Universidade Federal de Pernambuco Aula gravada de Farmacologia Data: 07/04/06 parte 1 Penicilinas Professora: Glória Transcrita por Marília Antunes Flores PENICILINAS O fungo da fruta, da laranja, por exemplo, passa de uma para a outra quando elas são armazenadas juntas, a qual tem o fungo contamina as que estão sadias. Por volta de 1800, um estudante percebeu que existiam alguns microorganismos que produziam uma substância parecida com isso. Mas foi em 1928 que o Fleming percebeu que essa substância tinha uma ação inibidora de outros microorganismos, como o fungo que produzia se chamava “Penicilum antar...” ele também chamou a substância de penicilina. A penicilina constitui um divisor de águas no tratamento de infecções, até então quase não se tratavam esses pacientes e a maioria ia a óbito. Muito comum nas infecções provocadas por bactérias, mais comum ainda nas infecções causadas por microorganismos, como a sífilis e a gonorréia, essa última matou por muitos anos homens e afetou muitas mulheres também, nós sabemos que são doenças transmitidas pelo contato sexual, na mulher também há a transmissão vertical. Somente nos anos 1940 é que o “Chem” isolou essa substância: a penicilina, que tinha essa ação e que por ser obtida naturalmente era difícil de se obter grandes quantidades, então nos anos 40 o paciente tomava a penicilina e se recolhia a urina do paciente e se isolava novamente o composto. Então, foi esse homem quem deu grande desenvolvimento a novas penicilinas. A penicilina que era dita penicilina natural, dita penicilina G não servia para todos os microrganismos, além de lembrar a dificuldade para se isolar grandes quantidades. A repercussão mundial se deu, então, quando a indústria farmacêutica, através dos químicos, começou a sintetizar novas moléculas, inicialmente num processo que se chamava penicilinas biossintéticas, onde se fazia um meio de cultura e se adicionava uma enzima que acelerava o processo de produção. Mais tarde, no anos 50, 60 apareceram as penicilinas semisintéticas: já tinham isolado o núcleo da penicilina e se adicionava os radicais à estrutura e se produzia uma penicilina diferenciada daquela natural, inclusive diferenciada no espectro de ação. Depois de 60 apareceram as penicilinas sintéticas propriamente ditas, antes o conhecimento que nós tínhamos desses antibióticos era só que eles eram de origem natural, daí o nome antibióticos, depois, que passou a era da síntese esses antibióticos também passaram a ser chamados de quimioterápicos. Aí tem um grupo que deu um grande impulso à ciência que foram as sulfas, nos anos 45, as sulfonamidas e que são utilizadas até hoje. Um outro grande antibiótico que surgiu nessa época também foi o cloranfenicol, o primeiro a ser sintetizado e que não era da classe das penicilinas e, portanto, tinha um outro tipo de ação. Vocês aprenderam que todo esse grupo, tanto os antibióticos como os quimioterápicos podem ter uma ação bactericida ou bacteriostática. Bacteriostáticos são aqueles que inibem o crescimento do microorganismo e os bactericidas são aqueles que matam completamente, eles exterminam porque geralmente ele faz o bloqueio da formação parede celular que é um componente essencial ara a sobrevivência do microorganismo, ou que protege. O microorganismo é hiperosmótico e aí no meio ambiente ele vai se destruir, daí porque várias camadas de proteção que são formadas de aminoácidos que tem várias fases, os peptideoglicanos têm a sua formação com aminoácidos na fase terceira de formação deles ocorre o que nós chamamos de mecanismos de transpeptização. A transpeptização é a troca de aminoácidos diferentes de cadeias que formam ligações mais fortes e que impedem a lise da parede celular. (Essa parte ficou um pouco confusa). As drogas que nós vamos ver hoje, que são drogas tipo penicilinas, como os -lactâmicos de forma geral, elas têm essa mesma ação, inibem a transpeptização e conseqüentemente deixa a parede flácida, é clivada facilmente e o organismo vai destruir, então o mecanismo é esse básico para todos e, portanto, bactericida, diferente