TRABALHO FINAL Ana Diniz Neves Do Lago Ana Maria Cardoso Ribeiro Elaine Cristina de Souza Maria de Lourdes da Silva Toledo Projeto Alimentação Saudável Público alvo: educação infantil ( crianças de 2 a 5 anos) Duração do projeto: 6 meses. Apresentação Sabendo que o letramento é um conjunto de práticas discursivas que envolvem os usos da escrita (kleiman, 1995) e procurando evitar as propostas de trabalho que sejam voltadas para centralização dos conteúdos, nosso grupo optou em trabalhar o tema “Alimentação saudável” por meio de um projeto de letramento que envolva as crianças de 2 a 5 anos de idade da educação infantil. “O trabalho com projetos pode favorecer ainda: a aproximação da escola com a identidade do aluno, auxiliando na construção de sua subjetividade: Hernández e Ventura (1998, apud Brandão Silva. Op. Cit.) Nosso interesse surgiu em trabalhar esse tema, porque na creche onde trabalhamos, possui o esquema de auto-servimento, ou seja, a criança é quem faz o seu prato. A creche possui um cardápio feito por nutricionistas, para atender às necessidades alimentares de crianças de 0 a 5 anos. Na hora das refeições, quando as crianças vão fazer seus pratos, o que nos chamou a atenção foi o fato de uma grande maioria excluir alimentos importantes, como legumes, verduras, peixes, feijão, lentilha, frutas e sucos naturais. Sabemos, por meio de entrevistas com os pais, que esses alimentos também são recusados em casa e o que é pior, são substituídos por uma alimentação inadequada 1 composta por macarrão instantâneo, frituras, doces, bolachas, refrigerantes, balas, salgadinhos etc. Há um desperdício muito grande de comida. Algumas crianças fazem o prato e o jogam inteiro no lixo. Assim, conscientes de que o tema deve ser inserido no campo de ação da prática pedagógica e observando a valorização crescente em nosso país pela cultura “fast- food” elaboramos este projeto. 1. Temática do projeto: espaço e tempo Uma alimentação saudável é essencial em qualquer fase da vida, mas nos primeiros anos de vida, em que a criança está em desenvolvimento global, a alimentação saudável torna-se requisito primordial para a saúde, proporcionando energia e nutrientes para o organismo. A escola é um espaço privilegiado para a promoção da saúde e desempenha papel fundamental na formação de valores, hábitos e estilos de vida, entre eles o da alimentação, conforme destaca Dewey “A escola deveria estar relacionada à vida e aos problemas cotidianos.” A promoção de uma alimentação saudável no espaço escolar pressupõe a integração de ações de estímulo à adoção de hábitos alimentares saudáveis, por meio de atividades educativas que informem e motivem escolhas individuais. Considerando que a aprendizagem transcende os espaços da sala de aula, outros espaços da instituição serão utilizados como, biblioteca, refeitório, cozinha, brinquedoteca, área externa (horta) e também espaços fora da instituição: feira livre. O assunto “Alimentação saudável” é mais do que um tema: é uma meta. Implantar uma campanha educacional sobre a Alimentação Saudável por meio da disseminação da informação e da organização do caminho do alimento desde sua produção até a escolha do cardápio das crianças é um importante instrumento de conscientização. 2 “ Os projetos apontam para o futuro, abrem – se para o novo através de ações projetadas, cujo ponto de partida é a intenção de transformar uma situação problemática, tornando-a desejada por meio da realização de ações planificadas”. (Tinoco, 2008,p.136) 3-Objetivos e produto final Objetivo geral: Promover, por meio de um projeto de letramento, o hábito de consumo de alimentos saudáveis e a consciência da sua contribuição para a promoção da saúde de uma forma atraente, lúdica e educativa, pois sabemos que “os projetos de trabalhos devem apresentar atividades autênticas de aprendizagem” (Hernández-1998). Objetivos específicos: Estimular e conscientizar o consumo de alimentos saudáveis; Introduzir novos hábitos alimentares nas crianças de 2 a 5 anos, através das refeições oferecidas na creche; Identificar tamanhos, cores, texturas, odores e sabores de diferentes alimentos; Elaborar cardápios balanceados; Discutir as informações nutricionais contidas nos rótulos dos alimentos que as crianças ingerem; Montar uma pirâmide nutricional e explicar os grupos alimentares; Pesquisar através de reuniões de pais ou pesquisa enviada aos mesmos, sobre os hábitos alimentares da família; Elaborar dicas referentes aos cuidados com os alimentos, bem como o seu consumo; Entrar em contato de forma sucinta, com diferentes gêneros textuais (receitas, reportagens, rótulos, cardápios, placas de identificação...) 