Camila Sampaio, Guilherme Nunes, Nádia Santos, Rafaela Paz e Wedsley Wanderley. SOCIOLOGIA DO TRABALHO Para a visão filosófica, o trabalho transforma o próprio homem, pois é pelo trabalho que o homem aprende a se autoproduzir, desenvolver habilidades e usar a sua imaginação. Aprende também a conhecer as forças da natureza e a desafiá-las, conhecendo então suas próprias forças e suas limitações. O homem não permanece o mesmo, pois o trabalho altera a visão do que ele tem do mundo, e de si mesmo. A liberdade não é dada ao homem, mas é o resultado de sua ação transformadora sobre o mundo. A visão histórica é um tanto diferente, já que aborda uma concepção de trabalho negativa. Evidenciamos essa concepção negativa, na Bíblia quando Adão e Eva vivem felizes e cometem o pecado, sendo expulsos do Paraíso. A condenação para o pecado foi o trabalho com o "suor do seu rosto". A etimologia da palavra trabalho vem do latino "tripaliare", do substantivo "tripalium", aparelho formado por três paus, era um aparelho de tortura formado por três paus, que seria para atar condenados e manter presos os animais difíceis de ferrar, daí a associação do trabalho com o sofrimento, pena, labuta. Outro fator determinante seria a desvalorização do trabalho manual na antiguidade grega. O trabalho manual era algo de baixo valor, enquanto o teórico era supervalorizado, pela racionalidade que nele empregava. Um dos filósofos que pregou isso foi Platão. E esse pensamento só começa a ter mudanças na Idade moderna, quando o interesse pelas artes mecânicas e a ascensão dos burgueses, são crescentes. Nascimento das Fábricas e Urbanização O nascimento das fábricas e a urbanização obteve seu desenvolvimento, logo após a queda do feudalismo e o surgimento do capitalismo. Além do aperfeiçoamento das técnicas, dá-se o processo de acumulação de capital e a ampliação dos mercados. Com o capital acumulado é permitido à compra de matérias-primas e de máquinas, para sobreviver e ter sua moeda de troca. Famílias inteiras eram submetidas ao trabalho em grandes fábricas, cujas condições eram precárias e a jornada de trabalho era demasiadamente extensa. Os trabalhadores não tinham direito a férias, aposentadoria e garantia de afastamento por invalidez, as crianças e mulheres tinham a mão de obra mais barata. Mesmo com toda essa situação precária as famílias se viam obrigadas a vender a força do trabalho em troca de salário, pois era a única forma de sobrevivência. O fruto do trabalho não mais lhes pertencia e a produção é vendida pelo empresário, que fica com os lucros. Está nascendo uma nova classe: o proletariado. Com o nascimento da era industrial, indicamos o deslocamento do setor primário (agricultura) para o fator secundário (indústria). No século XX, surge a sociedade pósindustrial e com ela a ampliação do setor terciário, que nada mais é do que o desenvolvimento de técnicas de informação e comunicação. Alienação A palavra alienação vem do latim aliena re, alienas, que significa "que pertence a outro”. Com Hegel surge o conceito de alienação, em sua perspectiva ela corresponde ao momento em que o espírito "sai de si" e se manifesta na construção da cultura. De uma forma mais simples Hegel acredita que o trabalho é a essência do homem, pois é somente por meio de seu trabalho que o homem pode realizar plenamente suas habilidades em produções materiais. No entanto Karl Marx muda essa ideia e trás algo mais parecido com os dias de hoje, dizendo que o conceito de alienação tem um sentido negativo, pois o trabalho não realiza o homem e sim o escraviza. Marx completa dizendo que, o homem deixa de “ser” para “ter”, sua vida passa a medir pelo o que possuí, não pelo o que ele é. Vimos que o surgimento do capitalismo aumentou a procura do lucro e prendeu o operário à fábrica, retirando dele a posse do produto. Mas não é apenas o produto que deixa de lhe pertencer, ele próprio abandona o centro de si mesmo, não escolhe o horário nem o ritmo de trabalho e passa a ser comandado de fora, por forças estranhas a ele. Ocorre então o que Marx chama de fetichismo da mercadoria e reificação do trabalhador. (Fetichismo: nas práticas religiosas. “Feitiço” ou "fetiche" significa objeto a que se atribui poder sobrenatural; em psicologia, fetichismo é a perversão na qual a satisfação sexual depende da visão ou contato com um objeto determinado (sapatos, meias, roupas íntimas etc.). o paralelo entre esses dois sentidos e o do fetichismo da mercadoria é que, nos três casos, os objetos inertes, sem vida, são "animados", "humanizados".). O “fetichismo" é o processo pelo qual a mercadoria, ser inanimado, é considerada como se tivesse vida, fazendo com que os valores de troca se tornem superiores aos valores de uso e determinem as relações entre os