lesão, tratamento ou controle dos sinais e sintomas. (EPSTEIN et al, 2007). Vários efeitos adversos têm sido relacionados aos tratamentos à base de esteróides, ainda que sejam a curto prazo, como insônia, alterações do humor, fadiga, retenção de líquidos, entre outros. Dessa forma, os corticosteróides sistêmicos devem ser usados apenas nas exacerbações agudas, em lesões múltiplas ou extensas, ou ainda em pacientes 35 que não respondem ao tratamento com medicações de uso tópico (THONGPRASOM e DHANUTHAI, 2008). Um estudo verificou o efeito da acetonida de fluocinolona de uso tópico em pacientes, por dois anos de tratamento, encontrando uma total remissão das lesões em 77,3% dos casos estudados, enquanto que aqueles que utilizaram a acetonida de fluocinolona a 0,1% em solução, mostraram 21,4% de remissão das lesões (THONGPRASOM et al, 2003). Youngnak-Piboonratanakit et al (2009) avaliaram a eficácia da acetonida de fluocinolona em orabase a 0,1% para o tratamento das lesões de LPO. Esses autores encontraram que após um mês de tratamento, as células inflamatórias mononucleares, incluindo as INF- γ positivas, sofreram uma diminuição em número nas lesões, mostrando que o INF- γ pode estar associado com a imunopatogênese do LPO. A discussão relativa ao potencial de transformação maligna de um LPO tem crescido desde o primeiro relato de caso de um carcinoma de células escamosas desenvolvido a partir desta lesão. Estudos recentes têm mostrado diferentes proporções de possibilidade de potencial maligno do LPO, em geral variando entre 0,04 e 1,74%. Considerando estes dados, muitos autores têm aceitado a idéia de que esta lesão possui potencial para transformação maligna. Todavia, outros propuseram o uso do termo “lesão liquenóide oral”, para lesões com características histopatológicas de líquen plano que exibem também displasia epitelial, diferenciando-as do LPO verdadeiro. Provavelmente, estas lesões possuem um considerável potencial de transformação maligna, o que as difere dos reais casos de LPO (ACAY et al, 2006). Ainda não existem evidências que apontem a quimio-prevenção ou a remoção cirúrgica das lesões displásicas como medidas preventivas contra a transformação maligna da lesão no decorrer do tempo (EPSTEIN et al, 2007). MacCartan e Healy (2008) citam que o líquen plano é considerado como uma lesão com significativo potencial para transformação maligna. Scully e Carrozzo (2008) citam ainda que este risco de transformação varia entre 0,4 e 5%, em pacientes com um período de observação de 0,5 a 20 anos. Todavia, ainda existem muitas controvérsias concernentes a este potencial, principalmente com relação à forma clínica que possui maior risco de sofrer malignização e quanto às terapias usadas para o tratamento do LPO. 36 Tizeira, Agua e Sano (2003) observaram em sua pesquisa que as formas clínicas de LPO que sofrem transformação maligna com mais freqüência são as formas de placa e erosiva. Estes autores acompanharam durante sete anos 719 pacientes com líquen plano oral e encontraram uma freqüência de transformação maligna correspondente a 6,51%. Bermejo-Fenoll et al (2009), em estudo com uma população de 550 pacientes diagnosticados com LPO, encontrou uma ocorrência de carcinoma epidermóide em 0,9% dos pacientes, em um período de acompanhamento de 24 ± 20,83 meses, sendo a língua o local de acometimento mais comum. 2.2 Células T regulatórias As células T regulatórias (Treg) são um subconjunto de células T que possuem a função de suprimir respostas imunes e, consequentemente, manter a autotolerância (YAN e LIU, 2009; FEUERER et al, 2009). Independente da linhagem, todos os linfócitos regulatórios identificados até o momento inibem a autoimunidade e induzem a autotolerância por dois mecanismos gerais. As células regulatórias podem exercer sua função supressiva em células T, B e dendríticas através de contato direto ou por secreção de citocinas, geralmente referida como inibição extrínseca à célula. A tolerância é também induzida por mecanismos intrínsecos à célula como deleção clonal de células auto-reativas, edição de receptores de células B ou T que reconhecem o “próprio”, e a iniciação de sinais de anergia ou apoptose na periferia após contato com antígenos próprios. Apesar das células Treg serem consideradas como os agentes supressores de maior importância, outros tipos celulares também exercem papéis cruciais na manutenção da homeostase imunológica, incluindo células CD8+, B e CD4+ (SKAGGS et al, 2008). Existem dois tipos de células Treg CD4+: as naturais (nTreg), produzidas no timo, e as induzidas (iTreg), produzidas na periferia por células T CD4+ sob indução antigênica. Ambas possuem o papel de manter a tolerância periférica através da supressão de respostas autoimunes potenciais e controlar as respostas às infecções (WORKMAN et al, 2009). Apesar das células nTreg constituírem apenas de 5 a 10% de todas as células T CD4+ periféricas, sua presença é vital para o indivíduo (SAKAGUCHI, 2005). 37 Pesquisas recentes têm estabelecido que a família de linfócitos T regulatórios/supressores consiste não apenas na população de células T CD4+, mas também inclui populações de células CD8+. Vários tipos de células Ts (T supressoras) CD8+ com fenótipos diversos parecem existir em seres humanos e em animais. Os modelos de supressão, podem incluir citotoxicidade à células marcadas, supressão mediada por contato célula-célula e secreção de citocinas antiinflamatótias (SUZUKI et al, 2008). As células Treg são geradas principalmente através do reconhecimento de antígenos próprios no timo, mas também podem se desenvolver nos órgãos linfóides periféricos. Sua produção e sobrevida dependem de citocinas como o fator de crescimento transformador- β (TGF- β) e IL-2, além da co-estimulação pela via B7-CD28, muito embora não esteja claro o que estes sinais fazem no desenvolvimento das células Treg. Da mesma forma, se desconhecem os fatores que determinam se a célula será efetora, de memória, ou ainda, regulatória (ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2008). Ainda de acordo com Abbas, Lichtman e Pillai (2008) apesar de estas células reconhecerem antígenos próprios e serem geradas pelo reconhecimento destes, sua especificidade e diversidade de receptores em indivíduos normais ainda não está definida. Uma das formas das células Treg controlarem respostas imunes é pela secreção de citocinas imunossupressoras. Muitos estudos mostram que a função das células Treg depende do TGF- β, que por sua vez tem a função de inibir as respostas imunes de linfócitos e macrófagos. Desse modo, as células T que produzem essas citocinas, podem bloquear a ativação e as funções efetoras de outras células T. As células Treg originadas no timo são conhecidas também como células Treg naturais, podendo ser reconhecidas pela expressão de CD4+CD25+FoxP3+ (VILA, ISAACS e ANDERSON, 2009). Estas células executam um papel crucial na prevenção da doença autoimune e na manutenção da tolerância periférica (SAKAGUSHI et al, 2008). As moléculas CD4+ são proteínas das células T que se ligam às moléculas do MHC classe II e traduzem os sinais pelo complexo TCR durante a ativação das células T, sendo conhecidas como co-receptores. Dessa forma, a principal função do CD4+ é transduzir sinais no momento de reconhecimento do antígeno além de reforçarem a ligação entre as células T e as APCs. Estas moléculas são glicoproteínas transmembrana, membros da superfamília das imunoglobulinas, sendo expressas como um monômero na superfície das 38 células T periféricas e dos timócitos, também sendo encontradas em fagócitos mononucleares e em algumas células dendríticas. Esta molécula tem ainda quatro domínios extracelulares, uma região transmembrana hidrofóbica e uma cauda citoplasmática altamente básica. A proteína CD4+ liga-se ao domínio β2 da molécula de MHC classe II através de dois domínios N-terminais. O maior número das células T CD4+ restritas à classe II do MHC são células que produzem citocinas, atuam como auxiliares e funcionam na defesa contra os microrganismos extracelulares ingeridos pelos macrófagos ou que esperam ser reconhecidos por anticorpos para serem removidos (ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2008). Um gene regulador da autoimunidade, conhecido como Aire, promove a expressão de antígenos próprios tecido-específicos através das células epiteliais medulares do timo (ANDERSON et al, 2002). A expressão desse gene é essencial para o estabelecimento da tolerância central através de alguns peptídeos próprios, levando à deleção os timócitos que são fortemente auto-reativos (KYEWSKI e KLEIN, 2006). Os sinais que influenciam o desenvolvimento das células nTreg em humanos ainda não estão totalmente esclarecidos, muito embora se conheça a influência exercida pelas moléculas co-estimuladoras e citocinas, afinidade antigênica e TCR. Em adição à força e afinidade peptídica do sinal do TCR, o contexto no interior do timo onde o antígeno é encontrado pode influenciar se o timócito vai ser selecionado, deletado ou se tranformar em células Treg (WORKMAN et al, 2009). As células nTreg reconhecem antígenos estranhos com a mesma freqüência que as células T convencionais, o que sugere uma participação dos peptídeos do timo na sua seleção, podendo ser estes diferentes daqueles que guiam a proliferação e função das células nTreg periféricas (PACHOLCZYK et al, 2007). Um estudo mostrou que o contexto ou nicho no qual as células T entram em contato com o antígeno é mais importante na determinação da deleção ou seleção das células do que a afinidade ao antígeno próprio (VAN SANTEN, BENOIST E MATHIS, 2004). Embora as células nTreg expressem CD25, um receptor de alta afinidade à IL-2, estas células são incapazes de produzir IL-2 (SU et al, 2004). Não existem marcadores de superfície celular que marquem apenas células Treg, muito embora existam algumas proteínas que são preferencialmente expressas nestas células, como o CD25 e o FoxP3. O 39 CD25 não é exclusivo das células Treg, as células T como um todo expressam CD25 quando ativadas pelo ligante do TCR (VIGNALI, COLLISON e WORKMAN, 2008). O CD28 (molécula co-estimuladora do linfócito T) parece suportar a sobrevivência das células nTreg promovendo a produção da IL-2 pelas células T convencionais além de manter a expressão do CD25 nas células nTreg (TANG et al, 2003; FONTENOT et al, 2005). Fontenot et al (2005) ainda relatam que a sinalização de IL-2 parece ser crítica, não somente para a sobrevivência das células nTreg, mas também para sua produção e função no timo e na periferia. A deficiência genética do CD25 em humanos resulta em manifestações clínicas similares às da IPEX (síndrome ligada a mutações no gene do FoxP3 que exibe desregulação imune, poliendocrinopatia e enteropatia ligadas ao cromossomo X) o que enfatiza a importância da IL-2 na função e manutenção das células nTreg (VELLA et al, 2005). Estudos em humanos e em ratos mostraram que a neutralização promovida pela anti-IL-2 induz à autoimunidade e reduz de forma significante o número das células nTreg no timo e na periferia (SAKAGUCHI, 2004; BAYER et al, 2005). O FoxP3 é um fator de transcrição, pertencente à família forkhead, essencial para o desenvolvimento e função da maioria das células Treg. A ocorrência de mutações em FoxP3 em murinos e no homem resulta na ausência de linfócitos Treg CD25+ e doença autoimune em múltiplos sistemas (ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2008). Banham et al (2006) afirmam que a