daqueles antibióticos ou quimioterápicos que agem só impedindo o crescimento, a nível de RNA mensageiro e DNA propriamente dito. A professora mostra a estrutura da penicilina e de todos os seus derivados, há um grupo que são os tiazolidínicos, um grupamento que é lactâmico, daí todas as drogas que são hoje penicilina, cefalosporinas, derivados e análogos são conhecidas por alguns hoje como -lactâmicos. Esse anel tem de estar íntegro para que ele aja no microorganismo. Alguns microorganismos adquiriram resistência ao longo do tempo pelo uso inadequado desses fármacos, o que acontece é que esses microorganismos resistentes têm a propriedade de ejetar uma substância que se chama penicilinase ou -lactamase, que quebra esse núcleo -lactâmico, abre o anel e quando isso acontece, esse não consegue se ligar às proteínas fixadoras de penicilina que existem no microorganismo, geralmente, na parede celular, na camada lipídica, então o núcleo é aberto e deixa de ter a função. Esse grupamento de microorganismos nós chamamos de produtores de penicilinases, justamente para combater esse tipo de ação foram sintetizados antibióticos que são resistentes às penicilinases, normalmente eles são semisintéticos ou sintéticos. Lembrar que esses dois grupos: Tiazolidínicos e lactâmicos formam o que chamamos de núcleo 6 – amino – penicilánico, que é o 6 A, e quando ele é clivado ali ele perde a sua atividade. Então nas drogas semi-sintéticas eles tentam reforçar essa estrutura para que não permita que ela seja atingida pela penicilinase, então vocês verão que existe na estrutura de todos os derivados. Existiram duas classificações, que vocês ainda vão encontrar em livros mais antigos: primeiro classificaram as penicilinas em: Penicilinas naturais; Penicilinas de pequeno espectro Penicilinas de amplo espectro Hoje, há uma modificação dessa classificação e se classifica em: Penicilinas de 1ª geração o Naturais Penicilina G (cristalina, benzatina e procaína); Penicilina V (oral) – biossintética; penicilina de origem biossintética, utilizada basicamente por via oral; o Resistentes a penicilinases (semi-sintéticas) gram positivas Meticiclina, nafciclina o Isoxazolil – penicilinas Oxacilina, cloxacilina, dicloxacilina Penicilinas de 2ª geração (amplo espectro) o Ampicilina, amoxicilina, bacampicilina, ciclacilina Penicilinas de 3ª geração (anti-pseudomonas) o Carbenicilina, ticarcilina e seus derivados Penicilinas de 4ª geração – microorganismos resistentes o Azlocilinas o Sulfobenzil penicilinas o Ureidopenicilinas (piperacilina, mezlacilina) PENICILINAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO - NATURAIS O grande problema que aconteceu com a síntese de novos compostos é que se passa a usar antibióticos mais recentes, sem observar o espectro de ação, e, muitas vezes, eles são mais caros que as naturais e essas poderiam ser perfeitamente utilizadas. Então se há um microorganismo, principalmente alguns estafilococos e estreptococos também que não produzem penicilinases, não tem porque se recorrer a outros antibióticos mais potentes, que tenham espectro maior. Lembrar que as penicilinas G foram muito utilizadas para o Staphylococcus aureus e é por isso que já existem alguns com uma certa resistência. O correto é antes de se prescrever um antibiótico fazer u antibiograma. Mas isso raramente é feito, porque quando o paciente vai procurar o médico geralmente ele já está com uma infecção avançada, como já se tem uma idéia de qual é a flora mais comum de uma determinada patologia, como, por exemplo, da amidalite é o estreptococo ou o estafilococo, que a gente sabe que esse grupo é contemplado com as penicilinas, o que vai delimitar se não é responsivo é porque aquela cepa já tem um substitutivo que é resistente. Aí se pede um antibiograma. E você vai poder ver qual o antibiótico correto para aquela cepa e não ficar no método das tentativas que é o que a gente vê, ou então, utilizar drogas que são muito mais potentes, mas também que vão gerar outros efeitos adversos. A penicilina benzatina, a famosa benzetacil, muito