0 Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública SILVANA APARECIDA DE ALMEIDA AS POLITICAS SOCIAIS NO GOVERNO LULA Astorga 2011 1 Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública SILVANA APARECIDA DE ALMEIDA AS POLÍTICAS SOCIAIS NO GOVERNO LULA Trabalho de Conclusão de Curso do Programa Nacional de Formação em Administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá. Orientador: Profª. Dr°. Valter Afonso Vieira. Astorga 2011 2 Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública SILVANA APARECIDA DE ALMEIDA AS POLÍTICAS SOCIAIS NO GOVERNO LULA Trabalho de Conclusão de Curso do Programa Nacional de Formação em Administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá, sob apreciação da seguinte banca examinadora: Aprovado em ___/___/2011 ____________________________________________________________ Professor Dr. Valter Afonso Vieira Assinatura _____________________________________________________________ Professor Dr. Francisco Giovani David Vieira Assinatura ____________________________________________________________ Professor Ronei da Silva Leonel. Assinatura Astorga 2011 Astorga 2011 3 RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar algumas das políticas sociais adotadas pelo governo lula como por exemplo, o Programa Fome Zero e o Programa Bolsa família que foram muito destacados durante todo o período deste governo e foram também os grandes responsáveis pela sua alta popularidade, objetivamos ainda saber se estes programas tem de alguma forma mudado para melhor a realidade dos beneficiários e a sociedade em que vivem e desta maneira poder analisar se o Brasil realmente está no rumo certo, para isso utilizamos o método da pesquisa exploratória que se deu através da pesquisa e leitura de livros, artigos acadêmicos e sites relacionados ao tema, foi através deste estudo que pudemos identificar muitos fatores de desigualdade existentes no país, como a desigualdade entre as regiões, as referentes ao sexo, a cor, etc; pudemos ainda identificar as regiões com maior carência de políticas sociais e as soluções criadas para que estes programas pudessem chegar ao acesso de toda a população, assim entendemos que apesar dos muitos esforços ainda há muito que ser feito para que não exista mais pobreza em nosso país, apesar do grande avanço no que diz respeito a redução da pobreza e extrema pobreza que não se pode negar conseguido principalmente através das políticas sociais adotadas por este governo. Palavras-chave: Bolsa Família, Fome Zero, Política Social, Governo Lula. 4 ÍNDICE 1.0 – Introdução_____________________________________________5 2.0 – A marca de um governo__________________________________ 7 3.0 – O que são Políticas Públicas_______________________________7 3.1 – O que são Políticas Públicas Sociais_________________________7 4.0 – Sistema Único de Assistência Social (SUAS)__________________ 9 4.1 – Assistência social e Combate a Pobreza______________________9 4.1.1 – Programa Fome Zero______________________________10 4.1.2 – Programa Bolsa Família____________________________12 5.0 – Números do Programas Sociais no Brasil_____________________18 6.0 - Conclusões_____________________________________________19 5 1-INTRODUÇÃO: O Brasil é um país de tradição patrimonialista, por conta desta tradição sempre apresentou ao longo de sua história grande desigualdade social, ao mesmo tempo é possuidor de uma rica diversidade cultural e geográfica, são exemplos dessa riqueza a grande concentração de terras ao qual abrangem os seus limites, sua localização geográfica acima e abaixo da linha do Equador o que propicia os vários climas em diferentes regiões do país o que também favorece o cultivo de vários produtos agrícolas, é composto de um povo que provem da mistura de muitas raças o que por sua vez explica a riqueza e a diversidade das culturas regionais, também se encontra em seu território a maior floresta do mundo e o maior reservatório de água doce, isso tudo e alguns outros fatores justificam o codinome “país do futuro” dado ao Brasil e que muito nos orgulha. O que de fato nos encabula é constatar que em um país como este que acabamos de descrever, ainda possam existir pessoas passando fome e vivendo em condições consideradas impróprias para um ser humano, assim este é um país de muitas