CAPÍTULO 23 RELIGIÃO Não há razão de nos quedarmos perplexos ante o fato de que o princ( pio básico através do qual um governo eficiente “mantém a paz”, se exemplifique em circunstâncias muito menos admiráveis pelo uso que o fanfarrão ou o bandido faz de seu poder de punir. Não é a técnica de controle, mas o efeito final sobre o grupo que nos leva a aprovar ou desaprovar determinado procedimento. Há uma discrepância semelhan te entre os tipos de uso os quais a técnica básica do controle religioso pode servir, O lugar da religião na vida moderna não pode ser claramen te compreendido sem se considerar certos processos que são emprega dos fora do campo da religião, apropriados para propósitos muito dife rentes. Geralmente, termos como “superstição” e “magia” são aversivos porque associam-se comumente à exploração com fins egoístas ou com comportamentos ineficientes e pobremente organizados. Entretanto, não há distinção absoluta entre uma resposta supersticiosa e uma não -supersticiosa. Vimos no condicionamento respondente que um único emparelhamento de estímulos poderia resultar em um reflexo condicio nado. Um estímulo neutro que, meramente, por acaso, acompanhou um evento assustador, subseqüentemente pode evocar uma resposta emocional, e o efeito pode sobreviver por longo tempo, a despeito de apresentações repetidas do estímulo neutro desacompanhado. No comportamento operante uma única instância de uma resposta que é seguida por um evento reforçador pode ter sua probabilidade aumenta da, e o efeito pode permanecer por longo tempo mesmo que a mesma conseqüência nunca ocorra novamente. O comportamento verbal tem uma probabilidade especial de mostrar essa espécie de “mágica” por causa da falta de uma conexão mecânica entre resposta e reforco. A criança adquire um repertório verbal complicado que produz certos efeitos. Através do processo de indução também exibe respostas verbais que não podem ter mais que um efeito ocasional “acidental”. Tendo obtido sucesso ao dizer a pessoas que parassem, pode gritar: “Pare”, para uma bola que lhe foge do alcance. Ainda que não possamos provar que essa resposta tenha um efeito sobre a bola, está na natureza do pro cesso comportamental o fato de que, não obstante, a resposta vai adqui rir probabilidade de emissão. Como já vimos, a tendência para se com portar de modo SuperstiCiOSO aumenta necessariamente à medida que o Indivíduo vem a ser mais sensivelmente afetado por contingências úni cas. Entre a contingência que é observada apenas uma vez na vida do indivíduo e a contingência que é observada inevitavelmente, há um contínuo que não pode ser dividido rigidamente em nenhum ponto para se distinguir entre “superstição” e “fato”. Um protótipo de controle religioso se origina quando se usam contingências raras ou acidentais para controlar o comportamento de outros. Por exemplo, podemos censurar alguém por um evento infeliz que não foi realmente, resultado de seu comportamento, embora a reta ç temporal tenha sido tal que possa ser enunciada uma contingência. “Se você não tivesse desperdiçado o tempo com futilidades, teríamos partido mais cedo, e o acidente nunca teria acontecido.” Censuramo-lo para alterar seu comportamento futuro — para diminuir a probabilidade de que perca tempo, e conseguimos isso convertendo um evento não relacionado em uma eficiente conseqüência punitiva através de certos processos verbais. Usamos o evento como uma punição, mesmo que realmente não tenhamos arranjado a contingencia Dai e apenas um pequeno passo ate a alegacão de que se tem habilidade para arranjar essas contingências Este e o principio subjacente a feiticaria A menos f que o comportamento do controlado esteja de acordo com o ordenado o controlador atraira ma sorte A ameaca de o fazer pode ser tão pode rosa quanto a imposicão de punicões fisicas comparaveis Também afetamos o comportamento de outros usando conseqüên cias reforcadoras acidentais de um tipo positivo. “Se você não tivesse seguido meu conselho, não