a nova estrutura ocupacional nas organizações da nova economia

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A NOVA ESTRUTURA OCUPACIONAL NAS ORGANIZAÇÕES DA NOVA ECONOMIA
*Julio Cesar de Moraes Ribeiro
Uma constatação importante sobre as sociedades da nova economia, é que as pessoas,
além de estarem envolvidas em diferentes atividades, ocupam novos cargos nas
estruturas ocupacionais. De modo geral, previu-se que, conforme entrássemos na
sociedade do conhecimento, observaríamos a crescente importância dos cargos
administrativos e diretivos, cargos estes que implicam profissionais especializados,
alem de uma proporção decrescente dos cargos de artífices e operadores. Não
obstante, a versão “esquerdista” do pós-industrialismo aponta a importância cada vez
maior das profissões de mão-de-obra semiqualificada do setor de serviços como o
contraponto
ao
crescimento
do
emprego
de
profissionais
especializados
Nossa incipiente e empírica observação acerca da evolução dos empregos e cargos nas
economias desenvolvidas revela alguns aspectos básicos que, de fato, são
característicos das sociedades informacionais, a) eliminação gradual do trabalho rural;
b) declínio do emprego industrial tradicional; c) crescente diversificação das atividades
do setor de serviços; d) crescimento simultâneo da cúpula estratégica e do nível
operacional nas estruturas organizacionais; e) notório crescimento do terceiro setor
consubstanciado
pela
participação
ativa
da
sociedade
civil
organizada.
Todavia, não significa que as qualificações especializadas, a educação, as condições
financeiras, nem tampouco a estratificação das sociedades em geral tenham
melhorado. O impacto de uma estrutura de emprego , de certa forma valorizada sobre
a estrutura social, dependerá da capacidade das organizações incorporarem a
demanda de trabalho no mercado, valorizarem e investirem nos trabalhadores na
proporção de seus conhecimentos. É sabido por todos que a única fonte de
produtividade e crescimento reside na geração e valorização de conhecimentos,
estendidos a todas as esferas da atividade econômica e social mediante o
processamento
de
informações.
As tecnologias modernas e os novos arranjos administrativos estão exigindo cada vez
mais da mão-de-obra uma grande capacidade de transferir conhecimentos de um
campo para outro. Esta “mobilidade mental”, como é denominada por muitos
estudiosos, requer uma forte preparação não apenas em técnicas específicas mas,
sobretudo,
uma
formação
cultural
ampla.
Em um contexto competitivo baseado na contínua evolução das tecnologias e na
crescente modernização das práticas administrativas, verifica-se a necessidade de uma
força de trabalho capaz de captar o que existe, entender, adaptar e modificar de modo
a ajustar os referidos avanços às condições concretas de cada instituição. Para isso é,
de suma importância, a educação e a qualificação profissional. É neste sentido que, no
âmbito do emprego, tal investimento torna-se fator crucial. Atualmente, estamos
vivenciando um momento de profundas modificações no modo de trabalho, tornandose
necessário
a
polivalência
e
a
multifuncionalidade.
As tecnologias empregadas são tidas como máquinas lingüísticas destinadas a permitir
a fluidez e a aceleração da circulação das informações. Sob esse aspecto, a força de
trabalho tem que ter uma grande capacidade de adaptação às variações quantitativas
e qualitativas do processo de produção e, portanto, saber ler os fluxos de informações
e
compreendê-los.
Em relação à questão da formação básica do indivíduo e da qualificação do trabalhador
para enfrentar as novas condições impostas pelas alterações de produção e de
organização do trabalho, esta se refere, diretamente, à qualidade do emprego e ao
preparo da mão-de-obra na execução de tarefas de maior complexidade. A capacidade
de assimilação dos indivíduos é a ferramenta fundamental quanto aos novos sistemas
tecnológicos. Estes, por sua vez, fornecem uma base de infra-estrutura para a
economia e para a sociedade. Além disso, não podemos nos esquecer de mencionar
que o processo de capacitação tecnológica é específico, diferenciado e cumulativo
refletindo
as
características
de
cada
país.
Na sociedade pós-fordista, pós-industrial ou do conhecimento emerge um novo
paradigma de trabalho, fruto da recomposição do trabalho intelectual e manual e, ao
mesmo tempo, da superação desses dois termos. As novas competências na sociedade
do conhecimento, devem ser capazes de propor inovações técnicas e soluções
comunicacionais adequadas a uma organização do trabalho, cuja mecânica requer
níveis cada vez mais importantes de cooperação e de subjetividade nos locais de
produção, mas sobretudo entre esses locais e as redes de comunicação e consumo que
estruturam
os
territórios
metropolitanos.
A emergência da economia da informação como paradigma da sociedade pós-industrial
acaba transpondo as tradicionais referências. Isso porque o trabalho acabou
absorvendo as características distintivas da ação política, sendo que o modo de
produção pós-fordista integra, como força produtiva fundamental, uma intelectualidade
de
massa
que
se
tornou
social,
isto
é,
pública.
Modulação, flexibilidade, aprendizado e antecipação de falhas, são os elementos
fundamentais da organização do trabalho na nova economia, elementos que dependem
de prestações comunicativas e lingüísticas e de figuras produtivas que não podem ser
mais limitadas ao âmbito empresarial. O trabalho na nova economia é o trabalho
imaterial, ou seja, é antes de tudo uma figura da socialização do processo de
valorização,
isto
é,
das
condições
públicas
da
produção.
O trabalho na nova economia pode conjugar as vantagens das pequenas empresas
artesanais (rapidez nos processos decisórios, flexibilidade, reduzida burocracia) com as
vantagens das grandes empresas (solidez, intercomunicação, aprendizado,
experiência...).
*Doutorando e Mestre em Eng. de Produção, Administrador, Professor Universitário,
Coordenador de Orçamento e Finanças CAV/UFPE.
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