riquezas que, no entanto infelizmente, são muito mal distribuídas, o que acaba resultando em enriquecimento exacerbado de poucos e pobreza extrema de muitos. E por conta destas desigualdades sociais o governo busca criar programas que venham a intervir de maneira positiva em uma melhor distribuição de renda, sendo o papel destes programas muitas vezes a atuação de maneira imediata no problema e esta é uma das muitas críticas feitas aos programas sociais realizados durante o período do governo de Lula, por dar direito aos beneficiários de receberem certa quantia em dinheiro. A crítica é feita porque ao invés de dar o “peixe” o governo deveria ensinar a “pescar”, ou seja, o mais importante seria ensinar uma profissão de onde pudessem tirar seu próprio sustento, investir em capacitação da mão-deobra, em educação, ao invés de distribuir dinheiro à população carente deveria-se ensinar estas pessoas uma profissão, um trabalho digno e desta forma pudessem deixar de depender do governo e de suas políticas assistenciais. O governo por sua vez alega que ensinar uma profissão e atrair investimentos para regiões pobres é um processo que leva tempo enquanto que a fome tem caráter emergencial, quem sofre com a fome e a desnutrição não pode esperar. Pelo fato de este ser um tema gerador de discussões e polêmicas, é que esta pesquisa, este estudo e trabalho se fazem importantes, de uma maneira 6 democrática o que se deseja é que as políticas públicas sejam definidas através do critério de justiça social e que atendam aqueles que mais necessitam. Segundo Pinheiro (2005), a solidariedade que estava perdendo para a cultura competitiva do mercado passa a ser resgatada em sua forma tradicional para convencer a sociedade de sua responsabilidade para eliminação da fome e pobreza. Ainda de acordo com Pinheiro essa questão de uma nova maneira de governar não poderia ter se dado em outro momento da história do país, este contexto foi marcado pela gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito pelo desejo de mudança, justiça social e desenvolvimento. Mas, qual é o critério utilizado para classificar a classe social pobre no Brasil? Afinal, o que é política pública? E políticas públicas sociais? Quais foram as políticas públicas sociais que mais se destacaram durante o governo Lula? Estas políticas surtiram resultados positivos ou não? É importante esclarecermos certas questões para que se saiba e entenda a realidade do povo brasileiro que estabeleceu fortes vínculos com o governo Lula através de suas políticas sociais, isso explica inclusive do ponto de vista político sua alta popularidade em diferentes regiões do país, principalmente aquelas consideradas mais pobres como o nordeste, popularidade esta constatada durante as eleições de 2002 onde de acordo com a Associação Brasileira de Notícias (ABN) no Ceará Lula obteve um percentual de 71,78% contra 34,31% de seu concorrente José Serra e ainda pode confirmar ou reafirmar esta popularidade durante as eleições de 2006 quando foi reeleito no 2° turno das eleições com 60,83% dos votos válidos. No entanto, o que esperamos é analisar se o Brasil realmente está no rumo certo e se as políticas adotadas de alguma forma têm mudado para melhor a realidade dos beneficiários e a sociedade em que vivem, para isso utilizaremos o método da pesquisa exploratória que se dará através da leitura em livros, artigos acadêmicos e sites relacionados ao tema. 7 2.0 – A MARCA DE UM GOVERNO O governo Lula foi marcado fortemente pelas políticas no âmbito social, e isso repercutiu inclusive internacionalmente, trazendo destaque para o Brasil na área social para que possamos entender estas políticas e sua dimensão é importante entendermos primeiramente o que são estas políticas, a quem são direcionadas, qual seu objetivo e como funcionam, isso facilita o entendimento da sua aplicação na realidade e proporciona o suporte necessário para estudarmos e analisarmos programas específicos da área social. 