CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA AUDIOLOGIA CLÍNICA SURDEZ SÚBITA MARTA NÚBIA SILVESTRE RECIFE 1999 1 2 RESUMO O objetivo deste trabalho teórico é esclarecer o que é surdez súbita, pesquisando as suas possíveis etiologias. Pretende-se enfatizar a importância da realização do exame audiométrico prévio como auxílio no diagnóstico clínico, como controle da perda auditiva e colaboração na idéia de prognóstico. A surdez súbita tem como sintomatologia, a baixa repentina da audição, de grau variado, que evolui em horas ou dias. É geralmente unilateral acompanhada de zumbido e, menos frequentemente, de tonturas. As principais causas relacionadas com a perda súbita de audição, são: as virais, os distúrbios vasculares, as ototóxicas, os traumas acústicos, as rupturas de membranas, e fatores de pré-disposição, como: diabetes, traumas cranianos, hipertensão arterial, entre outros. A surdez súbita é uma patologia de fácil diagnóstico clínico, o mesmo não acontecendo com o diagnóstico etiológico que nem sempre é possível, apesar dos inúmeros exames existentes. Acredita-se que este trabalho poderá ser útil aos fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, profissionais de saúde em geral, e para a população como um todo. Certamente, com a aquisição de conhecimento sobre o tema, as pessoas ficarão mais alerta para os sintomas que acometem uma surdez súbita. 3 ABSTRACT This paper aims at clarifying what Sudden Hearing Loss (SHL) is, as well as analysing its possible etiologies. The importance of performing a previous audiometric evaluation will be emphasised as a means to help the clinical diagnosis, hearing loss follow-up and to assess prognosis. SHL presents itself as na usually unilateral abrupt loss of auditory perception of varying degree. It progresses in a few hours or days and may be accompanied by tinnitus and less frequently by dizziness. The main causes related to SHL are vascular disorders, viral infections, ototoxicity, acoustic trauma, ear drum rupture, and predisposing factors such as diabetes, skull trauma, hypertension among others. SHL is easily diagnosed from a clinical point of view, however etiologies are not always established despite the large number of complementary tests. One believes that this paper might be useful for phonoaudiologists, otolaringologists, health care professionals and the population as a whole. Gathering knowledge over this theme will certainly alert individuals for the symptoms that signal SHL. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................1 DISCUSSÃO TEÓRICA.........................................................................3 Incidência..............................................................................................5 Diagnóstico...........................................................................................6 Etiologia..............................................................................................10 • Viral................................................................................................11 • Vascular.........................................................................................12 • Auto-Imune....................................................................................13 • Ototóxica.......................................................................................14 • Trauma Acústico...........................................................................15 • Fístula Perinlinfática.....................................................................16 • Scwannoma Vestibular.................................................................18 • Alérgicas........................................................................................19 Tratamento..........................................................................................19 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................24 5 INTRODUÇÃO A surdez súbita, como o próprio nome indica, é a perda auditiva abrupta ou rapidamente progressiva da audição, no decorrer de minutos, horas ou dias, por comprometimento do ouvido interno e/ou vias acústicas centrais, de intensidade e freqüências variáveis, podendo variar de leve sensação de ouvido obstruído, a perda total da audição (anacusia). Zumbidos e tonturas também podem estar