expressão do FoxP3 é crítica para o desenvolvimento do fenótipo regulatório, o que não ocorre com o CD25. O FoxP3 tem sido considerado o marcador mais confiável para avaliação de células Treg (YAGI et al, 2004; KARUBE et al, 2004; SCHEREIBER, 2007, LIN et al, 2007; SOLOMON e MAGRO, 2008; WADA, 2009). Hori, Nomura e Sakaguchi (2003) afirmam em seu estudo que a expressão de FoxP3 é predominantemente restrita à população de células CD25+CD4+ tanto no timo quanto nos tecidos linfóides periféricos e que essa expressão é estável nas células Treg CD25+CD4+ independente do modo ou estado de ativação destas. Esses autores ainda verificaram que a expressão ectópica do FoxP3 foi suficiente para converter células T näive não-regulatórias em um fenótipo de células Treg capazes de suprimir a proliferação de outras células T, através da inibição da produção de IL-2. Fontenot, Gavin e Rudensky (2003) demonstraram em seu estudo que o FoxP3 é essencial para o desenvolvimento de células Treg CD25+CD4+ no timo, de forma que a 40 deficiência desta proteína resulta na ausência destas células. Eles ainda ressaltam que o FoxP3 é suficiente para ativar um mecanismo supressor das células T CD4+ nãoregulatórias periféricas. O FoxP3 possui um papel crucial na regulação da resposta imune pelas células T periféricas, prevenindo a autoimunidade e possibilitando a manutenção das células Treg (KHATTRI et al, 2003). Uma mutação no gene da FoxP3 é responsável pelo desenvolvimento da síndrome IPEX. Os portadores desta condição apresentam autoimunidade e imunodeficiência variável, com conseqüências fatais tanto em ratos quanto em humanos, demonstrando assim, a importância dessa proteína em humanos (GAMBINERI, TORGERSON e OCHS, 2003, VERCOULEN et al, 2009). Fontenot et al (2005) mostraram em seu estudo que as células FoxP3+ são encontradas somente na medula do timo, sugerindo que o desenvolvimento das células nTreg ocorre relativamente tarde no desenvolvimento deste órgão. Segundo Pacholczyk et al (2007) e Liston et al (2008) muito embora o FoxP3 não seja detectado no córtex do timo, alguns estudos sugerem que a seleção da linhagem das células nTreg pode ocorrer neste local, em um estágio inicial do desenvolvimento do órgão. Outro estudo relatou que entre a população de células T CD4+ no timo, existem células CD25high que representam as precursoras imediatas das células nTreg, as quais encontram-se prontas para expressar FoxP3 após estimulação com IL-2 ou IL-15. Este dado sugere que em adição ao TCR, estas interleucinas exibem um papel essencial no desenvolvimento das células nTreg (LIO e HSIEH, 2008). Outra molécula que desempenha papel importante no desenvolvimento das células nTreg é o TGF-β, cuja sinalização constante é necessária para manter a expressão e função supressora do FoxP3 nessas células, além de manutenção e homeostase da células nTreg periférica (MARIE et al, 2005). A sinalização de TGF-β nas nTreg periféricas é essencial para a supressão de vários tipos celulares, como células Th1, células T CD8+ citotóxicas e células NK (MARIE, LIGGITT e RUDENSKY, 2006). Estudo recente indica que o FoxP3 exerce um papel essencial na manutenção periférica da estabilidade fenotípica da células nTreg, incluindo anergia e dependência à IL-2. As citocinas inibitórias IL-10, TGF- β e IL-35, expressas pelas células nTreg, são consideradas um dos principais mecanismos de supressão utilizados por estas. Todavia, o conceito de um fator solúvel mediando a supressão pelas células Treg permanece 41 controverso, considerando a hipótese anteriormente existente de que o contato célulacélula era requerido para mediar a supressão. Todavia, existe uma lista crescente de estudos in vivo que descrevem a importância do IL-10, TGF-β e IL-35 na supressão de várias respostas imunes (WORKMAN et al, 2009). A citólise promovida pelas células Treg é mediada pela granzima A em humanos e granzima B em ratos. Enquanto a dependência da perforina permanece em questão, modelos de células Treg parecem capazes de eliminar células marcadas através de um mecanismo granzima-dependente (GONDEK et al, 2005; CAO et al, 2007). Existem vários estudos que buscam definir os mecanismos de supressão exercidos pelas células Treg, mostrando que estas células não exercem um mecanismo simples de supressão, mas possuem um arsenal de mecanismos reguladores. Esses podem ser classificados em alguns tipos básicos: citocinas inibitórias, citólise, rompimento metabólico e modulação da função das APCs (WORKMAN et al, 2009) Concernente às doenças autoimunes, Vila, Isaacs e Anderson (2009) afirmam que estas surgem de uma falha na tolerância imunológica periférica, levando à respostas imunes anormais contra antígenos próprios. As células Treg, incluindo as naturais que se originam no timo e as induzidas, geradas de novo na periferia, são responsáveis pelo controle destas células auto-reativas. As células Th17 caracterizam-se pela produção de IL-17, aparentemente estando associadas à patogênese da doença autoimune, regulações imunes e defesa do hospedeiro. As células Th17 foram caracterizadas como uma nova linhagem das células T CD4+, especulando-se que as células Th17 e as células Treg são reguladas reciprocamente (CHEN et al, 2007). Sugyiama et al (2005) afirmam que o equilíbrio entre as funções regulatórias e efetoras são importantes na manutenção de respostas imunes eficientes e na prevenção da autoimunidade. Estes autores observaram em seu estudo que uma subpopulação de células Treg caracterizada como CD4+CD25highCTLA4+FoxP3high era deficiente em sua atividade supressora no sangue periférico de pacientes com psoríase, uma doença dermatológica autoimune relativamente comum. Essa deficiência foi demonstrada através da proliferação acelerada de células T CD4+ reativas, da qual a maioria expressou CXCR3. As células Treg foram também isoladas de fragmentos de pele afetada pela psoríase, revelando uma deficiência na sua função supressora contra as células T efetoras. Dessa forma, os autores 42 afirmam que a falha na atividade supressora das células Treg tanto no sangue quanto nos tecidos lesionados, pode conduzir a uma hiperproliferação de células T patogênicas na psoríase. Gao et al (2009) avaliaram em uma população chinesa a associação entre polimorfismos no gene do FoxP3 e a susceptibilidade à psoríase. Os autores encontraram relação de alguns polimorfismos com um risco aumentado de desenvolver essa doença enquanto outros foram relacionados com a sua severidade, acentuando assim a relação entre os polimorfismos no gene do FoxP3 e a psoríase. Flores-Borja et al (2008) em pesquisa avaliando a função e expressão de células Treg CTLA-4+ em pacientes com artrite reumatóide, verificaram que as células Treg isoladas destes pacientes são incapazes de suprimir a produção de citocinas pelas células T convencionais. Constataram-se anormalidades na expressão e função das células Treg, ligadas ao CTLA-4, uma molécula relacionada com a sinalização das células Treg, o que pode ocasionar falhas nessas células em pacientes com artrite reumatóide. Recente trabalho comparou a proporção de células T CD4+CD25high e as T CD4+FoxP3+ em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico ativo e inativo e comparou com um grupo controle formado por indivíduos saudáveis. Para isso, foi coletado sangue dos pacientes e a proporção foi encontrada através de citometria de fluxo. Os resultados mostraram que o aumento da atividade da doença estava associado com a diminuição nas proporções de células T CD4+CD25high e aumento das T CD4+FoxP3+, sugerindo que a expressão do FoxP3 nas células T CD4+ dos pacientes doentes estava dissociada da expressão do fenótipo CD4+CD25high. Observou-se ainda uma correlação significativa entre a atividade clínica da doença e as proporções das células T CD4+FoxP3+. Desse modo, a expressão do FoxP3 nas células T CD4+ dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico reflete a ativação destas células frente à atividade da doença, não indicando necessariamente uma capacidade funcional das células Treg (BONELLI et al, 2008). Solomon e Magro (2008) avaliaram o papel das células Treg FoxP3+ em vários infiltrados reacionais, discrasias pré-linfomatosas de células T e linfomas de células T em pele. Os autores afirmam que as células FoxP3+ raramente excedem 30% da população celular no infiltrado inflamatório de condições reacionais. Observou-se também um número maior dessas células nos infiltrados linfocíticos reacionais, um valor intermediário nas discrasias endógenas pré-linfomatosas de células T e uma menor quantidade nos 43 linfomas de células T. A expressão do FoxP3 mostrou-se reduzida quando não ausente nos casos de dermatomiosite e de lúpus eritematoso, indicando defeitos qualitativos e quantitativos na função das células T, o que contribui para o excesso e desregulação de células T e B auto-reativas nestas doenças autoimunes. A baixa expressão do FoxP3 nas lesões de pele da dermatomiosite e do lúpus eritematoso, bem como da doença do enxertoversus-hospedeiro poderiam facilitar a persistência e propagação das células T autoreativas. Wang et al (2009) em seu estudo que verificou a expressão do mRNA do FoxP3 na urina de pacientes com nefrite associada ao lúpus, observaram que a quantidade do mRNA desta proteína foi maior em pacientes com lúpus ativo quando comparado àquele latente. Ainda verificou-se que os pacientes com nefrite proliferativa exibiram um nível maior de expressão de mRNA do FoxP3 na urina que aqueles com nefrite não proliferativa e que o FoxP3 urinário foi relacionado de forma significativa com a atividade sistêmica e histológica da doença. Estes autores acrescentam que o mRNA do FoxP3 encontrado seria originário das células T infiltradas no rim. Em estudo recente em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, Yang et al (2009) avaliaram a atividade das células Treg e das Th17 nessa patologia. Os autores observaram que esta condição pode estar relacionada ao aumento na população de células Th17, que sugere um ambiente de citocinas distinto que se encontra ativo no lúpus. Estes autores encontraram ainda uma diminuição da população das células nTreg, indicando que as citocinas produzidas pelo sistema imune dos pacientes com a doença ativa suprime a geração deste subconjunto celular. Yan e Liu (2009) citam que existe uma grande quantidade de células CD4+CD25FoxP3+ presentes no sangue periférico de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Eles sugerem que essa quantidade de células CD4+CD25-FoxP3+ aumentada pode constituir um reservatório periférico da população de células Treg CD4+CD25+FoxP3+. Sob reativação da doença autoimune, as células CD4+CD25-FoxP3+ poderiam ser recrutadas para expandir a coleção de células Treg com o ganho de CD25, no esforço de reverter um desequilíbrio na expansão de células T e B auto-reativas no lúpus. Estudo recente buscou elucidar o papel das células Treg FoxP3+ na aterosclerose, considerando que estas foram descritas como agentes protetores nessa patologia. Dessa forma, murinos foram vacinados contra FoxP3 o que ocasionou redução das células Treg 44 FoxP3+ em vários órgãos e um aumento na formação da lesão aterosclerótica. Os dados exibem o importante papel destas células Treg na aterosclerose, denotando a função protetora destas células (VAN ES et al, 2009). Ito et al (2009) avaliaram a quantidade e qualidade de células T FoxP3+ na circulação de pacientes com dermatite atópica comparando com um grupo controle através de