Unidade 4 .O risco e o valor da empresa O relacionamento dos bancos com as empresas O valor da empresa sem endividamento O custo do capital. Inclui notas de curso do Prof. W. J. Hunter Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 1 Questões desta unidade . Qual a origem do risco? . O que é o custo do capital de um projecto/empresa? . Qual o problema da empresa não endividada? . Porque é que a avaliação do risco de crédito se importa com o custo do capital de um projecto/empresa? Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 2 Qual a origem do risco? Assimetria de informação: Problema de risco moral e de selecção adversa Estrutura financeira da empresa : nível de endividamento elevado Actividade económica da empresa : risco de actividade Período de recuperação do investimento Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 3 Relacionamento bancário Características do relacionamento bancário H1 H1a H1b H1c Performance economicofinanceira H2 Poder de mercado bancário local H3 Taxa de juro (spread) Limite de crédito (montante) Sector de actividade H4 Localização H5 Carlos Arriaga Condições de crédito Garantias (colateral) Economia Bancária e Financeira l 4 O PROCESSO DE ANÁLISE DO CRÉDITO A EMPRESAS Elementos-chave da análise de crédito: As fontes de reembolso: CF op / refinanc / alienação activos / liquidação empresa; Os riscos envolvidos: macroeconomicos + sectoriais + empresa + gestão. A análise qualitativa: a gestão, a industria e a estratégia empresarial; A análise quantitativa: técnicas fundamentais de análise financeira; A avaliação do risco: a notação de risco Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 5 O PROCESSO DE ANÁLISE DO CRÉDITO A EMPRESAS Análise do cliente Compreensão do SECTOR e do NEGÓCIO do cliente + Carlos Arriaga Montagem da estrutura e controlo do crédito FINALIDADE Análise interna Dem. ec-fin. históricas Indicadores Financeiros Cash-flow = Análise de FACTORES DE RISCO e investigação de ATENUANTES => Análise externa + Avaliação da CAPACIDADE HISTÓRICA da empresa Análise da proposta de crédito SWOT Notação Risco Rel. bancário Análise dos OBJECTIVOS do crédito + Análise previsional da CONDIÇÃO FUTURA do cliente Processo de REVISÃO E DECISÃO DO CRÉDITO Relatório sumário de credito MONTANTE Elaboração da ESTRUTURA PREÇO DE CREDITO FORMA adequada Conceder REEMBOLSO SIM => Conceder NÃO PRAZO Definição e Protecção aplicação de EXTERNA procedimentos de CONTROLO e acompanhamento Protecção do crédito INTERNA < Economia Bancária e Financeira 6 A subjectividade da análise de crédito Assimetria de informação: O potencial devedor sabe mais acerca de si próprio que o banco Incerteza quanto à evolução do meio envolvente Selecção Adversa => Racionamento de Crédito Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 7 Indicadores economico-financeiros ESTRUTURA/FINANCIAMENTO Indica a forma como a empresa está a ser financiada, nomeadamente a existência de compromissos a satisfazer no futuro e datas de reembolso. O objectivo é aferir da capacidade de fragilidade da estrutura financeira (escassez de recursos de carácter permanente…) LIQUIDEZ: Permite aferir da capacidade da empresa para cumprir as suas obrigações financeiras no curto prazo e garantir a manutenção da actividade operacional da empresa. A falta permanente de liquidez é uma das maiores causas de falências das empresas (especialmente MICROEMPRESAS) Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 8 Indicadores economico-financeiros RENTABILIDADE Permite obter medidas com base no lucro e, em ultima análise, a forma como esse lucro é produzido. São os rácios mais importantes para aferir a continuidade da empresa, i.e. a capacidade de no futuro gerar os CF que garantam o seu crescimento/manutenção. ACTIVIDADE Medem a riqueza operacional da empresa, i.e. quão eficiente tem sido a utilização dos seus activos Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 9 Afinal como avaliar a situação económico-financeira de uma empresa? Óptica financeira Procura determinar em que medida a empresa dispõe dos meios financeiros adequados para corresponder às suas necessidades operacionais e funcionar com independência perante terceiros. Ex. Equilíbrio financeiro, liquidez e solvabilidade Óptica económica Procura determinar o grau de eficiência da empresa, i.e. detectar a