utilizada, principalmente no interior, que quando se tem uma gripe, ou levou uma topada vai logo na farmácia ou no posto toma-la. Foi muito utilizada por isso caiu em um certo descrédito, mas a penicilina G benzatina é extremamente útil até hoje, principalmente como profilático, em algumas cirurgias, como profilático em um paciente que teve uma artrite reumatóide bacteriana, na febre reumática. Isso tudo porque veremos que ela tem um perfil de manutenção durante muito tempo: 3 a 4 semanas para ser eliminada, conseqüentemente, ela reduz a proliferação da bactéria. Em algumas doenças em que o microorganismo produz penicilinases ou -lactamases essas drogas não são eficazes. Por isso surgiram as penicilinas de primeira geração resistentes a penicilinases. PENICILINAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO – RESITENTES A PENICILINASES As penicilinas de primeira geração resistentes a penicilinases são semi-sintéticos, antes esse grupo era chamado de pequeno espectro, porque já havia surgido a droga ampicilina que é de grande espectro. Eram chamadas de pequeno espectro porque pegam especialmente os gram-positivos e um ou outro gram-negativo. Hoje nós temos a metcilina e a nafcilina que são pouco utilizadas, mas são bastante úteis se nós soubermos prescrever e se soubermos o que o paciente tem pelo antibiograma. PENICILINAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO – ISOXAZOLIL-PENICILINAS Tem-se a Oxacilina, cloxacilina, dicloxacilina também bastante utilizadas mas de pequeno espectro em relação à ampicilina Pergunta e Resposta: A reação de todas as penicilinas são similares, nós iremos estudar, o grande problema das penicilinas e que as pessoas tem medo das naturais da G já que elas são de uso parenteral é a questão da sensibilidade, do choque anafilático, embora se diga que ........pessoas podem ter o choque anafilático, mas podem ter reação de sensibilidade: prurido, urticária etc. As pessoas tem medo, principalmente quando se associa a penicilina G que é muito dolorosa com a procaína, que nós sabemos que é um anestésico local, a dor diminui mas a incidência de reação é maior. Outra questão com a penicilina G benzatina e que iremos ver depois é que ela pode formar uma flebite, ela acumula, é uma penicilina de depósito, ela é oleosa, ela fica em certo tempo e vai diminuindo aos poucos e pode ser que ela ocasione um processo infeccioso, principalmente para pacientes que fazem um uso maciço O exemplo disso é na sífilis, na sífilis secundária vão ser dadas várias doses num curto intervalo de tempo e o paciente vai ter muita dor. Outros efeitos colaterais que iremos ver é febre, mialgia, corpo dolorido, podem aparecer manchas, porque os espiroquetas liberam enzimas e essas são toxinas na verdade e vão promover isso. Então na sífilis o que se faz é aplicar as doses em vês de no braço no glúteo porque a região é maior e esses efeitos vão ser reduzidos, mas mesmo assim é bastante dolorosa. PENICILINAS DE SEGUNDA GERAÇÃO Chamamos de amplo espectro, o protótipo básico vocês terão que saber: a ampicilina e a amoxacilina que caiu na boca do povo, a automedicação, há também os derivados que são a bamcampicilina e a ciclacilina, que não parecem ter essas coisas todas diferentes das duas primeiras. A bamcampicilina é uma pró-droga. As duas primeiras: ampicilina e amoxacilina diferem pela sua resistência ao suco gástrico, também podem ser utilizadas juntos com o alimento, não perdem a sua função. As penicilinas que nós vimos elas são administradas por via parenteral porque elas quebram no suco gástricoe perdem atividade. PENICILINAS DE TERCEIRA GERAÇÃO São aquelas utilizadas para o pseudomonas temos a carbenicilina, ticarcilina que é muito mais potente e seus derivados. Então se o paciente tem sífilis eu não vou utilizar ticarcilina, eu tenho outra substâncias. PENICILINAS DE QUARTA GERAÇÃO São as Azlocilinas, Sulfobenzil penicilinase as Ureidopenicilinas (piperacilina, mezlacilina) são grupos novos, que inclusive vocês não irão encontrar em todos os livros. Vamos utilizar essas drogas naqueles