3 Estimular o consumo sem desperdícios; Estimular e praticar a higiene das mãos e dos alimentos; Avaliar a aceitabilidade dos alimentos; Criar, na creche, uma área verde produtiva pela qual, todos se sintam responsáveis; Dar oportunidade aos alunos de aprender cultivar plantas usadas como alimentos; Produto final Finalizaremos com um evento de exposição dos trabalhos dos alunos no qual suas famílias serão convidadas. A abertura será com uma palestra feita por uma nutricionista que explicará aos pais a importância de uma alimentação natural para o desenvolvimento saudável das crianças. Encerraremos com um pequeno coquetel elaborado com as receitas trabalhadas no projeto e preparadas com as verduras e legumes colhidos na nossa hortinha. 2. Atividades centrais e planejadas do projeto Em roda da conversa, questionar os alunos sobre o que eles mais gostam de comer e o que não gostam, registrando, numa tabela feita com cartolina, as preferências das crianças. Ler reportagens sobre a alimentação saudável, por que precisamos dela, para que serve e o que acontece se não nos alimentarmos com qualidade; Entrevista com as cozinheiras da creche sobre a preparação dos alimentos do cardápio; Pedir que as crianças tragam uma receita de alguma comida gostosa que algum familiar faz (mãe, avó, tios, pai...) para juntos avaliarmos se ela se encaixa num cardápio de alimentação saudável; 4 Elaboração de uma horta para cultivo de hortaliças e legumes de crescimento rápido, observando diariamente, bem como cuidando e pedindo para que eles façam registros de observação e placas de identificação dos vegetais plantados; Após colheita pedir para as crianças levarem as verduras e legumes para as cozinheiras prepará- los no cardápio da creche. Elaborar placas junto com as crianças pedindo: “ NÃO PISEM NA HORTA" Trazer para a sala de aula, diversos alimentos como banana, maçã, limão, abacaxi, cenoura, manga, alface, beterraba, batata, laranja, mamão, para serem colocados na caixa surpresa para que as crianças tentem adivinhar por meio do tato, olfato e paladar de qual fruta se trata. Na “Hora do Conto” ler para as crianças o livro: “A cesta de dona Maricota” de Tatiana Belink. Ensaiar uma pequena dramatização para ser apresentada para as outras salas. Ouvir a música do CD Palavra Cantada, “Sopa do neném”, identificando o que pode e o que não se pode comer; Apresentar de forma sucinta, a pirâmide alimentar e explicar para que ela serve; Elaborar placas, em que as crianças devam escrever ou desenhar diversos alimentos sugeridos por eles e pela professora, como: batata frita, arroz, feijão, macarrão, alface, tomate, balas, sorvete, ovos, banana, pão, leite, margarina, salgadinhos, óleo, sal, açúcar, queijo, etc. Após esses desenhos e escritas, dar um prato de plástico para cada um e pedir que coloque somente alimentos saudáveis nele, como na música “sopa do neném”, questioná-los; “será que tem ____________“ e a criança coloca o alimento. (a placa com o nome e desenho do alimento) Com o quadro feito de cartolina com as comidas que as crianças comem observar as semelhanças e diferenças entre as alimentações dos alunos da sala; Construção de charadas que misturem informação sobre formas, cores e tamanhos das frutas, verduras e legumes. 5 Construção de jogos da memória a partir de imagens de frutas, verduras e legumes recortadas pelos alunos. Solicitar que os alunos tragam de casa ( uma criança por dia) uma fruta, verdura ou legumes para serem apresentados , comentados e degustados na hora da roda; Convidar uma mãe para fazer uma receita na escola para as crianças degustarem. Visitar uma feira livre. Preparação e degustação de uma salada de frutas e/ou bolo de cenouras na escola (registrar a receita). Organização de um livrinho de receitas baseado na história “A cesta da Dona Maricota” 3. Conteúdos focalizados e avaliação Avaliação: A professora fará registro escrito diário de suas observações, impressões, idéias etc. com objetivo de compor um material de reflexão que a ajude na reelaboração do planejamento educativo. Outras formas de registros também poderão ser consideradas, como a gravação em áudio e vídeo; produção das crianças ao longo do tempo; fotografias, entrevista com os pais para verificar a aceitabilidade de novos alimentos em casa, bem como a observação dos alunos na hora do lanche da creche. Em relação às crianças a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas dificuldades, suas possibilidades e o mais importante suas