citometria de fluxo. A freqüência de células FoxP3+CD25+ entre a população de células CD4+ nos indivíduos com essa doença foi significativamente maior que aquela do grupo controle, exibindo ainda uma diminuição na quantidade conforme as lesões regrediam. Os autores sugerem que a flutuação dinâmica nos números das células Treg FoxP3+ pode contribuir com a patogênese da dermatite atópica, acrescentando que estas células podem ser expandidas em resposta à inflamação alérgica sistêmica ou local. Radstake et al (2009) investigaram o papel das células Treg na esclerose sistêmica. Para tanto, as células CD3+ foram isoladas e subsequentemente estudadas através de citometria de fluxo para a expressão de CD4, CD8, CD25, FoxP3, CD127, CD62L, GITR e CD69. A função supressora destas foi correlacionada com a expressão do CD69 e a secreção/expressão do TGFβ. As células T CD4+CD25+ e CD25highFoxP3highCD127neg foram altamente expressas em todos os casos de esclerose sistêmica quando comparados com o grupo controle. Já a expressão do CD62L e do CD69 foi baixa nesses indivíduos, sendo relacionadas com uma função supressora diminuída. A co-incubação de células Treg de indivíduos saudáveis com o plasma de pacientes com esclerose sistêmica anulou completamente qualquer atividade supressora. Os resultados indicam que fatores solúveis no plasma de pacientes com esclerose sistêmica inibem a função das células Treg, associados às alterações na expressão do CD69 e do TGFβ. Dessa forma, as células T regulatórias são um subconjunto de linfócitos T que exercem uma função central na tolerância imunológica e no término de respostas imunes. A atividade funcional das células T e das células Treg deve estar em condições equilibradas para possibilitar respostas imunes adequadas. Consequentemente, anormalidades no número e na função das células Treg prejudicam o controle deste mecanismo de regulação imune e podem contribuir para a patogênese de certas doenças. A identificação dessas células em condições normais e inflamatórias pode contribuir para um melhor entendimento de patologias associadas (DE BOER et al, 2007a). 45 Investigou-se a expressão de FoxP3 e GITR na pele normal e em um painel de diferentes dermatoses inflamatórias: LP, psoríase, dermatite espongiótica e leishmaniose. Os resultados revelaram que o FoxP3 e o GITR estavam quase que exclusivamente presentes nas células T que expressaram tanto CD4 como CD25. Em geral, a freqüência das células FoxP3+ se mostraram similares na pele normal e no LP. Estas freqüências também não variaram entre os outros espécimes patológicos, o que pode ser resultado do processo inflamatório inerente a estas lesões, enquanto que na pele normal, uma grande variação na freqüência de células FoxP3+ foi encontrada entre os diferentes pacientes. Estes dados, no entanto, não indicam necessariamente que as células Treg não estão envolvidas na patogênese das doenças inflamatórias em pele (DE BOER et al, 2007a). Tao et al (2009) analisaram a correlação entre o número de células FoxP3+ e a atividade das lesões de LPO. Estes observaram que o FoxP3 está presente preferencialmente nas células que apresentam o fenótipo CD4+CD25+. Constataram um aumento no número de células Treg FoxP3+ e alta transcrição do próprio FoxP3+ nas lesões de LPO, além de uma baixa quantidade do número dessas células nas lesões eritematosas/erosivas em comparação com as reticulares. Esses dados indicam que as células Treg FoxP3+ estão envolvidas na patogênese do LPO e relacionadas com o subtipo clínico e com a atividade da doença. Embora estudos prévios que buscaram relacionar a densidade/quantidade do infiltrado inflamatório no LPO com as formas clínicas (reticular e erosiva) não mostrem relação entre as duas variáveis, estes sugerem haver uma relação entre a apresentação clínica da lesão e a qualidade do infiltrado inflamatório, o que justifica o interesse em identificar tipos celulares específicos neste infiltrado para então qualificá-lo (SEOANE et al, 2004; LÓPEZ-JORNET, 2009). As células Treg são importantes na supressão imunorregulatória da proliferação e função das células T. O número e/ou função anormal destas pode ocasionar doenças inflamatórias. As células Treg naturais desenvolvem-se no timo antes de sofrerem exposição ao antígeno, enquanto que as células Treg adaptativas são geradas nos tecidos linfóides periféricos através das células naïve CD4+FoxP3- antes de sofrerem exposição antigênica. A expressão do FoxP3 é considerada mais importante que o CD25 para o desenvolvimento do fenótipo regulatório. A expressão dessa proteína nas células T é considerada como padrão ouro para se definir as células Treg, que suprimem direta ou 46 indiretamente as células efetoras da inflamação alérgica, como os eosinófilos (TANTIBHAEDHYANGKUL, 2009). Piccirillo et al (2008) afirmam que a identificação de marcadores de alta especificidade e fidedignidade que discriminem as células Treg das efetoras, permitirá o desenvolvimento de reagentes apropriados para facilitar o monitoramento da freqüência e função destas células nas doenças, ou ainda, a verificação clínica da eficácia de novas terapias que modulem a função das células Treg in vivo. Novos marcadores também poderão auxiliar na diminuição ou aumento da supressão mediada pelas células Treg de forma seletiva no intuito de tratar ou prevenir várias desordens inflamatórias. Até o momento, na literatura pesquisada, só existe um artigo que avalia o papel das células Treg nas lesões de líquen plano oral (TAO et al, 2009). Desse modo, se fazem necessários estudos que elucidem melhor a etiopatogênese destas lesões, incluindo o papel exercido pelas células Treg, considerando que estas exercem uma função importante no controle das respostas imunes e que possuem um grande potencial terapêutico para o tratamento e possível cura destas doenças. Proposição 48 3 PROPOSIÇÃO Este trabalho analisou a expressão imunoistoquímica do FoxP3 no infiltrado inflamatório do líquen plano oral, objetivando identificar as células Treg FoxP3+ e posteriormente comparar com a expressão do mesmo marcador no infiltrado inflamatório das hiperplasias fibrosas inflamatórias. Além disto, avaliou comparativamente a imunoexpressão deste marcador entre as formas clínicas de líquen plano oral (reticular e erosiva). Através desta análise, buscou-se verificar se alterações no número de células Treg se relacionariam com a etiopatogenia do líquen plano oral e se exerceriam algum papel no desenvolvimento das suas duas formas clínicas distintas, pretendendo-se com isto um melhor entendimento da etiopatogênese desta doença, o que pode propiciar futuramente o aperfeiçoamento do tratamento dirigido a estas lesões. Material e Métodos 50 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Considerações éticas O presente estudo foi submetido à análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN e pelo Sistema Nacional de Ética na Pesquisa-SISNEP, tendo sido aprovado sob o parecer no. 253/2009 em reunião deste comitê em setembro de 2009. 4.2 Caracterização do estudo Este estudo foi caracterizado como uma pesquisa retrospectiva descritiva constituída pela observação, análise e registro da expressão imunoistoquímica do FoxP3 em líquen plano oral e hiperplasia fibrosa inflamatória. O objetivo consistiu em analisar comparativamente a imunoexpressão desta molécula entre o infiltrado inflamatório do LPO e da hiperplasia fibrosa inflamatória, bem como entre as duas formas clínicas de líquen plano oral (reticular e erosiva). 4.3 População Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram utilizados todos os casos de líquen plano oral e hiperplasia fibrosa inflamatória registrados, diagnosticados e arquivados no Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 4.4 Amostra A amostra foi intencional, uma vez que foram selecionados todos os casos diagnosticados como líquen plano oral e hiperplasia fibrosa inflamatória do arquivo supracitado, baseado na quantidade e qualidade do material disponível nos blocos de parafina existentes, onde os mesmos deveriam ser suficientes para a realização do estudo morfológico e imunoistoquímico. Foram selecionados 32 casos de líquen plano oral, divididos entre as formas reticular (17 casos) e erosiva (15 casos) e 10 casos de hiperplasia fibrosa inflamatória. Foram consideradas formas reticulares de LPO aquelas lesões descritas nas fichas clínicas dos 51 pacientes como assintomáticas, com linhas brancas entrelaçadas ou como pápulas e as erosivas como lesões eritematosas, ulceradas e sintomáticas (apresentando dor e/ou ardor), conforme Neville et al (2009). 4.5 Critérios de seleção da amostra 4.5.1 Critérios de inclusão • Foram incluídos os espécimes diagnosticados histopatologicamente como líquen plano oral que continham as informações clínicas disponíveis para caracterizá-los nas formas reticular ou erosiva e os espécimes de hiperplasia fibrosa inflamatória com intenso infiltrado inflamatório disposto em posição justaepitelial. • Foram incluídos os espécimes que tinham material suficiente nos blocos de parafina para o desenvolvimento da pesquisa. 4.5.2 Critérios de exclusão • Foram excluídos os espécimes que não satisfizeram os critérios de inclusão descritos anteriormente. 4.6 Estudo morfológico Dos espécimes de líquen plano oral e hiperplasia fibrosa inflamatória existentes nos Arquivos da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da UFRN selecionados para este estudo, foi realizada uma análise histomorfológica em microscopia de luz, nos aumentos de 40x, 100x e 400x, em cortes de 5 µm de espessura, dispostos em lâminas de vidro e corados pela técnica da hematoxilina e eosina, a fim de definir as características histopatológicas incluindo algumas características epiteliais, tais como ceratinização, atrofia, apoptose (com formação de corpos de Civatte), além de intensidade e localização do infiltrado inflamatório. A avaliação foi realizada por um único observador e para as lesões de LPO foi adotado o critério diagnóstico proposto pela OMS (1978) e 52 modificado por van der Meij e van der Waal (2003) associado aos dados clínicos presentes nos prontuários dos pacientes (Tabela 01). QUADRO 01. Critérios diagnósticos propostos pela OMS para LPO, modificados por van der Meij e van der Waal (2003). Critérios Histopatológicos Presença de uma zona em faixa, bem definida, de infiltração celular, confinada à porção superficial do tecido conjuntivo, consistindo principalmente de linfócitos Sinais de liquefação degenerativa na camada basal do epitélio Ausência de displasia epitelial 4.7 Estudo imunoistoquímico 4.7.1 Método imunoistoquímico Do material emblocado em parafina foram obtidos cortes de 3µm de espessura e estendidos em lâminas de vidro previamente limpas e preparadas com adesivo à base de Organosilano (3-aminopropyltriethoxi-silano, Sigma Chemical Co, St Louis, MO, USA). Aos cortes histológicos foi aplicado anticorpo dirigido contra a proteína FoxP3 cujas especificações encontram-se no Quadro 01. 