PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS FACULDADE DE QUÍMICA ENERGIAS ALTERNATIVAS II CRISE AMBIENTAL: EMISSÕES ATMOSFÉRICAS, MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PERSPECTIVAS. DISCIPLINA: TECNOLOGIA, ENERGIA E MEIO AMBIENTE PROFª RAFAELA OLIVEIRA DO NASCIMENTO CAMPINAS 2010 Bruno Costa 06352595 Camila A. 07315229 Daniela Silva 07321268 Diogenes 07255953 Emerson 07312994 João Tancredo 07391253 Julio Cassu 07357122 Rafael Bogarin 07601560 Vânia 07383490 ENERGIAS ALTERNATIVAS II CRISE AMBIENTAL: EMISSÕES ATMOSFÉRICAS, MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PERSPECTIVAS. Relatório de seminário como requisito para avaliação da disciplina tecnologia, energia e meio ambiente, ministrada pela Prof.ª Rafaela Oliveira do Nascimento, do curso de Química Tecnológica, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. CAMPINAS 2010 Introdução “Socorro!” - Esse é o pedido mais urgente que nosso planeta está fazendo. A Terra está doente, e apesar das mudanças naturais, somos nós os principais responsáveis pelo atual estado que ela se encontra. Animais em extinção, rios e mares sujos e contaminados, florestas desmatadas, se transformando em campos e até mesmo desertos. Todos esses são sintomas sentidos pelo planeta e que cansamos de ver diariamente na mídia. Mas trataremos de um sintoma em especial neste trabalho: as alterações climáticas. A temperatura está subindo cada vez mais. E isso já é bastante visível através de vários fatos atuais. O nível do mar não pára de subir. Tempestades avassaladoras vêm ocorrendo com grande freqüência. Secas. Pestes. Epidemias. Para resolver esse grande problema é preciso identificar a sua fonte. E a intensificação do efeito estufa é o principal responsável pelo aquecimento da Terra. Esse fenômeno que visa impedir o resfriamento do planeta está se tornando cada dia mais forte porque estamos aumentando de mais a quantidade de “gases do efeito estufa” na atmosfera. Quanto maior a quantidade desses gases, maior é o aquecimento do planeta. Mas não foi nesses últimos dias que essa crise foi percebida. Há algumas décadas, foi notado que o planeta estava sofrendo sérias transformações e entidades governamentais e cientistas começaram a se reuniram a fim de buscar soluções. Grandes convenções foram realizadas como: Estocombo (1972); Montreal (1987); a Eco-92, no Rio de Janeiro (1992); Quioto (1997); COP-15, em Copenhague (2009), entre outras. Infelizmente algumas ações decididas nas convenções não foram aderidas por todas as nações envolvidas. A boa notícia, apesar da rejeição de alguns países aos acordos propostos nas convenções, é que cada um de nós podemos tomar uma atitude para resolver essa crise. E com certeza, seremos nós, sem exceções, os responsáveis pelas mudanças necessárias para salvar a Terra. E o melhor ainda: as medidas que devemos tomar são em sua maioria extremamente simples e baixo custo. Basta criarmos um compromisso com nosso planeta. O futuro só depende de nós. E aí, vamos tomar essa atitude? Mudanças climáticas Mudança climática ou alteração climática refere-se à alteração do clima em escala global ou em regiões que compões diferentes partes do globo terrestre. As variações climáticas se referem principalmente à precipitação, nebulosidade e temperatura, além de outros fenômenos, em relação às médias históricas. Por exemplo, podemos citar aumento médio da temperatura global como uma mudança climática em escala global, chuvas torrenciais e secas como mudanças localizadas. As mudanças climáticas podem ser de origem natural como em função das atividades vulcânicas ou como atualmente muito se discute em função das atividades do homem, especialmente relacionada ao consumo de combustíveis fósseis e ao desmatamento. Não podemos deixar de citar que as atividades humanas em relação a mudança na temperatura do planeta são contestadas por inúmeros cientistas de renome internacional, segundo eles estudos recentes indicam atividades solares como responsáveis pelos aumentos de temperatura global (Global Warming: A Convenient Lie, by Andrew Gavin Marshall, 2007). Considerando a teoria mais aceita atualmente, de que as atividades humanas são causadores do aquecimento global, o efeito estufa, que causa o aumento da temperatura na terra, ocorre porque o aumento da concentração de gases na atmosfera como o CO2 e o metano reduzem a dissipação da