conquistas ao longo de seu processo de aprendizagem. LÍNGUA PORTUGUESA: -Linguagem Oral; -Escrita Espontânea de palavras e textos; -Reconhecimento de Letras; 6 -Participação em situações leitura de diferentes Gêneros Textuais: contos, poemas, trava-línguas- parlendas, notícias de jornais e revistas; -Participação em situações nas quais se faz necessário o uso da leitura e da escrita (escrita e leitura de cardápios, convites, receitas,placas, etc); -Observação e manuseio de materiais impressos como livros, revistas, jornais, receitas, -convites, placas, registros; - Relato de experiências vividas e narração de fatos de seqüencia temporal e causal; - Participação em situações em que as crianças leiam ,ainda que não o façam de forma convencional ARTES: -Exploração e manipulação de materiais, como lápis e pincéis de diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão, tintas, areia, terra, argila etc. - Exploração e manipulação de diferentes suportes gráficos como, jornal, papel, papelão, paredes, chão, caixas, madeiras etc. - Criação de desenhos, pinturas, modelagens a partir de seu próprio repertório; - Utilização dos elementos da linguagem das Artes Visuais: ponto, linha, forma, cor, volume, espaço, textura etc. CIÊNCIAS: - Percepção dos cuidados com o corpo relacionados a ingestão de alimentos saudáveis que previnam as doenças causadas pela obesidade; -Despertar o interesse das crianças para o cultivo de uma pequena horta e o conhecimento do processo de germinação; - Preparo dos canteiros ( e possivelmente a descoberta de inúmeras formas de vida que ali existem: minhocas, formigas, caramujos, lesmas, joaninhas etc.) -Plantio de verduras e legumes por meio de sementes e mudas; - A prática diária com os cuidados da horta - regar, transplantar, tirar matinhos etc; - Observação da transformação das pequenas sementes em verduras e legumes viçosos e coloridos; -Degustação de alimentos preparados com as verduras e legumes colhidos na horta; -Degustação de alimentos in natura colhidos na horta. 7 NATUREZA E SOCIEDADE - Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade; -Contato com pequenos animais e plantas; - Formulação de perguntas; - Utilização, com ajuda da professora, de diferentes fontes para buscar informações como, objetos, fotografias, documentários, relatos de pessoas etc. - Leitura e interpretações de diferentes registros como, desenhos, fotografias e maquetes; - Valorização de atitudes de manutenção e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente; - Conhecimento dos cuidados básicos para o cultivo de alguns vegetais; - Percepção dos cuidados necessários a preservação da vida e do meio ambiente; - Percepção dos cuidados com o corpo, à prevenção de doenças causadas por alimentação inadequada; - Valorização de atitudes relacionadas à saúde e ao bem – estar individual e coletivo; - Pesquisa da origem dos alimentos. MATEMÁTICA: - Marcação do tempo por meio de calendários; - Experiências com dinheiro em brincadeiras ou em situações de interesse das crianças; ( brincar de comprar alimentos na feira); - Nas atividades culinárias introdução de diferentes unidades de medidas como, o tempo de cozimento e a quantidade dos ingredientes: litro, quilograma, colher, xícara, pitada etc. - A comparação de comprimentos, pesos, capacidades, a marcação de tempo e a noção de temperatura; - Características opostas das grandezas como, grande/pequeno, comprido/curto, longe/perto, muito/pouco etc. - Noções de semelhanças e diferenças. 8 Referências bibliográficas para aprofundamento dos temas, gêneros e ações desenvolvidas no/para o projeto Projeto Pitanguá Ciências, 4 anos do ensino fundamental; Organizadora: Editora Moderna, obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; Revista Veja, edição 2171 ano 43 n 26 de 30 de junho de 2010 “A síndrome do fofão”; KLEIMAN, Angela B. “Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola”. In: KLEIMAN, Angela B. (Org.). Os Significados do Letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1995; p. 15-61. KLEIMAN, Angela B. Projetos de Letramento na Educação Infantil. HERNÀNDEZ, Fernando. Os projetos de trabalho e a necessidade de transformar a escola. Presença Pedagógica, 20,53-60, Belo Horizonte, 1998 a. MARTINS, Rosicler. Vida e Alimento. São Paulo: moderna, 1993. Revista cozinha Prática. Publicação editada pela parceria Instituto do Coração e Edições Cozinha saudável. BELINK, Tatiana. A Cesta da Dona Maricota. São Paulo: Paulinas, 2005. