Fenômenos de Transporte Aula 4 Luciana Barreiros de Lima FENÔMENOS DE TRANSPORTE OBJETIVOS – Conhecer o Princípio de Arquimedes e suas aplicações. – Conceituar empuxo, reconhecer seus efeitos e aplicar na resolução de problemas. – Conceituar Hidrodinâmica e conhecer as leis básicas e as equações delas originadas e suas aplicações. 2 TEOREMA DE ARQUIMEDES Quando se mergulha um corpo em um líquido, seu peso aparente diminui, chegando às vezes a parecer totalmente anulado (quando o corpo flutua). Esse fato se deve à existência de uma força vertical de baixo para cima, exercida no corpo pelo líquido, a qual recebe o nome de empuxo. 3 O empuxo se deve à diferença das pressões exercidas pelo fluido nas superfícies inferior e superior do corpo. Sendo as forças aplicadas pelo fluido na parte inferior maiores que as exercidas na parte superior, a resultante dessas forças fornece uma força vertical de baixo para cima, que é o empuxo. 4 A teoria para obtenção da força de empuxo está diretamente relacionada ao Princípio de Arquimedes que diz: “Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em equilíbrio, dentro de um campo gravitacional, fica sob a ação de uma força vertical, com sentido ascendente, aplicada pelo fluido. Esta força é denominada empuxo, cuja intensidade é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo.” 5 O Princípio de Arquimedes permite calcular a força que um fluido (líquido ou gás) exerce sobre um sólido nele mergulhado. Para entender o Princípio de Arquimedes, imagine a seguinte situação: 6 Um copo totalmente cheio d’água e uma esfera de chumbo. Se colocarmos a esfera na superfície da água, ela vai afundar e provocar o extravasamento de uma certa quantidade de água. A força que a água exerce sobre a esfera terá direção vertical, sentido para cima e módulo igual ao do peso da água que foi deslocada como mostra a figura. 7 No sistema 1 temos um recipiente com água. O sistema 2 apresenta a alteração do nível de água do sistema 1, após a imersão da esfera. O sistema 3 representa o volume de água que foi deslocado com a imersão da esfera. Logo, o empuxo que a água exerce sobre a esfera é igual ao peso da água deslocado. 8 O peso da água deslocado pode ser calculado através do seu peso específico: Pesoágua deslocado = Υ.VH2O, deslocado = ρ.g.V, V H2O , deslocado Como a esfera está totalmente submersa, o volume de água deslocado é igual ao volume da esfera. E = Υ.V = ρ.g.V sendo sempre na direção vertical e sentido para cima. 9 Podemos observar que : Se o ρliq é maior que o ρcorpo , o Empuxo é maior que o peso do corpo, logo este flutuará; Se o ρliq é menor que ρcorpo, o Empuxo é menor que o peso do corpo, logo este afundará; Se ρliq é igual ao ρcorpo o Empuxo é igual ao peso do corpo, logo este , quando totalmente submerso, estará em equilíbrio. 10 Formulação Matemática do Empuxo Como citado, o Princípio de Arquimedes diz que o empuxo é igual ao peso do líquido deslocado, portanto, pode-se escrever que: 11 Na equação apresentada, E representa o empuxo e mL a massa do líquido deslocado. Essa mesma equação pode ser reescrita utilizando-se considerações de massa específica, pois como visto anteriormente, portanto, assim: 12 Nesta equação, ρL representa a massa específica do líquido e VL o volume de líquido deslocado. Pela análise realizada é possível perceber que o empuxo será tento maior quanto maior for o volume de líquido deslocado e quanto maior for a densidade deste líquido. 13 Três importantes considerações podem ser feitas com relação ao empuxo: a) se ρL < ρC, tem-se E < P e, neste caso, o corpo afundará no líquido. b) se ρL = ρC, tem-se E = P e, neste caso, o corpo ficará em equilíbrio quando estiver totalmente mergulhado no líquido. 14 c) se ρL > ρC, tem-se E > P e, neste caso, o corpo permanecerá boiando na superfície do líquido. Dessa forma, é possível se determinar quando um sólido flutuará ou afundará em um líquido, simplesmente conhecendo o valor de sua massa específica. 15 A HIDRODINÂMICA hidrodinâmica estuda os fluidos movimento. Para compreender em o comportamento dos fluidos em movimento é necessário conhecermos as leis básicas que justificam o comportamento dos fluidos na hidrodinâmica. 16 MÉTODO DE LAGRANGE Descreve o movimento de cada partícula acompanhando-a em sua trajetória real; Apresenta grande dificuldade nas aplicações práticas; Para a engenharia normalmente não interessa o comportamento individual da partícula e sim o comportamento do conjunto de partículas no processo de escoamento. 17 Consiste em adotar um intervalo de tempo, escolher uma seção ou volume de controle no espaço e considerar todas as partículas que passem por este local. Volume de controle é uma região arbitrária e imaginária, no espaço, através do qual o fluido escoa. 