presentes, acometendo um dos ouvidos, e raramente ambos. É uma surdez onde a etiologia e o mecanismo patogênico são desconhecidos, sendo então por definição idiopática. Este trabalho constitui-se em um estudo da surdez súbita, visando pesquisar suas prováveis etiologias, ressaltando a importância da procura a um profissional especializado, para que o diagnóstico seja realizado precocemente, dando inicio a intervenção médica, e enfatizando a importância da realização de exame audiométrico como auxílio no diagnóstico (qualitativo e quantitativo), monitoramento através da repetição do exame e colaboração num possível prognóstico. Pretendo, no decorrer da pesquisa, esclarecer a importância da procura a um especialista ao menor sinal de comprometimento auditivo, diminuição da audição, zumbido, sensação de ouvido obstruído e tonturas. Este trabalho poderá ser útil para fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, profissionais de saúde e para comunidade que 6 certamente com conhecimento sobre o tema, darão mais importância a sintomatologia que acometem uma surdez súbita. Acredito que uma surdez súbita terá melhor prognóstico se for assistida precocemente. Esta pesquisa é essencialmente teórica e a metodologia empregada é fundamentada em consultas bibliográficas, artigos de revistas cientificas e anais de congressos. 7 DISCUSSÃO TEÓRICA Os pioneiros a identificar e descrever a surdez súbita, foram CORNET & SCAT (1892), e daí em diante, seguidos por diversos autores, que relataram o tema em artigos isolados. Somente há uns 20 anos, a surdez súbita passou a ser melhor estudada e várias tentativas terapêuticas postas em ação. A surdez súbita, segundo CALDAS & CALDAS (1994), é conceituada como sendo um episódio agudo de deficiência auditiva de instalação repentina, que varia de segundos a poucos dias. O acometimento em geral é unilateral e mais raramente bilateral, podendo vir acompanhado de acúfenos e tonturas. Sendo uma surdez sensorioneural, causada por patologia dos receptores periféricos e ou vias acústicas centrais. HUNGRIA (1991) acrescenta ser uma entidade étnica de etiologia variada e discutida, que se instala subitamente em um indivíduo de audição normal. Em geral, a agressão é unilateral, podendo ser bilateral em 4% dos casos, mas excepcionalmente ao mesmo tempo, a agressão ao outro ouvido, acontece em geral, após apreciável período de tempo. Os principais sintomas da surdez súbita são: a diminuição da audição, zumbido, vertigem, sensação de pressão no ouvido e, menos freqüente, um estalo no ouvido afetado. A evolução dos sintomas é muito variável, a surdez pode ser instantânea, de aparecimento repentino e acompanhada por sensação de intenso zumbido. 8 Freqüentemente, a disacusia se desenvolve no decorrer de minutos, horas, um dia ou vários dias. Geralmente o indivíduo não memoriza bem o momento da instalação da surdez, que é percebida pela primeira vez, ao despertar pela manhã. Alguns a percebem pelo intenso zumbido. As perdas bilaterais são descobertas quando o paciente tenta comunicar-se com outra pessoa. Por outro lado, as disacusias unilaterais podem passar inadvertidas por algum tempo e somente ser percebida quando o indivíduo, por exemplo, precisa falar ao telefone, e o faz com o ouvido afetado. De um modo geral, o paciente não tarda a reconhecer a perda da audição, discriminação de fala e localização da fonte sonora. Em crianças, é difícil estabelecer com precisão o início da perda da audição, que somente é percebida posteriormente, quando já não há mais lembrança da causa. CALDAS & CALDAS (1994) relatam que a sensação de baixa de audição pode variar de discreta a muito intensa, e pode apresentar recuperação espontânea em 25% ou mais dos casos. É rara a sensibilidade exagerada a sons intensos. O comportamento evolutivo da surdez súbita é bastante inconsistente, com curas espontâneas, totais ou parciais, e podendo deixar seqüelas auditivas irreversíveis. Segundo HUNGRIA (1991), o zumbido de intensidade variável, ocorre em 70% dos casos, podendo ceder ou persistir mais que a surdez. A tendência do zumbido é progressivamente desaparecer, independente da perda auditiva. O acúfeno geralmente é similar a um 9 chiado, podendo ocorrer a sensação de “estalos” horas antes da perda da audição. SNOW & TELIAN (1994) acreditam existir considerações variáveis quanto a incidência da vertigem e desequilíbrio. Em geral, 40% dos pacientes apresentam vertigem leves e passageiras, e 10% vertigens incapacitantes que duram 4 a 7 dias, associadas com náuseas e vômitos. 