homens, e não viceversa. Com esse fetichismo o homem trata o produto, com um valor superior do que de fato é. O ser humano não compra a realidade, mas sim a transcendência que determina o artefato. Por exemplo, as relações não são entre alfaiate e carpinteiro, mas entre casaco e mesa. Alienação na produção O taylorismo A partir da implantação do sistema fabril, há uma crescente complexidade resultante da divisão do trabalho. A divisão do trabalho foi intensificada no início do século XX, quando Henry Ford introduziu o sistema de linha de montagem na indústria automobilística (fordismo). A expressão teórica do processo de trabalho parcelado é levada a efeito por Frederick Taylor. O taylorismo foi vinculado a um livro chamado Princípios de administração científica, onde estabelece os parâmetros do método científico de racionalização da produção,e visa o aumento da produtividade com a economia de tempo. Para aplicar essa racionalização nas fábricas, Taylor parte do princípio de que os trabalhadores são preguiçosos e por isso fazem corpo mole na hora do trabalho. Observando isso, determina uma nova forma de trabalho para que seus empregados se tornem ágeis. Essa nova forma de trabalho, reduz o homem a gestos mecânicos, tornando-o “esquizofrênico”, pelo parcelamento das tarefas. Isso foi retratado em Tempos Modernos, filme clássico de Charles Chaplin. O sistema de "racionalização" do trabalho faz com que o setor de planejamento se desenvolva, tendo em vista a necessidade de aprimorar as formas de controle da execução das tarefas. A necessidade de planejamento desenvolve intensa burocratização. Os burocratas são especialistas na administração de coisas e de homens, estabelecendo e justificando a hierarquia e a impessoalidade das normas. A burocracia e o planejamento se apresentam com a imagem de neutralidade e eficácia da organização, como se estivessem baseados num saber objetivo, competente, desinteressado. O operário não satisfeito com as longas jornadas de trabalho era indolente em seu trabalho, trazendo assim, prejuízos ao dono. Sendo assim o taylorismo substitui as formas de coação visíveis, de violência direta, pessoal, de um "feitor de escravos", por exemplo, por formas mais sutis que tornam o operário dócil e submisso. A alienação no setor de serviços Marx viveu no período em que a exploração capitalista sobre o proletariado era muito explícita, e por isso achava que aconteceria o contrário entre as classes e chegaria ao ponto crucial em que o crescente empobrecimento do operariado levaria á tomada de consciência da dominação e à consequente superação dela por meio da revolução. Mas com a ampliação do setor de serviços, aumenta a classe média, multiplicam-se as profissões de forma inimaginável e nos aglomerados urbanos os escritórios abrigam milhares de funcionários executivos e burocratas em geral. Alienação de Consumo O consumo não alienado é quando consumimos por que precisamos, seja por necessidades orgânicas (de subsistência), culturais (educação e aperfeiçoamento) e estéticas. É um consumo não midiático, a pessoa não vai comprar por influência e sim porque necessita ou deseja, sem influências. O consumo alienado acontece quando somos induzidos a comprar algo, não porque precisamos, mas porque esta na moda, a mídia esta lhe oferecendo aquele produto, fazendo você acreditar que necessita dele, apenas para status ou por um desejo incansável. Alienação no lazer O lazer é criação da civilização industrial, e aparece como um fenômeno de massa com características especiais que nunca existiram antes do século XX. Antes o lazer era um privilégio dos nobres, pois eles eram os patrões. Os camponeses e artesões trabalhavam desde o dia clarear até a noite cair, por tanto não havia tempo para o lazer. Com o passar do tempo começa as reivindicações dos trabalhadores, que vão lentamente conseguindo alguns êxitos. A partir de 1850 é estabelecido o descanso semanal. Em 1919 é votada a lei das oito horas, progressivamente a semana de trabalho é reduzida para cinco dias. Depois de 1930, outras conquistas, como descanso remunerado, férias e, concomitantemente a organização de "colônias de férias", fazem surgir no século XX o "homem-de-após- trabalho". É o inicio de uma nova era, que tende a tomar contornos mais definidos com a intensificação da automação do trabalho. Estamos nos dirigindo a passos largos para a "civilização do lazer" É dito como lazer, aquele tempo propriamente livre, que sobra após a realização de todas as funções que exigem uma obrigatoriedade, quer sejam as de trabalho ou todas as outras que ocupam o chamado tempo liberado. Segundo Dumazedier: "O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais”. O lazer alienado esta ligado a propaganda bem-montada "indústria do