energia que a terra recebe do sol na forma de calor, qual deveria retornar ao espaço. Variações no clima da terra, temperatura, sempre ocorreram como em fenômenos cíclicos em períodos inter-glaciais, porém, a partir de revolução industrial a relação entre o homem e a natureza foi drasticamente modificada, desde então as emissões de gases de efeito estufa se elevaram a níveis alarmantes. São várias as conseqüências do aquecimento global. Algumas delas já podem ser sentidas em diferentes partes do planeta como o aumento da intensidade de eventos de extremos climáticos (furacões, tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca ou deslizamentos de terra). Além disso, os cientistas já observam o aumento do nível do mar por causa do derretimento das calotas polares e o aumento da temperatura média do planeta em 0,8º C desde a Revolução Industrial. Figura 01: Desertificação e derretimento das calotas polares: duas consequências das mudanças climáticas O gráfico abaixo mostra a variação da temperatura em função da concentração de CO2 na atmosfera nos últimos 650 anos, pode ser visto que o aumento da temperatura relaciona-se com concentração do CO2. Figura 2: Gráfico mostrando a variação da temperatura e da concentração de CO2 e CH4 ao longo dos últimos 650 anos. A Concentração de CO 2 e CH4 em 2005 ultrapassa a variabilidade dos últimos 650 anos. Em função de que muitas evidências científicas demonstrarem que as alterações no clima do planeta são conseqüentes das atividades humanas, a atenção da sociedade internacional foi despertada na década de 1980. Isto inspirou uma série de conferências internacionais, sendo que em 1990 a Assembléia das Nações Unidas respondeu a esses apelos estabelecendo o Comitê Intergovernamental de Negociações para a Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima (INF/FCCC). Este trata de uma série de acordos e eventos por meio dos quais países de todo o mundo estão se unindo para enfrentar o desafio das mudanças climáticas. O índice de Vulnerabilidade pelas Mudanças Climáticas, compilado pela empresa Britânica Maplecroft, uma empresa global de aconselhamento de risco, está mapeando as regiões do planeta e coloca o Sul da Ásia como a região mais vulnerável às mudanças climáticas. Sua crescente população está exposta cada vez mais a inundações, secas, tempestades e elevação do nível do mar. Dos 16 países listados como em risco “extremo” cinco são do sul da Ásia. Já o Brasil que está localizado na America do Sul encontra-se como o 81° e está classificado como “alto risco”. O índice é baseado em 42 fatores sociais, econômicos e ambientais e ainda envolve a capacidade de resposta dos governos frentes aos problemas que irão enfrentar relacionados à mudança do clima. Emissões atmosféricas. A Resolução do Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente nº 0390 apresenta como definição que, poluente atmosférico é toda e qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. A quantidade de substâncias poluentes presentes no ar representa o nível de poluição atmosférica. Estabelecer uma classificação em meio à grande quantidade de substâncias poluentes é uma tarefa complicada, por esta razão estes foram divididos em dois grupos, de acordo com os seus efeitos adversos e freqüência de ocorrência. A concentração de poluentes está fortemente relacionada às condições meteorológicas como ventos fracos e inversões térmicas a baixa altitude. A qualidade é determinada através de uma medição sistemática e restrita. É necessário avaliar os recursos disponíveis para que seja realizado um acompanhamento e os poluentes devem ser definidos em função de sua importância. Os veículos, processos industriais, queima de biomassa e suspensão de poeira do solo, são as principais fontes de emissão de particulados para a atmosfera, podendo também ser formado a partir de gases como dióxido de enxofre, entre outros. Quanto à agricultura, as substâncias são originadas a partir do cultivo de arroz, queima de resíduos agrícolas e de florestas, entre outras fontes. Devemos levar em consideração a quantidade de arvores que muitas vezes são arrancadas para a formação dos campos de plantio. A derrubada de árvores provoca o aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, pois elas aspiram dióxido de carbono e produzem oxigênio. Uma menor quantidade de árvores significa também menos dióxido de carbono