capacidade de organizar da melhor forma os meios que dispõe para produzir bens e serviços. Ex. Rendibilidade, produtividade, cash-flow Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 10 Indicadores economico-financeiros Problemas na utilização dos rácios: Lidam com contabilidade histórica; Comparam stocks com fluxos; Não consideram sazonalidade e ciclicidade; São passíveis de distorção por efeitos de inflação, políticas de avaliação de activos, reavaliações … Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 11 Escolha da estrutura de capital Qual é o primeiro objectivo financeiro? - Maximizar a riqueza dos accionistas. Por isso, pretende-se escolher a estrutura de capital que maximize a riqueza dos accionistas. Pode-se maximizar a riqueza dos accionistas por maximizar o valor da empresa ou minimizar o WACC Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 12 Que tipo de capital de longo prazo utiliza a empresa? Acções de preferência Acções normais: benefícios retidos novas acções Dívida de longo prazo © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 13 Qual o interesse deste conceito? O custo do capital é utilizado na tomada de decisões , principalmente quando envolve aumentos de capital. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 14 Custo do capital definição : taxa de desconto adaptada ao risco do projecto/empresa Componentes: - Custo da acção (dos capitais próprios) - Custo do endividamento WACC – weighted average cost of capital – taxa de desconto apropriada para proceder à avaliação dos cashflows futuros do projecto/empresa Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 15 “Custo do capital, exemplo” Quando se diz que o “custo do capital” é, por exemplo, de 12%, significa: – A empresa só terá um NPV (VAL) positivo se o retorno do projecto exceder 12% de modo a compensar o investidor de ter investido neste projecto. – A utilização do capital do projecto deve permitir um ganho de 12% de modo a conseguir-se o empréstimo para o projecto. Carlos Arriaga Assim, o custo do capital depende mais da utilização dos fundos do que da fonte dos fundos de financiamento. Economia Bancária e Financeira 16 Porque existe um custo nos benefícios retidos? Os ganhos da empresa podem ser reinvestidos ou pagos como dividendos. Os investidores poderiam comprar outros títulos , obtendo um retorno. Deste modo, há um custo de oportunidade se os ganhos forem retidos. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 17 Custo de oportunidade Custo de oportunidade: O retorno dos accionistas pode ser obtido através de investimentos alternativos de igual risco. Os investidores podem adquirir acções semelhantes e ganhar ks, ou a empresa pode re-adquirir as suas próprias acções e ganhar ks. Deste modo, ks é o custo dos benefícios retidos. Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 18 Métodos de avaliação para o custo da acção DCF - Discount cash flows Modelo do dividendo antecipado de Gordon Capital Asset pricing Model (CAPM) Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 19 Modelo dos dividendos antecipados Uma acção é valorizada por actualização dos cash flows futuros que empresa pode gerar. P0 = (D1 + P1) / (1+r) Rendimento: D1 / P0 O valor acrescentado : (P1-P0)/P0 r = (D1+P1-P0)/P0 P0 = D1/(1+r) + D2/(1+r)2+ .. + (Dt +Pt)/1+r) t Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 20 Modelo de Gordon P0 = (D1 / 1+re ) + D1*(1+g) / (1+re)2 + D1*(1+g)2 / (1+re)3+…+ = Σ D1* (1+g)t-1 / (1+re)t = D1 /(re – g) com |g| < re Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 21 Modelo de Gordon Po = D1 / (re-g) re = (D1 / P0 )+g re = (D0 (1+g) /P0) + g Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 22 Qual o custo dos benefícios retidos, re dado: D0 = $4.19; P0 = $50; g = 5%. D0 1 g D1 re g g P0 P0 $4.191.05 0.05 $50 0.088 0.05 13.8%. Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 23 Modelo de Gordon Suponha qu a empresa tem um crescimento superior ao retorno esperado da acção nos primeiros 5 anos. Então só a partir do 6º ano é que o modelo de Gordon poderá ser aplicado Se re – g < 0 ou seja g>re este modelo não se aplica Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 24 Modelo de Gordon D5*(1+g2) / (1+re)6 + D5*(1+g2)2 / (1+re)7+…+ = Σt=6 até ∞ D5* (1+g2)t-5 / (1+re)t = 1/(1+re)5 Σt=1 até ∞ D5* (1+g2)t / (1+re)t 1/(1+re)5 D5* (1+g2)t / (re-g2 ) Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 25 Exemplo re = D1/P0 + g = 10%; Investidores investem $100, esperando EPS = DPS = 0.1($100) = $10. 