3.0 - O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS Antes de tudo é relevante fazermos neste momento um esclarecimento sob o termo políticas públicas e para que servem, para que em seguida possamos tratar com mais clareza sob as políticas sociais. Pois bem, sabe-se que a palavra “política” teve sua origem há mais de 2.500 anos na Grécia e seu significado é: “a arte de governar um Estado, uma cidade”, na língua grega, polis significa cidade enquanto que em Latim a palavra correspondente é civitas que foi de onde derivou a palavra portuguesa cidadão, portanto pode-se dizer que político e cidadão tem significados iguais, assim a política é a arte de governar as pessoas de uma sociedade ou de as pessoas criarem leis para governarem a si próprias afinal, todo cidadão é um ser político por natureza. Podemos resumir política então como decisões tomadas por um grupo que tenham como objetivo realizar projetos que visem o bem comum. Já a palavra “público” também tem origem no latim e seu significado é “o que é de interesse comum, o que é de propriedade do estado, o que é de todos”. Desta forma, as políticas são denominadas públicas porque tem como objetivo a satisfação de todos e o interesse comum e não de uma ou outra pessoa em particular. 3.1- O QUE SÃO POLITICAS PÚBLICAS SOCIAIS As políticas públicas são denominadas sociais quando tem o objetivo de atingir através de programas e ações, determinada parcela da população ou setores específicos da sociedade que se encontram em situação de desigualdade e não 8 possuem um padrão de vida digno, estas políticas existem porque o estado tem o dever de garantir condições básicas de cidadania para aqueles que vivem em situação de desigualdade. A sociedade em que vivemos atualmente é chamada de capitalista e é característica desta sociedade a divisão entre os que são possuidores dos meios de produção (máquinas, terras, mão-de-obra, instalações, fabricas, equipamentos), e desta forma possuem “capital”, e os que são possuidores da força de trabalho, assim a sociedade se divide entre patrões e empregados e esta divisão gera desigualdades sociais, em algumas regiões maiores em outras menores por diversos fatores históricos ou organizacionais e o governo pode buscar amenizá-las por meio de políticas publicas sociais que tem funções redistributivas e compensatórias. A função redistributiva é aquela que visa distribuir para as pessoas menos favorecidas uma parte do que é produzido pela sociedade, isso é feito por meio de recursos financeiros retirados do resultado de produções de bens e serviços principalmente através da arrecadação de impostos como, por exemplo, o Imposto de Renda. O Programa Renda Básica de Cidadania no Brasil (lei de renda mínima) é um exemplo de política social redistributiva, foi aprovado pelo congresso nacional e sancionado pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em 2004 com o intuito de garantir uma renda mínima que garanta um direito básico de cidadania. Em outras ocasiões as políticas sociais são de caráter compensatório, ou seja, são programas com características emergenciais para atendimentos de grupos específicos da sociedade (desempregados, índios, negros, analfabetos etc.), são exemplos destas políticas a cota destinada aos negros para ingresso na universidade, o salário-desemprego e também o Programa Bolsa-Família que foi criado em 2004 pelo Governo Federal para atender as famílias que se encontram em situação de pobreza e extrema pobreza no Brasil. Sendo assim vale ressaltar que o estado não está fazendo caridade quando desenvolve estas ações ele está simplesmente cumprindo um dever e oferecendo um direito do cidadão de ter uma forma de vida digna afinal, os recursos utilizados pelo Estado para a adoção de políticas sociais são retirados dos cofres públicos e foi produzido por toda a população e dessa forma deve ser utilizado para atender as necessidades da maioria, no entanto, o papel fundamental destas políticas sociais é garantir aos cidadãos direitos que lhes foram negados anteriormente como, por exemplo, a educação. 9 Que todas as pessoas têm direito é fato, no entanto a dificuldade é possibilitar o acesso de todos aos programas sociais criados pelo Estado, afinal o Brasil é um país grande e algumas regiões são afastadas até hoje das zonas urbanas, para tentar resolver este problema e possibilitar atingir todo o território nacional com o acesso de toda a população o governo criou o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). 