10 Incidência No Brasil, ainda não se tem uma referência de epidemiologia da surdez súbita, devido a dificuldade em avaliar com segurança a incidência da doença por diversas razões, e depende, como em outras patologias, da cultura, situação sócio-econômica da população, com conseqüências para a assistência médica. A dificuldade ocorre, em parte, por muitos casos de surdez abrupta, recuperarem espontaneamente a audição, antes que se procure assistência médica. Há casos em que o paciente não manifesta importância ao ocorrido, especialmente se os sintomas forem discretos ou aconteça uma recuperação espontânea parcial. Existe os que se conformam com sua perda auditiva, mesmo quando significativas e sem maiores sintomas de zumbido e tonturas. Algumas perdas auditivas quando são diagnosticadas, anos depois, os pacientes já não recordam quando e como ocorreram. No grupo pertencente a profissionais de saúde, a incidência é maior, pois o fato de trabalharem em hospitais ou centros de saúde, dispõem de profissionais especializados para examiná-los precocemente, e alertá-los sobre a importância do problema. VAN DISHOECK & BIERNAN (1957) encontraram uma incidência de surdez súbita de 1 para 5.000 habitantes, SHAIA & SHECHY (1976) em 2% das consultas otológicas, e SCHUCKNECHT (1973) encontrou maior incidência na faixa etária entre 25 e os 40 anos e SIMMONS 11 (1973) maior incidência ao 39 anos, citados por CALDAS & CALDAS (1994). Diagnóstico O diagnóstico clínico da surdez súbita é fácil de ser realizado, desde que se tenha conhecimento de sua existência e não se negligencie sua importância, pois, como outras eventualidades patológicas mais comuns, como rolha de cera e o “catarro na orelha” das gripes, que são muito populares, e causam sintomas semelhantes aos da surdez súbita, existindo uma tendência de se minimizar a importância da sintomatologia. O diagnóstico etiológico é bem mais difícil na maioria dos casos, especialmente quando o paciente é saudável e não tem em sua história nenhum fato importante que possa estar associado aos seus sintomas como: parotidite epidêmica, esclerose múltipla, trauma craniano, história de esforço físico excessivo, etc.. Como a presença destes dados não é o mais comum, a maioria dos casos permanecem como diagnóstico da surdez súbita idiopática ou com suposição diagnóstica insuficientemente confirmada. No diagnóstico clínico de surdez súbita é necessário a realização de uma minunciosa anamnese, na qual o paciente é direcionado a descrever suas queixas e a realização de uma otoscopia. É afastada a possibilidade de obstrução do conduto auditivo externo por rolha de cera 12 e epiteliais, assim como, outros processos do ouvido médio que passam a simular uma surdez de origem neurossensorial. Em seguida, o paciente é submetido a exames funcionais que auxiliam o diagnóstico clínico, qualificando as alterações fisiológicas da perda auditiva. A audiometria tonal e vocal, são os mais importantes e freqüentemente utilizados, fornecendo quase todas as informações necessárias. Os achados audiológicos são capazes de qualificar, quantificar, monitorar as perdas auditivas e fornecer auxílio na idéia de prognóstico. Qualifica, quando classifica o tipo de perda auditiva em sensorioneural, perda condutiva ou perda mista; quantifica através da pesquisa de limiares tonais auditivos e monitora através da repetição de exames, aonde é observado a progressão, regressão ou estabilização dos limiares tonais, o mesmo acontecendo com os índices de reconhecimento de fala. A idéia de prognóstico é fundamentada na audiometria tonal e vocal inicial. CALDAS & CALDAS (1998) acreditam que as perdas auditivas para sons graves são de melhor prognóstico que as perdas em sons agudos. As com curva audiométrica horizontal, se comportam de modo intermediário e as perdas profundas e as totais tem péssimo prognóstico. RUBIM (1968) preparou uma classificação baseada na gravidade da configuração audiológica. O tipo I, predomina a disacusia nas 13 freqüências baixas, com certa evolução nos limiares de 2.000 a 8.000 Hz. O limiar de recepção de fala está diminuído, assim como, a