Antibióticos Bases Bases para para oo uso uso racional racional em em Odontologia Odontologia • Histórico - Período dos antissépticos-desinfetantes Lister, Semmelweiss, 1867... Prof. Dr. Ricardo M. OliveiraOliveira-Filho Dept Farmacologia – ICB/USP [email protected] - Pasteur e Ehrlich: a busca da bala mágica Gelmo, 1908: sulfanilamida Forester, 1933:1º ensaio clínico com Prontosil - Fleming, 1929: penicilina Florey & Chain, 1940: 1º 1º ensaio clí clínico com penicilina Waksman, 1942: “antibió antibiótico” tico” - Álcool X antibió antibióticos: uma velha histó história... Resistência bacteriana (preocupar-se (preocupar-se éé preciso...) preciso...) • Conceito, tipos Resistência Tipo I, estreptomicina Tipo II, penicilina Tempo • Mecanismos • Fatores que interferem Resistência bacteriana • Atitudes DO CLÍNICO que interferem: – diagnóstico + escolha do antibiótico – correta prescrição – “timidez terapêutica” – farmacoeconomia Resistência bacteriana • Atitudes DO PACIENTE que interferem: – obediência à prescrição – suspensão precoce da terapia – omissão de doses – opinião de leigos bem-intencionados – automedicação: a ANVISA acorda... Resolução Nº 44 da Diretoria Colegiada (RDC) da ANVISA, de 26 de outubro de 2010 (parcialmente devido a casos de infecção hospitalar pela Klebsiella pneumoniae carbapenemase, a dita “super-bactéria KPC”): Art. 2. A dispensaç dispensação de medicamentos a base de antimicrobianos de venda sob prescriç prescrição somente poderá poderá ser efetuada mediante receita de controle especial, sendo a 1ª via - Retida no estabelecimento farmacêutico e a 2ª via Devolvida ao Paciente, atestada, como comprovante do atendimento. Art. 11. A retenç retenção das receitas de medicamentos, pelas farm ácias e drogarias, contendo as substâncias listadas no Anexo desta resol ução é obrigató obrigatória a partir de 28 de novembro de 2010. http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/c13443804478bef68eef cf7d15359461/res olucao+antibioticos.pdf?MOD=AJPERES Toxicidade seletiva Propriedade que o antibiótico deve ter de lesar APENAS o microrganismo, deixando intactas as células do hospedeiro: hospedeiro como? Mecanismos de ação (conveniente modo de classificaç classificação) 1 - Interferência na síntese da parede bacteriana a) última fase da construção da parede: penicilinas, cefalosporinas b) liberação do monômero para adição à cadeia: glicopeptídeos (vancomicina) c) interferência com o carregador: polipeptídeos (bacitracina) Penicilinas Ácidoresistência Penicilinaseresistência — — Penicilina V (fenoximetilpenicilina): (fenoximetilpenicilina): Meracilina, PenPen-VeVe-Oral + — IsoxazolilIsoxazolil-penicilina (oxacilina): (oxacilina): Oxacilil, Oxanon + + Ampicilina: Ampicilina: Amplacilina, Binotal, Praticilin + — Amoxicilina: Amoxicilina: Amoxil, Novocilin, Velamox + — Amplo espectro Pequeno espectro Penicilina G (benzilpenicilina): (benzilpenicilina): Benzetacil, Cristacilina Nota: Nota: Em todos os slides deste arquivo os nomes comerciais dos medicamentos medicamentos foram revisados cf. o DEF 2014 (Dicioná Dicionário de Especialidades Farmacêuticas), Farmacêuticas), 42ª 42ª. ed. EPUC, R.Janeiro, 2013. Cefalosporinas: Classificação em “gerações” Geraç Geração 1ª 2ª 3ª Atividade contra G+ cocos aeró aeróbicos (estrept. grupo B, viridans) viridans) e Staph. aureus oxacilinaoxacilinaresistentes discreta (*) discreta Atividade contra G– G– Atividade contra anaeró anaeróbicos Resistência a β-lactamases discreta desprezí desprezível pouca maior que 1ª 1ª geraç geração contra aeró aeróbios G– G– maior que 1ª 1ª geraç geração maior