4.0 - SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) O SUAS é um sistema que foi criado com o propósito de aumentar territorialmente a ação do Estado, atendendo assim um maior número de famílias em situação vulnerável. Configurou-se como nova reordenação no que diz respeito à política de assistência social, no fato de propiciar maior qualificação na sua administração e desta forma mais efetividade nas suas ações, foi criado para regular todos os vínculos, benefícios, a hierarquia e programas de assistência social seja de caráter permanente ou provisório. Sua implantação oficial foi em 14 de julho de 2005 e segundo relatório do MDS, sua política trata de ações e organizações descentralizadas e participativas que sejam voltadas ao fortalecimento da família no sentido de fortalecer seus vínculos de solidariedade tanto internos quanto externos, também aumentar sua autonomia, a conquista dos direitos de cidadania e emancipação social. Para integrar o SUAS os municípios têm que cumprir alguns requisitos mínimos para que assim possa ter acesso aos recursos federais, tais como a existência e o funcionamento de conselho, fundo e planos de assistência social. Para os municípios não habilitados a gestão dos recursos federais fica sob responsabilidade do gestor estadual. 4.1 - ASSISTÊNCIA SOCIAL E COMBATE A POBREZA: A assistência social foi estabelecida como política pública através da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e foi em Dezembro do ano de 1993 que foi sancionada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), seu objetivo é o enfrentamento e combate a pobreza no país e a universalização dos direitos sociais diminuindo assim todos os tipos de desigualdade social existentes, lembrando que a assistência social assim como a saúde são direitos dos cidadãos e obrigações do 10 estado e é realizado de maneira não contributiva, ou seja, as pessoas não precisam contribuir especificamente para esses fins para ter acesso aos programas. No que diz respeito a política de combate à pobreza e da assistência social, podemos destacar 2 programas que descrevem as mudanças ocorridas durante o governo lula, são eles: Programa Fome Zero e o Programa Bolsa Família (PBF). 4.1.1 - PROGRAMA FOME ZERO O Programa Fome Zero foi a maior promessa de campanha de Lula em 2002, que prometia acabar com a fome no país dentro de 4 anos e resgatar cerca de 50 milhões de brasileiros que se encontravam abaixo da linha da pobreza. Ainda em 2002, agora já como presidente eleito, Lula em seu primeiro pronunciamento disse: “Se no final do meu mandato cada brasileiro puder comer três vezes ao dia, terei cumprido a missão de minha vida”. Foi no dia 30 de janeiro de 2003 que o Programa Fome Zero foi lançado oficialmente e para sua implantação foi criado o Ministério Extraordinário para a Segurança Alimentar e o Combate à Fome no Brasil (MESA). De acordo com o governo, o Fome Zero é: “Uma estratégia para assegurar o direito humano a alimentação adequada ás pessoas com dificuldades de acesso aos alimentos [...] tal estratégia se insere na promoção da segurança alimentar e nutricional, buscando a inclusão social e a conquista da cidadania da população mais vulnerável à fome”. O programa Fome zero visa articular por meio de vários outros programas como os restaurantes populares e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), o acesso aos alimentos, a geração de renda, o fortalecimento da agricultura familiar e a mobilização e controle social. As três esferas do governo (federal, estadual e municipal) estão envolvidas na iniciativa além da sociedade, pois a proposta é que a Política de segurança alimentar no Brasil seja realizada de forma conjunta pelas políticas estruturais que são voltadas para atendimento das causas mais profundas da fome e pobreza, pelas políticas específicas que são as que tratam do atendimento das famílias que não 11 possuem segurança alimentar e por último pelas políticas locais que através das prefeituras e da sociedade civil podem ser implantadas imediatamente. Em Dezembro do ano de 2003 foi extinto o MESA e foi criado o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS) e também a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional que incorporou o Programa Fome Zero. O referencial adotado pelo Programa Fome Zero para classificar a pobreza é a mesma linha adotada pelo Banco Mundial que considera como pobres as pessoas que possuem renda inferior a US$ 1,08 por