teria esta agradável surpresa.” Daí a alegar a capacidade de mediação de futuros reforços positivos — ser capaz de “trazer boa sorte”— vai um passo. A alegação pode ser usada para indu zir outra pessoa a conceder favores, a pagar dinheiro, etc. Assim, para vender um instrumento espúrio que localiza água no subsolo apenas é 334 Agências controladoras Religião 335 necessário alegar que usando o instrumento o bom cavador será reforça do por encontrar água. Talismãs têm um valor econômico quando se convence o comprador de seu poder de mediar reforços positivos. Talvez esses procedimentos egoístas difiram muito do das agências religiosas organizadas, mas as mesmas técnicas parecem exemplificadas. O controle que define uma agência religiosa no sentido mais restrito se deriva de uma apregoada conexão com o sobrenatural, através da qual a agência arranja ou altera certas contingências que acarretam boa ou má sorte no futuro imediato, ou bênção eterna ou danação na vida por vir. Essa agência controladora se compõe daqueles que são capazes de esta belecer sua reivindicação do poder de intervir sobrenaturalmente. A agência pode consistir em um único indivíduo como o feiticeiro da tri bo, que recorre a demonstrações de magia para provar seu poder de dar boa ou má sorte, ou em uma bem organizada igreja com documentos que provam que o poder de intervir no arranjo de contingências reforça doras foi a ela confiado por uma autoridade supernatural. Estamos aqui, interessados não na estrutura real da agência, nem nas técnicas internas de controle que a tornam um instrumento eficiente, mas no procedi mento, através dos quais controla os membros do grupo. TÉCNICAS DE CONTROLE RELIGIOSO A técnica principal é uma extensão do controle do grupo governa mental. Classifica-se o comportamento, não simplesmente como “bom” e “mau”, “legal” e “ilegal”, mas como “moral” e “imoral” ou “virtuo so” e “pecaminoso”. E então reforçado ou punido de acordo. As descri ções tradicionais do Céu e do Inferno condensavam reforços positivos e negativos. Os aspectos variam de cultura para cultura, mas se todos os reforçadores positivos ou negativos bem conhecidos foram usados ou não, é difícil saber. Para um povo primitivo que depende da floresta e do campo para a alimentação, o Céu é um feliz campo de caça. Para um povo extremamente pobre, preocupado com a fonte da próxima refei ção, é uma perpétua fritada de peixe. Para o infeliz é o alívio da dor e da tristeza ou a reunião com amigos e pessoas queridas já falecidas. O Inferno por outro lado, é um ajuntamento de estímulos aversivos, que tem sido com freqüência imaginativamente descrito. No Inferno de Dante, por exemplo, encontramos a maioria dos reforçadores caracterís ticos de ambientes sociais e não-sociais. Apenas o choque elétrico do laboratório psicológico está faltando. Os reforçadores retratados no Céu e no Inferno são muito mais poderosos que os que sustentam o “bom” e o “mau” do grupo ético, ou o “legal” e “ilegal”, do controle governamental; mas essa vantagem é contrabalançada até certo ponto pelo fato de que não operam durante o tempo de vida do indivíduo, O poder conseguido pela agência religiosa depende de quão eficientemente certos reforçadores verbais são condi cionados particularmente a promessa do Céu e a ameaça do Inferno. A educação religiosa contribui para esse poder emparelhando os termos com vários reforcadores condicionados e incondicionados que essencial mente são aqueles à disposição do grupo ético e das agências governa f mentais. A relação entre a agência e os fiéis, ou entre Deus e o homem, com freqüência torna-se mais eficiente sendo caracterizada como rela ção tão mundana familiar como a existente entre o pai e seus filhos, um rei e seus vassalos, ou um comandante militar e seus homens — onde novamente as contingências reforçadoras primárias não diferem grande mente das usadas no controle ético e governamental. Na prática a ameaça de perder o Céu ou ir para o Inferno faz-se contingente