discriminação de palavras. O tipo II compreende uma elevação mais uniforme e severa dos limiares tonais, com perdas de 50 a 60 dB para as freqüências baixas (500 a 2000 Hz) e a perda acima de 3.000 Hz, é considerável. O limiar de recepção de fala e os índices de diminuição são compatíveis ao esperado de uma perda gradual da audição, e o tipo III, é uma perda completa da audição sem discriminação nenhuma. SHECHY (1960) classificou quatro grupos de perda auditiva, de acordo com a configuração audiológica em 223 pacientes: curva ascendente, perdas nos sons graves em 17% dos casos; curva descendente, perdas nos agudos em 29% dos casos; curva horizontal, a mais freqüente em 41% dos casos; perda plana, caracterizada por perda em todas as freqüências; e perda total, em 13% dos casos. MINITI, BENTO, BUTUGAN (1993) acrescentam que há relação entre o grau de perda auditiva e a capacidade de recuperação. As perdas auditivas inferiores a 40 dB, se estabelecem quase que totalmente o limiar auditivo prévio, e as anacusias (perda total), praticamente não se recuperam. A preservação de resposta em freqüências altas, parece ser um elemento favorável e é observada uma melhora da compreensão de palavras antes da recuperação dos tons puros. 14 Não é aconselhável realizar muitos testes na fase aguda da perda súbita da audição, pois pode representar uma agressão suplementar a orelha interna, como é o caso da impedanciometria, que é um risco nos casos de surdez por fístula perilinfática. Mesmo a audiometria, não é aconselhável repetir com intervalos menores que 2 ou 3 dias, por receio de agressão coclear. Os exames supralimiares, os testes Vestibulares e o Bera, deverão ser realizados numa fase posterior, quando a audição estiver estabilizada e tem mais interesse para o diagnóstico topográfico ou identificação de doenças específicas, como doença de Meniére e o Schwannoma Vestibular. O diagnóstico etiológico é mais difícil de ser realizado, devido a variedade de doenças que podem estar envolvidas com a perda brusca da audição, como pela inconsistência de comportamento de causa e efeito. Outros exames que devem ser realizados para auxiliar no diagnóstico são: emissões otoacústicas, ressonância magnética e exames laboratoriais, como: hemograma, sódio, potássio, creatina, glicemia de jejum, colesterol, alfa-glicoproteína ácida, anti-estreptolisina O, proteína C reativa, fator reumatóide, sorologia para citomegalovírus, mononucleose, rubéola, lues, toxiplasmose, HIV, entre outros. Durante esta pesquisa, o paciente já se encontra em tratamento, pois tempo em surdez súbita é um fator significativo em se tratando de uma emergência otológica. 15 Etiologia É meu propósito neste trabalho, pesquisar as etiologias responsáveis pela instalação da perda brusca da audição. Sabendo-se que a maioria das causas são desconhecidas, cerca de 75% são consideradas de etiologia idiopática e que freqüentemente é estabelecida uma relação entre causa e efeito. As principais etiologias relacionadas com a perda abrupta da audição, são: as virais , os distúrbios vasculares, as auto-imunes, as ototóxicas, trauma acústico violento (explosões), rupturas de membranas (cirurgia estapediana, barotrauma), Hidropsia Endolinfática, Schwannoma Vestibular, alergias e causas menos freqüentes ou fatores de predisposição como: anestesia geral, gravidez, diabetes, anemia, leucemia, esclerose múltipla, distúrbios tireoidianos, lues, meningite bacteriana, traumas cranianos, com ou sem fratura do osso temporal. Atualmente, alguns trabalhos isolados demonstram a ocorrência da surdez súbita, como primeira manifestação da Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). A seguir, serão descritas as principais causas da surdez súbita e, na medida do possível, os achados audiológicos de cada patologia descrita. 