O sujeito automático das relações sociais: Marx e o fetichismo do capital Francisco de Assis Silva* * Mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia e professor da Faculdade Regional da Bahia _______________________________________________________________________________ Na obra “O Capital: crítica da economia política”, Karl Marx nos apresenta um fetichismo que, embora distinto do fetichismo da mercadoria e do fetichismo do dinheiro, traz em si as características dos seus predecessores. Referimo-nos ao fetichismo do capital. No estudo desse conceito, pudemos observar algumas peculiaridades que lhes são constitutivas e das quais vamos buscar expor. A primeira delas se refere à entrega da vontade e da consciência do capitalista ao capital, tornando-se, segundo Marx, a personificação do capital. Nesse sentido, Marx descreve o capitalista como a encarnação do capital, como aquele que representa uma figura processual autônoma. A segunda característica do fetichismo do capital diz respeito à consideração da ciência e da técnica como atributos do capital. Ainda que a ciência não esteja plenamente subalternizada ao capital, o seu desenvolvimento tem sido realizado sob a égide deste e a técnica (estreitamente vinculada à ciência) é utilizada para revolucionar os meios produtivos de forma a atender aos interesses do sistema capitalista. Não obstante, ambas as características emergem da condição que assume o capital como “sujeito automático” das relações sociais; nessa condição, o capital se apossa da racionalidade do capitalista e atribui a si o desenvolvimento da ciência e da técnica. São essas duas características que objetivaremos apresentar no presente trabalho.