ao comportamento pecaminoso, enquanto o comportamen to virtuoso traz uma promessa do Céu ou alívio da ameaça do Inferno. A última é uma técnica particularmente poderosa. A agência pune o ‘ comportamento pecaminoso de um modo que gera automaticamente uma condição aversiva que o indivíduo descreve como um “sentimento de pecado”. A agência então provê uma fuga dessa condição aversiva através da expiação ou absolvição e assim é capaz de fornecer um pode roso reforço ao comportamento piedoso. Encontram-se, é claro, outras técnicas no controle religioso. Na medida em que a agência controla outras variáveis, pode usar outros processos. Pode enriquecer e finalmente operar através do controle econômico (capítulo XXV). Pode treinar e manter professores para con seguir controle educacional (capítulo XXVI). Pode utilizar técnicas éticas ou governamentais em acréscimo àquelas dentro de sua própria esfera (capítulos XXI e XXII). Isso é especialmente provável quando seus procedimentos controladores coincidem com aqueles do grupo como um todo. Em resumo, todas as técnicas descritas no autocontrole no capítulo XV, e no controle pessoal, no capítulo XX, são disponíveis para a agência que possua o poder necessário. Exemplifica-se o uso da restrição física por uma agência religiosa pelo encarceramento, como no tratamento dado às mulheres nos países muçulmanos. As condições ambientais relevantes são manipuladas quan do os estímulos que eliciam ou dão ocasião para o comportamento pecaminoso são enfraquecidos ou removidos, e quando os estímulos que eliciam ou servem de ocasião para o comportamento piedoso são 336 Agências controladoras Religião 337 assinalados. Os regimes sugeridos de comer com frugalidade, vestir rou pas discretas, de contato pessoal limitado, e outros aspectos do enclau suramento ou da “vida comedida”, seguem esse padrão. As agências religiosas mais provavelmente favorecem a censura de filmes, peças e livros, o reforçamento das leis que governem a modéstia no vestir, a proibição da venda de bebidas alcoólicas, etc., porque essas medidas reduzem as ocasiões para o comportamento pecaminoso. A saciação e a privação também são manipuladas. São Paulo defendeu o casamento como uma medida que reduz o comportamento licencioso; e períodos de jejum e regimes de exercícios podem ser empregados para o mesmo efeito. As técnicas de rituais que afetam a fisiologia do organismo são comuns — nas práticas indus, por exemplo. Algumas religiões encorajam formas substitutas de comportamento para reduzir tendências sexuais ou outras; o procedimento se baseia na saciação transferida, discutida no capítulo IX. Como a emoção usualmente é um meio importante de controle religioso, o condicionamento respondente é importante. A arte, a música e os espetáculos religiosos geram respostas emocionais, retratando os sofrimentos dos mártires, as tormentas dos condenados ao inferno, as ternas emoções da família, e assim por diante. Essas res postas são transferidas para estímulos, verbais ou não-verbais, que mais tarde são usados pela agência com propósitos de controle. Algumas agências religiosas recorrem ao uso de drogas, seja para induzir condi ções emocionais ou motivacionais apropriadas, seja para produzir efei tos que parecem apoiar a alegação de uma conexão sobrenatural. Outros típos de agências religiosas. Muitas agências religiosas não proclamam a capacidade de intervir na disposição de reforços. A agência pode aceitar a existência de eventos reforçadores sobrenaturais — por exemplo, Céu e Inferno — mas pode pretender apenas ser capaz de pres crever um curso de açã”o ao qual eles são contingentes. A obtenção do Céu ou do Inferno, diz-se, depende apenas do indivíduo. A agência controla o fiel, não pela manipulação das contingências de reforço, mas tornando certas contingências reais ou alegadas mais eficientes. Assim suas técnicas assemelham-se àquelas do conselheiro (capítulo XXIV) ou do professor (capítulo XXVI Essa agência compõe-se daqueles