que 1ª 1ª geraç geração (**) (variá (variável) boa boa contra aeró aeróbios G– G– multirresistentes e Pseudomonas (***) (*) A cefuroxima ainda é ativa contra bact érias aeró aeróbias G+. (**) A cefoxitina induz lactamases e sofre resistência de Bacteroides fragilis. (***) A associaç associação injetá injetável ticarcilina + ác. clavulânico ( Timentin) Timentin) é ativa contra P. aeruginosa Cefalosporinas de 1ª geração T½ Cefalexina Keflaxina, Keflex 0,9 h Cefadroxila Cefadroxil, Cefamox 1,1 h Cefalosporinas de 2ª geração Cefaclor Ceclor 0,7 h Cefuroxima Monocef, Zinacef 1,2 h Cefalosporinas de 3ª geração T½ Cefotaxima Ceforan, Claforan Ceftriaxona Ceftriona, Rocefin 1,1 h 8h Cefalosporinas de 4ª geração Cefepima Maxcef 2h 2 - Inibição da síntese de folatos a) competição com o PABA em nível de folato-sintetase: sulfonamidas (p.ex. sulfametoxazol) b) inibição da diidro-folato redutase: trimetoprima Associação sulfametoxazol + trimetoprima: Assepium, Bactrim, Infectrin etc. 3 - Inibição da síntese de proteínas a) competição com o RNA transportador pelo sítio A do ribossoma: tetraciclinas (minociclina, doxiciclina) b) anomalia de reconhecimento códon-anticódon: aminoglicosídeos (estreptomicina, amicacina, canamicina, gentamicina) c) inibição da transpeptidação: fenicóis (cloranfenicol) d) inibição da translocação: macrolídeos (p.ex. eritromicina), lincosamídeos (p.ex. clindamicina) Macrolí Macrolídeos T½ Eritromicina* Eritromicina Eritrex, Ilosone, Rubromicin 1,6 h Azitromicina ** Clindal AZ, Zitromil, Zitromax 40–68 h Claritromicina Klaricid, Klaritril 3–7 h*** (*) Sal estolato. (**) Aumento significativo de mortes por acidente cardiovascular em 5 dias de tratamento com azitromicina, principalmente em pacientes de risco para este evento. [Ray W.A. et al., al., N.Engl.J.Med. 366 (20):1881– (20):1881–1890, 2012] (***) O T½ T½ do metabó metabólito ativo (14(14-OHOH-claritromicina) é de 5 a 9 h. Lincosamídeos Lincomicina* Lincomicina* Frademicina, Lincoflan Significativamente mais envolvida com colite pseudomembranosa** pseudomembranosa** do que a clindamicina. Clindamicina*** Clindamicina*** Anaerocid, Dalacin C T½ = 2,9 h A presença de alimentos no estômago não afeta a absorção. (*) Na atualidade, não se justifica seu uso. Não mais disponí disponível nos USA. (**) Caracterizada por diarré diarréia lí líquida, febre, elevaç elevação de leucó leucócitos circulantes. A sí síndrome pode ser letal. letal. Tratamento: metronidazol ou vancomicina. Recaí Recaídas: até até 20% dos casos. (***) Os dados sobre a incidência de colite pseudomembranosa variam de 0,01 a 10%. 4 - Ação na membrana celular 1 – Ação detergente polimixina B 2 – Ação ionofórica: poliênicos nistatina Uso tópico: Nepodex, Otosporin Uso sistêmico: Micostatin, Nidazolin cetoconazol Uso sistêmico: Cetonax, Nizoral 3 – Bloqueio da síntese do ergosterol: imidazóis miconazol Uso tópico: Micoral creme, Izonax shampoo Uso tópico: Daktarin, Micogyn, Vodol itraconazol Uso sistêmico: Miconal, Sporanox flutrimazol Uso tópico: Micetal creme, Micetal solução 5 - Ação na replicação celular a) inibição da girase (topoisomerase II): quinolônicos ciprofloxacino (uso sistêmico: Cipro, Floxocip; uso tópico: Ciloxan, Otofoxin) levofloxacino (uso sistêmico: Levotac, Tavaflox) norfloxacino (uso em infecções do trato urinário: Floxacin, Respexil) b) inibição da RNA polimerase DNA-dependente: rifamicinas rifamicina SV (uso tópico: Rifocina spray) c) lesão química do DNA: 5-nitroimidazóis metronidazol (Flagyl; associação com espiramicina = Periodontil) tinidazol (Amplium, Pletil) amoxicilina cefalexina Resumo