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-domacarrao/imagens/piramide-alimentar.gif 9 DVD Clipes Musicais Palavra Cantada – WWW.palavracantada.com.br SANTOS, Carmi et alli. Diversidade textual: os gêneros na sala de aula. Belo Horizonte, Autêntica, CEEL, 2006. Referencial curricular nacional para a educação infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação. – Brasília; MEC/ SEF,1998. 10 ANEXO 11 Pirâmide Alimentar brasileira Aqui no Brasil, num primeiro momento, foi utilizado a Pirâmide Alimentar proposta nos Estados Unidos. No entanto, havia muitas diferenças entre os dois países nos tipos de alimentos consumidos e também no modo preparação dos alimentos. Então, em 1999, a pesquisadora Sonia Tucunduva Philippi e sua equipe publicaram na Revista de Nutrição o artigo "Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos” (*), propondo um instrumento de orientação nutricional muito mais adequado aos hábitos alimentares do grupo populacional brasileiro do que a pirâmide norte-americana. Esta nova pirâmide foi dividida em 8 grupos alimentares apresentados em forma de quantidades mínimas e máximas de porções diárias a serem consumidas. Observando o desenho da Pirâmide Alimentar Adaptada, podemos perceber que ela foi concebida com 4 níveis: Na base da pirâmide está o grupo dos Cereais (pães, arroz, batata, mandioca, milho, etc.), alimentos fonte de energia e que devem ser consumidos em maior quantidade - 5 a 9 porções por dia. No 2º nível, estão os grupos das Hortaliças (4 a 5 porções por dia) e das Frutas (3 a 5 porções por dia), alimentos que existem em abundância no nosso país, ricos em vitaminas e minerais e que, junto com os cereais, devem compor cerca de 55% do valor calórico total da dieta. No 3º nível temos 3 grupos alimentares: grupo do Leite e Produtos Lácteos (3 porções por dia), grupo das Carnes e Ovos (1 a 2 porções por dia), e o grupo das Leguminosas, onde se enquadra o feijão (1 porção por dia). Os alimentos de origem animal como os derivados do leite e as carnes são ricos em proteínas, mas também contêm grande quantidade de gordura e devem ser consumidos com mais moderação, cobrindo de 10 a 15% do valor calórico total da dieta. O grupo das leguminosas foi criado especialmente para a Pirâmide Alimentar 12 Adaptada, já que faz parte do hábito alimentar do povo brasileiro a ingestão diária de feijão acompanhado de arroz, uma mistura nutricionalmente positiva e que contribui com uma parte importante para o consumo de proteínas. No topo da pirâmide estão os grupos dos Óleos e Gorduras e Açúcares e Doces. Por serem considerados alimentos de alta densidade energética, ou simplesmente muito calóricos, o consumo destes dois grupos alimentares deve ser evitado; ainda lembramos que durante a preparação dos alimentos, produtos como o óleo de soja e o açúcar são acrescentados, fazendo que a ingestão de 1 a 2 porções por dia (recomendado para cada um dos grupos) ocorra sem que percebamos. Agora que você já conhece a Pirâmide Alimentar Adaptada ficará ainda mais fácil escolher o que você vai comer, não é mesmo? Os cereais, as frutas e hortaliças devem compor mais da metade do total da dieta; carnes, ovos e derivados do leite devem ser consumidos com moderação; óleos, gorduras, açúcares e doces devem ser evitados. 13 DICAS SAUDÁVEIS DE ALIMENTAÇÂO: 1- Em cada refeição, procure incluir alimentos variados, de origem vegetal, animal e mineral; 2- Prefira frutas e hortaliças a doces e guloseimas; 3- Consuma com moderação os alimentos ricos em lipídeos; 4- Beba de 3 a 4 copos de água durante o dia; 5- Consuma sal e açúcar com moderação; 14 TRABALHO FINAL Ana Diniz Neves Do Lago Ana Maria Cardoso Ribeiro Elaine Cristina de Souza Maria de Lourdes da Silva Toledo Projeto Alimentação Saudável Público alvo: educação infantil ( crianças de 2 a 5 anos) Duração do projeto: 6 meses. 1-Apresentação: Sabendo que o letramento é um conjunto de práticas discursivas que envolvem os usos da escrita (KLEIMAN, 1995) e procurando evitar as propostas de trabalho que sejam voltadas para centralização dos conteúdos, nosso grupo optou em trabalhar o tema “Alimentação saudável”, por meio de um projeto de letramento que envolva as crianças de 2 a 5 anos de idade da educação infantil. Essa perspectiva de trabalhar projetos com situações do cotidiano do aluno, favorece a aprendizagem, se apropria de informações significativas, interagindo e articulando conhecimentos, buscando melhores condições de aprendizagem: “O trabalho com projetos pode favorecer ainda: a aproximação da escola com a identidade do aluno, auxiliando na construção de sua subjetividade: Hernández e Ventura (1998, apud Brandão