16 • Viral A surdez súbita de etiolgia viral, ocupa o primeiro lugar em incidência, quando é estimada em 80% dos casos, com base em estudos histológicos post-mortem, sorológicos, experimentais e circunstanciais, afirma CALDAS & CALDAS (1994). MINITI , BENTO, BUTUGAN (1993) consideram que os vírus capazes de lesar o ouvido interno, podem fazê-lo na vida intra-uterina, na infância, na adolescência, ou na fase adulta, sem que se observe distinção nos quadros histológicos das viroses pré-natal ou pós-natal. As alterações patológicas que predominam na cóclea basal, são degenerações dos órgãos de corti, atrofia da estria vascular, deslocamento e distorção da membrana tectória e degeneração do sáculo. Fundamentada nas alterações patogênicas da cóclea, observou-se que a maioria dos portadores de surdez súbita de origem idiopática tem mostrado um padrão de alterações cocleares, nos cortes de seus ossos temporais post-mortem. Estudos sorológicos de pacientes com surdez súbita, tem demonstrado titulos de anticorpos aumentados quando comparados com grupos-controles. A contaminação pode ser por via hemática, através da estria vascular, ou por continuidade através do aqueduto coclear, a partir da contaminação do líquido Cefalorraquidiano (LCR). A surdez súbita viral pode aparecer fazendo parte de uma virose sistêmica, evidente como a parotidite epidêmica, o sarampo, a 17 mononucleose infecciosa, a gripe simples, rubéola, varicela zóster, adenovírus, citomegalovírus, coxsake, influenza A e B, herpes simples, porém, muitas vezes a surdez súbita viral pode aparecer isolada e sem sintomas, dificultando a suposição diagnóstica. O diagnóstico etiológico através de exames laboratoriais é realizado com a pesquisa de mais de uma espécie de vírus, com base na virologia obtida de material da orofaringe, fezes, sangue e, líquido cefalorraquidiano. A primeira coleta deve ser precoce e as outras subsequentes servirão de comparações. O exame será positivo se depois de 10 a 12 dias houver aumento significativo dos títulos de anticorpos. Essa investigação, segundo CALDAS & CALDAS (1994), além de dispendiosa, tempo consumido e ausência de valor prático, termina tendo apenas valor acadêmico. • Vascular A surdez súbita de origem vascular pode ser devido a alteração das paredes dos vasos ou alterações do próprio sangue. Três mecanismos podem dar origem à lesão: a hemorragia, o espasmo e a trombose. Assim, encontra-se a surdez súbita em pacientes com patologias cardiovasculares, prolapso mitral, e nas doenças hematológicas (leucemias, mieloma). A trombose é certamente a origem da surdez no curso de diabetes, certas lipidemias, na arteriosclerose ou mesmo no uso de contraceptivos 18 orais. Todos estes fatores vasculares se associam aos efeitos do estresse, da instabilidade emocional e de desequilíbrios neurovegetativos, que favorecem o espasmo vascular. Embolia gordurosa na orelha interna, tem sido citada como responsável pela surdez súbita, seguida a acidentes com esmagamentos, cirurgias de mama e de fêmur. A perda súbita da audição de origem vascular é de difícil diagnóstico etiológico, podendo ser presumida em pacientes idosos ou portadores de doenças sistêmicas, capazes de alterar as paredes ou o conteúdo dos vasos, como a hipertensão, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, e diabetes entre outras. • Auto-Imune A perda auditiva súbita auto-imune, pode aparecer isolada ou associada com doenças sistêmicas auto-imunes, como a Síndrome de Congan, colite ulcerativa, artrite reumatóide, periartrite nodosa e carotidiana. As alterações histológicas são as das vasculites e suas consequências para o órgão de corti e neurônios. Pode ocorrer hidropsia endolinfática. Quando não vem associadas a doenças sistêmicas, são necessários testes laboratoriais como a dosagem de imunoglobulinas (tgM, tgG R IgA), velocidade de eritrossedimentação, nível de vitamina C no sangue, fatores reumatóides (aglutinação do látex, Waaler Rose), fatores de auto-anticorpos (fatores antinucleares), teste de complemento 19 (CH-50, C-3, C-4, C1q, AP 50 e C 3d), microbiologia (vírus EB, Citomegalovírus, vírus da hepatite B, toxoplamose, sífilis, ricketsia). Esses testes são confiáveis para o diagnóstico de reações autoimunes de maior magnitude, acrescenta CALDAS & CALDAS (1998). • Ototóxica A surdez súbita causada por drogas ototóxicas, é diagnosticada através dos sintomas associados a história de administração de drogas ototóxicas. Estas são agentes terapêuticas ou outras substâncias químicas que causam problemas funcionais e degeneração celular dos tecidos da orelha interna, em especial, nos órgãos sensoriais e neurônios da cóclea e aparelho vestibular. São drogas de uso multidisciplinar, sendo seu poder ototóxico freqüentemente negligenciado, e as vezes desacreditado. Os medicamentos potencialmente ototóxicos, são os antibióticos do grupo dos aminoglicosídeos (gentamicina, neomicina, Kanamicina, entre outros), que com uma única dose, é capaz de causar surdez súbita total bilateral irreversível; os diuréticos, vancomicina, viomicina, furosemide, ácido etacrínico, mostarda nitrogenada, quinino, salicilatos (AAS), e derivados, que causam quadros geralmente reversíveis, e os citotóxicos, que são tóxicos para as células. Como em outras patologias do ouvido, a predisposição individual é importante, bem como a presença de insuficiência renal, que permite o acúmulo do medicamento na corrente circulatória. 