Para ActionAid, produção de biocombustíveis no Brasil pode

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Para ActionAid, produção de biocombustíveis no Brasil pode ameaçar
oferta de alimentos
Plantão | Publicada em 16/04/2008 às 18h45m
Luciana Rodrigues - O Globo
RIO - Em posição oposta à do governo brasileiro, que tem defendido que o avanço dos biocombustíveis, no Brasil, não
ameaça a produção de alimentos, a ActionAid, ONG internacional que atua em mais de 40 países pobres e em
desenvolvimento com foco na redução da pobreza, afirmou nesta quarta-feira, em nota, que "o Brasil corre risco de
retroceder no combate à fome, uma das principais conquistas do governo Lula, caso permita que o plantio de
biocombustíveis concorra com as terras disponíveis para produção de alimentos".
Segundo a ActionAid, os dados do IBGE mostram que, entre 2004 e 2006, houve um aumento de 545.562 hectares na área
plantada da cana-de-açúcar e uma diminuição de 1.349.333 hectares na parcela destinada às outras culturas.
- Biocombustíveis só trarão ganhos de longo prazo para o Brasil se forem tomadas medidas que efetivamente controlem o
crescimento desordenado do setor como o que estamos assistindo hoje e que definam como essa produção pode ser feita sem
prejuízo do meio ambiente e da oferta de alimentos - diz Celso Marcatto, coordenador da campanha AlimentAÇÃO, da
ActionAid, no Brasil.
Lançada no mundo inteiro sob o HungerFREE, a campanha que no Brasil ganhou o nome de AlimentAÇÃO cobra dos
governos o cumprimento do compromisso de reduzir a fome à metade até 2015, conforme determina uma das Metas do
Milênio acordadas por 191 países na ONU.
Segundo a ActionAid, até agora não se vê medidas claras que demonstrem que a produção da nova matriz energética a base
de biocombustíveis, no Brasil, esteja sendo feita através de um modelo agrícola também novo, ou seja, de forma social e
ambientalmente justa e sustentável.
A ONG lembra que o agronegócio não abastece o mercado interno de alimentos e "é conhecido por enormes passivos sociais
e ambientais acumulados através de práticas que concentram terra, diminuem oferta de trabalho e destroem o meio
ambiente".
A agricultura familiar, por sua vez, diz a ActionAid, tem demonstrado, por outro lado, seu potencial como produtor de
alimentos e gerador de empregos.
- Os avanços efetivos conseguidos pelo Brasil na redução da fome tiveram em grande medida a ver com políticas de
incentivo à agricultura familiar e de programas de compra da sua produção para o abastecimento local - afirma Marcatto
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