GRUPO, TENDÊNCIA ATUALIZANTE, TENDÊNCIA FORMATIVA

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GRUPO, TENDÊNCIA ATUALIZANTE, TENDÊNCIA
FORMATIVA
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
Em sua vivência, no sentido mais estrito, o Grupo se constitui
como consciência -- consciência própria e especificamente préreflexiva, fenomenológico existencial, dialógica. Consciência que
intrinsecamente é ação, atualidade, atualização, e presença; pessoal,
e coletivamente, fluxo, processo. Ação que é consciência,
conscientização.
Numa de suas dimensões no Grupo, a consciência enquanto
consciência coletiva é pontual e ativamente compartilhada como tal
por todos os membros do Grupo.
Concomitante e simultaneamente, em níveis diversos de
particularização, a consciência,enquanto processo grupal, se
pessoaliza, se singulariza; até os processos pessoais de sua vivência
e produtividade. E, na pontualidade da duração da vivência grupal,
consciência pessoal e consciência coletiva interagem numa dinâmica
dialógica, poiética, se geram e regeneramreciprocamente, no âmbito
da vivência da pessoa, e do coletivo grupal.
De modo que são fluxos e trânsitos dinâmicos da consciência
entre as suas multiplicidades mais coletivas e as mais
individualizadas.
Que se entenda, naturalmente, que a consciência coletiva do
grupo, em sua vivência compartilhada, é, própria e especificamente,
dimensão compartilhada das consciências das pessoas,
individualmente singularizadas; e, ativa, é, assim, consciência
transindividual. Não existe a consciência coletiva vivencial, senão
como consciência pessoal, que é pontual e simultaneamente
compartilhada por uma multiplicidade de indivíduos. Ainda que a
consciência grupal, o Grupo, possa constituir objetos, nos quais se
particulariza a consciência coletiva, no modo de ser de sua
objetividade. Este é um modo de ser cujo caráter é pouco privilegiado
no Grupo, na medida em que no Grupo privilegiamos a poiética e a
transformatividade do modo vivencial, coletivo e pessoal, na dinâmica
dialógica de suas interações. Ainda que, necessariamente, a
consciência vivencial sempre se dê em processos de objetivação.
Efetivamente como consciência, a consciência coletiva grupal
possui as múltiplas características e processos de produção, poiéticos,
da consciência individual. Ela pode ser mais ou menos reflexiva, e
mais ou menos pré-reflexiva – fenomenológico existencial, e
dialógica, poiética. Naturalmente que enquanto tal a consciência
coletiva mobiliza uma outra instancia da vida social, o Grupo em
questão.
Enquanto consciência coletiva, a consciência grupal desdobra
todo o processo da consciência; da consciência pré-reflexiva,
fenomenal, fenomenológico existencial, dialógica, experimental, e
hermenêutica, para a consciência reflexiva.
Até que, mais uma vez, se adensa como vivência de consciência
pré-reflexiva, fenomenal, em sua pontualidade e dinâmicas ativas. No
caso, como vivência e dinâmicas pontualmente pessoais e
pontualmente compartilhadas, coletivas.
Como tal, a consciência coletiva é eminentemente ativa. É
eminentemente ação. Experimentação, interpretação. É, neste
sentido, própria, e especificamente, experimental, e hermenêutica.
A atividade, a ação, a atualidade e atualização, como
consciência coletiva, advêm, em sua presença -- como no caso da
consciência que entendemos como individual -- da vivência
compartilhada de possibilidades, e do desdobramento destas
possibilidades. Advêm assim da vivência coletivamente compartilhada
de possibilidades, em seus desdobramentos, experimentados e
interpretados, atualizados, por uma multiplicidade de indivíduos.
De modo que, é perfeitamente pertinente a idéia de que o
Grupo está animado, e se configura, e se desdobra, a partir de uma
tendência atualizante.
O que constitui o que entendemos como Grupo, como processo
grupal, é o Grupo enquanto ação, o Grupo no exercício de sua
tendência para a ação, no modo de sermos de sua presença. A
experimentação, e a interpretação atualização, desdobramento, de
possibilidades, coletivamente compartilhadas, na dinâmica da
dialógica grupal.
Na interação com a multiplicidade de dimensões das
consciências individuais das pessoas participantes.
