Ciclo Trigonométrico Relacionando lados e ângulos Até agora trabalhamos com o conceito de arco geométrico. A medida de um arco geométrico é restrita ao intervalo [0, 2]. A partir de agora vamos atribuir um significado a medidas de arcos fora daquele intervalo. Passarão a fazer sentido, então, medidas de arcos menores que 0 e maiores que 2. Para chegar a essa generalização, introduziremos dois conceitos importante: arco trigonométrico e ciclo trigonométrico. Ciclo trigonométrico b 2º quadrante A’ –1 1B O 3º quadrante 1º quadrante A 1 a 4º quadrante –1 B’ Ciclo trigonométrico No ciclo trigonométrico, o raio é considerado como unidade de medida. Sendo o raio r = 1, o comprimento do ciclo é C = 2r = 2.1 = 2. Isso significa que O comprimento de um arco qualquer do ciclo é numericamente igual à sua medida, em radianos. Por isso, vamos deixar de usar, a partir de agora, o símbolo rad, ao expressar a medida de um arco em radianos. Associando números a pontos do ciclo A cada número real x, vamos associar a um ponto do ciclo trigonométrico. b B A’ + A O – B’ 1. Ao número real x = 0, associamos o ponto A, origem do ciclo. 2. A um número real x qualquer associamos um ponto P, final do a percurso sobre o ciclo. Origem 3. O ponto P é chamado de imagem de x no ciclo trigonométrico. Exemplos Marcar no ciclo trigonométrico, as imagens dos números inteiros 0, 1 ,2, 3, 4, 5 e 6 e dos irracionais /2, , 3/2 e 2. /2 2 B 1 Os números reais + 3 A’ A 0 O 4 2 6 B’ 3/2 5 que acabamos de marcar pertencem à 1ª volta positiva do ciclo. Corresponde ao intervalo [0, 2[. Exemplos Marcar no ciclo trigonométrico, as imagens dos números inteiros –1, –2, –3, –4, –5 e –6 e dos irracionais –/2, –, –3/2 e –2. –3/2 B –4 –5 Os números reais –6 – –3 A –2 O A’ – –2 B’ –/2 –1 que acabamos de marcar pertencem à 1ª volta negativa do ciclo. Corresponde ao intervalo [–2, 0[. Exemplos Marcar no ciclo trigonométrico e identificar o quadrante a que pertence a imagem do real 4/3. B 4 rad = 4 .180º = 240º 3 3 + A’ A O P 4/3 B’ Exemplos Marcar no ciclo trigonométrico e identificar o quadrante a que pertence a imagem do real –/4. B – rad = –1 .180º = –45º 4 4 A’ A O P -/4 B’ – Exemplos Um pentágono regular está inscrito no ciclo trigonométrico conforme figura. Determine os números reais que tem como imagem cada vértice do pentágono. PB = BQ = QR = RS = SP = B P: Q A’ P A O R B’ S Q: 2 2 – + 2 5 2 5 2 R: 9 + 10 5 2 S: 13 + 10 5 = = = = 10 9 10 13 10 17 10 2 5 Observação Os pontos A, B, A’ e B’ na figura dividem o ciclo trigonométrico em 4 partes iguais. Cada parte mede /2 ou 90º. Veja /2 B + A’ O A B’ 3/2 0 Observação Os pontos A, P, Q, A’, R e S na figura dividem o ciclo trigonométrico em 6 partes iguais. Cada parte mede /3 ou 60º. Veja /3 P 2/3 Q A’ O R 4/3 + A S 5/3 0 Observação Os oito pontos assinalados na figura dividem o ciclo trigonométrico em 8 partes iguais. Cada parte mede /4 ou 45º. Veja 3/4 /2 B A’ 5/4 P Q O /4 + A R S B’ 3/2 0 7/4 Observação Os pontos A, P, Q, A’, R e S na figura dividem o ciclo trigonométrico em 6 partes iguais. Cada parte mede /3 ou 60º. Percorrendo o ciclo no sentido negativo fica: –7/3 P –5/3 Q – A’ O R –2/3 A 0 – S –/3 Arco trigonométrico Arco trigonométrico Até aqui marcamos no ciclo trigonométrico imagens de números reais do intervalo [–2, 2[. São os números da 1ª volta positiva ou da 1ª volta negativa. A localização da imagem de um número real permite que sejam dadas, no ciclo, tantas voltas quantas forem necessárias, tanto no sentido positivo como no negativo. Cada ponto do ciclo trigonométrico é imagem de infinitos números reais. Arco trigonométrico A origem A, por exemplo, é imagem de todo número real que indique um número inteiro de voltas completas. B 0, 2, 4, 6, ... A’ A O –2, –4, –6, ... B’ Os números acima são chamados de números congruentes. Arco trigonométrico – caso geral Considere que o número real x, 0 ≤ x ≤ 2, tenha como imagem o ponto P do ciclo. O Ponto P é imagem de: B P A’ x x 2 + x A O 4 + x 6 + x –2 + x B’ Expressão geral dos números congruentes a x. –4 + x k.2 + x ou 2k + x Arco trigonométrico Seja x um número real, 0 ≤ x < 2, com imagem num ponto P do ciclo. Chamamos de Arco trigonométrico de extremidade P o conjunto de todos os números reais cuja expressão geral é 2k + x, com k inteiro. Cada um dos infinitos números congruentes que definem um arco determinação do arco. trigonométrico é uma Existe uma única determinação x que está na 1ª volta positiva. Ela é chamada de determinação principal. Encontrando a determinação principal Conhecendo-se uma das determinações de um arco trigonométrico, podemos encontrar sua determinação principal. Com a determinação principal, podemos raciocinar na primeira volta positiva, o que facilita a localização da extremidade do arco. Exemplos Achar a determinação principal de 1910º e determinar o quadrante de sua extremidade e escrever a expressão geral do arco trigonométrico. 1910º 360º 110º 5 1910º = 5 . 360º + 110º k.360º + 110º 90º P B A’ 180º 110º O 270º B’ A 0o Exemplos Achar a determinação principal de –2265º, determinar o quadrante de sua extremidade e escrever a expressão geral do arco trigonométrico. B 90º –2265º 360º –105º –6 –2265º = –6.360º – 105º – 105º + 360º = 255º A’ 255º O 180º P 270º B’ k.360º + 255º A 0o Exemplos Achar a determinação principal de 49/5, determinar o quadrante de sua extremidade e escrever a expressão geral do arco trigonométrico. 49/5 = 9,8 49 5 – 8 = 2k + 9/5. 8 < 49/5 < 10 49 – 40 = 5 9 5 324º, 4º q. Exemplos Achar a determinação principal de –17/3, determinar o quadrante de sua extremidade e escrever a expressão geral do arco trigonométrico. –17/3 = –5,6 –17 3 + 6 = 2k + /3. –6 < –17/3 < –4 –17 + 18 3 = 3 60º, 1º q. Exemplos No ciclo trigonométrico da figura os pontos P e Q são alinhados com o centro O. Para o arco trigonométrico de extremidade Q, obter, em graus e radianos, a determinação principal, a expressão geral e outras duas determinações, uma positiva e outra negativa. B P A’ O 30º Q B’ A Arcos trigonométricos notáveis Arcos trigonométricos notáveis Os arcos trigonométricos com extremidades nos pontos A, B, A’ e B’ merecem uma atenção especial. Eles são chamados arcos notáveis. Vamos analisar a expressão geral desses arcos. Para