20 Os riscos de perda abrupta por drogas ototóxicas, podem ser minimizado com o uso criterioso, sempre avaliando o risco versus benefício, com acompanhamento constante do paciente. A droga deve ser suspendida em caso de aparecimento de sintomas ligados à orelha interna, como surdez, zumbidos ou vertigens. • Trauma Acústico A perda auditiva súbita causada por trauma acústico ou estímulo sonoro patológico, é considerado como uma forma aguda da doença, e depende da intensidade, duração e sensibilidade individual, podendo causar surdez temporária ou permanente. A patologia é essencialmente sensorial e, em geral, as células ciliadas externas do órgão de corti são as primeiras a serem comprometidas. A lesão sensorial ocorre devido a deficiência capilar e degeneração das células ciliadas e de sustentação do órgão de corti, que podem evoluir para as células nervosas do gânglio espiral. Segundo KÓS & KÓS (1998), os ruídos intensos produzidos bruscamente, como: explosões, estampido de armas de fogo, descargas telefônicas, etc., ou de forma continuada, como: em determinadas indústrias, discotecas, estúdios de gravação musical, ou construções de obras em que se usa martelo pneumático; podem causar lesões no ouvido. Quanto as explosões, podem ocorrer simultaneamente lesões do ouvido médio, como perfuração timpânica e deslocamento dos ossículos, 21 com interrupção da cadeia tímpano-ossicular, associado a uma perda brusca da audição. MIRANDA & DIAS (1998) destacam que picos de ruídos intensos que excedam 140 dB, podem causar traumas mecânicos com ruptura de membrana timpânica, hemorragia e perda imediata e geralmente permanente da audição. RUSSO (1998) acredita que perdas irreversíveis são causadas em indivíduos expostos a sons intensos. O nível de desconforto do ouvido humano é atingido com sons de intensidade 120 dB. Acima desses índices, a exposição ao ruído de 130 dB provoca irritabilidade; 140 dB é o limiar de dor e acima desses níveis, pode ocorrer perfuração da membrana timpânica. A audiometria mostra, um entalhe nas freqüências de 2000, 4000 e 6000 Hz e nas lesões mais graves, pode alarga-se comprometendo outras freqüências, formando uma curva audiométrica descendente. O grau da perda pode variar de leve à severa/profunda. Na discriminação vocal, encontra-se resultados compatíveis com o grau de perda auditiva. • Fístula Perinlinfática A surdez súbita por fístula perilinfática, para ser diagnosticada, é de grande importância a história do paciente, que deve conter episódios relativos a esforços físicos, aumento ou diminuição brusca de pressão da orelha média (espirro ou manobra de Valsalva). Geralmente o paciente 22 relata um “estalo” em uma das orelhas, freqüentemente acompanhado de tonturas que variam de violentas a discretas, e zumbidos. A perda auditiva varia de sensação de orelha obstruída, a profundas perdas auditivas. O desequilíbrio é um sinal de suspeita da fístula. As fístulas perinlinfáticas, são vazamentos de perinlinfa para o ouvido médio, devido a rupturas de membranas das janelas oval e/ou redonda. A fístula na membrana da janela oval, pode acontecer devido a perfuração do ligamento anular, ou fratura da platina do estribo. Na janela redonda por perfuração da sua membrana, podem ocorrer secundárias a traumatismo craniano, ou nas estapedectomias. No entanto, elas podem ocorrer por aumento súbitos da pressão intracraniana, transferidos para o espaço perilinfático. Isso acontece por ocasião de esforços físicos com contração da musculatura abdominal e/ou toráxica, como o ato de tossir, espirrar ou de defecar. Quando ocorre com a variação de pressão no ouvido médio, rompendo as membranas agora no sentido contrário, de fora para dentro do ouvido interno, como o que ocorre em mergulhadores, barotraumas, manobra de valsalva exagerada (especialmente em mergulhadores), em vôos de avião, subidas ou descidas de serras ou elevadores podem ser a causa. 