pacientes portadores de microorganismos ditos problemas, resistentes a tudo que se tem. Muitas vezes, os antibióticos são associados na tentativa de solucionar esse problema dos microorganismos resistentes, por exemplo, se associa penicilina a gentamicina, com cuidado por que se a associação for antes da administração os efeitos são antagonizados, se vê muita prescrição incorreta sem dizer ao paciente como deve ser feito. PENICILINA G Ela pode ser potássica ou pode ser sódica. A penicilina G é muito utilizada na meningite, paciente que está interno a penicilina G cristalina é a primeira escolha.Naqueles microorganismos que não são penicilino resistentes. As vias de administração são a oral, IM e IV. A oral pode ser usada em alguns casos, a dose é mais elevada que o normal. Uso clínico em infecções médias ou graves, ou em prematuros e recém-nascidos, a dose tem que ser reajustada nesses casos, a professora diz ter a impressão que é até 20 mil unidades internacionais. PENICILINA G BENZATINA O uso é via parenteral, intramuscular, aquilo que foi referido anteriormente, associado a anestésicos que é para reduzir a dor. Uso clínico: infecções de pequena e média gravidade: pneumonias, já existem pneumococos resistentes, amidalite, erisipela, escarlatina. Terapêutica de doenças graves em que se tem um período de manutenção grande de tratamento: difteria, tétano, leptospirose. Todas as penicilinas são eliminadas pela urina, por isso deve-se ter cuidado quando o paciente tiver insuficiência renal, observar na leptospirose. Lembrar que as penicilinas naturais, com exceção da benzatina, têm um tempo de meia vida pequeno e em 30 minutos já está sendo eliminada. Também é utilizada na gonorréia e justamente por ter um tempo de ação rápido é associada à probenecida 1h antes da dose. A probenicida bloqueia a secreção e conseqüentemente os níveis aumentam porque diminui a secreção. PENICILINA G PROCAÍNA Via intramuscular. Uso clínico: infecções de pequena e média gravidade: pneumonias, amidalite, erisipela. Terapêutica de doenças graves em que se tem um período de manutenção grande de tratamento: difteria, tétano, leptospirose, a mesma coisa e na gonorréia, na gonorréia é muito utilizada a penicilina G benzatina. Vantagens: produz níveis sanguíneos muito baixos, mas persitem por 3 a 4 semanas, daí crianças que tiveram febre reumática tem que tomar até os dezoitos anos uma injeção de benzetacil, pelos níveis da procaínas serem baixos. É a droga de escolha nas infecções por treponema pallidum (sífilis), Streptococcus pyogenes (profilaxia da febre reumática). AULA GRAVADA DE FARMACO PASSADA POR : Patrícia Gouveia(por Sheila) Prof: Gloria PENICILINAS PARTE II .... de 6/6 horas. Isso aqui você tira o paciente do uso hospitalar da penicilina G cristalina. Então normalmente para se tratar endocardite bacteriana hoje se tem um cuidado maior. Se esse paciente não pegou essas doenças no meio hospitalar você faz o tratamento, manda para casa e continua o tratamento ambulatorial. Penicilinas de 3ª geração - Carbenicilina,Ticarciclina, e seus derivados. Essas preservam o mesmo núcleo 6- amino- penicilâmico(?). E temos o substitutivo(?). 3ª geração são drogas principalmente utilizadas contra as Pseudomonas, Proteus e E. Coli, germes problemas. São drogas de de administração intravenosa, de eliminação rápida e de aplicações de 6/6 horas. Podem ser utilizadas com a Gentamicina para evitar a proliferação de de germes que são carbenicilina resistentes. Quando isso ocorre tem que ser na administração e não antes(A associação dos dois eu acho...). Deve-se ter cuidado também quando se associam esses antibióticos aos corticóides quando ele é associado antagoniza o efeito... Penicilinas de 4ª geração - A maioria não é disponivel no Brasil. São usadas nas infecçoes por Pseudomonas. Exs . - Azociclinas, Sulfobenzilpenicilinas. Ela não falou na fita mas tem um outro grupo de drogas que eu copiei da transparência... Ureidopenicilinas - Piperacilcina, Mezlocilcina. Beta - lactâmicos mais recentes Ácido clavulânico Carbapenêmicos Monobactâmicos