isso, usaremos a variável k, ou seja, k {0, ±1, ±2, ±3, …}. Arco de extremidade A B A’ A O B’ Equivale a um número inteiro de voltas. Como uma volta equivale a 2 (ou 360º), sua expressão geral é: 2k ou k.360º Arco de extremidade B B A’ A O B’ Equivale a um número inteiro de voltas (2k ou k.360º) mais 1 quadrante (/2 ou 90º). sua expressão geral é: 2k + /2 ou k.360º + 90º Arco de extremidade A’ B A’ A O B’ Equivale a um número inteiro de voltas (2k ou k.360º) mais meia–volta ( ou 180º). sua expressão geral é: 2k + ou k.360º + 180º Arco de extremidade B’ B A’ A O B’ Equivale a um número inteiro de voltas (2k ou k.360º) mais 3 quadrantes (3/2 ou 270º). sua expressão geral é: 2k + 3/2 ou k.360º + 270º Arco de extremidade A ou A’ B A’ A O B’ Equivale a um número inteiro de meias–voltas. Como meia–volta equivale a (ou 180º). sua expressão geral é: k ou k.180º Arco de extremidade B ou B’ B A’ A O B’ Equivale a um número inteiro de meias–voltas (k ou k.180º), mais 1 quadrante (/2 ou 90º). sua expressão geral é: k + /2 ou k.180º + 90º Arco de extremidade A, B, A’ ou B’ B A’ A O B’ Equivale a um número inteiro de quadrantes. Como um quadrante equivale a /2 (ou 90º). sua expressão geral é: k/2 ou k.90º Observação Nas expressões gerais dos arcos notáveis, é importante observar: 2k (ou k.360º) indica um número inteiro de voltas (origem A); k (ou k.180º) indica um número inteiro de meias–voltas (pontos A ou A’); k/2 (ou k.90º) indica um número inteiro de quadrantes (pontos A, B, A’ ou B’). Exemplos Localizar, no ciclo trigonométrico, a(s) extremidade(s) do(s) arco(s) cuja expressão geral é 2k – /3. B A’ A O 60º – B’ P 2k indica um número inteiro de voltas. Partimos do ponto A, percorremos 60º no sentido negativo. Exemplos Localizar, no ciclo trigonométrico, a(s) extremidade(s) do(s) arco(s) cuja expressão geral é k.90º + 30º. + Q B P 30º A’ 30º 30º + R 30º B’ S + A + K.90º indica um número inteiro de quadrantes. Partimos dos pontos A, B, A’ e B’, percorremos 30º no sentido positivo. Exemplos Na figura, P e Q estão alinhados com o ponto O. Obter, em graus e radianos, a expressão geral dos arcos de extremidades P ou Q. B A’ P 70º O 70º + Q B’ + A Partimos dos pontos A ou A’, giramos 70º (ou 7/18) no sentido positivo. A expressão geral dos arcos em P ou Q é k.180º + 70º ou k + 7/18 Seno, co-seno e tangente de um arco trigonométrico Seno, co-seno e tangente no ciclo As definições de seno, co-seno e tangente no triângulo retângulo são restritas aos ângulos agudos. A partir do ciclo trigonométrico e do arco trigonométrico, podemos ampliar os conceitos de seno, co-seno e tangente. Seno, co-seno no ciclo trigonométrico No ciclo trigonométrico destacamos o ponto P. Ele é a extremidade de um arco trigonométrico do 1º quadrante de medida , com 0º < < 90º. sen B P() Q sen ⍺ = 1 A’ O M A cos cos ⍺ = PM OP 0M OP = = PM 1 0M 1 = PM = 0M sen = OQ = ordenada de P B’ cos = OM = abscissa de P Tangente no ciclo trigonométrico No ciclo trigonométrico destacamos o ponto P. Ele é a extremidade de um arco trigonométrico do 1º quadrante de medida , com 0º < < 90º. tg T B A’ P() tg ⍺ = AT OA = AT 1 = AT O 