18 Condutos Forçados São aqueles onde o fluido apresenta um contato total com suas paredes internas. A figura mostra um dos exemplos mais comuns de conduto forçado, que é o de seção transversal circular. 19 Condutos Livres São aqueles onde o fluido apresenta um contato apenas parcial com suas paredes internas. Neste tipo de conduto observa-se sempre uma superfície livre, onde o fluido está em contato com o ar atmosférico. Os condutos livres são geralmente denominados de canais, os quais podem ser abertos ou fechados. 20 21 EXPERIMENTO DE REYNOLDS Consistia em injetar um filete de corante aquoso no centro de um tubo de vidro no qual escoava água. 22 Foram verificados três tipos de comportamentos do filete para diferentes condições de escoamento. 1º COMPORTAMENTO: ESCOAMENTO LAMINAR • • A água escoava a baixa velocidade V1. O filete se mantinha retilíneo ao longo do tubo 23 2º COMPORTAMENTO: ESCOAMENTO DE TRANSIÇÃO • • A água escoava a velocidade VC V1 O filete começava a se misturar com a água. 24 3º COMPORTAMENTO: ESCOAMENTO TURBULENTO • A água escoava a velocidade V2VC • o filete se misturava completamente com a água 25 QUANTO À DIREÇÃO DA TRAJETÓRIA QUANTO À VARIAÇÃO NO TEMPO Laminar Turbulento Permanente Não Permanente CLASSIFICAÇÃO DO ESCOAMENTO QUANTO À VARIAÇÃO NA TRAJETÓRIA Uniforme Variado QUANTO AO MOVIMENTO DE ROTAÇÃO Rotacional Irrotacional 26 ESCOAMENTO LAMINAR. Neste tipo as partículas do fluido percorrem trajetórias paralelas. O escoamento laminar é também conhecido como lamelar ou tranquilo. ESCOAMENTO TURBULENTO. As trajetórias são curvilíneas e irregulares. Elas se entrecruzam, formando uma série de minúsculos remoinhos. O escoamento turbulento é também conhecido como “turbilhonário” ou “hidráulico”. Na prática, o escoamento dos fluidos quase sempre é turbulento. È o regime encontrado nas obras e instalações de engenharia, tais como adutoras, vertedores de barragens, fontes ornamentais etc. 27 28 ESCOAMENTO PERMANENTE. Neste tipo, a velocidade e a pressão em determinado ponto, não variam com o tempo. A velocidade e a pressão podem variar do ponto 1 para o ponto 2, mas são constantes em cada ponto imóvel do espaço, a qualquer tempo. O escoamento permanente é também chamado de “estacionário” e diz que a corrente fluida é “estável”. Nele a pressão e a velocidade em um ponto A (x,y,z) são funções das coordenadas desse ponto (não dependem do tempo). 29 ESCOAMENTO NÃO-PERMANENTE. Neste caso, a velocidade e a pressão, em determinado ponto, variam com o tempo. Variam também de um ponto a outro. Este tipo é também chamado de “variável” (ou transitório), e diz-se que corrente é “instável”. A pressão e a velocidade em um ponto A (x,y,z) dependem tanto das coordenadas como também do tempo t. 30 31 ESCOAMENTO UNIFORME. Neste tipo, todos os pontos da mesma trajetória têm a mesma velocidade. É um caso particular do escoamento permanente: a velocidade pode variar de uma trajetória para outra, mas, na mesma trajetória, todos os pontos têm a mesma velocidade, ou seja, de um ponto a outro da mesma trajetória, a velocidade não varia (o módulo, a direção e o sentido são constantes). Ex. Este tipo ocorre em tubulações longas, de diâmetro constante. No escoamento uniforme, a seção transversal da corrente é invariável. 32 ESCOAMENTO VARIADO. Neste caso, os diversos pontos da mesma trajetória não apresentam velocidade constante no intervalo de tempo considerado. O escoamento variado ocorre, por exemplo: nas correntes convergentes, originárias de orifícios e também nas correntes de seção. 33 34 ESCOAMENTO ROTACIONAL. Cada partícula está sujeita à velocidade angular w, em relação ao seu centro de massa. Por exemplo, o escoamento rotacional é bem caracterizado no fenômeno do equilíbrio relativo em um recipiente cilíndrico aberto, que contém um líquido e que gira em torno de seu eixo vertical. Em virtude da viscosidade, o escoamento dos fluidos reais é sempre do tipo rotacional. 35 ESCOAMENTO IRROTACIONAL. Para simplificar o estudo da Mecânica dos Fluidos, é usual desprezar a característica rotacional do escoamento, passando-se a considerá-lo como irrotacional, através dos princípios clássicos da Fluidodinâmica. No tipo irrotacional, as partículas não se deformam, pois se faz uma concepção matemática do escoamento, desprezando a influência da viscosidade. 36 Fenômenos de Transporte Atividade LUCIANA BARREIROS DE LIMA 1) Um objeto com massa de 10kg e volume de 0,002m³ está totalmente imerso dentro de um reservatório de água (ρH2O=1000kg/m³), determine: a) Qual é o valor do peso do objeto? (utilize g=10m/s²) b) Qual é a intensidade da força de empuxo que a água exerce sobre o objeto? c) Qual o valor do peso aparente do objeto quando imerso na água? 38 39