Atividade complementar de A1 “... a filosofia não é revelação feita ao ignorante por quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem cúmplices em sua mútua submissão à força da razão.” SAVATER, Fernando. Na atitude reflexiva, o pensamento procura se voltar sobre os seus processos, sobre os fundamentos do próprio conhecimento, na procura incessante pela raiz do problema. A reflexão filosófica, ao contrário do conhecimento comum, exige umatomadade posição que se orienta para o âmago do problema. Poderíamos dizer, que a atitude filosófica faz com que o problema surja do sujeito e daí, parta para a explicação de suas implicações. A Filosofia baseia-se em juízos de apreciação que não aceitam nenhuma afirmação sem procurar o seu valor e a suas origens, desdobrando-se em análises profundas, buscando os fundamentos genéticos do problema. Ser radical é uma das suas características. É necessário também, que a atividade filosófica seja rigorosa, por isso, ela precisa ser sistemática, obedecer a um método, visando um conteúdo ordenado e racional que ao mesmo tempo procura ser a melhor tentativa de solução para o problema, desafiando o senso comum e combatendo as generalizações. Atividade complementar de A2 “A educação, disse eu, seria uma arte da reviravolta, uma arte que sabe como fazer o olho mudar de orientação do modo mais fácil e mais eficaz possível, não a arte de produzir nele o poder de ver, pois ele já o possui, sem ser corretamente orientado e sem olhar na direção que deveria, mas a arte de encontrar o meio para reorientá-lo.” PLATÃO A Escola no sentido que a entendemos hoje - uma instituição dedicada à educação de pessoas – surge por voltado século XV, integrada ao conjunto das transformações sociais, econômicas e culturais que assinalaram aquela época. Fundamental na construção do próprio homem, ela tem sido um dos pilares do processo de transmissão de condutas, normas e saberes que transformam alunos em seres educados, portadores das civilidades que os habilitam a viver em um mundo que proclama almejar a ordem e a convivência harmoniosa, respaldado na supremacia da razão. Ao longo de aproximadamente quinhentos anos, o projeto escolar distanciou-se muito pouco do que se constituiu tradicionalmente, e a Escola do século XXI parece que ainda mantém o mesmo modelo idealizado. Ocorre que no mundo, tudo mudou. Mudaram as relações, a família, o trabalho... Somente a Escola reproduz o seu modelo tradicional: O professor à frente da lousa, dono do saber, apto a transmití-lo; os alunos enfileirados em suas carteiras em atitude passiva para recebê-lo, reproduzindo indefinidamente o status quo. Acontece que, o aluno de hoje tem acesso a uma avalanche de informações em tempo real. Toda a tecnologia está a sua disposição, sem impor barreiras de tempo, nem de espaço. Não se pode pretender ensinar o aluno a ver o mundo, pois os olhos, ele já possui. A necessidade é maior: a necessidade de redirecionar esse olhar! É preciso que o conhecimento almejado seja construído de maneira pessoal e intransferível, tendo o aluno como agente do seu saber, para que este possa ser elaborado e possibilite o acesso a outros conhecimentos. Portanto, o processo para se atingir o conhecimento torna-se mais importante que o conhecimento em si mesmo. A reviravolta sobre a qual falou Platão ainda (?!) não ocorreu. Na organização da Escola atual, que se quer democrática, em que a participação é elemento inerente à consecução dos fins, o professor de hoje deve conduzir o seu aluno nesse processo de construção do conhecimento, fornecendo-lhe a base e o norte, mas sem jamais impor-lhe o caminho. Assim, sem ser somente um mero repetidor de fórmulas e conceitos, um mantenedor que nada tem a acrescentar ou reformar, possa transformar-se num ser humano de olhar analítico e crítico e principalmente, um cidadão atuante, agente da tão esperada reviravolta.