dia, em nível nacional esta renda corresponde a R$ 71,53 mensais por pessoa, isso de acordo com a taxa de câmbio de 1999 ou ao valor de R$69,66 em 30 de outubro de 2006. Uma análise feita pelo governo mostra que um dos pontos positivos deste programa é o fato de priorizar o tema da fome na política do país, fazendo com que houvesse discussões e repercussões sobre o tema no exterior, também possibilitou a mobilização da sociedade assim como repensar o papel do estado em relação a Política de Segurança Alimentar e Nutricional. No entanto, sabemos que são muitas as necessidades humanas, algumas mais importantes para a sobrevivência que outras, mas a superação de todas as necessidades tem o seu grau de importância para o desenvolvimento de um país, elas são exemplificadas através da teoria das necessidades de Maslow, esta teoria é muito utilizada no marketing para classificar o público alvo de determinado mercado e entender o comportamento do consumidor, mas podemos utilizá-las aqui para entendermos a prioridade das ações sociais realizadas durante o governo lula, pois bem para melhor exemplificá-las as necessidades humanas são distribuídas na figura de uma pirâmide, assim na base desta figura geométrica se encontram as necessidades consideradas primarias que são as fisiológicas, ou seja, o acesso a água, a comida e o sono entre outras, posteriormente se encontram as necessidades secundárias que é a de segurança e diz respeito a segurança do corpo, à saúde e emprego, a próxima necessidade descrita na pirâmide são os relacionamentos, sucedido pela necessidade de estima e no topo da pirâmide está a necessidade de realização pessoal e ainda acima de todas estas necessidades está a espiritual . 12 Fig. 1 – Teoria das necessidades de Maslow NECESSIDADES ESPIRITUAIS Segundo a teoria de Maslow o indivíduo só passará a suprir a próxima necessidade quando a anterior estiver suprida, podemos observar através da figura que entre as necessidades que se encontram na base da pirâmide e que são descritas como as mais essênciais está a necessidade do alimento e um pouco mais acima está a necessidade da saúde, da família, etc. Logo as necessidades primárias e secundárias estão incluídas nos programas do Fome zero, assim podemos concluir que este é um programa que visa atingir aquela parcela da população que se encontra com dificuldade básica de sobrevivência, ou seja, que ainda se encontram na base da pirâmide, suprir estas necessidades para estes indivíduos significa mais que sobreviver significa viver com uma expectativa de ascensão social e melhorias na sua qualidade de vida e ainda motivação para alcançar outros objetivos que possam se encontrar mais acima na pirâmide como por exemplo a realização pessoal através de uma qualificação profissional. 13 4.1.2 - PROGRAMA BOLSA-FAMÍLIA O Programa Bolsa-Família foi segundo o próprio governo de lula o carro chefe de sua política social se caracterizando por ser um programa de transferência de renda para famílias que se encontram classificadas abaixo da linha da pobreza. A criação deste programa se deu primeiramente através da medida provisória n° 132 de 20 de outubro de 2003, posteriormente no ano de 2004 foi instituído pela lei n° 10.836 de 9 de Janeiro e regulamentado pelo decreto n° 5.209 de 17 de Setembro de 2004, com o objetivo de combater a miséria e a exclusão social e com o intuito de promover a emancipação das famílias mais pobres, sendo o benefício vinculado ao cumprimento de condicionalidades nas áreas de saúde Educação e assistência social, e segundo o próprio MDS, garante que o programa promova desta forma o acesso aos serviços públicos e estimula o desenvolvimento socioeconômico do país, ainda de acordo com o Ministério o programa abrange três dimensões, primeiro o alívio imediato da pobreza através da transferência direta de renda, a garantia de acesso aos direitos sociais básicos como a saúde e a educação e a coordenação de programas complementares como os com objetivo de geração de trabalho e renda. O Bolsa-Família surgiu através da unificação de outros programas sociais já existentes como o Bolsa Alimentação, o Auxílio Gás, Cartão Alimentação e o Bolsa Escola, estes programas foram criados durante o governo de FHC e se encontravam antes da unificação sob coordenação de ministérios diferentes, depois