23 Não existe sintomas patognomônicos de fístula perilinfática, ela só pode ser diagnosticada por ato cirúrgico, timpanotomia exploradora, nos casos em que há fortes suspeitas diagnósticas. MINITI, BENTO, BUTUGAN (1993) acreditam que os mergulhadores constituem um grupo de risco para ocorrência das fístulas. Para se prevenir, é necessário que estes tenham uma boa função nasal, sendo corrigidos eventuais desvios de septo e evitando mergulhos durante infecções nas vias aéreas superiores. A audiometria não mostra nenhuma característica particular e a imitanciometria pode representar uma agressão a orelha interna, o mesmo acontecendo com os testes Vestibulares, que deverão ser reservados para um momento posterior, afirmam CALDAS & CALDAS (1994). A presença de malformações congênitas cranioencefálicas, aumenta a possibilidade de rupturas de membranas. • Schwannoma Vestibular O Schwannoma Vestibular é mais uma das doenças que causam a surdez súbita progressiva. Estima-se que 1% das surdezes súbitas, são causadas por uma Schwannoma Vestibular, que é tumor histologicamente benigno, que cresce na bainha de Schwann do VIII par craniano, bem mais freqüente no ramo Vestibular (gânglio de Scarpa). A sintomatologia precoce, é o zumbido e a diminuição da audição unilateral, posteriormente, instabilidade do equilíbrio e com menos 24 freqüência, crises vertiginosas. Na neurofibromatose, doença Van Recklinghausen, podemos encontrar o meurinoma bilateralmente. A surdez súbita é provocada através da compressão sobre a artéria labiríntica, que resulta em diminuição no fluxo sangüíneo da cóclea. Para que se afaste a hipótese da presença de um Schwannoma Vestibular, é imprescindível a realização de um teste de potenciais evocados auditivos de tronco cerebral (Bera), e exames radiológicos: tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética. Os achados audiológicos mostram uma audiometria tonal com perda auditiva neuro-sensorial unilateral, com curva audiométrica descendente mais acentuada nas freqüências agudas. Na avaliação vocal, os índices percentuais de reconhecimento de fala, são desproporcionalmente reduzidos em relação a avaliação tonal. • Alérgicas Extremamente raras, a surdez súbita de origem alérgica descritas por HOCHERMANN & REIMER (1987) pode ser encontrada no curso de uma reação alérgica generalizada, após injeção de soro ou vacinas, picadas de abelhas ou outras substâncias alergizantes, e em conseqüência de problemas na microcirculação ou fenômenos anafiláticos, alternando e causando danos à permeabilidade capilar. 25 Tratamento A surdez súbita, por se tratar de uma afecção de origem idiopática, que freqüentemente não se consegue diagnosticar a etiologia, recebe um tratamento na maioria das vezes empírico e controvertido. O tratamento inespecífico, consiste principalmente em medição vasodilatadora, na presunção de que a surdez súbita decorreria de alteração vasospásticas no ouvido interno, acreditam MINITI, BENTO, BUTUGAN (1993). No entanto, a maioria dos tratamentos, inclui, isoladas ou em combinações, as mais variadas drogas e métodos, como os corticóides, os vasodilatadores, os anticoagulantes, os antiagregantes de hemácias, os sedativos, as vitaminas, os bloqueios do gânglio estrelado, a oxigenoterapia hiperbárica, a carbogenioterapia e a hemodiluição. A terapêutica empregada, dependendo do quadro apresentado pelo paciente, é realizada em regime ambulatorial, ou internação hospitalar, com a administração de medicação endovenosa ou intramuscular e sob observação médica. O tempo de internação é variável, em geral dura quatro dias, e durante a estada hospitalar, o paciente é submetido a exames audiológicos, para que o otologista controle a terapêutica empregada. Após a alta hospitalar, é realizado um esquema terapêutico decrescente. Ainda não existe um tratamento absolutamente eficaz, e o que dificulta os estudos estatísticos das diversas formas terapêuticas, é que 26 um percentual significativo dos casos evoluem para a cura espontânea independente da terapêutica utilizada. CALDAS & CALDAS (1998) recomendam que, em todos os casos de tratamento ambulatorial ou hospitalar, é prudente o paciente ficar em repouso