1 A tg = AT = ordenada de T B’ Sinais do seno, coseno e tangente Sinais do seno, co-seno e tangente Se x é uma determinação qualquer do arco trigonométrico, temos as seguintes definições: sen sen x = ordenada de P 1 B cos x = abscissa de P tg x = ordenada de T tg – + + + A’ – –1 – + O – – –1 B’ + + – A 1 cos Exemplo Na figura abaixo, o ponto M é extremidade do arco trigonométrico de 30º. Determine as coordenadas de M. B M 1/2 M(cos 30º, sen 30º) A’ 30º O √3/2 B’ A M(√3/2, 1/2) Seno e co-seno dos arcos notáveis Seno e co-seno dos arcos notáveis No ciclo trigonométrico a seguir, destacamos as coordenadas dos pontos A, B, A’ e B’, extremidades dos arcos notáveis. /2 (–1, 0)A’ O B(0, 1) A(1,0) 0 ou 2 3/2 B’(0, –1) A(1, 0) sen 0º = sen 0 = 0 cos 0º = cos 0 = 1 Seno e co-seno dos arcos notáveis No ciclo trigonométrico a seguir, destacamos as coordenadas dos pontos A, B, A’ e B’, extremidades dos arcos notáveis. /2 (–1, 0)A’ B(0, 1) O A(1,0) 0 ou 2 3/2 B’(0, –1) B(0, 1) sen 90º = sen /2 = 1 cos 90º = cos /2 = 0 Seno e co-seno dos arcos notáveis No ciclo trigonométrico a seguir, destacamos as coordenadas dos pontos A, B, A’ e B’, extremidades dos arcos notáveis. /2 (–1, 0)A’ O B(0, 1) A(1,0) 0 ou 2 3/2 B’(0, –1) A’(–1, 0) sen 180º = sen = 0 cos 180º = cos = –1 Seno e co-seno dos arcos notáveis No ciclo trigonométrico a seguir, destacamos as coordenadas dos pontos A, B, A’ e B’, extremidades dos arcos notáveis. /2 (–1, 0)A’ O B(0, 1) A(1,0) 0 ou 2 3/2 B’(0, –1) B’(0, –1) sen 270º = sen 3/2 = –1 cos 270º = cos 3/2 = 0 Seno e co-seno dos arcos notáveis No ciclo trigonométrico a seguir, destacamos as coordenadas dos pontos A, B, A’ e B’, extremidades dos arcos notáveis. /2 (–1, 0)A’ O B(0, 1) A(1,0) 0 ou 2 3/2 B’(0, –1) A(1, 0) sen 360º = sen 2 = 0 cos 360º = cos 2 = 1 Exemplos Calcule o valor da expressão E= E= sen 90º . cos 180º + cos 0º . sen 270º sen 0º + tg 180º . cos 270º + cos 0º 1 . (–1) + 1 . (–1) 0+0.0+1 = –2 Exemplos Sendo x = /2, determinar o valor de E= cos 2x + 2 sen x tg 4x – tg x/2 Substituindo x por /2, fica E= cos + 2 sen /2 tg 2 – tg /4 = –1 + 2.1 0–1 = –1 Exemplos Indique os sinais das expressões: a) E1 = sen 105º.cos 200º.sec 305º.cosec 250º; b) E2 = sen 1.cos 2. sec 3. cosec 6 sen 105º sen 105º > 0 B cos 200º < 0 A’ sec 305º > 0 A O cos cosec 250º < 0 220º 250º B’ 305º E1 = (+).(–).(+).(–) > 0 Exemplos Indique os sinais das expressões: a) E1 = sen 105º.cos 200º.sec 305º.cosec 250º; b) E2 = sen 1.cos 2. sec 3. cosec 6 sen 2 B 3 A’ sen 1 > 0 cos 2 < 0 1 sec 3 < 0 A O cos cosec 6 < 0 6 B’ E1 = (+).(–).(–).(–) < 0 Observação No ciclo trigonométrico, o seno e o co-seno de um arco dependem apenas da extremidade dele. Como conseqüência, números congruentes têm mesmo seno e mesmo co-seno. Se x é a determinação principal de um arco, suas outras determinações são do tipo k.360º + x (em graus) ou 2k + x (em radianos). Logo, sen (2k + x) = sen x e cos (2k + x) = cos x Exemplos Calcular sen 15. 15 = 14 + 15 é congruente a 7 voltas B sen 15 = sen = 0 A’ 15 A O B’ 0 Exemplos Calcular cos 25/6. 25/6 é congruente a /6 cos 25/6 = cos /6 = √3/2 B 25/6 /6 A’ O B’ 30º A 0