Ou seja, na consciência fenomenológica, simultaneamente
pessoal e coletiva que o caracteriza, potencializa e define, o Grupo é
uma animação e movimentação a partir de possibilidades vividas
coletivamente. Possibilidades que, vividas coletivamente,
compartilhadas, se desdobram, e se constituem, como ação, como
atualização – ação e atualização coletivas, na presença pontual da
momentaneidade da vivência grupal.
Como tal, tanto na dimensão da consciência individual, como na
dimensão da consciência coletiva, grupal, a vivência de possibilidades
é intrinsecamente Compreensiva. Ou seja, dá-se, e desdobra-se ao
modo fenomenológico existencial e dialógico de sermos da
Compreensão.
E, compreensiva, pode se constituir na sua vivência de modo
meramente compreensivo, ou de modo compreensivo e muscular.
Referindo-nos, no caso a uma musculatura grupal, que pontualmente
se constitui como a musculação cineticamente articulada da
multiplicidade de indivíduos que compõem o Grupo.
Como toda ação, a ação grupativa é, portanto, própria e
especificamente compreensiva. É vivida, assim, compreensivamente;
se constitui compreensivamente. É implicativa – e não ex-plicativa.
Como presença, como vivência pontualmente compartilhada da
multiplicidade de indivíduos que a constitui.
A característica de que a grupação é compreensiva,
especificamente se constitui a partir da determinação de que a sua
vivência brota, originariamente, como vivência de possibilidade, como
vivência de potência, como vivência de força, que se constitui como
sentido, como consciência pré-reflexiva, fenomenológico existencial,
dialógica. Ou seja, como compreensão. Cum-preensão do sentido da
possibilidade.
Como no caso pessoal, a força vivenciada na ação -- a potência,
a possibilidade --, na grupação, é força criativa, é força plástica; e,
portanto, força formativa, form-ação. De modo que a tendência
atualizante, compreensiva, que nos constitui é, igualmente, tendência
formativa. Produz, a partir da vivência do possível, as formas da
vivência da ação. Igualmente compreensivas, em sua pontualidade.
Gestaltação, gestaltificantes. Tanto ao nível do que entendemos como
individualidades, como ao nível dos coletivos grupais.
De modo que -- como em todas as suas modalidades e
modulações --, a tendência atualizante, a ação, a atualidade, e a
atualização, são, também, e necessariamente, própria e
especificamente, tendência formativa, são form-ativas – no
sentido fenomenológico existencial e dialógico. Per-form-áticas,
vale dizer. O que abre enormes possibilidades compreensivas para
nós outros.
Isto quer dizer que a vivência de possibilidades, e a vivência do
desdobramento de possibilidades, na ação, se constituem como
consciência, pré-reflexiva, compreensiva e implicativa; se constituem,
na vivência, como formas, formações, de consciência, pré-reflexiva,
compreensiva, fenomenal; se constituem como formas, formações,
compreensivas de consciência. Compreensivas, constituem-se,
própria e especificamente, como logos, como sentido, fenômenologos, dia-logos, como compreensão.
E, a seguir, como as formas, objetivas, objetivadas,
coisificadas, que se produzem a partir da cri-ação, a partir do
desdobramento da possibilidade, como ação, como a poiese da ação.
O Grupo, assim, e suas possibilidades e poderes, se constituem,
a partir da tendência atualizante, e da necessária constituição da
tendência atualizante, e da ação, da atualização, em tendência
formativa, em vivência criativa das formas da vivência, das formas da
ação.
Para as abordagens fenomenológico existenciais de psicologia e
de psicoterapia -- em específico para a Gestalt, e para Abordagem
Rogeriana -- interessa privilegiar, e fomentar, a constituição e o
desdobramento do Grupo em sua matriz criativa, em sua matriz
atualizante, e formativa.
Na pontualidade de sua vivência, no modo de ser de sua
presença, o Grupo é a vivência compreensiva de sua ação, da sua
atualização. Ou seja, é a vivência de seu processo formativo,
enquanto dinâmica compreensiva da atualização de possibilidades
suas, que se constituem como formas compreensivas, como as
formas compreensivas de sua vivência.
O Grupo se constitui a partir de uma vontade, força, coletiva de
devir.
A vivência do Grupo é a vivência de sua tendência atualizante.
E a vivência de sua, compreensiva, e necessariamente correlativa,
tendência formativa
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