da junção destes programas para criação do Bolsa-Família sua tutoria ficou centralizada no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a fome. E segundo o próprio Ministério o programa integra o Fome Zero que como vimos, tem como objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e contribuindo para a conquista da cidadania pela população mais vulnerável à fome. Em Maio do ano de 2006, o programa já beneficiava 11,118 milhões de famílias em média 47 milhões de brasileiros e se encontrava implantado em 99,9% dos municípios e como diferencial dos outros programas pré-existentes o Bolsa-família fornecia uma quantia fixa não relacionada ao número de filhos em idade escolar, no entanto as famílias beneficiadas com filhos com idade de 0 a 15 anos para continuarem recebendo o benefício devem garantir a matrícula e a frequência dos filhos na escola, fazer acompanhamento pré-natal, participar de ações educativas 14 sobre alimentação saudável e aleitamento materno e ainda cumprir o calendário de vacinação. Atualmente pra participar do programa as famílias devem possuir uma renda entre R$ 70,00 e R$ 140,00 reais por pessoa e ter como integrante da família crianças ou adolescentes com até 17 anos de idade, já aquelas famílias com renda abaixo de R$ 70,00 reais por pessoa podem fazer parte do Programa independente da idade dos seus membros. A renda da família é calculada através da soma dos seus ganhos e dividida pelo numero de pessoas que a compõem. Segundo o MDS o Programa possui quatro tipos de benefícios: ●O Benefício Básico: Onde as famílias consideradas extremamente pobres com renda de até R$ 70,00 por pessoa recebem um benefício de R$ 70,00 mesmo que não tenham crianças, adolescentes ou jovens como membros integrantes; ●O Benefício Variável: No valor de R$ 32,00 pago para famílias consideradas pobres que possuam renda mensal de até R$ 140,00 por pessoa e que tenham crianças ou adolescentes de até 15 anos, sendo que cada família pode receber no máximo 3 benefícios, ou seja R$ 96,00. ● O Benefício Variável Vinculado ao Adolescente (BVJ): Onde o valor de R$ 38,00 é pago para aquelas famílias já inclusas no programa que tenham adolescentes de 16 e 17 anos freqüentando a escola, sendo que cada família pode receber até dois benefícios, ou seja, até R$ 76,00. ● O Benefício Variável de Caráter extraordinário (BVCE): Este benefício é pago para aquelas famílias que participavam anteriormente dos programas auxílio gás, bolsa alimentação, bolsa escola e cartão alimentação e que na migração destes programas para o Bolsa Família tenham sofrido perdas financeiras, o valor do auxílio vai depender de cada caso. Para melhor entendermos podemos visualizar a seguir duas tabelas com informações disponibilizadas pelo Ministério do Desenvolvimento e combate a fome com alguns possíveis exemplos de casos: 15 Tabela 1: Famílias com renda familiar mensal de até R$ 70 por pessoa Número de crianças e adolescentes de até 15 anos Número de jovens Tipo de benefício Valor do benefício de 16 e 17 anos 0 0 Básico R$ 70,00 1 0 Básico + 1 variável R$ 102,00 2 0 Básico + 2 variáveis R$ 134,00 3 0 Básico + 3 variáveis R$ 166,00 0 1 Básico + 1 BVJ R$ 108,00 1 1 Básico + 1 variável + 1 BVJ R$ 140,00 2 1 Básico + 2 variáveis + 1 BVJ R$ 172,00 3 1 Básico + 3 variáveis + 1 BVJ R$ 204,00 0 2 Básico + 2 BVJ R$ 146,00 1 2 Básico + 1 variável + 2 BVJ R$ 178,00 2 2 Básico + 2 variáveis + 2 BVJ R$ 210,00 3 2 Básico + 3 variáveis + 2 BVJ R$ 242,00 Fonte: MDS – Ministério do Desenvolvimento social e Combate á Fome, Bolsa Família, Valores dos benefícios. 16 Tabela 2: Famílias com renda familiar mensal de R$ 70 a R$ 140 por pessoa Número de crianças e adolescentes de até 15 anos Número de jovens Tipo de benefício Valor do benefício de 16 e 17 anos 0 0 Não recebe benefício básico - 1 0 1 variável R$ 32,00 2 0 2 variáveis R$ 64,00 3 0 3 variáveis R$ 96,00 0 1 1 BVJ R$ 38,00 1 1 1 variável + 1 BVJ R$ 70,00 2 1 2 variáveis + 1 BVJ R$ 102,00 3 1 3 variáveis + 1 BVJ R$ 134,00 0 2 2 BVJ R$ 76,00 1 2 1 variável + 2 BVJ R$ 108,00 2 2 2 variáveis + 2 BVJ R$ 140,00 3 2 3 variáveis + 2 BVJ R$ 172,00 Fonte: MDS – Ministério do Desenvolvimento social e Combate á Fome, Bolsa Família, Valores dos benefícios. O que fica claro através dos dados acima é que em ambos os casos, ou seja tanto