que fundamentam sua alegação no conhecimento desse modo de vida e que exercem as alegações com propósitos de controle. Outras agências religiosas ainda não apelam para eventos sobrena turais de nenhuma espécie. Suas técnicas dificilmente são distintas daquelas do grupo ético. A agência simplesmente aumenta o controle ético encorajando o bom comportamento e desencorajando o mau. Funciona como o conselheiro ou o professor, demonstrando certas contingências entre “bom” e “mau” comportamento e conseqüências naturais. Recomenda-se um modo de vida que “traz as suas próprias recompensas”. A congregação deste terceiro tipo de agência freqüente mente não é bem definida. O COMPORTAMENTO CONTROLADO PELA AGÊNCIA RELIGIOSA O comportamento que vem a ficar sob o controle da agência reli giosa depende do tipo de agência. Para o curandeiro que usa sua mágica para seu próprio engrandecimento, o comportamento “devoto” é sim plesmente qualquer comportamento que o reforce. Por outro lado, a agência religiosa bem desenvolvida que deriva seu poder do grupo pode controlar muito de acordo com os procedimentos do grupo. Funciona em harmonia com o controle ético na supressão do egoísmo, comporta mento primariamente reforçado, e no aumento da probabilidade do comportamento que resulte em vantagem para outros. O controle, en tretanto, é muito mais severo do que o exercido pelo grupo. As variáveis são manipuladas no controle ético por causa de alguma ameaça presente ao bem-estar de um membro do grupo, mas a agência religiosa mantém seus procedimentos de acordo com critérios mais permanentes do com portamento virtuoso e pecaminoso. Onde o comer e o beber talvez sejam restringidos pelo reforço ético, apenas quando funcionam com desvantagem momentanea para outros o controle religioso pode estabelecer limites muito mais estreitos classificando a gula como um pecado mortal e a temperanca como uma virtude cardinal Onde o com portamento sexual e controlado pelo grupo principalmente em certas situacões competitivas a agencia religiosa pode encorajar a castidade e o celibato como um programa geral e pode tolerar o comportamento sexual no casamento so com o proposito de procriacão O comporta mento aquisitivo ou possessivo que leva à retribuição ao grupo apenas em uma situação competitiva e é em qualquer outra parte classificado como bom pode ser totalmente suprimido, não importando as circuns tâncias, pela agência religiosa que exige um voto de pobreza ou intima o fiel a não acumular tesouros na terra. O comportamento jactancioSo Suprimido em favor mos dessa forma de de autopreservação, do fariseu, que encontra apenas uma censura moderada no grupo, é da humildade e da modéstia. Observam-se 05 extre controle religioso na supressão do comportamento nas filosofias pacifistas, nos atos de martírio, e na 338 Agências controladoras Religiâ’O 339 mortificação da carne. Do outro lado, o comportamento que beneficia outros é promovido. Encoraja-se o amor ou a caridade como uma dispo sição para favorecer outros, e o crente se convence de que é o guardião de seu irmão e de que deve dar tudo o que tem para os pobres. A agência religiosa geralmente estabelece um repertório de obedi ência para uso futuro, e pode também estabelecer um autocontrole extremamente poderoso para garantir uma medida do comportamento controlado na ausência do agente religioso. Esta é uma das conseqüên cias de uma ênfase na punição. Porque o controle é exercido muitas vezes mais poderosamente que o do grupo, a consciência religiosa ou superego freqüentemente fala em voz mais alta que a ética. Algumas vezes impõem-se medidas extremas de autoproibição. O indivíduo pode se confinar a dietas restritas, fazer períodos de jejum, empenhar-se em certos exercícios ou adotar certas posturas, ou tomar certas drogas — tudo por causa da mudança que resulta em suas disposições para agir de modo virtuoso ou pecaminoso. O autocontrole através da manipulação de estímulos é comum. A “tentação” (muitas vezes personificada