no leito ou poltrona sem fazer esforço físicos, e com a cabeça e o tórax sempre elevados, favorecendo a diminuição da pressão intracraniana, devido a possibilidade de fístula perilinfática na surdez súbita estar sempre presente. O tratamento cirúrgico (fechamento de fístula) é reservado para os casos de forte suspeita de fístula perilinfática, com história característica e progressão dos sintomas, especialmente a diminuição auditiva, e que uma timpanotonia exploradora mostre vazamento de perinlinfa de uma das janelas. Nos casos em que, após a investigação da etiologia através da anamnese, exame otológico, exames funcionais e laboratoriais realizados; e o otologista chegar a suspeita bem fundamentada de fístula perilinfática, Schwannoma Vestibular, distúrbios metabólicos, cardiovasculares, etc., que tem como sintoma, perda abrupta da audição; evita-se preciosa perda de tempo na orientação da terapêutica correta, em que os cuidados médicos, estarão voltados para a causa da surdez. Há um consenso que, quanto mais precoce, de preferência na primeira semana, maiores são as chances de se obter bons resultados, no tratamento da surdez súbita. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo desta pesquisa teórica, foi estudar as prováveis etiologias da surdez súbita e ressaltar a importância da audiometria tonal e vocal como exames funcionais mais utilizados no diagnóstico clínico da surdez súbita. Na rotina de consultórios de otorrinolaringologistas, é bastante comum, pacientes com queixa de perdas auditivas repentinas, para os quais são solicitados de rotina, exames audiométricos de caráter urgente, para que se comprove a suspeita diagnóstica. Estes exames são repetidos em intervalos de acordo com a prescrição médica, para se ter um monitoramento da terapêutica empregada. Acreditando ser essencial para minha formação profissional, escolhi pesquisar o tema, para conhecer melhor a surdez súbita. Foram pesquisados diversos autores, porém, os mais utilizados foram CALDAS & CALDAS e HUNGRIA. No decorrer de minha pesquisa, percebi a necessidade de realização de trabalhos que visassem minimizar a ocorrência da surdez súbita, através de programas de saúde pública; com a finalidade de melhor alertar a população, sobre os riscos freqüentes do aparecimento 28 da surdez e orientá-la, para um controle periódico da acuidade auditiva, visando o diagnóstico precoce da surdez súbita. Os programas de saúde pública em referência, são: as vacinações, que diminuem a incidência endêmica de doenças infecciosas, como a meningite e as viroses epidêmicas; as campanhas de esclarecimento quanto ao uso ou exposição à substâncias ototóxicas; os cuidados na exposição a ruídos, e estabelecimento de grupos de risco (mergulhadores e portadores de doenças sistêmicas). Trabalhos nestas áreas, colaboram não somente com a prevenção, mas também, com informes estatísticos, estabelecendo com melhor precisão a incidência da doença, o diagnóstico precoce e certamente um tratamento mais eficaz, fundamentado na etiologia da surdez súbita. Como resultado da minha pesquisa sobre a surdez súbita, não foi possível comprovar a hipótese, de que a mesma terá um melhor prognóstico se for assistida precocemente, pois não foi encontrado na literatura pesquisada, trabalhos neste aspecto. Pelas dificuldades citadas durante todo o transcorrer da pesquisa, desde a procura a um profissional especializado, pela própria realidade sócio-econômica-cultural do nosso país, como também, pela dificuldade em se estabelecer um diagnóstico preciso,, diminuindo os casos de surdez de origem idiopática e aumentando os de causa comprovada. No entanto, há um consenso dos autores pesquisados, em acreditarem que, quanto mais precoce o início do tratamento, maiores são as chances de se obter bons resultados. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, S.I.C. - Diagnóstico diferencial da disacusia neuro-sensorial por ruído. In: NUDELMANN A.A.; COSTA E.A; SELIGMAN J., IBAÑEZ – PAIR - perda auditiva induzida pelo ruído. Porto Alegre, Bagaggem Comunicações, 1997. p.181–87. BITTAR, R.S.M.; SPERANDIO F. A.; KII, M. A; SANCHEZ, T.G.; DANIEL, M.M.; LORENZI, M.C.; BENTO, R.F.; FORMIGONI, L.G. – Utilidade da ressonância nuclear magnética no diagnóstico etiológico da surdez súbita. 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