para as famílias onde a renda média não chega a 70,00 reais por pessoa, quanto para as famílias com renda media de 70 à 140 reais por pessoa o benefício concedido não é calculado levando em consideração a renda mínima nacional para o trabalho remunerado. É de fácil entendimento, mas de difícil aceitação o fato de que em um país tão cheio de riquezas como no Brasil ainda possam existir pessoas com dificuldades básicas de sobrevivência como a da alimentação. Para Freitas (2007), não há dúvida que o governo Lula, provocou melhoras nas condições de vida de milhões de brasileiros com a implantação do Bolsa Família em praticamente todos os municípios, no entanto, mesmo sendo este um programa de grande importância, uma vez que 17 modifica as condições de vida de significativa parcela da população, ainda assim não considera sequer o salário mínimo como parâmetro. Porque como bem se sabe o salário mínimo é o piso salarial legal capaz de manter o trabalhador e sua família. Entretanto, o Bolsa Família não foi criado com o objetivo de substituir o sistema de proteção social existente, mas sim complementa-lo. O Bolsa Família tem como base de informações o Cadastro Único que fornece informações para diversos outros programas cabe a cada município cadastrar as famílias pobres através de um formulário padrão e realizar relatórios de acompanhamento, segundo Marques (2005), o programa Bolsa Família é considerado o de maior relevância dentro do país devido a sua abrangência e de uma maneira geral significa que quanto menor for a receita do município maior será a importância relativa do benefício, há casos em que os recursos do Bolsa Família corresponde a 43% da receita disponível no município como é o caso de Pedra Branca no ceará. De acordo com Leite Junior (2009) na área social o governo Lula unificou os programas de proteção social, do governo anterior, em torno do programa BolsaFamília. O novo programa foi ampliado, em termos de cobertura e de valores unitários. Até o final do governo, o Bolsa-Família atendia a 10 milhões de famílias e tinha um orçamento anual de R$ 8 bilhões. A magnitude do programa trouxe importante contribuição para o crescimento do mercado consumidor do interior do país, principalmente da região nordeste. Confirmando este raciocínio o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2006, demonstrou que os percentuais mais elevados de domicílios em que houve recebimento de dinheiro de programa social foram registrados no Nordeste (35,9%) e Norte (24,6%). Também, em 2004, as parcelas de domicílios com recebimento de dinheiro de programas foram maiores no Nordeste (32,0%) e Norte (18,2%), seguidas pelo Centro-Oeste (14%). Assim, com exceção do Sul, onde se observou estabilidade desses percentuais, em todas as demais regiões foram observados crescimentos, de 2004 para 2006, da parcela de domicílios em que houve recebimento de programas sociais por algum morador. Ainda de acordo com o IBGE os domicílios com recebimento de benefícios apresentam alta freqüência escolar, melhorias em aspectos relacionados ao conforto na habitação, redução do trabalho infantil e 67,9% dos responsáveis pelos domicílios com recebimento declararam-se pretos ou pardos. 18 Através do gráfico podemos observar que entre os estados, os maiores percentuais de domicílios com recebimento de programa se encontram em Roraima (50,0%), seguido por Maranhão (41,3%) e Piauí (40,2%). Já São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina registraram percentuais de moradias na condição de existência de recebimento inferiores a 10% (7,6%, 6,0% e 5,8%, respectivamente), ficando assim a média nacional em 18,3%. Através dos dados obtidos fica visível a diferença que existe entre os estados do nordeste com as demais regiões do país principalmente com a região sul no que diz respeito ao índice de pobreza por ser a região com maior volume de famílias que recebem o benefício, desta forma, os números do programa comprovam que o nordeste do país se encontra em uma situação maior de desigualdade com relação 19 aos demais estados e que, portanto merece maior atenção do governo com o intuito de sanar este problema. 