3.Suponha que a empresa necessita apenas de $80. Se ganhar rs = 10% sobre $80, EPS = DPS = 0.10($80) = $8. demasiado baixo e o preço cai. 5.Necessita neste caso de ganhar re = 10% /0.8 = 12.5%. 6.então EPS = 0.125($80) = $10. Conclusão: re = 12.5% > rs = 10.0%. Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 26 Suponha que uma empresa tem um ganho de 15% sobre o valor da acção (ROE = 15%) e retem 35% dos benefícios (dividend payout = 65%), devendo manter-se esta situação . Qual será o valor esperado de g? © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 27 Taxa de crescimento do beneficio retido: g = b(ROE) = 0.35(15%) = 5.25%. b = Fracção retida. Valor de g = 5% . Considere, a titulo de exemplo, um banco que paga 10% com b = 0, b = 1.0, e b = 0.5. qual o valor de g? © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 28 Outro método de avaliação do custo do capital - CAPM Modelo de aplicação na avaliação de uma acção Covariância entre o custo de capital (retorno do valor da acção) e o retorno do mercado (medido pelo índice de mercado) Β (empresa) = Cov (retorno mercado, retorno empresa) / Var (retorno mercado) Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 29 Qual o custo dos benefícios retidos baseado no CAPM? rRF = 7%, MRP = 6%, b = 1.2. rs = kRF + (kM - kRF )b. = 7.0% + (6.0%)1.2 = 14.2%. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 30 Modelo dos free cash flows Cash flows (definição geral): fluxo de tesouraria gerado pela empresa, que traduz a capacidade da empresa gerar dinheiro. Tipos de cash-flows: exploração; Investimento; Financiamento Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 31 Modelo dos free cash flows Cash-flow exploraçao: traduz o fluxo de tesouraria correspondente à diferença entre receitas e despesas resultantes da actividade da empresa CFexp = Beneficios+ dotação para amortizações – variação das necessidades de fundo de maneio Necessidades de fundo de maneio = Stocks + credito de curto prazo – dívidas de curto prazo Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 32 Modelo dos free cash flows Cash-flow investimento: corresponde à variação dos activos imobilizados brutos da empresa Cash flow de financiamento (de uma empresa não endividada): corresponde á diferença entre os capitais obtidos por aumentos de capital e os montantes distribuidos aos accionistas CFfin = ΛK - div Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 33 Modelo dos free cash flows Oportunidade de crescimento: O valor de uma empresa não reflecte apenas o valor actual dos cash flows gerados pela sua actividade mas tambem o valor actual dos investimentos futuros. Então podemos decompor o valor d e uma empresa em duas partes: - valor da empresa sem crescimento (benef/r) - valor actual do crescimento (vaco) Vaco = Σ val(t)/(1+r)t em que val corresponde ao valor actual liquido dos investimentos futuros. Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 34 Modelo dos free cash flows Valor da empresa não endividada Vo = Ao = no x Po = (noxD1+noxP1)/(1+r) No representa o número de acções emitidas em to. V1 = n1 x P1: A. No x P1 (acções antigas) B. ΛK1 =(n1-no) x P1 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 35 Modelo dos free cash flows Vo = (d1 –ΛK1+V1) / (1+r) Se d1 –ΛK1 for constante = Free cash flow Vo = (FCF1 + V1)/ (1+r) Vt = ((fct t+1) + Vt+1) /(1+r) Vo = Σ fct t / (1+r)t Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 36 Modelo dos free cash flows O valor de uma empresa não endividada reflecte o valor actual dos cash flows gerados mas também o valor actual dos investimentos futuros. Então: A. Valor da empresa sem crescimento: (ben1/r) . B. Valor actual do crescimento (va Co) = Σ (val (t) / (1+r)t Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 37 CONCLUSÃO O custo do capital encontra-se associado ao risco da empresa. Poderá ser interpretado como um custo de oportunidade. Não considerando o problema do endividamento, vários métodos são analisados para determinar o valor da empresa não endividada: o método dos cash flows descontados e do modelo de Gordon-Shapiro Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 38