sendo absorvido. Os poluentes emitidos diretamente pelas fontes de emissão são classificados como poluentes primários, e os secundários se apresentam na atmosfera a partir de reações químicas entre componentes naturais e poluentes primários. Esta classificação nos ajuda a estabelecer a qualidade do ar. Como exemplo de poluentes primários temos: Material Particulado (MP); Partículas Totais em Suspensão (PTS), Partículas Inaláveis (MP10); Fumaça (FMC). Dióxido de Enxofre (SO2) resulta, principalmente, da queima de combustíveis que contêm enxofre, como óleo diesel, óleo combustível industrial e gasolina. Monóxido de Carbono (CO) é um gás incolor e inodoro que resulta da queima incompleta de combustíveis de origem orgânica, combustíveis fósseis, biomassa, etc. Hidrocarbonetos (HC) participam ativamente das reações de formação da névoa fotoquímica. Podemos citar como poluentes secundários: Ozônio e Oxidantes Fotoquímicos (O3) “oxidantes fotoquímicos” é a denominação que se dá à mistura de poluentes secundários formados pelas reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de luz solar, sendo esses últimos liberados na queima incompleta e evaporação de combustíveis e solventes. Óxido de Nitrogênio (NO) e Dióxido de Nitrogênio (NO2). O NO, sob a ação de luz solar, se transforma em NO2 e tem papel importante na formação de oxidantes fotoquímicos, como o ozônio. As emissões surgem de fontes fixas, também conhecidas como estacionárias ou pontuais, e difusas ou móveis e define-se como: Fontes Pontuais – chaminés, equipamentos e outras. tubulações, desgaseificação de O perfil da emissão é determinado pela característica do processo de onde é emitido. Fontes difusas – são influenciadas pelas condições ambientais do local em que se encontra, pois são pontos eventuais de emissão. Acontecimentos provocados pelas mudanças climáticas Groenlândia: Oceanos subiriam sete metros, apenas com derretimento do gelo da Groenlândia O extremo norte do planeta é o lugar que mais sofre os efeitos das mudanças climáticas, e mostra a gravidade dos efeitos do aquecimento global. A Groenlândia é a maior ilha do mundo, é localizada a 400 quilômetros ao norte do Círculo Polar Ártico, possui uma área do tamanho da região norte do Brasil. O derretimento das calotas polares nesta região ainda não tem grande impacto no nível do oceano, porque é mar congelado que derrete. Mas pesquisadores fizeram um estudo que mostra que se todo o gelo da Groenlândia derretesse, os oceanos subiriam sete metros, porem, não há previsão que isso ocorra nos próximos séculos. Devido o aquecimento global, a temperatura média no mundo subiu 0,8°C, enquanto que em alguns pontos na Groenlândia subiu 7°C. Os cientistas vêm acompanhando a velocidade do derretimento do gelo na Groenlândia há mais de 100 anos, o que mostra que a velocidade era constante até 1996 e nos últimos 15 anos esta velocidade quadruplicou. A geleira Jakobshavn é conhecida como o Amazonas das geleiras, porque nenhuma outra da Groenlândia despeja tanto gelo no mar quanto ela. Foi desta geleira que se desprendeu um icerberg que ganhou mar aberto e afundou o Titanic. A face da geleira estava na região há apenas dez, porem já retrocedeu 15 quilômetros ilha adentro, devido à elevação da temperatura. As pequenas bolhas que foram aprisionadas no momento em que a neve caiu, se encontram o registro da concentração de dióxido de carbono (CO2). Nelas está a prova de que é esse gás que é o causador no efeito estufa. Com o aumento da temperatura, a água do oceano fica mais quente, com isso, a água se infiltra por baixo do gelo, lubrificando a base da geleira, fazendo com que ela se quebre em imensos pedaços e deslize mais rápido para o oceano. Degelo nos pólos, Andes e Himalaia O derretimento do gelo nos pólos, Andes e geleiras do Himalaia são algumas das principais consequências das mudanças climáticas que têm atingido todo o mundo nos últimos anos. A neve do monte Quilca, na fronteira entre Peru e Bolívia, já desapareceu, enquanto na região do oceano Ártico a camada de gelo se tornou 40% mais fina. O degelo também é responsável pelo aumento do nível do mar e pela alteração da temperatura dos oceanos, fenômenos que respondem por inúmeros desastres naturais, como furacões, terremotos e tsunamis. Seca na Amazônia O “pulmão do mundo” está ameaçado pelas mudanças climáticas e a seca que atingiu a região em 2005 