Unidade teórica 8 O problema do endividamento 1 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira Questões desta unidade .O crédito e o endividamento : Que avaliação do valor da empresa e do risco? . Que tipos de crédito? . porque interessa a estrutura financeira da empresa na concessão de crédito? . O que significa alavancagem ou “leverage”? . Que teorias do equilíbrio financeiro? . Em que medida as alterações na estrutura do capital poderão afectar a empresa? 2 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • CRÉDITO ÁS EMPRESAS: CRÉDITO PARA FINANCIAR ACTIVIDADES DE TESOURARIA (CURTO PRAZO); CRÉDITO PARA FINANCIAR O INVESTIMENTO (CRÉDITO DE MÉDIO E LONGO PRAZO) • CRÉDITO A PARTICULARES (CRÉDITO AO CONSUMO; CRÉDITO HIPOTECÁRIO) FONTES DO ENDIVIDAMENTO Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 3 TIPOS DE CRÉDITO Crédito hipotecário aquisição, habitação). construção (financiamento para ou beneficiação de • Crédito ao consumo (meio pelo qual um credor concede ou promete conceder a um consumidor um crédito sob a forma de diferimento de pagamento, mútuo, utilização de cartões de crédito ou qualquer outro acordo de financiamento semelhante (DL nº 359/91, de 21/09) 4 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira MODALIDADES DE CRÉDITO AO CONSUMO Descoberto bancário; Conta ordenado; Cartão de crédito; Crédito pessoal; Crédito revolving (permanente); Locação financeira; Aluguer de Longa Duração (ALD). Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 5 ENDIVIDAMENTO Consiste no saldo em dívida por parte de um consumidor ou de um agregado familiar, que pode resultar de uma ou mais dívidas (multiendividamento). 6 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira SOBREENDIVIDAMENTO Quando existe uma situação de impossibilidade definitiva e estrutural de um devedor fazer face ao conjunto de dívidas vencidas e/ou vincendas, ou mesmo, quando exista uma ameaça séria de que o não possa fazer no momento em que elas se tornem exigíveis. 7 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira SOBREENDIVIDAMENTO Sobreendividamento activo – o devedor contribui activamente para se colocar em situação de impossibilidade de pagamento (por grave imprudência); – quando circunstâncias não previsíveis (desemprego, divórcio, doença, morte, etc.), afectam gravemente a capacidade de reembolso do devedor colocando-o na impossibilidade de cumprimento. Sobreendividamento passivo 8 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • O PROBLEMA DO ENDIVIDAMENTO DAS EMPRESAS: ESTRUTURA FINANCEIRA ÓPTIMA. O ENDIVIDAMENTO AFECTA A PERFORMANCE DE UMA EMPRESA? 9 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • As empresas devem apresentar uma estrutura financeira optima. • Devem estabelecer um limite entre o endividamento e “equity” (financiamento por capitais próprios) • Mais endividamento maior o risco…o que faz aumentar o custo do capital LEVERAGE (alavancagem) Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 10 • Em que medida o “ leverage” pode afectar o os ganhos por acção “EPS” e os retornos “ROE” de uma empresa? • Quando aumentamos a quantidade de dívida aumentamos a despesa em juros fixos e isso vaise reflectir tanto num bom ano económico como num mau ano. • “Leverage” amplifica a variação do EPS e do ROE Efeito da alavancagem, “Leverage” Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 11 • P0 = D1/(re – g) • Maiores ganhos resulta em maiores dividendos. Isso provoca um aumento de P0. • Mais endividamento aumenta no entanto re, o que faz diminuir P0. • A estrutura optima do capital é aquela em que maximiza P0. Estrutura de capital óptima Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 12 • Dados do problema • • • • Dados: O valor do capital investido é de 2 000 000 euros O resultado de exploração é de 200 000 euros Taxa de juro do empréstimo : 5% Taxa de imposição: 40% Alavancagem (leverage) Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 13 Resultados da exploração (EBIT) 100% capitais próprios 50% endividamento 200 000 200 000 Juros Base do imposto Imposto 50 000 200 000 150 000 80 000 60 000 Benefício líquido 120 000 90 000 Taxa de rentabilidade dos capitais próprios 12000 0/2 000 000 = 0,06 90 000/100 000 = 0,09 Alavancagem (leverage) Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 14 Taxa rentabilidade dos capitais proprios 35 20 9 5 5 6 20 taxa de rentabilidade do capital investido 15 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira Exemplo: Leverage Financeiro, EPS e ROE • Ignoramos o efeito dos impostos • O que acontece ao EPS e ROE se criarmos dívida e readquirirmos as acções? 16 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • Um risco maior reduz o preço da acção… • Mas um retorno mais elevado provoca um aumento do preço da acção! • Por isso a empresa deve utilizar o endividamento para maximizar o valor da acção LEVERAGE Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 17 Dois exemplos de ROE • Estrutura capital corrente • Investidor pede emprestado $2000 à taxa de 10% e utiliza $2000 dos seus fundos para comprar 200 acçoes • Payoffs: • Em Recessão: 200(1.25) - .1(2000) = $50 • Esperado: 200(2.50) - .1(2000) = $300 • Expansão: 200(3.75) - .1(2000) = $550 • Estrutura de capital proposta: • Investidor compra $1000 em acções (100 acçoes) e $1000 em obrigações que paga 10%. • Payoffs: • Recessão: 100(.1.25) + .1(1000) = $225 • Esperado: 100(2.50) + .1(1000) = $350 • Expansão: 100(3.75) + .1(1000) = $475 18 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • Encontrar o valor do EBIT quando o EPS for o mesmo em ambas as estruturas de capital, corrente e proposta. • Se esperarmos que o EBIT seja maior que o valor do break-even point, então o efeito de “leverage” é benéfico aos accionistas. • Se esperarmos que o EBIT é menor que o valor do break-even point, então o efeito de “leverage” é prejudicial aos accionistas. Break-Even EBIT Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 19 • Vamos supor que a empresa tem no mercado 400 000 acções ao preço de dois euros cada. A empresa endividou-se com o fim de re-adquirir metade das suas acções (200 000 x2 = 400 000). Aos ganhos deverse-á retirar este valor. 