Polimixina B Nistatina doxiciclina Rifamicina metronidazol Legenda: Bactericidas Bacteriostáticos Macrolídeos norfloxacino azitromicina Fatores que influem na eficácia da terapia antimicrobiana 2 – O que escolher? bactericidas ou bacteriostáticos? ticos Basear-se em: • • • • defesas do organismo latência posologia erradicaç erradicação Bactericidas Bacteriostáticos Penicilinas Cefalosporinas Macrolídeos Lincosamídeos Aminoglicosídeos Rifamicina Vancomicina Sulfonamidas Polimixinas Tetraciclinas Fenicóis Fatores que influem na eficácia da terapia antimicrobiana 3 – O que escolher? de amplo ou de pequeno espectro? Basear-se em: • • • • • especificidade eficácia interferência na flora normal possibilidade de superinfecção criação de resistências Pequeno Penicilinas G, V “Ampliado” Penicilinas “de amplo espectro” espectro” Amplo Sulfonamidas IsoxazolilIsoxazolil-P Tetraciclinas Cefalosporinas Macrolí Macrolídeos Fenicó Fenicóis Aminoglicosí Aminoglicosídeos Lincosamí Lincosamídeos Polimixinas Vancomicina Fatores que influem na eficácia da terapia antimicrobiana 4 – Concentração local do antibiótico • • • • • via de administração dose, posologia, duração da terapia cooperação do paciente distribuição metabolismo e eliminação Fatores que influem na eficácia da terapia antimicrobiana 5 – Infecção em si • • • • • tempo de infecção (duração) atividade metabólica (crescimento) tamanho localização necessidade de cirurgia Fatores que influem na eficácia da terapia antimicrobiana 6 – Fatores ligados ao hospedeiro • idade (atenção: >50 anos, <1 ano) • gravidez (são permitidas: penicilinas em geral, cefalosporinas de 1ª geração e eritromicina) • função renal (são permitidos: oxacilina, lincosamídeos, eritromicina e doxiciclina) • mecanismos de defesa: PROFILAXIA Fatores que influem na eficácia da terapia antimicrobiana 7 – O que pensar sobre as associações de antibióticos • amoxicilina + ácido clavulânico (Clavulin) • amoxicilina + sulbactam (Trifamox) ou ampicilina + sulbactam (Unasyn) • piperacilina* + tazobactam (Tazocin) • sulfametoxazol + trimetoprima (Bactrim) (*) Penicilina de espectro ampliado, mal absorvida no TGI (não é usada por via oral), não-resistente a penicilinase. Tem atividade contra Pseudomonas aeruginosa. Usos terapêuticos em Odontologia • Tratamento de infecção buco-dental aguda. • Profilaxia em pacientes com mecanismos de defesa comprometidos, decorrente de certas doenças ou terapia com fármacos. • Profilaxia em pacientes em risco de desenvolver endocardite, em consequência de bacteremia causada por intervenção odontológica ou lesão traumática. Prevenção da endocardite infecciosa Recomendações da American Heart Association, junho 2007* Wilson W et al. — Prevention of infective endocarditis: Guidelines from the American Heart Association. J. Am. Dent. Assoc. 138:739 –760, 2007. 138:739– * Esta é uma atualizaç atualização das recomendaç recomendações anteriormente em vigor, publicadas no J Am Med Assoc 277:1794 277:1794--1801, 1997 Prevenção da endocardite infecciosa Revisão e novas orientações gerais da Sociedade Europeia de Cardiologia: Habib G et al. - Guidelines on the prevention, diagnosis, and treatment of infective endocarditis (new version 2009) - The task force on the prevention, diagnosis, and treatment of infective endocarditis of the European Society of Cardiology (ESC). European Heart Journal 30:2369-2413 (2009). O seguinte guia clínico é uma versão reduzida do artigo acima: Pérez-Lescure Picarzo J et al. - Guía clínica para la prevención de la endocarditis infecciosa. Anales de Pediatría (Barcelona) 80:187.e1-187-e5 (2014).