foi só o começo de uma série de fenômenos naturais previstos para o futuro, caso não ocorra um controle do aquecimento global. A Amazônia, que abriga mais da metade das áreas de florestas tropicais do mundo, e uma em cada cinco espécies do planeta, pode sofrer novamente com a falta de chuva se as temperaturas do Atlântico Norte permaneceram mais altas do que a média. Enchentes em Santa Catarina O estado de Santa Catarina, principalmente a região do Vale do Itajaí, sofreu com chuvas intensas em 2008. As tempestades, consideradas fora do comum para a região, alagaram várias cidades próximas e deixaram muitas áreas sem água, luz e comida. Milhares de moradores ficaram desabrigados e foram atingidos por avalanches de lama. Todos os estados do Brasil se comoveram com a situação e enviaram às localidades mais afetadas doações de alimentos, remédios, roupas e cobertores. Furacão Katrina, em Nova Orleans O furacão Katrina, que atingiu Nova Orleans, nos EUA, em 2005, alcançou a categoria 5 da Escala de Furacões de Saffir-Simpson, considerada catastrófica, e devastou o local, matando milhares de pessoas e deixando outras milhares desabrigadas. Cerca de 1 trilhão de litros de água foram bombeados para fora da cidade, no intuito de restabelecer condições favoráveis às famílias que tiveram de abandonar a região por conta dos alagamentos. Inundações e secas na China A maior população do mundo sofre com as mudanças climáticas. Quando não são as chuvas torrenciais e as consequentes inundações que deixam mortos, feridos e desabrigados, é a seca que maltrata comunidades inteiras. Cerca de 7,5 milhões de chineses sofrem com a falta de chuva e com as altas temperaturas que superam os 40ºC. Por outro lado, um condado da província de Shanxi, ao norte do país, já chegou a enfrentar chuvas contínuas de até 36 horas. Epidemia de Malária O clima mais quente, consequência das alterações climáticas, encurta o ciclo reprodutivo do mosquito que transmite a malária e permite que eles se multipliquem mais rapidamente em regiões atingidas por desastres naturais. Segundo a Agência de Proteção do Meio Ambiente, o aquecimento tropical contribui para que as chuvas torrenciais alcancem latitudes maiores e insetos se aglomerem em áreas sem saneamento básico e assistência médica. Cerca de 1 milhão de pessoas na África morrem todos os anos por causa da doença. Fauna em perigo O derretimento do gelo e a elevação da temperatura das águas do mar de Berring, no Alasca, estão obrigando animais como morsas, ursos polares e aves marinhas locais a migrarem para o norte, onde a escassez de comida leva as espécies rumo à extinção. Essas mudanças bruscas fazem com quem muitos filhotes se percam de seus pais e morram, antes mesmo de chegar à fase adulta, por falta de alimentação. Desaparecimento de ilhas A elevação do nível do mar já começa a fazer suas primeiras vítimas. Recentemente, a ilha de Lohachara, na Índia, foi inundada. O fato repercutiu no mundo todo e assustou os vizinhos de Ghoramara, onde dois terços de terra já foram invadidos pela água. As Ilhas Carteret, em Papua Nova Guiné, também correm o risco de desaparecer em breve. Segundo cientistas, cerca de 10 ilhas da região do delta indiano estão ameaçadas e podem ser tomadas pelo mar nos próximos anos. Incêndios na Austrália e nos Estados Unidos Incêndios como os registrados nos estados de Victoria e California, localizados na Austrália e Estados Unidos, respectivamente, são sérias consequências do aquecimento global. Por conta das mudanças nos padrões de chuva, que causam secas e aumenta à temperatura, a madeira das árvores potencializa as queimadas, que por sua vez emitem substâncias químicas na atmosfera e partículas nocivas no ar. Onda de Calor na Europa A onda de calor que atingiu o verão europeu em 2003 foi diretamente ligada ao aquecimento global. Milhares de pessoas morreram e em algumas regiões a temperatura chegou aos 50ºC. França, Itália, Grã-Bretanha, Portugal, Espanha, Alemanha e Suíça foram os países mais atingidos. A maior parte das mortes foi causada por desidratação, problemas circulatórios e distúrbios metabólicos. Protocolos Ambientais Tem-se observado que a destruição da natureza por meio da contaminação e degradação dos ecossistemas cresce em um ritmo acelerado, motivo pelo qual se torna necessário reduzir o impacto ambiental para a obtenção de um desenvolvimento ecologicamente