Silva. Op. Cit.) Nosso interesse surgiu em trabalhar esse tema, porque a creche onde trabalhamos possui o esquema de auto-servimento, ou seja, a criança a partir dos 2 anos é quem faz o seu prato, dirigindo-se ao local onde estão os alimentos e, sobre a orientação e 15 supervisão do professor, quanto aos cuidados ao se servir, quantidade e para que não “pule” nenhum alimento, monta o seu prato e volta para a mesa, para comê-lo. A creche possui um cardápio feito por nutricionistas, para atender às necessidades alimentares de crianças de 0 a 5 anos. Na hora das refeições, quando as crianças vão fazer seus pratos, o que nos chamou a atenção foi o fato de uma grande maioria excluir alimentos importantes, como legumes, verduras, peixes, feijão, lentilha, frutas e sucos naturais. Sabemos, por meio de entrevistas com os pais, que esses alimentos também são recusados em casa e o que é pior, são substituídos por uma alimentação inadequada composta por macarrão instantâneo, frituras, doces, bolachas, refrigerantes, balas, salgadinhos etc. Há um desperdício muito grande de comida. Algumas crianças fazem o prato e o jogam inteiro no lixo. Assim, conscientes de que o tema deve ser inserido no campo de ação da prática pedagógica e observando a valorização crescente em nosso país pela cultura “fastfood”, elaboramos este projeto. 2-Temática do projeto: espaço e tempo Uma alimentação saudável é essencial em qualquer fase da vida, mas nos primeiros anos de vida, em que a criança está em desenvolvimento global, a alimentação saudável torna-se requisito primordial para a saúde, proporcionando energia e nutrientes para o organismo. A escola é um espaço privilegiado para a promoção da saúde e desempenha papel fundamental na formação de valores, hábitos e estilos de vida, entre eles o da alimentação, conforme destaca Dewey (apud Santos,2006 p.116) “ A escola deveria estar relacionada à vida e aos problemas cotidianos.” A promoção de uma alimentação saudável no espaço escolar pressupõe a integração de ações de estímulo à adoção de hábitos alimentares saudáveis, por meio de atividades educativas que informem e motivem escolhas individuais. 16 Considerando que a aprendizagem transcende os espaços da sala de aula, outros espaços da instituição serão utilizados, como, biblioteca, refeitório, cozinha, brinquedoteca, área externa (horta) e também espaços fora da instituição: a feira livre. O assunto “Alimentação saudável” é mais do que um tema: é uma meta. Implantar uma campanha educacional sobre a Alimentação Saudável por meio da disseminação da informação e da organização do caminho do alimento desde sua produção até a escolha do cardápio das crianças é um importante instrumento de conscientização. Portanto esse projeto age de acordo com o que afirma Tinoco (2008, p.136) quando a autora coloca que os “projetos apontam para o futuro, abrem – se para o novo através de ações projetadas, cujo ponto de partida é a intenção de transformar uma situação problemática, tornando-a desejada por meio da realização de ações planificadas”. 3-Objetivos e produto final Objetivo geral: Promover, por meio de um projeto de letramento, o hábito de consumo de alimentos saudáveis e a consciência da sua contribuição para a promoção da saúde de uma forma atraente, lúdica e educativa, pois sabemos que “os projetos de trabalhos devem apresentar atividades autênticas de aprendizagem” (Hernández-1998). Objetivos específicos: Estimular e conscientizar o consumo de alimentos saudáveis; Introduzir novos hábitos alimentares nas crianças de 2 a 5 anos, através das refeições oferecidas na creche; Identificar tamanhos, cores, texturas, odores e sabores de diferentes alimentos; Elaborar cardápios balanceados; Discutir as informações nutricionais contidas nos rótulos dos alimentos que as crianças ingerem; 17 Montar uma pirâmide nutricional e explicar os grupos alimentares; Pesquisar, por meio de reuniões de pais ou pesquisa enviada aos mesmos, sobre os hábitos alimentares da família; Elaborar dicas referentes aos cuidados com os alimentos, bem como o seu consumo; Entrar em contato de forma sucinta, com diferentes gêneros textuais (receitas, reportagens, rótulos, cardápios, placas de identificação...) Estimular o consumo sem desperdícios; Estimular e praticar a higiene das mãos e dos alimentos; Avaliar a aceitabilidade dos alimentos; Criar, na creche, uma área verde produtiva pela qual todos se sintam responsáveis; Dar oportunidade aos alunos de aprender cultivar plantas usadas como alimentos; Produto final Finalizaremos com um evento de exposição dos trabalhos dos alunos para o qual suas famílias serão convidadas.