5.0 – NUMEROS DOS PROGRAMAS SOCIAIS NO BRASIL. Em 2000 a comunidade internacional assumiu o compromisso de erradicar a extrema pobreza no mundo durante o milênio, esse acordo ficou conhecido como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), para que esse objetivo fosse alcançado significaria que até o ano de 2015 aproximadamente 500 milhões de pessoas deveriam sair da extrema pobreza, assim cerca de 300 milhões de pessoas não mais passariam fome e 30 milhões de crianças deixariam de morrer antes dos cinco anos. Para que isso fosse possível, duas metas deveriam ser alcançadas, a primeira seria reduzir a pobreza extrema na população mundial à metade do que era observado no ano de 1990 e a segunda meta dizia respeito à redução também à metade do numero de pessoas que passam fome. Já no ano de 2009 foi realizado o Seminário Internacional Sistemas de Proteção Social: Desafios no Contexto Latino-Americano, promovido pelo MDS e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), onde foram apresentados alguns números dos programas sociais brasileiros, entre eles um quadro referente aos recursos orçamentários do Bolsa Família, onde é relatada a evolução que passou de R$ 3,79 bilhões em 2004 para R$ 5,69 bilhões em 2005; em 2006 o valor dos recursos orçamentários era de R$ 7,52 bilhões e em 2007 o valor era de R$ 8,97 bilhões; em 2008 R$ 10,61 bilhões e 11,95 bilhões no ano de 2009. Os dados apontavam também uma redução de 10,8%, em 1998 para 5,8% em 2008 do numero de crianças com idade entre 5 e 15 anos que trabalham no Brasil. O índice de desigualdade de renda no país caiu de 0,599 em 1995 para 0,515 em 2008 de acordo com o Índice de Gini que é um indicador que mede a desigualdade entre zero e um , assim quanto mais próximo de zero o índice, menor a desigualdade. Conforme relatório nacional de desenvolvimento, com relação a pobreza extrema o objetivo era que até o ano de 2015 ela fosse reduzida não à metade mas a um quarto do nível de 1990, e segundo suas estimativas essa meta foi alcançada em 2007 e superada em 2008. 20 6.0 CONCLUSÕES: A questão da pobreza sempre foi ligada pelos representantes políticos ao crescimento econômico, acreditava-se que só com o crescimento de uma economia a distribuição de renda se daria de forma mais igualitária e este processo seria até mesmo automático, no entanto não foi o que a realidade mostrou ao longo do tempo. De acordo com Santos (2009), A pobreza é uma condição de indivíduos ou grupos os quais se encontram privados de meios adequados de subsistência. Já a desigualdade é uma propriedade da distribuição da riqueza, em uma dada população ou sociedade. Coggiola acredita que as questões sobre os programas sociais vão além das fronteiras geográficas da experiência brasileira, segundo ele dados revelados pela ONU demonstram que somente no Brasil exista mais de dez milhões de famílias que não dispõem de recursos suficientes para ter acesso à quantidade mínima de calorias diárias para a sobrevivência. Coggiola afirma ainda que no Brasil, os 10% mais ricos da população são donos de 46% do total da renda nacional, enquanto os 50% mais pobres ficam com apenas 13,3% do total da renda nacional. Fica claro que uma das principais causas da pobreza no Brasil e também no mundo é a falta de uma distribuição de renda mais justa, e quem estiver no governo deve encarar este problema de frente para que se possa construir uma nação com modernidade, democracia e cidadania. O Brasil tem colaborado para atingir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do milênio, contudo ainda há muito a ser feito para que esse avanço seja mantido, principalmente no que diz respeito ao combate da desigualdade social referente a distribuição de renda e a percepção dos direitos e garantias fundamentais para assegurar a plena cidadania. De acordo com o Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, no Brasil ainda existem desigualdades entre as regiões do país, entre o campo e a cidade, entre mulheres e homens. São essas desigualdades que fazem com que o avanço positivo nas médias nacionais não reflita ainda, uma realidade para toda a população. 21 BIBLIOGRAFIA: - ABN. Associação Brasileira de Noticias. Eleições 2002 boletim eleitoral 2° turno apuração para presidente e governadores. Disponível em: http://www.abn.com.br/boletimeleitoral.htm > Acesso em: 10 de outubro de 2011. 11.15.36. - BRASIL. Ministério da Educação (MEC). 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