1 CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA 2ª Região – SP Agenda para a retomada do desenvolvimento sustentado no Brasil A economia brasileira na Era Republicana apresentou um dinamismo que coloca o País entre os líderes em termos de crescimento econômico. No entanto, apesar da elevada mobilidade que caracterizou a sociedade brasileira em pouco mais de um século, a nação ainda convive com um grau de desigualdade social sem paralelo, mesmo entre países em desenvolvimento. A desigualdade tem mantido, ao longo do tempo, estreita correspondência com um inadequado arcabouço institucional. Mesmo, neste início do século XXI o Estado, no Brasil, atende efetivamente apenas uma parcela da sociedade brasileira, no que se refere a administração da justiça, e ainda deixa muito a desejar com relação ao provimento de segurança e demais serviços públicos, incluindo educação e saúde. Apesar de crônica, a desigualdade se tornou mais evidente nos últimos anos como conseqüência do baixo e instável crescimento desde o início dos anos oitenta. Isto apesar dos avanços institucionais e da redução da inflação. Desde a instalação da República até o final da década de setenta, o forte ritmo de crescimento econômico compensava os efeitos deletérios da inflação sobre a renda de todas as faixas da sociedade, sem, no entanto, reduzir os indicadores de desigualdade social. A partir dos anos oitenta, teve início um lento processo de aprimoramento institucional. Porém, inicialmente, com perda de dinamismo e recrudescimento da inflação o que não contribuiu para melhorar significativamente as condições de vida da maioria da população. 2 Com o Plano Real abriu-se a perspectiva de retomada sustentada do crescimento acompanhada de redução na desigualdade social e intensificação do processo de aprimoramento institucional. No entanto, o processo de estabilização impôs restrições que se explicitaram em taxas de juros reais elevadas, aumento da dívida pública e da carga tributária. Isto, junto com as imperfeições existentes no mercado, estimulou a informalização da atividade empresarial, notadamente das empresas menores e do mercado de trabalho, contribuindo para a manutenção da desigualdade. Além disso, o crescimento econômico continuou a apresentar instabilidade alternando fases de estagnação com fases de crescimento. Quase uma década após a implantação do Plano Real, com a superação das incertezas referentes à vitória da oposição nas últimas eleições presidenciais, abre-se uma nova janela de oportunidade para a retomada do processo de desenvolvimento. Para que mais esta oportunidade não se perca, é fundamental que o processo de aprimoramento das instituições mais diretamente ligadas à atividade econômica tenha continuidade e a orientação da política econômica paute-se pela consistência dos fundamentos macroeconômicos. No contexto mais geral, cabe às entidades e instituições representativas dos economistas, entre as quais o CORECON-SP, tomar posição sobre eventuais questões institucionais, acordos internacionais e a condução da política econômica, em termos de sua conformidade ao objetivo de promover em bases sustentáveis o aumento do "bem estar" da nação brasileira. Isto é, em síntese, desenvolvimento com redução da desigualdade econômica, pela via democrática. Conselho Regional de Economia – 2ª Região – SP Ordem dos Economistas de São Paulo