lazer", ele orienta as escolhas e os modismos, manipula o gosto, determinando os programas: boliche, patinação, discotecas, danceterias, filmes da moda. Em nossas cidades fica difícil não fazer parte do lazer alienado, temos poucos locais onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de futebol, clubes populares, locais de integração social espontânea. Isso reduz a possibilidade do lazer ativo, não alienado, ainda mais se supusermos que o homem se encontra submetido a todas as formas de massificação pelos meios de comunicação. O FUTURO DO TRABALHO Os tempos mudaram e os trabalhos estão em crise, diferente do passado em que uma pessoa era valorizada pelo tempo de empresa, hoje, caso ela não de resultados ou não se adapte a sua função, essa pessoa é mandada embora ou peça demissão. Existe também a questão da modernização da sociedade que esta sendo criada para não se acomodar e sempre buscar algo melhor. Antes dessa modernização, as empresas ofereciam ótimos benefícios e estabilidade no cargo alcançado, não deixando que os trabalhadores se sentissem estremecidos, com uma possível demissão. Com essa modernização, cada vez mais, há trabalhadores em busca de empregos que dão esta estabilidade de uma possível carreira na organização, pois eles sabem que o mercado é incerto. Porém as empresas estão em busca de máquinas que fazem o aqui e o agora, elas não querem alimentar grandes profissionais por décadas. Por isso, para que isso ocorra com grande êxito, elas usam o meio mais fácil, terceirizando os empregados, sabendo que assim não gastará tanto se caso o contrata-se. Por conta dessa instabilidade das empresas Sennet prevê que daqui a alguns anos as empresas irão fazer contratos de seis em seis meses podendo renovar. Sem contar na desigualdade dentro das empresas, empresários ganhando muito enquanto os trabalhadores são pagos com o mínimo, que por muito das vezes ganham para a empresa cinco vezes mais do que é pago ao executivo. Sennet verificou que com o problema de se ter uma afinidade com a empresa na qual trabalha a pessoa fica mais propicia a ter problemas como: alcoolismo, divórcio e problemas com a saúde. Os trabalhos menos flexíveis são os Mc-Empregos, atendentes de lojas e operadores de telemarketing, apesar de serem os que mais empregam jovens inexperientes. O problema é que as empresas de hoje em dia querem resultados imediato, em curto prazo, diferente das de antigamente que acreditavam no resultado estratégico em longo prazo. Quem acaba perdendo mais com isso são os jovens de classe baixa que na maioria das vezes tem que aturar e correr riscos dentro de uma instituição que é instável. A crise do Trabalho estável nos tempos atuais faz com que pessoas que tenham educação de qualidade acabem enfrentando o subemprego e o desemprego. Na Coréia do sul eles têm um forte ensino superior, porem os jovens reclamam que por mais que eles tenham faculdade à dificuldade de encontrar um emprego ainda continua. No Brasil o modernismo no trabalho é rentável, em 20 anos o setor bancário ampliou-se muito, porem reduziu seus postos de trabalho. Nos Estados unidos entre 1982 e 2002, foram reduzidos os números dos funcionários de uma metalúrgica de 290.000 para 74.000 e o rendimento aumentou antes com 290.000 eles produziam 75 milhões de toneladas de aço sendo que com 74.000 eles produziram 102 milhões de toneladas de aço, isso com ajuda de maquinas. Hoje em dia muitos desses empregos nos já não encontramos mais, pois na maioria das vezes a empresa substitui 70% dos funcionários por maquinas pelo fato de ser mais barato, e quem sofre com isso são os jovens que tem mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho e os mais velhos que tem dificuldade de se manter. Um dos poucos mercados que continuam crescendo entre os jovens são os de motoboys, porem essa oportunidades não cobrem as perdas. Robbert Sennet entrevistou alguns jovens publicitários nos anos noventa que disseram que a sensação era de que quanto mais velho você ficava, mais inútil era para a empresa, o que é contraditório, pois a nova medicina nos permite viver mais e trabalhar mais tempo, porem as empresas preferem contratar jovens de 25 anos do que velhos de 50. Hoje para as empresas esta mais fácil contratar alguém novo do que re-treinar alguém velho para fazer o serviço, a questão é que a rotatividade de funcionários, e o curto tempo de cada trabalho faz com que você não tenha tempo de criar vinculo com a empresa, fazer amizades com os seus companheiros de trabalho e nem se quer aprender com os seus próprios erros. Trabalho e Alienação iO futuro do Trabalho I e II i Informações retiradas do texto: Trabalho e Alienação de Maria Lúcia Informações retiradas do texto: O futuro do trabalho I e II de Dupas, Gilberto.