1 O papel do enfermeiro frente ao diagnóstico de septicemia em pacientes de UTI: Uma revisão bibliográfica Douglas Ferrari1 Celeste Maria do N. Silva2 RESUMO Sepse é considerada doença grave com alta mortalidade, principalmente para pacientes de UTI. Desta forma, objetiva-se com esta pesquisa analisar as produções científicas sobre o papel do enfermeiro frente ao diagnóstico de septicemia em pacientes de UTI, publicadas nos últimos dez anos, quanto ao ano, revista, base de dados, autoria e objetivo do estudo. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo que foi realizada utilizando a Biblioteca Virtual da Saúde, sendo selecionados os artigos da base de dados do Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e livro texto, através dos seguintes descritores: sepse, choque séptico, UTI, enfermagem. Foram analisados 9 artigos científicos e um livro texto, através dos quais foi possível identificar os seguintes resultados: a revista com maior expressão foi a Revista Brasileira de Terapia Intensiva com 4(40%) publicações, seguida 1(10%) publicação de cada artigo nas seguintes revistas: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; Jornal Brasileiro de Pneumologia; Revista de enfermagem da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE); Revista Brasileira de Clínica Médica. Quanto ao ano de publicação 3(30%) artigos foram analisados no ano de 2011.Conclui-se que os enfermeiros são profissionais importantes para um bom prognóstico de pacientes com o diagnostico de sepse em UTI, além disso estes profissionais foram apontados nas pesquisas analisadas como mediadores de condutas de intervenção entre a equipe de saúde, porém ainda são poucas as pesquisas que abordem o papel do enfermeiro frente ao diagnostico de septicemia em pacientes de UTI. Palavras-chave: Sepse. Choque séptico. UTI. Enfermagem. ________________ 1-Orientador. Doutor em Terapia intensiva pela Sobrati 2- Enfermeira. Mestranda em Unidade de Terapia Intensiva pela Sobrati. email: [email protected] 2 1 INTRODUÇÃO A sepse constitui-se em um agravante de grande relevância e preocupação para saúde de pacientes críticos, por ser a principal causa de morte nas UTI (Unidades de Tratamento Intensivo) e uma das principais causas de morte em geral nos EUA com taxas variando de 20% a 80%, dependendo da definição utilizada. Dados sobre a incidência e evolução da sepse em UTIs da América Latina incluindo o Brasil são raros. O Consenso Brasileiro mostra uma incidência de sepse e choque séptico de 27% e 23%, respectivamente (SALES Jr. et al., 2006). Silva et al. (2004) and (Koury, Lacerda e Barros Neto, 2006) enfatizam, que o Brasil é um país de dimensões continentais e com uma população heterogênea sendo, por isso, necessário que cada região ou serviço de saúde saibam o real perfil epidemiológico dos pacientes com sepse sob seus cuidados, para definir prioridades de intervenção com a intenção de melhorar o atendimento a esse grupo de pacientes. É importante mencionar também que a sepse é a principal causa de mortalidade em UTI não-cardiológicas em todo mundo, especialmente em decorrência de disfunção de múltiplos órgãos. Cerca de 10% dos leitos destas unidades são, atualmente, ocupados por pacientes em quadros sépticos. Do ponto de vista populacional, cerca de 18 milhões de novos casos de sepse grave serão diagnosticados a cada ano em todo o mundo, com crescimento estimado de 1% ao ano (BLANCO et al., 2006 and JUNCAL et al., 2011). A sepse é definida como uma síndrome clínica constituída por uma resposta inflamatória sistêmica associada a um foco infeccioso que, quando não tratada adequadamente, pode evoluir rapidamente para choque séptico, podendo resultar em falência de órgãos e óbito (BRUNER, 2008). Segundo Siqueira et al. (2011) o uso do termo sepse não está restrito apenas à síndrome inflamatória sistêmica secundária à infecção bacteriana, mas àquela resultante de qualquer microrganismo e seus produtos, quando esses se multiplicam causando um aumento da mortalidade, neste contexto, a 3 sepse acontece como resultado do desequilíbrio da barreira entre o hospedeiro e os microrganismos. Nesta perspectiva, a sepse é causada pela resposta inflamatória sistêmica do indivíduo, de maneira descontrolada e de origem infecciosa. Além disso, quando ocorre demora no diagnóstico, o quadro clinico pode se agravar e, usualmente, o inicio se manifesta com alterações inespecíficas e sutis de sinais vitais como taquicardia e taquipneia, posteriormente a sintomatologia fica mais complexa (ARAÚJO et al., 2010). Segundo Bruner (2008) existe um grupo de pacientes mais suceptivo a quadros de setpcemia, tais como: crianças prematuras e abaixo de um ano e idosos acima de 65 anos, portadores de câncer, pacientes que fazem uso de quimioterapia ou outros medicamentos que afetam as defesas do organismo contra infecções, pacientes com doenças crônicas como insuficiência cardíaca, insuficiência renal e AIDS, usuários de álcool e drogas e pacientes hospitalizados que utilizam antibióticos, tubos para medicação (cateteres) e tubos para coleta de urina (sondas). No entanto, destes pacientes citados anteriormente aqueles internados em UTI apresentam maior risco em desenvolvê-la, devido aos seguintes fatores: severidade da doença de base, o que ocasiona deficiência da imunidade humoral, celular e/ou inespecífica; submissão a procedimentos invasivos como ventilação mecânica, quebra das barreiras naturais de defesa; tempo de internação. Além disso, as bactérias mais frequentes observadas em culturas de sangue e outras secreções obtidas de pacientes com sepse são as enterobacterias, os estafilococos e a Pseudomonas aeruginosa (VERONESI, 2004). Não se pode negar avanços em relação ao diagnóstico mais precoce, rastreamento microbiano mais eficaz que possibilita o rápido início do tratamento, o uso otimizado das variáveis hemodinâmicas e das técnicas de suporte orgânico. Com base nesses dados, percebe-se que o enfermeiro, por estar em contato permanente com o paciente, em especial na UTI, tem responsabilidade em reduzir os casos de sepse. Cabe ao mesmo planejar, coordenar e implementar ações que visem promover a prevenção dessa síndrome, bem como melhorar o seu prognóstico (CARVALHO; TROTTA, 2003). 4 Ressalta-se ainda que para haver o controle eficaz de infecções, é necessária a convocação de outros setores do âmbito hospitalar, não se restringindo ao trabalho da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Ao se delegar responsabilidades aos profissionais das demais unidades do hospital, poderá haver uma coesão de forças, de modo que cada um ativamente coparticipe no controle e prevenção das infecções (ARAÚJO et al. 2010). Cabe também à enfermagem o papel de perceber as necessidades do paciente, em especial daquele com riscos de desenvolver sepse, encaminhando a demanda à nutricionista, pois esse indivíduo tem também na alimentação, fonte de energia para responder, em condições adequadas, aos microrganismos invasores (ARAÚJO et al. 2010). Desta forma, a sepse é reconhecidamente, um agravante de saúde que pode ser evitada em diversas situações, as quais são possibilitadas quando o enfermeiro tem conhecimento e ciência acerca das formas de cuidado com o paciente no sentido de evitar o seu desenvolvimento, assim como abordá-lo adequadamente, quando o mesmo se encontra com o quadro instalado, onde estas atitudes melhoram o prognóstico deste paciente (BRUNER, 2008). Sendo assim, a sepse é um problema grave de saúde que deve ser abordado por uma equipe multiprofissional, ficando sob responsabilidade da enfermagem trabalhar em conjunto com a CCIH para planejar os cuidados necessários a cada paciente, objetivando um melhor prognóstico. Portanto, este estudo teve por objetivo analisar as produções científicas sobre o papel do enfermeiro frente ao diagnóstico de septicemia em pacientes de UTI, publicadas nos últimos dez anos, quanto ao ano, revista, base de dados, autoria e objetivo dos estudos com destaque para a atuação da enfermagem, de forma a subsidiar o aprimoramento e atualização do conhecimento dos enfermeiros. 2 METODOLOGIA 5 O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo, que, segundo Gil (2010), é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como CDs, bem como material disponibilizado na internet. A pesquisa descritiva tem por finalidade proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de uma temática de estudo; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar. (MINAYO, 2007). Para o levantamento desta pesquisa foi utilizada a Biblioteca Virtual da Saúde, sendo selecionados os artigos da base de dados do Scielo (Scientific Eletronic Library Online), com publicações nacionais efetuadas nos anos de 2002 a 2012 através dos seguintes descritores: sepse, choque séptico, UTI, enfermagem e também livros textos que se adequassem aos objetivos propostos. Utilizaram-se os seguintes critérios para a seleção dos trabalhos: possuir resumo disponível nas bases de dados, período de publicação de 2002 a 2012, considerando que a publicação das normas técnicas vigentes do Ministério da Saúde, tratar da temática em estudo, ou seja, o papel do enfermeiro frente ao diagnóstico de septicemia em pacientes de UTI Foram excluídos os trabalhos não relevantes, as repetições, artigos que não apresentavam resumo, artigos escritos em outros idiomas que não o português. Após a exclusão, restaram 9 artigos científicos e 1 livro texto, totalizando 10 pesquisas analisadas. 