53 QUADRO 02 – Especificidade, clone, recuperação antigênica, diluição e tempo de incubação dos anticorpos utilizados. Especificidade Clone Recuperação Diluição antigênica FoxP3* FoxP3 Tris-EDTA (H190) pH 9,0 Tempo de incubação 1:150 Overnight *Marca: Santa Cruz Biotechnology, Inc Para detecção da marcação imunoistoquímica foi aplicado o sistema Envision® (Dako Co., Carpinteria, CA, USA). Foram utilizados como controle positivo para o FoxP3 cortes de tecido tonsilar. O controle negativo foi feito substituindo-se o anticorpo primário por albumina de soro bovino a 1% (BSA – Bovine Serum Albumin) em solução tampão. A técnica utilizada foi realizada conforme os passos que se seguem: • Desparafinização: 2 banhos em xilol, ambos por 10 minutos à temperatura ambiente (TA); • Re-hidratação em cadeia descendente de etanóis: • álcool etílico absoluto I (5 minutos) TA; • álcool etílico absoluto II (5 minutos) TA; • álcool etílico absoluto III (5 minutos) TA; • álcool etílico absoluto IV (5 minutos) TA; • álcool etílico 95°GL (5 minutos) TA; • álcool etílico 80°GL (5 minutos) TA; • Remoção de pigmentos formólicos com hidróxido de amônia a 10% em etanol 95° por 10 minutos, à temperatura ambiente; • Lavagem em água corrente por 10 minutos; 54 • 2 passagens em água destilada por 5 minutos cada; • Recuperação dos sítios antigênicos (Quadro 1); • Lavagem em água corrente por 10 minutos e 2 passagens em água destilada por 5 minutos cada; • Duas incubações dos cortes, pelo período de 10 minutos cada, em solução de 0,3% de peróxido de hidrogênio em metanol para bloqueio da peroxidase endógena tecidual; • Lavagem em água corrente por 10 minutos e 2 passagens em água destilada por 5 minutos cada; • Duas passagens em solução tampão TRIS-HCl (tris-hidroximetil-aminometano, Sigma Chemical, St Louis, MO, USA) pH 7,4 por 5 minutos cada; • Incubação com o anticorpo primário (Quadro 1) diluído em solução BSA (albumina sérica bovina, BIOTEST S/A, São Paulo, Brasil) a 1% conservada em azida sódica a 0,1% em TRIS-HCl pH 7,4; • Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 por 5 minutos cada; • Incubação tampão TRIS-HCl, pH 7,4 (2 passagens – 5 minutos cada) • Incubação do anticorpo secundário + Envision® (Dako Co., Carpinteria, CA, USA); • Incubação do complexo avidina/biotina, diluído em TRIS gelado (A+B) • Lavagem em solução tampão TRIS-HCl, pH 7,4; • Imersão em TRIS-HCl pH 7,4, duas trocas de 5 minutos cada; • Aplicação do agente cromógeno diaminobenzidina 25 a 30 mg (3,3-diaminobenzidina, Sigma Chemical Co, St. Louis, MO, USA), diluída em 100 ml TRIS-HCl pH 7,4, acrescida de 1,2 ml de peróxido de hidrogênio 10 volumes durante 3 minutos na câmara escura; • Lavagem em água corrente por 10 minutos; • Passagens rápidas em água destilada (2 trocas); • Contracoloração com hematoxilina de Mayer por 10 minutos à temperatura ambiente; 55 • Lavagem em água corrente – 10 minutos; • Duas passagens em água destilada por 5 minutos cada; • Desidratação em cadeia ascendente de etanóis: • álcool etílico 80°GL (2 minutos) TA; • álcool etílico 95°GL (2 minutos) TA; • álcool etílico absoluto I (5 minutos) TA; • álcool etílico absoluto II (5 minutos) TA; • álcool etílico absoluto III (5 minutos) TA; • Diafanização em dois banhos de xilol: xilol 1 (2 minutos) e xilol 2 (2 minutos); • Montagem da lamínula em resina Permount ® (Fischer Scientific, Fair Lawn, NJ, USA). 4.7.2 Análise do perfil imunoistoquímico A expressão imunoistoquímica do FoxP3 foi analisada em microscópio óptico Nikon® considerando-se a localização da expressão imunoistoquímica em região nuclear e a quantidade de células marcadas. Tanto para o LPO quanto para a hiperplasia fibrosa inflamatória a avaliação foi realizada por um único observador, sendo os achados anotados em ficha previamente elaborada (Apêndice C) para posterior análise dos resultados obtidos. A localização da marcação, definida como a região onde as células marcadas pelo FoxP3 se encontraram, foi classificada em: justaepitelial ou intraepitelial. A quantidade foi avaliada contando-se as células marcadas em 10 campos consecutivos (com aumento de 400x) em cada espécime, para o tecido conjuntivo subjacente e para o epitélio. Para as células justaepiteliais e para as intraepiteliais foi feita uma média representando a quantidade de células marcadas em cada caso, conforme Loddenkemper et al (2009). Os dados de ambas as somas foram expressos em médias ± desvio-padrão, conforme Di Stefano et al (2009). Os dados encontrados foram descritos e tabulados objetivando a análise comparativa dos resultados obtidos. 56 4.8 Análise estatística Uma vez realizadas as análises imunoistoquímicas, os resultados obtidos foram organizados em um banco de dados informatizado com o auxílio do programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 17 e submetidos aos testes de Kolmogorov-Smirnov, o teste t de Student e o Exato de Fisher, para verificar diferenças estatisticamente significativas (nível de significância de 5%). Resultados 58 5 RESULTADOS 5.1 Caracterização da amostra A amostra deste estudo foi composta por 32 casos de líquen plano oral, divididos entre as formas clínicas reticular (17 casos) e erosiva (15 casos), além de 10 casos de hiperplasia fibrosa inflamatória (HFI). Todos os espécimes utilizados na amostra foram obtidos dos arquivos do Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 15 36% 10 24% LPO reticular LPO erosivo HFI 17 40% GRÁFICO 01. Distribuição da amostra quanto ao tipo de lesão. Natal/RN – 2010. 5.2 Análise morfológica Foram analisadas as características histopatológicas do LPO corados com hematoxilina e eosina (HE) onde verificou-se a presença de epitélio de revestimento do tipo pavimentoso estratificado. A lamina própria papilar e reticular foi composta por tecido conjuntivo fibroso de densidade variada. Em relação às características de ceratinização do epitélio, a maioria dos LPO erosivos foi paraceratinizada (n=11; 73,3%) enquanto a forma reticular se dividiu entre paraceratinizada (n=7; 41,1%) e ortoceratinizada (n=10; 58,9%). Os dados encontram-se descritos na Tabela 02. Quanto à presença ou não de hiperceratinização observou-se que a maioria dos LPO erosivos foi paraceratinizada/ortoceratinizada (n=11; 59 73,3%) e a grande parte dos LPO reticulares foi hiperparaceratinizada/hiperortoceratinizada (n=12; 70,6%), sendo esta relação estatisticamente significativa (P<0,05) (Tabela 03). TABELA 01. Distribuição dos casos quanto ao tipo de lesão em relação ao tipo de ceratinização. Natal/RN – 2010. Paraceratinizado Hiperparaceratinizado Ortoceratinizado Hiperortoceratinizado LPO erosivo 8 (72,7%) 3 (42,9%) 3 (60,0%) 1 (11,1%) LPO reticular 3 (27,3%) 4 (57,1%) 2 (40,0%) 8 (88,9%) 11 (100,0%) 7 (100,0%) 5 (100,0%) 9 (100,0%) Total TABELA 02. Distribuição dos casos quanto ao tipo de lesão em relação ao tipo de hiperceratinização. Natal/RN – 2010. Paraceratinizado/ Hiperparaceratinizado/ Ortoceratinizado Hiperortoceratinizado LPO erosivo 11 (68,8%) 4 (25,0%) LPO reticular 5 (31,3%) 12 (75,0%) 16 (100,0%) 16 (100,0%) Total Valor de P 0,032 Teste Exato de Fisher P<0,05 Com relação às características epiteliais verificou-se que 20 casos (62,5%) de LPO apresentaram predominância de atrofia (Figura 01). Apesar de não ter havido resultado estatisticamente significativo (P>0,05), verificou-se que a maioria dos casos de LPO erosivo (n=12; 80,0%) exibiu este padrão, por sua vez, os LPO reticulares se dividiram entre nove casos (52,9%) demonstrando hiperplasia e oito (47,1%) atrofia, conforme se observa na 60 Tabela 04. Ainda do total, 18 casos (56,3%) exibiram projeções epiteliais em forma de “dentes de serra”, a maior parte dos LPO erosivos não mostrou as projeções (n=9; 60,0%) e a maior parte dos reticulares (n=12; 70,6%) apresentou esse padrão. TABELA 03. Distribuição dos casos quanto ao tipo de lesão em relação às características epiteliais. Natal/RN – 2010 Hiperplasia Atrofia LPO erosivo 3 (25,0%) 12 (60,0%) LPO reticular 9 (75,0%) 8 (40,0%) 12 (100,0%) 20 (100,0%) Total Valor de P 0,076 Teste Exato de Fisher P>0,05 De acordo com a presença de exocitose nas lesões, a maioria dos casos de LPO (n=19; 59,4%) apresentou infiltrado inflamatório intraepitelial em quase toda a extensão do epitélio, onde sete (46,7%) foram LPO erosivos e 12 (70,6%) foram do tipo reticular. Verificou-se também a presença de corpos de Civatte na região justaepitelial dos espécimes, onde se observou que em oito casos (53,3%) das lesões erosivas houve a presença desta estrutura e ausência em sete (46,7%). Nos LPO reticulares, 13 (76,5%) exibiram corpos de Civatte e quatro (23,5%) não exibiram (Figura 02). Nos casos de LPO analisados, o tecido conjuntivo fibroso foi predominantemente frouxo, exibindo intenso infiltrado inflamatório predominantemente linfocítico, posicionado em forma de faixa contínua em região justaepitelial. Observou-se que dentre os espécimes de LPO erosivos, um caso (6,7%) apresentou a formação de centros germinativos na região mais superficial do tecido conjuntivo. Na forma reticular, três (17,7%) exibiram quantidade variável destas formações. A análise dos cortes histológicos de hiperplasia fibrosa inflamatória mostrou fragmentos de mucosa oral revestidos por epitélio pavimentoso estratificado com camada córnea de espessura variável, sendo ortoceratinizada ou paraceratinizada, com hiperplasia, 61 acantose e exocitose variável. O tecido conjuntivo fibroso subjacente foi predominantemente frouxo, exibindo intenso infiltrado inflamatório, predominantemente mononuclear, situado principalmente em região justaepitelial. 5.3 Análise do perfil imunoistoquímico A marcação imunoistoquímica para o FoxP3 em região nuclear foi analisada em microscopia de luz, a qual se revelou difusa quanto à sua distribuição, localizando-se nas células presentes no infiltrado inflamatório predominantemente linfocítico situado em região justaepitelial, bem como em algumas células inflamatórias intraepiteliais. Nos centros germinativos, verificou-se que poucas células imunomarcadas foram encontradas em seu interior e uma maior quantidade de marcação foi encontrada em sua periferia. Nestes casos de marcação positiva, a quantidade de células imunomarcadas ao redor das formações foi semelhante àquela encontrada nas demais áreas dos espécimes (Figura 03). Foram contadas as células justaepiteliais e intraepiteliais do infiltrado inflamatório imunomarcadas para o FoxP3 em 10 campos consecutivos, sendo obtida uma média para cada caso. Posteriormente, foi encontrada uma média ± desvio padrão de todos os casos de LPO reticular, erosivo e de hiperplasia fibrosa inflamatória. (Figuras 04 a 08). A distribuição Normal dos dados foi constatada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. De acordo com a contagem na região justaepitelial, o tipo reticular exibiu uma média de 1,5 ± 2,1 de células marcadas. O tipo erosivo exibiu uma média discretamente maior que o reticular, sendo esta de 1,7 ± 2,4. Os casos de hiperplasia fibrosa inflamatória, por sua vez, exibiram média sensivelmente menor que os dois tipos clínicos de LPO, correspondendo a 0,5 ± 0,4 (Tabela 05) (Gráfico 02). 