- Os alunos confeccionaram os convites, e a exposição contará com desenhos, reportagens, poemas, fotos do início do plantio, seu meio e o final, contará com receitas saudáveis e equilibradas, além do cardápio mensal da creche exposto e, ao final da palestra, cada criança entregará a seus familiares, um folheto com dicas de uma alimentação saudável. Será feito também um livro, que no início do mesmo trará informações sobre os grupos alimentares e o desenho da pirâmide alimentar brasileira, depois as receitas de comidas saudáveis, que cada aluno assinará e entregará ao seu responsável. A abertura será com uma palestra feita por uma nutricionista que explicará aos pais a importância de uma alimentação natural e equilibrada para o desenvolvimento saudável das crianças. Encerraremos com um pequeno coquetel elaborado com as receitas trabalhadas no projeto e preparadas com as verduras e legumes colhidos na nossa hortinha. 18 4-Atividades centrais e planejadas do projeto: Em roda da conversa, questionar os alunos sobre o que eles mais gostam de comer e o que não gostam, registrando, numa tabela feita com cartolina, as preferências das crianças. Ler reportagens sobre a alimentação saudável, por que precisamos dela, para que serve e o que acontece se não nos alimentarmos com qualidade. (Revista Veja, p.82 a 89, “Hoje, elas são fofas. E amanhã?). Entrevista com as cozinheiras da creche sobre a preparação dos alimentos do cardápio; A cozinheira chefe, irá até a sala de aula, falará de seu trabalho e como prepara alguns alimentos simples e trivial, como arroz, feijão, salada de alface, sucos...e responderá possíveis perguntas. Pedir que as crianças tragam uma receita de alguma comida gostosa que algum familiar faz (mãe, avó, tios, pai...) para, juntos, avaliarmos se ela se encaixa num cardápio de alimentação saudável; Elaboração de uma horta para cultivo de hortaliças e legumes de crescimento rápido, observando diariamente, bem como cuidando e pedindo para que eles façam registros de observação em grupo de cinco crianças, onde deverá constar, data, se a planta foi regada, se cresceu, se seu estado geral é bom, e, placas de identificação dos vegetais plantados; Após a colheita, pedir para as crianças levarem as verduras e legumes para as cozinheiras prepará- los no cardápio da creche. Elaborar placas junto com as crianças pedindo: “ NÃO PISEM NA HORTA" – que será feita em folha sulfite, A4, 40, colada em palitos de churrasco e, depois a professora irá encapar com papel contact; Trazer para a sala de aula, diversos alimentos como banana, maçã, limão, abacaxi, cenoura, manga, alface, beterraba, batata, laranja, mamão, para serem 19 colocados na caixa surpresa para que as crianças tentem adivinhar por meio do tato, olfato e paladar de qual fruta se trata. Na “Hora do Conto” ler para as crianças o livro: “A cesta de dona Maricota” de Tatiana Belink. Ensaiar uma pequena dramatização para ser apresentada para as outras salas e no dia da exposição. Ouvir a música do CD Palavra Cantada, “Sopa do neném”, identificando o que pode e o que não se pode comer; Apresentar, de forma sucinta, a pirâmide alimentar e explicar para que ela serve; Elaborar placas, em que as crianças devam escrever ou desenhar diversos alimentos sugeridos por eles e pela professora, como: batata frita, arroz, feijão, macarrão, alface, tomate, balas, sorvete, ovos, banana, pão, leite, margarina, salgadinhos, óleo, sal, açúcar, queijo, etc. Após esses desenhos e escritas, dar um prato de plástico para cada um e pedir que coloque somente alimentos saudáveis nele, como na música “sopa do neném”, questioná-los; “será que tem ____________“ e a criança coloca o alimento. (a placa com o nome e desenho do alimento) Com o quadro feito de cartolina com as comidas que as crianças comem observar as semelhanças e diferenças entre as alimentações dos alunos da sala; Construção de charadas que misturem informação sobre formas, cores e tamanhos das frutas, verduras e legumes. Construção de jogos da memória a partir de imagens de frutas, verduras e legumes recortadas pelos alunos. Solicitar que os alunos tragam de casa ( uma criança por dia) uma fruta, verdura ou legumes para serem apresentados , comentados e degustados na hora da roda; Convidar uma mãe para fazer uma receita na escola para as crianças degustarem. Visitar uma feira livre, identificando diferentes legumes, frutas, hortaliças vendidas lá, observando o caminho que o alimento faz desde o plantio até chegar a mesa do consumidor, ou seja, ela é plantada, colhida, vendida para supermercados, feiras, restaurantes... 