equilibrado e, para tanto, o advento de Protocolos, como o de Kyoto e o de Montreal, é demasiadamente importante. O Protocolo de Montreal é um acordo internacional adotado conjuntamente por todos os países, para a eliminação do uso das substâncias que destroem a Camada de Ozônio. Todas as decisões adotadas conjuntamente pelos países têm força de lei nos países signatários do Protocolo. O problema começou a ser conhecido da opinião pública no início dos anos 80, e em 1983 foi subscrito o Convênio de Viena, o primeiro instrumento destinado a gerar ações para preservação do ozônio. Nessa época o tema ainda não era prioritário: apenas 20 países participaram. O Protocolo estabeleceu medidas para proteger a camada de ozonio, programando a redução progressiva das emissões globais de substâncias, que agridem esta camada, até sua eliminação, denominadas de ODS (Ozone Depleting Substances/ Substâncias Destruidoras do Ozônio), como Clorofluorcarbono (CFC), Halon, Tetracloreto de Carbono (CTC) e Hidroclorofluorcabono (HCFC). Países sob amparo em desenvolvimento, têm direito a receber auxílio financeiro dos países desenvolvidos para possibilitar seu cumprimento das metas definidas pelas Partes do Protocolo. O Protocolo gerou outras instâncias como Fundo Multilateral destinado a ajudar os países em desenvolvimento na substituição tecnológica necessária para deixar de usar produtos que prejudicam a camada de ozônio. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o Banco Mundial auxiliaram mais de 100 países a eliminarem cerca de 65.000 toneladas de substâncias que destroem a camada de ozônio. Na Índia, por exemplo, 80 pequenas e médias empresas foram atendidas na eliminação de 290 toneladas de clorofluorcarbono-11 (CFC-11) – presente na manufatura de produtos isolantes de poliuretano. Os 191 países signatários eliminaram, conjuntamente, mais de 99% das substâncias que destroem a camada de ozônio, e a expectativa é que, até 2075, a camada retome seus níveis anteriores à década de 80. O governo do Brasil está implementando um plano nacional de US$ 27 milhões, com o apoio do PNUD, que eliminará os usos de CFCs com a antecedência de três anos da data inicialmente prevista oficialmente pelo país. Neste contexto, o Brasil é hoje o quinto país que mais diminuiu o uso dos CFCs (clorofluorcarbonos) na última década. Entre 1995 e 2005, o país diminuiu suas emissões em 9.928 toneladas de Potencial Destruidor de Ozônio, volume inferior somente ao da China (62.167), dos Estados Unidos (34.033), do Japão (23.063) e da Rússia (20.641). Percentualmente, a diminuição brasileira foi mais significativa do que no planeta como um todo (84,8%). Há 13 anos, o consumo de CFCs no país foi de 10.525 toneladas; em 2006, de 478 toneladas. Portanto, os mais de 200 projetos aprovados a fundo perdido pelo Protocolo de Montreal resultou na eliminação de 95,4% do consumo de CFC no Brasil. Uns dos benefícios do Protocolo foram os novos equipamentos, que se tornaram energeticamente mais eficientes, contribuiu significante ao Protocolo de Kyoto na redução do aquecimento global. Segundo dados do Institut International du Froid (IIF), desde 1990 a redução do uso de CFC e HCFC eliminou a emissão anual em mais de 5 Gigatons de CO2 equivalente, representando mais de 5 vezes o previsto pelo Protocolo de Kyoto. Este volume é uma redução adicional, pois, estas substâncias não são consideradas no Protocolo de Kyoto. A primeira reunião de governantes e cientistas sobre as mudanças climáticas ocorreu em Toronto, Canadá, em 1988 no programa da ONU para o Meio Ambiente, foi criado o IPCC (Intergovernmental Panel for Climate Change/Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Desde então, vários encontros foram realizados, através das Conferências das Partes (COPs), discutindo a redução de emissões de gases, as ações antropogênicas e a responsabilidade dos países em proteger o clima. No Japão, em 1997, foi assinado o Protocolo de Kyoto, por 141 nações e, entrou em vigor em fevereiro de 2005. Pela primeira vez foi vinculado um acordo que compromete os países industrializados a reduzirem suas emissões em 5% em relação aos níveis de 1990, num período até 2012. A meta de redução varia de um país para outro, para a União Européia, por exemplo, a meta é de 8%, enquanto para o Japão a meta de redução é de 5%. Para gerar essa metas, foi analisado grau de desenvolvimento