62 TABELA 04. Quantidade, média ± desvio padrão e intervalo de confiança (95%) relativos à contagem de células justaepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. Espécime n (%) Média ± desvio padrão Intervalo de confiança (95%) Mínimo Máximo LPO reticular 17 (40,0) 1,5 ± 2,1 0,421 2,667 LPO erosivo 15 (36,0) 1,7 ± 2,4 0,304 3,182 HFI 10 (24,0) 0,5 ± 0,4 0,214 0,906 63 Como a distribuição dos dados foi Normal em todos os casos, inicialmente aplicou-se o teste t de Student para verificar a relação existente entre a imunomarcação para o FoxP3 entre os tipos do LPO e a HFI separadamente, onde não houve diferença estatisticamente significativa (P>0,05). Posteriormente, os dois tipos de LPO foram reunidos (1,6 ± 2,2) e analisados com a HFI (0,5 ± 0,4), revelando uma diferença estatística significativa (P<0,05). A mesma análise foi aplicada avaliando-se a quantidade de células marcadas pelo FoxP3 entre o LPO reticular e o erosivo. Este teste revelou não haver diferença estatisticamente significativa entre as formas clínicas de LPO (P>0,05). Estes dados são demonstrados na Tabela 06. TABELA 05. Valor de P e Intervalo de Confiança (95%) obtidos através do teste t de Student para a quantidade de células justaepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. Intervalo de confiança (95%) Valor de P Mínimo Máximo LPO reticular x HFI 0,162 - 0,4243 2,3918 LPO erosivo x HFI 0,105 - 0,2798 2,6455 LPO x HFI 0,019 0,1848 1,9686 LPO reticular x LPO erosivo 0,814 - 1,9192 1,5209 De acordo com a contagem das células imunomarcadas na região intraepitelial, o tipo reticular exibiu uma média de 0,9 ± 1,7 de células marcadas. O tipo erosivo exibiu uma média discretamente menor que o reticular, sendo esta de 0,4 ± 0,4. Os casos de hiperplasia fibrosa inflamatória, por sua vez, exibiram uma média situada entre os valores dos dois tipos de LPO, correspondendo a 0,6 ± 0,6 (Tabela 07) (Gráfico 03). 64 TABELA 06. Quantidade, média ± desvio padrão e intervalo de confiança (95%) relativos à contagem de células intraepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. Espécime n (%) Média ± desvio padrão Intervalo de confiança (95%) Mínimo Máximo LPO reticular 17 (40,0) 0,9 ± 1,7 0,034 1,941 LPO erosivo 15 (36,0) 0,4 ± 0,4 0,133 0,667 HFI 10 (24,0) 0,6 ± 0,6 0,163 1,137 65 Verificou-se ainda a relação existente entre a quantidade de células intraepiteliais marcadas pelo FoxP3 entre as formas clínicas de LPO e a HFI, separadamente, entre os dois tipos de LPO reunidos e analisados com a HFI e posteriormente entre o LPO reticular e o erosivo. Nenhum desses testes revelou diferença estatisticamente significativa (P>0,05). Estes dados são demonstrados na Tabela 08. TABELA 07. Valor de P e Intervalo de Confiança (95%) obtidos através do teste t de Student para a quantidade de células intraepiteliais imunomarcadas para o FoxP3. Natal/RN – 2010. Intervalo de confiança (95%) Valor de P Mínimo Máximo LPO reticular x HFI 0,576 - 0,8900 1,5650 LPO erosivo x HFI 0,294 - 0,7324 0,2324 LPO x HFI 0,889 - 0,8468 0,9734 LPO reticular x LPO erosivo 0,244 - 0,4228 1,5978 66 FIGURA 01 – Corte histológico de líquen plano oral corado em HE, exibindo atrofia epitelial (200x). FIGURA 02 – Corte histológico de líquen plano oral corado em HE, exibindo os Corpos de Civatte (setas) (400x). 67 FIGURA 03 – Imunoexpressão do Foxp3 em líquen plano oral, exibindo a formação de centro germinativo no infiltrado inflamatório justaepitelial (200x). 68 68 FIGURA 04 – Imunoexpressão do Foxp3 nas células Treg intraepiteliais (setas) em líquen plano oral reticular (400x). FIGURA 05 – Imunoexpressão do Foxp3 nas células Treg intraepiteliais e justaepiteliais (setas) em líquen plano oral erosivo (400x). 69 FIGURA 06 – Imunoexpressão do Foxp3 nas células Treg justaepiteliais (setas) em líquen plano oral reticular (400x). FIGURA 07 – Imunoexpressão do Foxp3 nas células Treg justaepiteliais (setas) em líquen plano oral erosivo (400x). 70 FIGURA 08 – Imunoexpressão do Foxp3 nas células Treg intraepiteliais e justaepiteliais (setas) em hiperplasia fibrosa inflamatória (400x). Discussão 72 6 DISCUSSÃO O líquen plano é uma condição inflamatória mucocutânea que em sua maioria afeta adultos de meia idade, com predominância entre as mulheres e que possui etiologia pouco esclarecida (ANURADHA et al, 2008; CARROZZO e THORPE, 2009). Sua prevalência é desconhecida, mas tem sido estimada em aproximadamente 1% da população (CARROZZO, 2008). As lesões em pele geralmente são autolimitadas e causam prurido, se caracterizando como pápulas violáceas, poligonais e de superfície plana (EISEN et al, 2005). A mucosa oral é afetada mais frequentemente na mucosa jugal, língua e gengiva. As lesões geralmente são bilaterais, simétricas e se dividem em dois tipos clínicos principais: reticulares e erosivos (ANURADHA et al, 2008). As lesões de LPO reticular apresentam-se como um rendilhado de linhas brancas entrelaçadas, podendo exibir pápulas e placas. Os pacientes com este tipo de lesão raramente se queixam de algum sintoma e geralmente se encontram desapercebidos da presença das alterações. As lesões erosivas por sua vez, podem causar vários níveis de desconforto, possuindo um número ou grau de ulceração bem variável, com tamanho e localização diversa como afirmado por Anuradha et al (2007); Karatsaidis et al (2007); Carrozzo e Thorpe (2009). Segundo Chainani-Wu et al (2001), Edwards e Kelsch (2002) e Huber (2004), a forma reticular é a mais freqüente do LPO em detrimento à forma erosiva. Nos dois tipos de LPO a região posterior da mucosa jugal é o local mais freqüente de acometimento, seguido pela língua, gengiva, mucosa labial e vermelhão do lábio. As lesões do palato, assoalho da boca e lábio superior são incomuns (XUE et al, 2005; ANURADHA et al, 2007; CARROZZO e THORPE, 2009; DO PRADO, MAROCCHIO e FELIPINI, 2009). O mecanismo de destruição da camada basal do epitélio, característico no LPO, encontra-se relacionado a um processo imunológico mediado por células T. As lesões de LPO exibem uma grande quantidade de células T auxiliares, células T citotóxicas e células de Langerhans. Estas células T auxiliares podem ser ativadas por um antígeno ainda desconhecido associado ao MHC de classe II, apresentado pelas células de Langerhans ou pelos ceratinócitos (LODI et al, 2005; ANURADHA et al, 2008; FARHI e DUPIN, 2010). Já as células T CD8 citotóxicas podem ser ativadas através da produção de citocinas pelas células T auxiliares ou por algum antígeno expresso pelos ceratinócitos 73 e associado ao MHC classe I, promovendo então a apoptose dos ceratinócitos (FARHI e DUPIN, 2010). Scully e Carrozzo (2008) afirmam que as células T migram através do epitélio oral atraídas pelas moléculas ICAM-1 e VICAM, responsáveis pela adesão celular, contribuindo também com este processo o aumento na regulação de proteínas da MEC. Segundo Farhi e Dupin (2010) o antígeno que ocasiona a resposta imune inflamatória no LPO ainda não foi identificado, podendo ser um antígeno próprio ou um antígeno exógeno. Alguns fatores supõem a intervenção de uma resposta autoimune nas lesões de LPO: cronicidade da doença, início na fase adulta, prevalência no sexo feminino, associação com outras doenças autoimunes, presença de células T auto-citotóxicas e efetividade de terapia imunossupressora. Lodi et al (2005) ainda citam que existe uma grande variedade de fatores que podem precipitar a reação imune que resulta nas lesões de LPO, se destacando as infecções virais, produtos bacterianos, traumas mecânicos, drogas sistêmicas e hipersensibilidade por contato. De acordo com Sousa et al (2009) as características histológicas principais do LPO são a presença de liquefação na camada basal do epitélio de revestimento, infiltrado linfocítico intenso em região subepitelial e padrão normal de ceratinização das células epiteliais. Os achados ocasionais seriam projeções interpapilares, hiperparaceratose, corpos de Civatte e o epitélio separado da lâmina própria. Já Lehman et al (2009) acrescentam como aspectos histológicos do LP mucocutâneo, as fendas subepiteliais de Max-Joseph, formadas como conseqüência da inflamação na interface epitélio-conjuntivo, acantose irregular e hiperortoceratose. Sousa e Rosa (2008) ainda citam que as projeções epiteliais podem estar ausentes, serem hiperplásicas ou em forma de dentes de serra. Este estudo observou que de acordo com as características histológicas, alguns casos foram paraceratinizados/hiperparaceratinizados (56,3%) e outros ortoceratinizados/hiperortoceratinizados (43,7%). López-Jornet e Camacho-Alonso (2008) também encontraram uma maior freqüência de lesões paraceratinizadas em comparação às ortoceratinizadas. Em seu estudo, estes autores buscaram determinar as diferenças clínicas e histopatológicas existentes entre os pacientes com LPO que possuíam restaurações de amálgama e aqueles que não possuíam restaurações. Esses autores encontraram uma freqüência de 86,0% para as lesões paraceratinizadas / hiperparaceratinizadas e 14,0% para as ortoceratinizadas / hiperortoceratinizadas nos dois grupos analisados. 74 Ainda verificou-se em nosso trabalho que a maioria dos LPO reticulares foram hiperceratinizados (12/70,6%) enquanto que a grande parte dos LPO erosivos exibiu ausência de hiperceratinização (11/73,3%). Sousa e Rosa (2008) e Neville et al (2009) afirmam que graus variáveis de ceratinização podem estar presentes na superfície do epitélio do LPO, dependendo da forma clínica analisada ser reticular ou erosiva. Com relação à presença de atrofia no epitélio de revestimento, nosso estudo mostrou um valor elevado desse padrão histológico (62,5% da amostra: 12/60,0% erosivos e 8/40,0% reticulares) em comparação com o encontrado no estudo de López-Jornet e Camacho-Alonso (2008). Estes autores analisaram as características clínicas e histológicas dos pacientes com LPO e verificaram uma freqüência de atrofia epitelial em apenas 14,5% dos casos, todavia a amostra deles era composta principalmente por lesões reticulares, com apenas 10,8% de lesões sendo erosivas. Os autores ainda citam que as lesões erosivas caracteristicamente apresentam um maior grau de atrofia epitelial em comparação com as do tipo reticular. Este fato pode explicar a baixa freqüência de atrofia encontrada no estudo de López-Jornet e Camacho-Alonso (2008), frente ao nosso. Neste sentido, ainda Brant, Vasconcelos e Rodrigues (2008) verificaram que o LPO erosivo apresentou um maior grau de atrofia epitelial que o LPO reticular e ambos os tipos apresentaram-se atróficos em relação à mucosa saudável utilizada como controle. Os autores ainda acrescentaram que a diminuição da espessura epitelial é característica do LPO, todavia observaram que este padrão variou de acordo com a forma clínica. Citam ainda que as diferenças clínicas entre as formas reticular e erosiva são provavelmente conseqüências das variações histológicas e biológicas, como variações na espessura epitelial e intensidade de apoptose. Conforme Xia et al (2006) a coloração avermelhada nas lesões de LPO erosivo é causada pela inflamação local e/ou atrofia epitelial. Dessa forma, segundo os autores, a atrofia observada nas lesões erosivas indica que esse aspecto clínico corresponde a um estágio mais ativo da doença, enquanto que o LPO reticular corresponde a uma fase mais quiescente. Dentre os casos de LPO analisados em nosso estudo, 65,6% apresentaram corpos de Civatte, freqüência maior que a encontrada por Brant, Vasconcelos e Rodrigues (2008) que foi de 38,5%. Eles verificaram que a apoptose foi mais intensa nas lesões de LPO que na mucosa oral normal, sugerindo que esse processo encontra-se envolvido na morte 75 celular observada nessa doença. Citam ainda que este evento ocorreu somente nas camadas basal e parabasal, que representam as regiões mais susceptíveis às agressões pelo infiltrado inflamatório subjacente. Os autores concluem afirmando que a apoptose possui um papel importante na patogênese das duas formas de LPO, sendo responsável pela diminuição da espessura do epitélio. De acordo com Abdel-Latif, Abuel-Ela e El-Shourbagy (2008) a quantidade de apoptose observada no LPO pode influenciar suas características clínicas, principalmente no que concerne à presença de ulceração em lesões com maior grau de apoptose. Estes autores estudaram a expressão da caspase-3, um marcador de alta especificidade para