Disciplina: Debates Econômicos Contemporâneos 2ª aula Professor: Francisco Eduardo Pires de Souza ([email protected]) As questões • O que sabemos sobre a distribuição da renda e da riqueza no LP? • A dinâmica da acumulação do K leva inevitavelmente à concentração de riqueza em poucas mãos (como Marx pensava) ou as forças equilibradoras do crescimento, competição e progresso técnico levarão a uma redução da desigualdade como Kuznets pensava? • O que sabemos sobre a evolução da renda e da riqueza desde o século XVIII e que lições podemos tirar para pensar o que pode acontecer ao longo do século XXI? Referências teóricas sobre a questão da distribuição da renda e da riqueza • David Ricardo – tendência à concentração da renda em favor dos proprietários da terra. Proposta de taxação da renda da terra e de liberalização do comércio exterior (eliminação das tarifas de importação de alimentos – corn laws) • Karl Marx – “Princípio da acumulação infinita” (expressão de Piketty)=> acumulação de K (com aumento da “composição orgânica” (K/L) e w = custo de reprodução da FT (cte) => ou tendência declinante da taxa de lucro ou esmagamento dos salários => fim inexorável do capitalismo. Referências teóricas sobre a questão da distribuição da renda e da riqueza • Kuznets (do apocalipse de Marx ao conto de fadas de Kuznets) – a desigualdade deveria diminuir automaticamente nos estágios mais avançados do desenvolvimento capitalista. Primeiro estudo a se basear numa ampla e sistemática base empírica. A curva de Kuznets. • Robert Solow (1956) – as condições que levariam a uma trajetória de crescimento equilibrado (todas as variáveis – renda agregada, capital, salários, lucros, etc, crescendo ao mesmo ritmo). • Mas desde finais dos anos 1970 que a desigualdade voltou a crescer nas economias avançadas, colocando em xeque a idéia de uma convergência para uma trajetória de crescimento equilibrado (com estabilidade na distribuição de renda) Até onde vai a tendência das últimas décadas? Fontes utilizadas no trabalho de Piketty: dados de imposto de renda reunidos na World Top Income Database – WTID (para dados de distribuição de renda); e dados oriundos das declarações de patrimônio para fins de impostos sobre a riqueza e sobre herança. Principais resultados do estudo de Piketty • Não há determinismo econômico moldando a evolução da distribuição da riqueza e da renda: é um processo profundamente político (ex: 1910-1950 – choques e guerras, concepções políticas, idéias, etc) • A dinâmica da distribuição de riqueza depende também de mecanismos poderosos que operam alternadamente em direção à convergência e à divergência. Não há forças corretivas automáticas: desigualdade pode aumentar permanentemente. • A principal força de convergência (diminuição da desigualdade) é a difusão do conhecimento e das aptidões. O crescimento da produtividade também é fundamental por razões que se verá adiante.] • A principal força de divergência: r>g rxg • r = taxa de retorno sobre o capital; rK=Yk, onde = renda do capital; considerando que parte substancial desta renda é poupada, pode-se dizer DK/K = Yk/K = r • g = taxa de crescimento econômico; g = DY/Y • Quando r>g, DK/K> DY/Y => K/Y • E o aumento da relação K/Y implica, para uma mesma taxa de retorno do capital, uma maior participação da renda do capital na renda nacional, ou seja, uma concentração da renda. A riqueza medida em anos de renda nacional r, g e fatores agravantes • Nas economias que crescem pouco, a riqueza acumulada no passado ganha uma importância desproporcional para explicar a desigualdade. • Se além da economia crescer pouco, a taxa de retorno do capital for elevada (de forma que r>g); a riqueza herdada tende a superar a riqueza que pode ser acumulada ao longo de uma vida de trabalho; e a concentração da riqueza tenderá a atingir níveis incompatíveis com a meritocracia e os princípios da justiça social. • Mecanismoss agravantes: – s aumentando com nível de riqueza – r tão maior quanto maior a dotação inicial de capital – Princípio da escassez ricardiano (preço de imóveis, etc)