3 ANALISE E DISCUSSÃO 3.1 Caracterização das pesquisas levantadas 6 Esta categoria foi apresentada pelos dados referentes às pesquisas selecionadas para a construção deste estudo, os quais foram identificados quanto ao (s) autor (s) pesquisado (s), ano de publicação e revista a qual pertencem. A revista com maior expressão foi a Revista Brasileira de Terapia Intensiva com 4(40%) publicações, seguida 1(10%) publicação de cada artigo nas seguintes revistas: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; Jornal Brasileiro de Pneumologia; Revista de enfermagem da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE); Revista Brasileira de Clínica Médica e Revista RENE. Quanto ao ano de publicação 3(30%) artigos foram analisados no ano de 2011, seguido de 2(20%) no ano de 2006 e 2(20%) no ano de 2009 e um (10%) de cada artigo nos anos de: 2008, 2010 e 2012. A tabela 1 apresenta a distribuição das pesquisas, fazendo a relação dos autores com o ano de publicação e os nomes das revistas. Tabela 1: Distribuição das pesquisas quanto a sua autoria, ano de publicação e revista. Teresina-PI, 2013. AUTORES ANO DE PUBLICAÇÃO REVISTA CARVALHO et al. . JUNCAL et al. SIQUEIRA et al. 2010 Rev Soc Bras Med Trop 2011 2011 J Bras Pneumol Rev enferm UFPE KOURY; ACERDA; BARROS NETO SALES JR. et al. TODESCHINI; SCHUELTERTREVISOL ZANON et al. VIANA 2006 JANAÍNA et al. PENINCK; MACHADO 2006 2011 Revista Brasileira Terapia Intensiva Rev. bras. ter. intensiva Rev Bras Clin Med. 2008 2009 Rev. bras. ter. intensiva LIVRO 2009 2012 Fonte: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) Rev Bras Ter Intensiva Revista RENE 7 Foi possível constatar também que a maioria destas pesquisas analisadas foram desenvolvidas por profissionais enfermeiros, fato este relevante, porque demonstra o interesse destes profissionais em desenvolver pesquisas a respeito da sepse em pacientes em UTI, porém algumas destas pesquisas também encontravam-se médicos. 3.2 O papel do enfermeiro frente ao diagnóstico de septicemia em pacientes de UTI Inicialmente para a construção desta categoria foram apresentados os títulos das pesquisas, juntamente com os seus objetivos, os quais, no intuito de respondê-los resolveu-se apresentar os resultados e as conclusões das pesquisas selecionadas para compor esta revisão bibliográfica (Tabela 2). Esta categoria foi constituída pelos resultados e conclusões de publicações dos nos períodos de 2002 a 2012, através de 08 pesquisas em revistas científicas e um livro texto, cuja temática confrontava-se com os objetivos propostos que era de realizar um levantamento de estudos que trouxesse como foco principal o papel do enfermeiro frente ao diagnóstico de sepse em pacientes internados em UTI. 8 Tabela 4: Títulos das pesquisas e os seus objetivos TÍTULOS DAS PESQUISAS Sepse, sepse grave e choque séptico: aspectos clínicos, epidemiológicos e prognóstico em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Universitário. Impacto clínico do diagnóstico de sepse à admissão em UTI de um hospital privado em Salvador, Bahia. Concepções de enfermeiros referentes à sepse em pacientes em terapia Intensiva. Características da População com Sepse em Unidade de terapia intensiva de Hospital terciário e Privado da Cidade do recife. OBJETIVOS Determinar a incidência e evolução da sepse em pacientes críticos. Descrever as características clínicas, os dados laboratoriais e o desfecho clínico de pacientes sépticos e não sépticos admitidos em UTI de um hospital privado na cidade de Salvador, Bahia, e identificar variáveis clínicas relacionadas ao pior prognóstico dos pacientes sépticos. Conhecer o entendimento de enfermeiros em relação à sepse; identificar quais os fatores desencadeadores, na ótica dos enfermeiros e os cuidados de enfermagem implementados ao paciente para evitá-la. Determinar as características clínicas, epidemiológicas e laboratoriais, bem como a mortalidade dos pacientes adultos com sepse, admitidos na Uti geral de hospital privado terciário do estado de Pernambuco. Sepse Brasil: Estudo Epidemiológico da Sepse em Unidades de terapia intensiva Brasileiras. Sepse associada ao cateter venoso central em pacientes adultos internados em unidade de terapia intensiva. Sepse na unidade de terapia intensiva: etiologias, fatores prognósticos e mortalidade. Sepse para Enfermeiros Compreender a epidemiologia da sepse no Brasil. Estratégia de detecção precoce e redução de mortalidade na sepse grave Avaliar