detecção de apoptose, no LP cutâneo e no LPO. Inicialmente verificaram que a caspase-3 foi expressa com mais freqüência nas camadas basal e suprabasal do LP quando comparada com a pele normal, indicando que a cascata de caspase encontra-se mais ativa na região proliferativa do LP. Posteriormente, observaram que a expressão desta molécula nas células epiteliais encontrava-se maior no LPO que no LP cutâneo, indicando uma maior freqüência de apoptose no LPO. Os autores ainda acrescentam que estes achados podem ter relação com uma alta expressão de moléculas citotóxicas ou presença de baixos níveis de fatores antiapoptóticos no LPO em comparação com o LP cutâneo. Todos os casos de LPO examinados exibiram um denso infiltrado inflamatório predominantemente linfocítico disposto em forma de faixa em região subepitelial. Diversos estudos citam como um dos principais achados histológicos do líquen plano a presença de um infiltrado inflamatório em banda composto por células T (HUBER, 2004; ANURADHA et al, 2008; BRANT, VASCONCELOS e RODRIGUES, 2008; YOUNGNAK-PIBOONRATANAKIT et al, 2009). Farhi e Dupin (2010) acrescentam que o LPO tipicamente exibe um infiltrado de células T CD8+ citotóxicas no epitélio adjacente aos ceratinócitos apoptóticos da camada basal e que sob este, na lâmina própria, se encontra um infiltrado de células T CD4+ auxiliares, caracterizando assim de uma forma geral, o infiltrado nas lesões de LPO. Redahan et al (2005) e Xiong et al (2009) citam que o LPO além de crônico apresenta uma predisposição a ser recalcitrante à terapia medicamentosa, especialmente em pacientes com lesões erosivas. Redahan et al (2005) adicionam que as lesões erosivas exibem exacerbações freqüentes e imprevisíveis e raramente apresentam remissões. Brant, Vasconcelos e Rodrigues (2008) afirmam que essa forma do LPO além de causar grande desconforto oral, corresponde a uma fase mais destrutiva da doença em comparação com o 76 tipo reticular. Para estes autores, o infiltrado inflamatório nessas lesões parece exercer um importante papel na injúria da mucosa. Seoane et al (2004) e López-Jornet (2009) em seus estudos que tentaram relacionar a densidade do infiltrado inflamatório no LPO com as suas formas clínicas erosiva e reticular, não observaram correlação entre os tipos clínicos de LPO e a densidade do infiltrado inflamatório como um todo, sugerindo a existência de uma relação entre a apresentação clínica da lesão e aspectos qualitativos do infiltrado inflamatório. Dessa forma, a maior atividade das lesões e sua evolução para uma forma atrófica-erosiva não depende fundamentalmente da quantidade do infiltrado inflamatório subepitelial e sim da qualidade deste infiltrado, segundo estes autores. Já Charazinska-Carewicz et al (2008) avaliaram a imunidade celular e humoral em pacientes com os tipos reticular e atrófico/erosivo de LPO através de coleta de sangue e posterior citometria de fluxo. Nos pacientes com lesões atróficas/erosivas a freqüência de células T citotóxicas/supressoras e sua subpopulação de células T näive foi menor do que aquela observada nos indivíduos com LPO reticular. Os autores acrescentam que esta menor quantidade de células T citotóxicas/supressoras pode ser causada pelo excesso de estimulação antigênica ou ainda por distúrbios na função supressora, sendo esta última uma característica típica de doenças autoimunes. Dessa forma, os autores afirmaram que através da análise do infiltrado inflamatório destas lesões, pode-se sugerir que o LP apresenta uma patogênese autoimune. Um subconjunto de células T, conhecidas como células T regulatórias possui a função de controlar respostas imunes e manter a autotolerância (YAN e LIU, 2009; FEUERER et al, 2009). Estudos verificaram que as células Treg são encontradas no infiltrado inflamatório de diversas lesões (KARUBE et al, 2004; CHEN et al, 2008; RAO et al, 2009, XIE et al, 2009; WADA et al, 2009; YANG et al, 2009). O objetivo do nosso estudo foi comparar a quantidade de células Treg no infiltrado inflamatório entre o LPO e a HFI e posteriormente verificar se havia diferença entre as formas clínicas (reticular e erosiva) de LPO. No nosso estudo, a HFI foi escolhida para ser comparada com o LPO porque apesar de esporadicamente apresentar um intenso infiltrado inflamatório justaepitelial semelhante ao LPO, as duas lesões apresentam etiopatogenia distinta: o LPO é uma doença imunologicamente mediada, enquanto as HFIs são lesões normalmente ocasionadas por traumas mecânicos freqüentes e de baixa intensidade. Ainda Tao et al (2009) afirmam que as células Treg podem estar envolvidas na patogênese do LPO. 77 As células Treg são uma subpopulação de células T responsáveis pela autotolerância imunológica, pela deleção clonal e anergia, suprimindo de forma efetiva a ativação e expansão de células T auto-reativas (AZAB et al, 2008). Estas células têm sido estudadas em diferentes doenças das mais variadas etiologias, como: dermatite atópica (ITO et al, 2009); doença do enxerto versus hospedeiro (WANG et al, 2009); linfoma de células T (MARZANO et al, 2009); linfoma de células B (GRILLE et al, 2009); miastenia grave (MU et al, 2009); aterosclerose (VAN ES et al, 2009); esclerose múltipla (VANDENBARK et al, 2009); lúpus eritematoso sistêmico (FERREIRA et al, 2009); artrite reumatóide (RAGHAVAN et al, 2008) e líquen plano cutâneo (DE BOER et al, 2007a). Existem dois tipos de células Treg CD4+: as naturais (nTreg), produzidas no timo e as induzidas (iTreg), produzidas na periferia por células T CD4+ sob indução antigênica. Ambas possuem o papel de manter a tolerância periférica através da supressão de respostas autoimunes potenciais e controlar as respostas às infecções (BLUESTONE e ABBAS, 2003; PICCIRILLO, 2008; WORKMAN et al, 2009). De acordo com Vocanson et al (2009), vários subtipos de células T CD4+ apresentam atividades regulatórias, como as Tr1, Th3, Th2, NKT e as CD4+CD25+FoxP3+. Hori, Nomura e Sakaguchi (2003), Khattri et al (2003), de Boer et al (2007a) e Wada et al (2009) citam que o FoxP3 é o marcador mais confiável para identificação de tal subtipo celular. Zheng e Rudensky (2007) declaram que o gene do FoxP3 foi descoberto durante esforços para se entender as bases genéticas de uma doença autoimune ligada ao X, que é fatal em humanos e conhecida pela sigla IPEX. De acordo com Wing e Sakaguchi (2010), a função do FoxP3 não é determinar o fenótipo celular dos timócitos em desenvolvimento para gerar células Treg, de outro modo, o FoxP3 tem o papel de estabilizar a função das células Treg uma vez que o seu fenótipo esteja determinado. As células Treg possuem diversos mecanismos de supressão: bloqueio da função de células B e T auto-reativas através de contato direto célula-célula e secreção de múltiplas citocinas; ligação à membrana e secreção de TGFβ, IL-10 e IL-35; indução de moléculas citolíticas como o Fas, as granzimas e a perforina nas células efetoras; e alta regulação do AMP cíclico nas células alvo através da liberação deste pelas células Treg ou ainda pelo aumento de adenosina no espaço extracelular através da expressão do CD39 e CD73 também pelas células Treg (SOJKA, HUANG e FOWELL, 2008; SKAGGS, SINGH e HAHN, 2008; WORKMAN et al, 2009) 78 O presente estudo verificou que dos 32 casos de LPO analisados (17/53,1% reticulares e 15/46,9% erosivos), todos apresentaram marcação positiva para o FoxP3, muito embora em diferentes quantidades. Para fins comparativos, os dois tipos de LPO foram reunidos e confrontados com a HFI, revelando uma diferença estatisticamente significativa entre as quantidades de células Treg FoxP3+ encontradas sendo as mesmas mais freqüentes no LPO. De acordo com Canger, Celenk e Kayipmaz (2009) as HFIs se caracterizam pela presença de tecido conjuntivo fibroso hiperplásico podendo apresentar inflamação e ulceração severas. Esta inflamação pode apresentar uma celularidade variável e o infiltrado inflamatório pode ocasionalmente se encontrar disposto em faixa subepitelial (NEVILLE et al, 2009). Através dos resultados encontrados sugere-se que os casos de HFI apresentaram uma menor quantidade de células Treg FoxP3+ talvez devido à sua etiologia ser associada a fatores traumáticos e/ou infecciosos, o que produz um infiltrado inflamatório distinto daquele observado no LPO, podendo suscitar a expressão de várias moléculas de adesão, além de citocinas diferentes daquelas geradas numa doença imunologicamente mediada, como ocorre no LPO. Em relação a este fato, Farahani, Navabazam e Ashkevari (2010) afirmam que os mastócitos são células da imunidade que possuem a propriedade de interagir com os fibroblastos e contribuir com a síntese de colágeno em várias doenças e condições patológicas, inclusive na HFI. Em seu estudo, estes autores compararam a quantidade de mastócitos nas lesões reativas orais de tecido mole (fibroma de irritação, HFI, granuloma periférico de células gigantes e fibroma ossificante periférico), além de avaliar a correlação entre o número destas células e o grau de inflamação. A quantidade de mastócitos foi maior nas lesões estudadas que no tecido gengival normal. Ainda segundo estes autores, os mastócitos podem afetar o comportamento funcional dos fibroblastos e conseqüentemente o processo de fibrose, através da liberação de mediadores como histamina, proteoglicanos, enzimas proteolíticas e citocinas fibrogênicas (fator transformador de plaquetas, TNFα, fator de crescimento fibroblástico). A síntese crônica e liberação do TNF por estas células podem manter a migração leucocitária e promover a cronicidade das lesões inflamatórias. Os mastócitos ainda produzem triptase e quimase que causam a decomposição da matriz fibrosa e das proteínas estruturais da membrana basal, facilitando a infiltração leucocitária nos tecidos durante o 79 desenvolvimento da inflamação (FARAHANI, NAVABAZAM e ASHKEVARI, 2010). Segundo os autores, estes achados sugerem que estas células exercem alguma função na síntese de colágeno e conseqüentemente na variação das características microscópicas das lesões estudadas, podendo colaborar com o entendimento dos nossos resultados no que concerne à presença do infiltrado inflamatório nas lesões de HFI e com a diferença na freqüência de células Treg encontrada nestas lesões. Dessa forma, existe uma grande diferença entre a patogenia do LPO a da HFI, onde o primeiro apresenta a expressão de um ou mais antígenos de natureza incerta que iniciam e perpetuam a resposta inflamatória. Lodi et al (2005) afirmam que este antígeno ainda desconhecido quando apresentado às células T CD4 auxiliares e às células T CD8 citotóxicas ocasiona uma série de eventos imunológicos. Entre estes eventos destacam-se a produção de citocinas pró-inflamatórias como o INFγ e o TNFα, o recrutamento e migração de células T através do epitélio, expressão de moléculas de adesão celular como as VICAM e ICAM-1, aumento na regulação de proteínas da MEC como o colágeno IV e VII, laminina e integrinas, secreção de citocinas pelos ceratinócitos como IL-1, IL-8 e IL12, que também são quimiotáticas para linfócitos (SCULLY e CARROZZO, 2008). Estes fatos culminam com a manutenção do processo inflamatório que tornam o LPO uma doença crônica imunologicamente mediada. Vários fatores estão implicados na proliferação e recrutamento das células Treg. Wing e Sakaguchi (2010) afirmam que as células Treg são recrutadas ao local de inflamação e então são ativadas, sendo responsáveis por suprimir células T auto-reativas e consequentemente prevenir a