dos países integrantes, uma vez que, os países em desenvolvimento estão em situação de desvantagem frente aos países desenvolvidos, devendo recair sobre os já desenvolvidos uma maior exigência, tanto para redução quanto para ajuda financeira e tecnológica aos países em desenvolvimento. Brasil e outros países em desenvolvimento ratificaram o tratado, mas não tiveram de se comprometer com metas específicas, porque são os que menos contribuem para as mudanças climáticas, porém precisam manter a ONU informada do seu nível de emissões e buscar o desenvolvimento de estratégias para as mudanças climáticas. Esses países tendem a ser os mais afetados pelos efeitos das mudanças. Para alcançar os objetivos, os membros do Protocolo poderiam reduzir a emissão de GEE (gases de efeito estufa –grifo desta autora) em seu território ou negociar com outros países os mecanismos flexíveis, que são o comércio de certificados de carbono, o mecanismo de desenvolvimento limpo e a implementação conjunta. IMPLEMENTAÇÃO CONJUNTA: Somente permitido para países desenvolvidos, um país A implementa projetos que levem à redução de emissões num país B, na qual os custos sejam mais baixos. A redução de cada tonelada de carbono equivalente gera uma URE, ou seja, uma Unidade de Redução de Emissão. COMÉRCIO DE EMISSÕES: Permite somente para países desenvolvidos e possibilita que os países que não consigam atingir sua meta, possam comprar daqueles que já conseguiram alcançá-la. A redução de cada tonelada de carbono equivalente gera uma UQA, ou seja, uma Unidade de Quantidade Atribuída ou AAU (Assigned Amount Unit), que é o certificado de negociação deste mecanismo. MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL): Nasceu de uma proposta brasileira à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). Consiste no comércio de créditos de carbono baseado em projetos de seqüestro ou mitigação. Permite a participação no mercado dos países em desenvolvimento, ou nações sem compromissos de redução, como o Brasil. O objetivo, então, seria estimular a produção de energia limpa, como a solar e a gerada a partir da biomassa e, remover os gases de efeito estufa da atmosfera. A redução de cada tonelada de carbono equivalente gera uma RCE, ou seja, uma unidade de Redução Certificada de Emissões. Neste caso, os países que não conseguissem atingir suas metas teriam liberdade para investir em projetos MDL de países em desenvolvimento. Através dele, países desenvolvidos comprariam créditos de carbono, em tonelada de CO 2 equivalente, de países em desenvolvimento responsáveis por tais projetos. A maior parte dos projetos MDL realizados no Brasil se refere às áreas de energia renovável, com destaque para pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), biomassa de reservas florestais e de cana-de-açúcar; aterros sanitários e fazendas de suínos, de acordo com o coordenador da comissão. Na forma dos dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de projetos registrados no Conselho Executivo do MDL totaliza 1.197 em todo o mundo, dos quais 146 estão no Brasil.2 Para evitar as piores consequências das mudanças climáticas, seria preciso uma redução de 60% das emissões, segundo a maioria dos cientistas climatologistas e, portanto, a meta do protocolo não é suficiente para a mitigação do aquecimento global. Diante disso, os termos finais de Kyoto receberam várias críticas, com alguns dizendo que o protocolo terá pouco impacto no clima e é praticamente inútil sem o apoio norte-americano. Outros, no entanto, dizem que, apesar das falhas, o protocolo é importante porque estabelece linhas gerais para futuras negociações sobre o clima. Os defensores de Kyoto dizem ainda que o tratado fez com que vários países transformassem em lei a meta de reduções das emissões e que, sem o protocolo, políticos e empresas teriam dificuldades ainda maiores para implementar medidas ecológicas. Após o término do período de prova do Protocolo em 2012, na celebraçãode um outro acordo, que vem sendo chamado de KYOTO 2, com vigência a partir de2013, onde estão sendo discutidas novas metas, novos mecanismos de redução da emissão de poluentes no ambiente e, também entra em discussão um mecanismo para reduzir o desmatamento nas florestas tropicais, como a Amazônica. A intenção é oferecer incentivos econômicos em troca da preservação das matas. Além disso, outros três tópicos