20 Preparação e degustação de uma salada de frutas e/ou bolo de cenouras na escola (registrar a receita). Organização de um livrinho de receitas baseado na história “A cesta da Dona Maricota” 5-Conteúdos focalizados e avaliação: Avaliação: A professora fará registro escrito diário de suas observações, impressões, ideias etc. com objetivo de compor um material de reflexão que a ajude na reelaboração do planejamento educativo. Outras formas de registros também poderão ser consideradas, como a gravação em áudio e vídeo; produção das crianças ao longo do tempo; fotografias, entrevista com os pais para verificar a aceitabilidade de novos alimentos em casa, bem como a observação dos alunos na hora do lanche da creche. Em relação às crianças, a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas dificuldades, suas possibilidades e, o mais importante, suas conquistas ao longo de seu processo de aprendizagem. LÍNGUA PORTUGUESA: -Linguagem Oral; -Escrita Espontânea de palavras e textos; -Reconhecimento de Letras; -Participação em situações leitura de diferentes Gêneros Textuais: contos, poemas, trava-línguas- parlendas, notícias de jornais e revistas; -Participação em situações nas quais se faz necessário o uso da leitura e da escrita (escrita e leitura de cardápios, convites, receitas,placas, etc); -Observação e manuseio de materiais impressos, como livros, revistas, jornais, receitas, - convites, placas, registros; 21 - Relato de experiências vividas e narração de fatos de sequência temporal e causal; - Participação em situações em que as crianças leiam, ainda que não o façam de forma convencional. ARTES: -Exploração e manipulação de materiais, como lápis e pincéis de diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão, tintas, areia, terra, argila etc. - Exploração e manipulação de diferentes suportes gráficos como, jornal, papel, papelão, paredes, chão, caixas, madeiras etc. - Criação de desenhos, pinturas, modelagens a partir de seu próprio repertório; - Utilização dos elementos da linguagem das Artes Visuais: ponto, linha, forma, cor, volume, espaço, textura etc. CIÊNCIAS: - Percepção dos cuidados com o corpo relacionados a ingestão de alimentos saudáveis que previnam as doenças causadas pela obesidade; -Despertar o interesse das crianças para o cultivo de uma pequena horta e o conhecimento do processo de germinação; - Preparo dos canteiros ( e possivelmente a descoberta de inúmeras formas de vida que ali existem: minhocas, formigas, caramujos, lesmas, joaninhas etc.) -Plantio de verduras e legumes por meio de sementes e mudas; - A prática diária com os cuidados da horta - regar, transplantar, tirar matinhos etc; - Observação da transformação das pequenas sementes em verduras e legumes viçosos e coloridos; -Degustação de alimentos preparados com as verduras e legumes colhidos na horta; -Degustação de alimentos in natura colhidos na horta. NATUREZA E SOCIEDADE - Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade; - Contato com pequenos animais e plantas; - Formulação de perguntas; 22 - Utilização, com ajuda da professora, de diferentes fontes para buscar informações, como, objetos, fotografias, documentários, relatos de pessoas etc. - Leitura e interpretações de diferentes registros, como, desenhos, fotografias e maquetes; - Valorização de atitudes de manutenção e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente; - Conhecimento dos cuidados básicos para o cultivo de alguns vegetais; - Percepção dos cuidados necessários à preservação da vida e do meio ambiente; - Percepção dos cuidados com o corpo, à prevenção de doenças causadas por alimentação inadequada; - Valorização de atitudes relacionadas à saúde e ao bem-estar individual e coletivo; - Pesquisa da origem dos alimentos. MATEMÁTICA: - Marcação do tempo por meio de calendários; - Experiências com dinheiro em brincadeiras ou em situações de interesse das crianças; ( brincar de comprar alimentos na feira); - Nas atividades culinárias, introdução de diferentes unidades de medidas, como o tempo de cozimento e a quantidade dos ingredientes: litro, quilograma, colher, xícara, pitada etc. - A comparação de comprimentos, pesos, capacidades, a marcação de tempo e a noção de temperatura; - Características opostas das grandezas, como grande/pequeno, comprido/curto, longe/perto, muito/pouco etc. - Noções de semelhanças e diferenças entre os alimentos, como as cores, textura, e entre os alimentos ingeridos pelos próprios alunos; 23 6-Referências bibliográficas para aprofundamento