autoimunidade. Já Kubo et al (2004) citam que as IL-6, IL-1 e IL-2 podem induzir um aumento significativo na proliferação das células Treg. Os autores ainda afirmam que em circunstâncias nas quais a supressão pelas células Treg encontra-se inibida, tipicamente nas respostas associadas com maturação e ativação das células dendríticas (DC) pela via de receptores Toll-like (TLR), as células Treg são induzidas a proliferar em paralelo com as células T CD4 näive, sofrendo então expansão clonal e diferenciação em células efetoras. Estes fatores talvez possam explicar a maior quantidade destas células encontradas nas lesões de LPO em comparação com as HFIs, já que estas primeiras possuem mecanismos imunológicos que envolvem indução antigênica permanente com conseqüente perpetuação da lesão. Nosso estudo encontrou que a quantidade de células inflamatórias justaepiteliais imunomarcadas para o FoxP3 nas lesões erosivas foi sensivelmente maior que nas lesões 80 reticulares, muito embora este resultado não tenha sido significativo estatisticamente. Nossos achados divergem dos encontrados por Tao et al (2009), que em pesquisa semelhante encontraram marcação positiva para FoxP3 em 86,9% da amostra utilizada, verificando uma maior quantidade de células Treg FoxP3+ nas lesões reticulares (n = 7, 63,6 ± 23,2) que naquelas erosivas (n = 13, 28,8 ± 16,8). Os autores acrescentam que mais estudos precisam ser feitos com relação aos mecanismos de recrutamento das células Treg, os quais poderiam ajudar a entender a diferença na quantidade de células Treg FoxP3+ entre as formas de LPO erosiva e reticular. Citam ainda que a densidade das células FoxP3+ nas lesões foi negativamente correlacionada com a atividade da doença. Em contrapartida, outros estudos realizados com doenças distintas, algumas delas autoimunes, têm verificado o contrário, onde quanto maior a atividade da doença, maior o número de células Treg encontrado (DE BOER et al, 2007b; LIN et al, 2007). Estes achados poderiam estar relacionados aos nossos, uma vez que no LPO do tipo erosivo há uma maior atividade da doença quando comparado com o reticular, o que poderia suscitar um maior número de células Treg para controlar a resposta imune exacerbada. Neste sentido, de Boer et al (2007b) investigaram a freqüência de células Treg naturais nos diferentes estágios de desenvolvimento das lesões de aterosclerose em humanos, através da imunomarcação com FoxP3 e GITR. Fragmentos de artérias normais, lesões recentes, placas fibroescleróticas e placas de alto risco foram utilizadas e os valores encontrados foram comparados com a contagem das células Treg em biópsias de tecido normal e de lesões inflamatórias da pele (psoríase, dermatite espongiótica e líquen plano). Nos fragmentos de vasos normais as células T estavam virtualmente ausentes e as lesões de alto risco exibiram um aumento significativo de células Treg em comparação com as lesões estáveis. Os valores médios das células FoxP3+ nas lesões ateroscleróticas foram consideravelmente menores que nas lesões inflamatórias de pele. A baixa quantidade de células Treg no tecido lesional da aterosclerose revela implicações clínicas e biológicas, já que as células T e sua ativação são de grande importância no desenvolvimento da lesão de aterosclerose e no início da síndrome coronária aguda, além disso, a presença das células Treg parece ser capaz de diminuir o volume da placa in vivo. Dessa forma, entendemos que alterações nas freqüências das células Treg, neste caso a diminuição, podem tornar o tecido mais susceptível para o desenvolvimento de doenças com envolvimento imunológico, como ocorreu com a aterosclerose. 81 Lin et al (2007) também correlacionaram positivamente a freqüência das células + CD4 FoxP3+ com a atividade da doença em pacientes com lúpus. Estes autores avaliaram a quantidade de células FoxP3+ no sangue periférico de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, observando sua freqüência absoluta e a sua freqüência entre as células T CD4+. Os pacientes com lúpus exibiram uma freqüência maior de células FoxP3+ que o grupo controle e a quantidade de células CD4+FoxP3+ estava associada à maior atividade da doença. Estes achados mostraram que a freqüência de células Treg FoxP3+ encontra-se alteradas nos indivíduos com lúpus ativo, sugerindo que a maior quantidade destas células pode indicar uma maior fase de atividade da doença. Em conformidade com os estudos citados, Charazinska-Carewicz et al (2008) afirmam que o desequilíbrio numérico entre as subpopulações de linfócitos no LPO pode ocasionar falhas nas funções supressoras. Conforme o LPO progride como doença e as alterações clínicas se intensificam originando a forma erosiva, as células citotóxicas/supressoras predominam no infiltrado inflamatório local e diminuem no sangue periférico. Dessa forma, as alterações observadas no sangue periférico são secundárias à infiltração local pelas células mononucleares e dependem da forma clínica do LPO, encontrando-se em menor quantidade nas lesões atróficas/erosivas que nas reticulares. Diante disto, podemos supor que esse mecanismo que ocorre com as células citotóxicas/supressoras pode ocorrer também com as células Treg, de modo que quando as lesões de LPO são mais severas, as células Treg naturais se deslocariam do sangue para juntamente com as células Treg induzidas infiltrar os tecidos, aumentando então a sua quantidade em região justaepitelial. Já de Boer et al (2007a) encontraram uma freqüência de células Treg FoxP3+ similar entre a pele normal e diferentes doenças de pele. Estes autores afirmam que as células Treg FoxP3+ são facilmente detectáveis nestas doenças, dentre elas o líquen plano, bem como em pele normal, ressaltando que existe variação na quantidade de células imunomarcadas entre os diferentes tipos de tecidos. Eles investigaram a expressão do FoxP3 e GITR em pele normal, reação de hipersensibilidade (dermatite espongiótica), doença infecciosa (leishmaniose) além da psoríase e do líquen plano. Seus resultados exibiram uma freqüência de FoxP3 menor que as demais somente na leishmaniose. Todavia, estes resultados, segundo os autores, não indicam necessariamente que as células Treg não estejam envolvidas na patogênese de qualquer uma das doenças estudadas. 82 Apesar de existirem divergências quanto aos achados dos estudos que correlacionam a freqüência das células Treg com a atividade da doença, verificamos que existe concordância no fato de que alterações na quantidade dessas células podem influenciar o curso clínico da doença. Com relação à diferença entre as quantidades de células Treg nas lesões erosivas em comparação com as reticulares encontrada no nosso estudo, esta ainda pode ser explicada por algum tipo de anormalidade funcional que iniba a função supressora destas células. Vários estudos tentam elucidar e descrever mecanismos que inibem a função supressora das células Treg (KUBO et al, 2004; PENG et al, 2005; YAN et al, 2008). Com relação a estas alterações funcionais das células Treg, Peng et al (2005) afirmam que algumas vias de sinalização ativadas nestas células podem inibir a função supressora das mesmas. Em seu estudo, eles relatam que os TLRs são moléculas responsáveis pelo reconhecimento de várias outras estruturas moleculares conhecidas como padrões moleculares associados à patógenos, que permitem que os TLRs percebam e iniciem respostas imunes inatas e adaptativas. Tais respostas são produzidas através da maturação das DCs, evento este que permite que este tipo celular ative as células T näive e tornem as células efetoras resistentes às células Treg. Estes autores comprovaram que a via de sinalização do TLR–8 pode ser necessária e suficiente para a inibição da função supressora das células Treg. Neste sentido, o estudo de Kubo et al (2004) também mostra alguns mecanismos que conduzem a uma perda de função pelas células Treg. Estes autores avaliaram as atividades supressora e proliferativa das células Treg relacionando-as com a maturação e ativação das DCs. Inicialmente os autores encontraram que a maturação e ativação das DCs pela via do TLR inibiu a função supressora das células Treg. Os autores ainda observaram que as IL-6 e IL-1 produzidas pelas DCs (induzidas pelo TLR) aumentaram a capacidade de resposta proliferativa das células Treg. Todavia, independente do aumento desta capacidade proliferativa, a IL-6 foi também relacionada com estímulos que tornaram as células T CD4+CD25- efetoras resistentes à supressão pelas células Treg. Dessa forma, ao mesmo tempo em que as citocinas pró-inflamatórias aqui citadas (IL-6 e IL-1) induzem o aumento da capacidade proliferativa das células Treg, inibem a atividade supressora das mesmas. 83 Yan et al (2008) ainda observaram em seu estudo que os pacientes com lúpus ativo não tratado exibiram um número maior de células Treg CD4+CD25+FoxP3+ entre as células CD4+, quando comparados com indivíduos saudáveis. Estes autores investigaram a função supressora das células Treg em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico ativo. De acordo com seus resultados, as células Treg se mostraram incapazes de inibir a proliferação de células efetoras na presença de APCs de pacientes com lúpus, sugerindo que a alta produção de IL-6 e TNFα pelas APCs poderia bloquear a atividade das células Treg. Os autores ainda relataram que devido ao bloqueio das células Treg mediado pelas APCs, verificou-se um aumento no número das células Treg adaptativas no esforço de manter a homeostase imunológica. Este estudo nos mostra que apesar dos pacientes exibirem uma quantidade aumentada de células Treg em comparação com os indivíduos saudáveis, estas células se mostraram deficientes na sua função supressora. Diante disto, podemos sugerir que a maior quantidade de células Treg encontradas nas lesões erosivas nos nossos resultados, talvez seja uma tentativa do organismo de manter a homeostase imunológica, já que estas células poderiam estar com sua função supressora comprometida. Costantino et al (2008) citam que a esclerose múltipla é uma doença caracterizada por inflamação crônica do sistema nervoso central, cuja patogenia é atribuída a células T efetoras auto-reativas. As células Treg antígeno-específicas possuem uma importância considerável em conferir resistência genética contra a autoimunidade órgão-específica e na limitação da injúria tecidual. Os autores afirmam que a freqüência de células Treg é igual nos pacientes com esclerose múltipla e nos indivíduos saudáveis, mas sua função nos primeiros pode estar diminuída, provavelmente por fatores genéticos ainda não elucidados. De acordo com Workman et al (2009) a produção de IL-10 pelas células Treg constitui um dos seus mecanismos de supressão. Neste sentido, Heo et al (2010) avaliaram se a IL-10, uma potente citocina antiinflamatória, exerce efeito supressor na ativação das células Th17 pró-inflamatórias em indivíduos com artrite reumatóide. Verificou-se que o tratamento com IL-10 diminuiu significativamente a quantidade de células Th17 e induziu a produção de células Treg FoxP3+ na população T CD4+. Os autores ainda citam que a expressão de IL-10 foi menor nas culturas de pacientes com artrite reumatóide do que nos indivíduos saudáveis. Estes resultados nos sugerem que uma menor quantidade de IL-10 está relacionada a uma deficiência na capacidade supressora das células Treg, e que a IL- 84 10 produzida por estas células poderia ser empregada no futuro como um importante agente terapêutico nestas