o impacto da aplicação de uma política institucional para detecção da sepse grave ou choque séptico. Estabelecer o perfil epidemiológico dos casos de sepse em pacientes adultos internados na UTI em um hospital escola no Sul do Brasil. Avaliar etiologia, fatores prognósticos e mortalidade de pacientes sépticos tratados nas UTI de Passo Fundo, Brasil. Conhecer as características, os sinais e sintomas o diagnostico e o tratamento oferecido por enfermeiros a pacientes com sepse. Aplicação do algoritmo da sepse por Verificar a aplicação do algoritmo da sepse por enfermeiros na unidade de terapia enfermeiros na Unidade de Terapia Intensiva e intensiva criar um guia operacional de assistência de enfermagem. Fonte: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) 9 Em um estudo realizado por Koury, Lacerda e Barros Neto (2006) demonstrou o perfil epidemiológico de pacientes com sepse numa UTI privada de um hospital de grande porte, o qual constatou que ela é um problema comum em idosos, e em pacientes com co-morbidades associadas. Também chamam a atenção sobre as alterações na coagulação que, freqüentemente, são encontradas principalmente nos casos de sepse grave e choque séptico. Sales Júnior (2006) constataram em sua pesquisa que a sepse permanece como um grande desafio em todo o mundo e não é diferente em nosso país porque a mortalidade global dos pacientes sépticos foi de 46,6% (243 pacientes). Quando se avaliou os pacientes com choque séptico, a mortalidade encontrada foi de 65,3% e na sepse grave de 34,4%. Desta forma, o estudo da Sepse no Brasil evidenciou um número de pacientes com sepse grave e choque séptico maior que os relatados nas publicações européias e norte-americanas. Zanon et al. (2008) também concordam que a sepse é um problema de saúde pública que continua sendo um desafio médico mundial e uma das principais causas de morte na UTI. Este estudo encontrou incidência muito alta de sepse, uma taxa global de mortalidade na UTI de 31,1% e 34,6% no 28º dia após a inclusão no estudo (p = 0,237). Já no estudo realizado por Carvalho et al. (2010) a sepse se apresentou numa frequência mais alta do que relatado na literatura (18,6%), com distribuição similar entre as primárias e secundárias, com critérios microbiológicos em torno de 60% dos casos, em nossa UTI. Entretanto, a mortalidade total nos casos de sepse grave (35%) e choque séptico (50%) foram compatíveis com estudos multicêntricos. Juncal et al. (2011) também concordam com o pensamento anterior e acrescentam que os pacientes diagnosticados com sepse apresentaram piores desfechos clínicos, provavelmente por causa de sua maior gravidade. O nível de hematócrito foi à única variável capaz de predizer o risco de morte entre pacientes sépticos. Sendo assim, a não identificação do quadro de sepse impede a instituição do tratamento adequado, resulta em progressão para múltiplas 10 disfunções orgânicas, e compromete gravemente o prognostico dos pacientes. Assim, a busca continua pela detecção de sinais de SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica) e de disfunções orgânicas durante a verificação rotineira dos sinais vitais poderia implicar no reconhecimento dos pacientes com risco de sepse (ZANON et al., 2008). Em um estudo realizado por Siqueira et al. (2011) constatou que o conhecimento dos profissionais sobre a sepse como sendo uma infecção que acomete todo o organismo do paciente podendo ocorrer lesões em diversos órgãos esta de acordo com a literatura, onde a equipe de enfermagem foi apontada como responsável pelos fatores desencadeadores da sepse, pois o seu surgimento não depende apenas das condições de saúde do paciente, mas também está em conjunto com a qualidade do cuidado prestado. Os autores acima completam ainda dizendo que os cuidados de enfermagem prestados por estes profissionais com vistas a evitar a instalação de sepse são baseados em medidas simples, porém eficazes e necessárias para que o paciente não apresente uma piora no seu prognóstico com a instalação de um quadro séptico (SIQUEIRA et al., 2011). Além disso, é importante ressaltar também que o enfermeiro como profissional e líder da equipe de enfermagem deve ter um conhecimento vasto sobre sepse, a fim de tomar decisões e implementar ações em tempo hábil para a recuperação do paciente, garantindo ao usuário um cuidado digno e responsável, visto que um baixo índice de sepse hospitalar pode ser indicador da qualidade do atendimento prestado (SIQUEIRA et al., 2011). Já Viana (2009) afirma que os enfermeiros devem perceber e reconhecer as alterações, principalmente, dos sinais vitais no início da sepse para um prognóstico positivo além de reconhecer possíveis alterações orgânicas, como dispnéia (disfunção pulmonar), oligúria, alteração do nível de consciência, no geral insuficiência de múltiplos órgãos que ocorrem já no estado severo da sepse. Peninck e Machado (2012) constataram em sua pesquisa que sendo a sepse uma síndrome relevante atualmente e de alto impacto nos índices de mortalidade mundial, compete também ao enfermeiro dar um suporte adequado a esse paciente. Cabe a este profissional, ser um mediador das intervenções neste contexto. 