devem ser contemplados neste acordo: adaptação à mudança climática, financiamento aos países em desenvolvimento e transferência de tecnologia dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento. Espera-se, contudo, que Kyoto 2 traga mais rigidez e abrangência que o acordo anterior. Perspectivas Futuras Estamos vivendo numa era de limites, a natureza já nos vem mostrando à um certo tempo, com inundações, tempestades, secas e outras catástrofes mais. Caso contrário se os países resistirem em controlar as emissões de gases do efeito estufa, e continuar esta progressão atual, estima-se que o planeta poderá tem sua temperatura aumentada em até 2ºC nas próximas décadas, alguns dizem que 2ºC é o limite para termos alterações climáticas ainda suportáveis ou adaptáveis, baseados nos recursos atuais de tecnologia. As perspectivas futuras para as mudanças climáticas no mundo ainda são incertas. A conferência anterior da ONU em 2009, em Copenhague fracassou na busca por um novo tratado de cumprimento obrigatório do Protocolo de Kyoto a partir de 2013. Os países como China e Estados Unidos tornam cada vez mais improvável que a conferência deste ano no México sobre o clima resulte em um novo acordo contra o aquecimento global. Muitos países envolvidos podem na melhor das hipóteses concordar com medidas como ajuda financeira e tecnológica para questões climáticas e ambientais nos países pobres, mas mesmo assim há riscos de impasse na conferência da ONU, que vai de 29 de novembro a 10 de dezembro em Cancún, México. Para que o Protocolo de Kioto seja levado a sério, será necessário o envolvimento de diversos setores e autores: indivíduos, sociedade, empresas, políticos, governantes. Especialmente esses dois últimos devem ter destaque e adotarem isto com uma política de estado. Podemos ter sérias conseqüências caso os países não controlem as emissões dos gases do efeito estufa: Recursos Hídricos Até o fim do século, projeta-se que o escoamento anual médio dos rios e a disponibilidade de água aumentem entre 10-40% em regiões de maior latitude e em algumas áreas tropicais úmidas. Já para regiões com altitudes mais baixas poderá haver uma diminuição entre 10-30% da disponibilidade de água. Saúde Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), provável que o estado de saúde de milhões de pessoas sejam tingidas devido a exposição ao clima, em especial as com baixas capacidade de adaptação. Haverá um aumento e manutenção das doenças tropicais como tuberculose, cólera malária, podendo cada vez mais trazem sérias conseqüência para a humanidade. Ecossistemas Se o aumento da temperatura global ultrapassar os 2,5ºC deverá haver um aumento do risco de extinção de aproximadamente 20-30% das espécies vegetais e animais. Projeta-se eu haja grandes mudanças na estrutura e na função dos ecossistemas, e nas interações ecológicas e distribuições geográficas das espécies, atingindo negativamente a biodiversidade. Grandes problemas nos organismos marinhos formadores de conchas (por exemplo, os corais) e nas espécies que deles dependem devido a acidificação progressiva dos oceanos decorrentes do aumento do dióxido de carbono na atmosfera. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CEPTEC. Programas e Fóruns. Disponível em: <http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/>. Acesso em: 20 out 2010. Global Warming: A Convenient Lie, by Andrew Gavin Marshall, 2007. Disponível em: <http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=5086>. Acesso em: 21 out 2010. Globo. Fantástico Últimas Edições. <http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0, Disponível em: MUL1624792-5605,00.html>. Acesso em: 20 out 2010. Mudanças Climáticas. Disponível <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/144>, em: Acesso em 24/10/2010. Protocolo de Montreal. Disponível em: <http://www.protocolodemontreal.org.br/sites/1200/1221/00000168.pdf> Acesso em 24 out 2010 ROCHA, A. S.; Paiano, D. B. O PROTOCOLO DE QUIOTO E A NOVA PROPOSTA PARA QUIOTO Anais do XVIII Congresso Nacional do CONPEDI, São Paulo, 04, 05, 06 e 07 de novembro de 2009. ROTHSCHILD, D. Manual Live Earth de Sobrevivencia ao Aquecimento global, 2007. 160p. Veja. As 10 catástrofes atribuídas ao aquecimento global. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/ciencia/as-10-catastrofes-atribuidas-aoaquecimento-global/10/>. Acesso em: 20 out 2010.