dos temas, gêneros e ações desenvolvidas no/para o projeto Projeto Pitanguá 3 – Organizadora Moderna (2 edição/ 2005) + Caderno de Explorador 3; Revista Veja, edição 2171 ano 43 n 26 de 30 de junho de 2010 “A síndrome do fofão”; KLEIMAN, Angela B. “Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola”. In: KLEIMAN, Angela B. (Org.). Os Significados do Letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1995; p. 15-61. KLEIMAN, Angela B. Projetos de Letramento na Educação Infantil. Revista Caminhos em Linguística Aplicada, Unitau – Volume l – Número 1, 2009; HERNÀNDEZ, Fernando. Os projetos de trabalho e a necessidade de transformar a escola. Presença Pedagógica, 20,53-60, Belo Horizonte, 1998 a. MARTINS, Rosicler. Vida e Alimento. São Paulo: moderna, 1993. Revista cozinha Prática. Publicação editada pela parceria Instituto do Coração e Edições Cozinha saudável. BELINK, Tatiana. A Cesta da Dona Maricota. São Paulo: Paulinas, 2005. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-domacarrao/imagens/piramide-alimentar.gif DVD Clipes Musicais Palavra Cantada – WWW.palavracantada.com.br SANTOS, Carmi et alli. Diversidade textual: os gêneros na sala de aula. Belo Horizonte, Autêntica, CEEL, 2006. 24 Referencial curricular nacional para a educação infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação. – Brasília; MEC/ SEF,1998. 25 ANEXO 26 Pirâmide Alimentar brasileira Aqui no Brasil, num primeiro momento, foi utilizado a Pirâmide Alimentar proposta nos Estados Unidos. No entanto, havia muitas diferenças entre os dois países nos tipos de alimentos consumidos e também no modo preparação dos alimentos. Então, em 1999, a pesquisadora Sonia Tucunduva Philippi e sua equipe publicaram na Revista de Nutrição o artigo "Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos” (*), propondo um instrumento de orientação nutricional muito mais adequado aos hábitos alimentares do grupo populacional brasileiro do que a pirâmide norte-americana. Esta nova pirâmide foi dividida em 8 grupos alimentares apresentados em forma de quantidades mínimas e máximas de porções diárias a serem consumidas. Observando o desenho da Pirâmide Alimentar Adaptada, podemos perceber que ela foi concebida com 4 níveis: Na base da pirâmide está o grupo dos Cereais (pães, arroz, batata, mandioca, milho, etc.), alimentos fonte de energia e que devem ser consumidos em maior quantidade - 5 a 9 porções por dia. No 2º nível, estão os grupos das Hortaliças (4 a 5 porções por dia) e das Frutas (3 a 5 porções por dia), alimentos que existem em abundância no nosso país, ricos em vitaminas e minerais e que, junto com os cereais, devem compor cerca de 55% do valor calórico total da dieta. No 3º nível temos 3 grupos alimentares: grupo do Leite e Produtos Lácteos (3 porções por dia), grupo das Carnes e Ovos (1 a 2 porções por dia), e o grupo das Leguminosas, onde se enquadra o feijão (1 porção por dia). Os alimentos de origem animal como os derivados do leite e as carnes são ricos em proteínas, mas também contêm grande quantidade de gordura e devem ser consumidos com mais moderação, cobrindo de 10 a 15% do valor calórico total da dieta. O grupo das leguminosas foi criado especialmente para a Pirâmide Alimentar Adaptada, já que faz parte do hábito alimentar do povo brasileiro a ingestão 27 diária de feijão acompanhado de arroz, uma mistura nutricionalmente positiva e que contribui com uma parte importante para o consumo de proteínas. No topo da pirâmide estão os grupos dos Óleos e Gorduras e Açúcares e Doces. Por serem considerados alimentos de alta densidade energética, ou simplesmente muito calóricos, o consumo destes dois grupos alimentares deve ser evitado; ainda lembramos que durante a preparação dos alimentos, produtos como o óleo de soja e o açúcar são acrescentados, fazendo que a ingestão de 1 a 2 porções por dia (recomendado para cada um dos grupos) ocorra sem que percebamos. Agora que você já conhece a Pirâmide Alimentar Adaptada ficará ainda mais fácil escolher o que você vai comer, não é mesmo? Os cereais, as frutas e hortaliças devem compor mais da metade do total da dieta; carnes, ovos e derivados do leite devem ser consumidos com moderação; óleos, gorduras, açúcares e doces devem ser evitados. 28 DICAS SAUDÁVEIS DE ALIMENTAÇÂO: 6- Em cada refeição, procure incluir alimentos variados, de origem vegetal, animal e mineral; 7- Prefira frutas e hortaliças a doces e guloseimas; 8- Consuma com moderação os alimentos ricos em lipídeos; 9- Beba de 3 a 4 copos de água durante o dia; 10- Consuma sal e açúcar com moderação; 29