11 Cabe salientar que os enfermeiros capacitados propiciam racionalização de rotinas, padronização e mais segurança na realização dos procedimentos, justificando a necessidade de acompanhar as novas tendências e participar da construção de alternativas que respondam aos desafios de melhorar a oferta de qualidade dos serviços prestados (PENINCK; MACHADO, 2012). Outro cuidado de enfermagem para evitar o surgimento da sepse está relacionado à nutrição do paciente. O aporte nutricional tem implicação direta na morbidade dos sujeitos doentes. Todos os indivíduos sépticos devem ter o seu gasto energético metabólico avaliado de forma a evitar os malefícios da hiponutrição ou da hipernutrição, visto que a desnutrição influencia negativamente no prognóstico de uma intervenção terapêutico. A desnutrição é um fator de risco para o desenvolvimento da sepse (SIQUEIRA et al., 2011). Desta forma, o exercício profissional em UTI vem se caracterizando, pela utilização de um saber específico, diante da complexidade existente neste setor. Com isso os profissionais envolvidos necessitam de constante aperfeiçoamento, atualização de seu conhecimento e incorporação de novos conceitos. Com tantos avanços tecnológicos nesta área, a equipe de enfermagem deve acompanhar esta evolução e requer assim enfermeiros preparados para lidar com essa clientela e ambiente especializado (VIANA, 2009). Segundo Janaina et al. (2009) a implantação da busca sistematizada de sinais de SIRS e/ou disfunções orgânicas em todos os setores do hospital corrigi falhas operacionais. Tal correção foi baseada no resgate da importância do cuidado com o paciente e o papel assistencial de cada profissional envolvido no cuidar e da importância dos sinais vitais como marcadores de alerta. As alterações dos sinais vitais devem ser prontamente relatadas pela enfermagem e devidamente valorizadas pelo medico. Investigar a causa desta alteração e avaliar a necessidade de tratamento agressivo é crucial. Sendo assim o momento é muito propício a uma reflexão ainda maior sobre esta doença que é a principal causa de morte nas UTI, haja vista o elevado impacto econômico e social. Além disso, precisa-se engajar cada vez mais na Campanha de Sobrevivência na Sepse e fazer uso racional, baseado em evidências, dos recursos por ora disponíveis e de forma mais precoce possível (SALES JR. et al., 2006). 12 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi possível identificar com o levantamento desta pesquisa a escassez de estudos que tragam como foco principal o papel do enfermeiro frete ao diagnóstico de sepse em pacientes de UTI, pois a maioria dos estudos encontrados reportavam-se a respeito dos dados epidemiológicos e sinais e sintomas desta enfermidade. Pode-se constatar também com esta pesquisa que o profissional de enfermagem é considerado um mediador entre a equipe de saúde para a adoção de medidas eficazes para a identificação e para o cuidado de pacientes com sepse em UTI e que suas condutas quando realizadas precocemente podem auxiliar para o bom prognóstico destes pacientes. Desta forma, fica evidente que o risco de sepse pode ser reduzido se a equipe de saúde, em especial a de enfermagem, realizar suas ações baseadas em assistência segura e livre de contaminação, a qual deve ser constantemente reciclada e atualizada pelos conhecimentos adquiridos através da educação em saúde. Cabe salientar a realização de uma assistência crítica de forma precisa e ágil, embasada em conceitos, para que identifique as medidas eficazes e modifique-as, proporcionando o pleno cuidado, auxiliando no tratamento adequadamente. Portanto, fica evidente a necessidade de mais pesquisas, principalmente por profissionais de enfermagem a respeito da septicemia em UTI, no intuito de esclarecer as suas dúvidas e enriquecer ainda mais a assistência não só a estes pacientes, como também a outros que se encontrem em risco de desenvolver quadros sépticos. 13 REFERÊNCIAS ARAÚJO M. F. M. et al. Dificuldades dos profissionais da saúde no controle de infecções hospitalares. Rev enferm. 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