20 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira EBIT EBIT 400,000 400,000 200,000 400,000 EBIT 400,000 EBIT 200,000 EBIT 2EBIT 800,000 EBIT $800,000 800,000 EPS $2.00 Exemplo:400,000 Break-Even EBIT Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 21 • Teoria de Modigliani and Miller sobre a Estrutura do Capital • Proposição I – Valor da empresa • Proposição II – W.A.C.C. (CMPC) • O valor da empresa é determinado pelos cash flows da empresa e o risco dos seus activos. • Mudar o valor da empresa, significa: cash flows • Mudar os cash flows Teoria da estrutura do Capital Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira - Mudar o risco dos 22 • Proposição I • O valor da empresa não se encontra afectado pelas alterações da estrutura de capital. • Os cash flows da empresa não se modificam. Proposição II • O WACC (CMPC) da empresa não se encontra afectado pela estrutura de capital. Proposições I e II Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 23 • O custo médio ponderado do capital de uma empresa é totalmente independente da sua estrutura financeira. É igual à taxa de capitalização do rendimento de uma empresa com o mesmo risco, financiado exclusivamente através de capitais próprios. Proposição I Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 24 • • • K • K,rWACC = RA = (E/V)RE + (D/V)RD • R λ 25 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • O valor esperado do retorno da acção de uma empresa com dívida é igual á taxa de capitalização do fluxo de rendimento de uma empresa do mesmo risco , mas não endividada, aumentada de um prémio de risco igual à diferença entre a taxa de capitalização e o custo da dívida, multiplicado pelo ratio de endividamento desta empresa Proposição II Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 26 • • • WACC = RA = (E/V)RE + (D/V)RD K K =σk+(σk-r)D/E λ 27 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • WACC = RT =(E/V)RE + (D/V)RD • RE = RT + (RT – RD)(D/E) • RT é o “custo” associado ao risco da acção sem endividamento. • RE é o “custo” do risco da acção da empresa endividada. • (RT – RD)(D/E) é o “custo” do risco financeiro, i.e., o retorno adicional requerido pelos accionistas para compensar o risco de “leverage”. Equações Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 28 • Independência do valor da empresa e da estrutura financeira • V = E + D (proposição I) • • • • • Proposição II Wacc = re *(E/V) + rd* (D/V) Da proposição II : Re = r (Total) + (r(Total)- rd) D/E Wacc = re * (E/V) + rd * (D/V) = r (Total) Proposição I e II Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 29 • Β (Total) = Β(acções) *(E/V) + B (dívida) * (D/V) • B (acçãol) = B (Total, sem endividamento) + (B(Total) – B (dívida))* D/E Modgliani-Miller e o CAPM Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 30 • B dívida =0 e r(dívida) = rf • B (acções) = B (Total) (1+D/E) • R(dívida) = constante • Rentabilidade esperada das acções é uma função linear do coeficiente de endividamento • O risco das acções de uma empresa endividada traduz-se em dois tipos de risco: • - risco económico ligado á actividade da empresa (B Total) • - risco financeiro ligado ao endividamento B (Total) * E/D Dívida sem risco Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 31 • Dados • Retornos pretendidos sobre os activos = 16%, custo do endividamento = 10%; proporção de dívida = 45% • Qual é o custo de capital ( cost of equity)? • RE = .16 + (.16 - .10)(.45/.55) = .2091 = 20.91% Exemplo Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 32 • Suponha agora que o “ cost of equity” é de 25%, qual é o “debt-to-equity” ratio? • .25 = .16 + (.16 - .10)(D/E) • D/E = (.25 - .16) / (.16 - .10) = 1.5 • Com esta informação, qual é a percentagem de “equity” na empresa? • D/E = 1.5 então E= 1 e V = E+D = 2.5 • %E = 1 / 2.5 = 0.4 = 40% 33 Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira • Os juros são deduzidos de impostos • Se a empresa adicionar dívida, reduzirá impostos se as outras variáveis se mantiverem. • A redução de impostos faz aumentar o cashflow da empresa. • De que modo o aumento dos cash flows afectam o valor da empresa? Cash Flows Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 34 • A actividade de intermediação dos bancos fazem relacionar os bancos com as empresas. • Todavia, é através do crédito e do endividamento das empresas que o relacionamento se torna mais forte. • Coloca-se a questão se o valor da empresa é independente ou não da estrutura financeira da empresa. • O custo total do capital (wacc) será visto como a média ponderada do custo do capital e do custo de endividamento. CONCLUSÃO Carlos Arriaga Economia Bancária e Financeira 35