doenças. Neste sentido, Costantino et al (2008) afirmam que a terapia para a esclerose múltipla deveria estar baseada em corrigir a origem da sua disfunção. Dessa forma, a imunoterapia teria o propósito de modificar a resposta imune para prevenir ou tratar desta doença. Os autores citam que as células Treg possuem potencial para controlar a autoimunidade no sistema nervoso central e que a reversão da ausência de células Treg funcionais seria um tipo de tratamento viável e produtivo. Uma vez que o conhecimento sobre as células Treg em humanos se torne maior, esta área será um atrativo para a intervenção imunoterapêutica, no objetivo de aumentar o número ou ainda a funcionalidade destas células nos pacientes com esclerose múltipla. Segundo Xu, Xu e Xu (2009) a esclerose múltipla é uma doença inflamatória, iniciada e mediada por células T auto-reativas contra antígenos da mielina. Estes autores investigaram a capacidade de um glicocorticóide (metilprednisolona) em afetar a atividade das células Treg baseados na expressão do FoxP3 e de citocinas relacionadas. Seus resultados mostraram uma quantidade reduzida de células T CD4+CD25+FoxP3+ e baixa expressão do FoxP3 nos pacientes com esclerose múltipla quando comparados com os indivíduos saudáveis, o que foi correlacionado com uma baixa capacidade supressora das células Treg nestes pacientes. Verificaram também que os pacientes tratados com o glicocorticóide mostraram restauração da função e da freqüência das células Treg FoxP3+, além de aumento na secreção de IL-10 por estas células. Diante destes resultados e de outros citados na literatura, verificamos uma possível função terapêutica das células Treg para o tratamento de doenças que apresentam comprometimento da função supressora das células Treg, como pode ser o caso do LPO. Diante do exposto, constatamos que as anormalidades funcionais das células Treg além de comprometerem sua função, podem ocasionar aumento da sua proliferação numa tentativa do organismo de conter a resposta inflamatória. Estas suposições podem se aplicar ao nosso estudo, onde as células Treg apresentariam algum tipo de deficiência funcional, e por isso sua freqüência estaria aumentada nas lesões com maior atividade, como a forma erosiva do LPO. Ainda com relação aos nossos resultados, verificou-se uma menor quantidade absoluta de células Treg intraepiteliais imunomarcadas para o FoxP3 no LPO erosivo 85 tanto em comparação com o LPO reticular quanto com a HFI. Esse fato talvez possa ser explicado pelo grau de atrofia epitelial encontrado nas lesões de LPO erosivo que é maior que nas lesões reticulares (Brant, Vasconcelos e Rodrigues, 2008). A atrofia presente principalmente no LPO erosivo causa uma diminuição na espessura do epitélio e consequentemente um espaço menor susceptível à infiltração intraepitelial pelas células Treg. A variação desta característica entre as lesões de LPO pode modificar a quantidade do infiltrado inflamatório intraepitelial, dificultando assim uma mensuração confiável das células Treg FoxP3+ nessa região. A HFI, por sua vez, é caracterizada por apresentar hiperplasia e não atrofia, exibindo então maior espessura epitelial e maior susceptibilidade para infiltração por estas células. Este estudo avaliou a expressão do FoxP3 no infiltrado inflamatório justaepitelial e intraepitelial dos diferentes tipos de LPO e HFI, verificando ainda diferenças na imunomarcação desta molécula entre os tipos reticular e erosivo de LPO. Nossos resultados exibiram uma diferença considerável na quantidade de células Treg FoxP3+ nas diferentes lesões. Ademais, a quantidade de células Treg FoxP3+ exibiu variações de acordo com o tipo clínico do LPO, sugerindo uma correlação entre estas células e o comportamento biológico da doença. Conclusões 87 7 CONCLUSÕES De acordo com os resultados encontrados neste estudo podemos concluir que: As células Treg FoxP3+ são encontradas no infiltrado inflamatório de ambas as formas clínicas de LPO, bem como na HFI, todavia em maior quantidade no LPO, provavelmente pela diferença existente na etiopatogênese destas lesões. Pode-se sugerir que os mecanismos imunológicos envolvendo uma provável indução antigênica permanente e conseqüente perpetuação da lesão, podem suscitar a proliferação e recrutamento constante das células Treg no LPO, o que poderia explicar uma maior quantidade destas células nessa lesão. Já a HFI possui etiologia associada a fatores traumáticos e/ou infecciosos, gerando nestas lesões também um infiltrado inflamatório, porém qualitativamente distinto daquele visualizado no LPO. A forma erosiva do LPO exibiu um maior número de células Treg FoxP3+ no seu infiltrado inflamatório que a forma reticular, de forma que esta diferença poderia estar relacionada com a etiopatogenia do LPO, influenciando assim o desenvolvimento de suas duas formas clínicas distintas. Sugere-se que as alterações na quantidade das células Treg FoxP3+ observadas neste estudo podem ter relação com a atividade da doença, onde as lesões de LPO do tipo erosivo, que apresentam uma fase de maior atividade, exibiriam um maior número de células Treg no intuito de controlar a resposta imune exacerbada, ou de outro modo, é possível também que estas células, mesmo em maior quantidade, possuam anormalidades funcionais o que comprometeria sua função reguladora. Finalmente, considerando-se a capacidade já estabelecida que as células Treg possuem de modular as respostas imunológicas, juntamente com o grande potencial de regeneração que a mucosa oral apresenta, ressalta-se que o desenvolvimento e a implantação de novas estratégias imunoterapêuticas que regulem as freqüências e funções destas células talvez possam futuramente auxiliar no tratamento de várias lesões inflamatórias mediadas imunologicamente, entre elas o LPO. 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Trabalho de acordo com as normas de documentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, a saber: NBR 6023: Informação e Documentação – referências – elaboração, 2002; NBR 6024: Informação e Documentação – numeração progressiva das seções de um documento escrito – Apresentação 2003; NBR 6027: Informação e Documentação – sumário – Apresentação 2003; NBR 6028: Informação e Documentação – resumos – Apresentação 2003; NBR 10520: Informação e Documentação – citação em documentos – Apresentação, 2002; NBR 14724: Informação e Documentação – trabalhos acadêmicos – Apresentação, 2002. Apêndices APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA LÍQUEN PLANO ORAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Este é um convite para você participar da pesquisa “ANÁLISE DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS FOXP3+ NO LÍQUEN PLANO ORAL”, que é coordenada pela Profª. Drª. Márcia Cristina da Costa Miguel. Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Essa pesquisa procura avaliar o perfil do infiltrado inflamatório no líquen plano oral reticular e erosivo. Caso você decida aceitar o convite, não irá passar por nenhum procedimento clínico ou cirúrgico, não havendo qualquer desconforto. Apenas nos dará a oportunidade de manusear o material já recolhido durante biópsia realizada previamente, para que possamos estudar as características do infiltrado inflamatório nos diferentes tipos de líquen plano oral. Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários. Você terá o benefício de ter sua biópsia reexaminada por um grupo de pesquisadores da área de patologia oral, e no caso de alguma mudança de diagnóstico perante a reavaliação, terá a informação do novo diagnóstico do caso para que se procure ajuda especializada, caso seja necessária. Você não será manipulado cirúrgica nem clinicamente, sendo assim, o risco de sua participação nesse estudo é mínimo. Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para Profª Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, no Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787 , Lagoa Nova, Natal – RN, ou pelo telefone (84)3215-4138. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, localizado no Campus Universitário da UFRN, ou pelo telefone (84)3215-3135. Consentimento Livre e Esclarecido Eu, _______________________________________________________________, declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “ANÁLISE DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS FOXP3+ NO LÍQUEN PLANO ORAL”. __________________________________________________________ Assinatura do Participante _______________________________________________________________ Profª Dra Márcia Cristina da Costa Miguel Pesquisadora Responsável Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787. Lagoa Nova, Natal/RN. CEP – 59056-000 Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (Tel: 84-32153135) APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA HIPERPLASIA FIBROSA INFLAMATÓRIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Este é um convite para você participar da pesquisa “ANÁLISE DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS FOXP3+ NO LÍQUEN PLANO ORAL”, que é coordenada pela Profª. Drª. Márcia Cristina da Costa Miguel. Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Essa pesquisa procura avaliar o perfil do infiltrado inflamatório na hiperplasia fibrosa inflamatória. Caso você decida aceitar o convite, não irá passar por nenhum procedimento clínico ou cirúrgico, não havendo qualquer desconforto. Apenas nos dará a oportunidade de manusear o material já recolhido durante biópsia realizada previamente, para que possamos estudar as características do infiltrado inflamatório nos diferentes tipos de líquen plano oral. Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários. Você terá o benefício de ter sua biópsia reexaminada por um grupo de pesquisadores da área de patologia oral, e no caso de alguma mudança de diagnóstico perante a reavaliação, terá a informação do novo diagnóstico do caso para que se procure ajuda especializada, caso seja necessária. Você não será manipulado cirúrgica nem clinicamente, sendo assim, o risco de sua participação nesse estudo é mínimo. Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para Profª Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, no Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787 , Lagoa Nova, Natal – RN, ou pelo telefone (84)3215-4138. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, localizado no Campus Universitário da UFRN, ou pelo telefone (84)3215-3135. Consentimento Livre e Esclarecido Eu, _______________________________________________________________, declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “ANÁLISE DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS FOXP3+ NO LÍQUEN PLANO ORAL”. __________________________________________________________ Assinatura do Participante _______________________________________________________________ Profª Dra Márcia Cristina da Costa Miguel Pesquisadora Responsável Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787. Lagoa Nova, Natal/RN. CEP – 59056-000 Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (Tel: 84-32153135) APÊNDICE C - FICHA PARA COLETA DE DADOS + ANÁLISE DE CÉLULAS T REGULATÓRIAS FOXP3 NO LÍQUEN PLANO ORAL Anticorpo: FoxP3 ( ) Espécime: LPO erosivo ( ) No do LPO reticular ( ) HFI ( ) Localização Intraepitelial Localização Justaepitelial Quantidade de células por campo Quantidade de Células por campo Observações caso 3 4 5 Média 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 Média 7 8 9 10 Média 2 Média 1 Anexos