na literatura religiosa como Satã) engloba todos os estímulos que levam ao comportamento pecaminoso. “Lutar contra o demônio” parece descre ver o conflito entre o controlado e as respostas controladoras do capí tulo XV. EXPLICAÇÃO DA AGÊNCIA As relações controladoras que mantêm a agência religiosa unificada como uma unidade eficiente não explicam a forma final de controle, nem explicariam a agência que tem um só membro. Para explicar a existência e a manutenção da agência como um todo voltaremos às va riáveis externas. Se a agência serve ao grupo ampliando o controle ético, pode ser explicada pelo apoio que o grupo lhe dá. O agente religioso pode ser pago pelo grupo, pode ser destinado a controlar porque o grupo aprova isso como um “direito”, ou pode ser coagido a trabalhar para a agência porque qualquer outro curso de ação seria punido como “errado”. Há outra interpretação possível do comportamento de alguns agen tes religiosos. Quando se condiciona um indivíduo através de procedi mentos éticos e religiosos para “evitar a tentação” — para eliminar estímulos que de outra forma conduziriam ao comportamento errado ou pecaminoso — seus esforços podem ser tão extensos que afetem também outras pessoas. Freud chamou o resultado de “formação de reação”. Se o comportamento do indivíduo nesse respeito se assemelha ao controle religioso, ele pode simplesmente se juntar àagência. refor çado por servir como agente religioso pelo efeito sobre seu próprio comportamento. Se o controle econômico ou coercivo não parece ser importante, seu fervor pode ser inusitadamente conspícuo. Como essa explicação pressupõe que o próprio agente religioso tenha uma probabi lidade especialmente alta de empenhar-se em comportamento pecami noso, em geral encontra resistência. CONTRACONTRO LE Uma agência sempre opera dentro de certos limites. A agência reli giosa pode entrar em conflito com outras agências religiosas que tentam controlar as mesmas pessoas ou com agências governamentais que têm programa diferente de controle. Muitas vezes ao controle religioso se opõem as agências econômicas e educacionais e como veremos no capí tulo XXIV, a Psicoterapia. Outro limite é interno. imposto pela medida em que o controla do se submete ao controle A alegacão de intercessão sobrenatural for nece uma tecnica poderosa As agências religiosas como todas as outras agências que aqui estão sendo consideradas algumas vezes usaram seu poder para vantagens pessoais ou institucionais — para construir organi zações para acumular riquezas para punir aqueles que não se subme tem ao controle facilmente etc De tempos a tempos isso tem dado origem a medidas de contracontrole que restringiram o âmbito da agência. O controlado religioso simplesmente pode deixar a esfera de controle da agência, pode questionar a realidade das contingências alegadas, pode atacar a agência estabelecendo uma agência rival, e assim por diante. JUSTIFICAÇÃO DO CONTROLE RELIGIOSO A justificação do procedimento religioso é uma parte importante da Teologia. Um procedimento particulàr pode ser recomendado por- que eleva ao máximo entidades como a salvação, ou a glória de Deus. Essas justificações presumivelmente estão além do domínio da ciência. Uma análise das técnicas nos permite explicar o comportamento do Controlador e do controlado sem levantar a questão de qualquer efeito final. Quando um procedimento religioso não apela para eventoS sobre naturais, sua justificação tradicional se assemelha a do controle ético; Suporta-se um procedimento religioso porque eleva ao máximo apieda340 Agências controladoras de ou a virtude. Essas entidades têm função no campo da religião semelhante ao do bem maior para o maior número na ética, e a liberda de ou justiça no governo. São “princípios” em termos dos quais esco lhemos ou sugerimos um dado procedimento. O saber se uma ciência do comportamento nos fornece alguma base para explicar porque escolhe mos ou sugerimos esses princípios será considerado na sexta seção.