Visualização do documento MICROBIOLOGIA - HEPATITE.doc (71 KB) Baixar Hepatites virais Prof. Fernando Maia Introdução: Existem várias doenças que entram neste grupo, algumas de importância sazonal, de acordo com a época do ano, de acordo com o tipo de nível de chuva e de inundações, e outras de transmissão sexual e/ou parenteral. As hepatites virais propriamente ditas são causadas por um grupo de oito vírus chamados hepatotrópicos, ou seja, vírus que têm tropismo pelo tecido hepático, provocando essencialmente a inflamação do fígado. Conhecidos, nós temos o A, B, C, D, E e G, que são todos diferentes, com transmissões e quadros clínicos diferentes Além disso, existem várias outras doenças virais que também cursam com hepatite, embora ela não seja o ponto principal do seu quadro clínico. Como a Febre Amarela, o Dengue, o Togavírus, Hantavírus (infecção muito semelhante com a Leptospirose, que cursa com Insuficiência Renal e Hepática e, até mesmo, sangramentos - é um dos causadores das chamadas febres hemorrágicas), TTV (descoberto há pouco tempo e que até agora não foi descrita doença hepática importante causada por ele), Rubéola (inflamação hepática mínima), Mononucleose e Citomegalovírus (cursam com Hepatite clinicamente detectável, entretanto, nesses casos a icterícia, que é o principal sintoma da hepatite, é excepcional). O curso das Hepatites, principalmente as de transmissão fecal-oral, que são Hepatite A e a E, habitualmente possuem curso benigno e são mais comuns em crianças. O vírus A causa forma grave chamada Hepatite Aguda Prolongada e, geralmente, acomete indivíduos adultos, a partir dos 20 anos, que é a faixa etária em que se concentram as mortes causadas por Hepatite A, que são menos de 1% (baixa letalidade). Este quadro clínico é raro e pode durar até nove meses. O normal da Hepatite A, numa criança, é um quadro entre sete e dez dias. Depois disso, o quadro clínico desaparece, persistindo as alterações laboratoriais durante duas a três semanas. Tanto a Hepatite A quanto a E nunca cronificam, pois, habitualmente, ou o indivíduo se cura ou morre. Já as outras hepatites, particularmente a B e a C, que são as mais importantes epidemiologicamente, costumam cursar com a forma crônica. Geralmente, a pessoa adquire a infecção que, inicialmente, é assintomática e só vai se manifestar clinicamente com as complicações da hepatite, como a Insuficiência Hepática, Cirrose e/ou Hepatocarcinoma. A hepatite G ainda é pouco conhecida. Hoje, talvez as Hepatites B e C sejam os maiores problemas de saúde pública em termos de doenças infecto-contagiosas, por conta das complicações da sua forma crônica. A Hepatite B cronifica em mais ou menos 10% dos casos, desses 10% vai desenvolver Cirrose e/ou Hepatocarcinoma. Já na Hepatite C, 50% dos indivíduos infectados desenvolvem forma crônica, desses 50%, ou seja 25% do total, vão desenvolver Cirrose e/ou Hepatocarcinoma. Existem hoje, mais ou menos 100 milhões de indivíduos infectados cm a Hepatite C, ou seja, há em torno de 25 milhões de pessoas com Cirrose ou Câncer de fígado por causa deste vírus o que é muito grave já que estas são doenças que possuem um gasto muito grande em termos de “tratamento” e por isso dão uma despesa imensa à saúde publica. Doenças hepáticas não-virais: Além das doenças virais, existem outras doenças que podem cursar também com comprometimento hepático, que são importantes para o diagnóstico diferencial. A Doença de Wilson (ou Degeneração Hepatolenticular) é uma doença genética em que se tem acúmulo de cobre em hepatócitos, cérebro, córnea e rins, provocado por erro no metabolismo hepático do cobre; Hemocromatose, que também é genética e costuma aparecer em indivíduos maiores de 35 anos e cursa com o acúmulo de ferro pelo aumento da concentração deste metal no organismo; Hepatite Auto-imune, que costuma acometer mulheres jovens com menos de vinte anos, onde o Sistema imunológico passa a reconhecer os hepatócitos como células invasoras e por isso passa a combatê-las; Deficiência de Alfa 1 anti-tripsina; Esteatose Hepática (acumulo de gorduras no fígado) cuja principal causa é o excesso de ingestão de gorduras, que provoca, em longo prazo, uma deficiência na função. Seu diagnóstico é por Ultra-som ou Tomografia. Qualquer desses casos, de uma maneira geral, para que seja feito o estadiamento necessário para o tratamento, é fundamental a biopsia hepática, inclusive para o diagnóstico diferencial. Obs: Em casos de Esteatose Hepática é impossível retirar a gordura já instalada no fígado, aconselha-se ao paciente que reduza a ingestão de gordura, não fume e não beba para não piorar o quadro. Tanto as Hepatites virais, quanto todas estas alterações hepáticas costumam cursar com alterações das transaminases que, antigamente, eram as TGO e TGP, e que, hoje, são chamadas de AST e ALT. Seu aumento indica que está havendo agressão hepática. Inclusive pelo padrão de aumento das transaminases é possível fazer diagnóstico do tipo de lesão hepática. Obs: Laboratorialmente falando quem mede a função hepática são os níveis de albumina, que é a principal proteína hepática. Formas clínicas da hepatite: A hepatite pode ter várias formas clínicas: Anictérica (como no caso das causadas por Mononucleose e Citomegalovírus). Nestas o paciente pode não ter icterícia. Portanto, nem toda icterícia é Hepatite e nem toda Hepatite cursa com icterícia. Paciente com Anemia Hemolítica ou com Anemia Falciforme, quando na crise, pode ficar ictérico apenas pela lise das hemácias. A icterícia indica que esta havendo acumulo de bilirrubina, que pode ser direta (como no caso de doenças Hepáticas) ou indireta (como nos casos de hemólise). A segunda forma clínica é a mais conhecida, até porque é a que dá sintomas mais fáceis de serem observados. É a chamada forma ictérica ou colestática (colestase = acúmulo de bilirrubina). Esta forma é explicada da seguinte maneira: A arquitetura hepática é formada pelos lóbulos hepáticos onde no centro se localizam artéria, veia, e ducto biliar. Quando ocorre a inflamação do fígado ocorre o aumento do seu tamanho. Entretanto, o fígado não cresce à vontade, ele possui uma cápsula de Glisson que impede seu crescimento, fazendo com que se colabem veia, artéria e ducto biliar. Com isso, a bilirrubina que continua sendo produzida e conjugada está impedida de ser liberada na via biliar para ser eliminada nas fezes e passa a ser liberada na corrente sanguínea provocando a icterícia. Na icterícia ocorrem pele e olhos amarelados, fezes claras, urina bem escurecida, palma da mão e barriga também amareladas. Obs: Paciente com fezes claras tem que ter icterícia, pois significa que ele não está eliminando a bilirrubina pelas fezes o que denuncia um defeito no metabolismo da bilirrubina, provocando icterícia. Hepatite A (VHA): O vírus da Hepatite A foi descrito em 1973, por Foinstone. É um enterovírus, tem contágio fecal-oral, ou seja, o indivíduo adquire a doença através da ingestão de água ou alimentos contaminados. É constituído de RNA, do grupo Picornavírus (pico (pequeno) RNA vírus), tem ação hepática direta, ou seja, toda a ação deste vírus se concentra no tecido hepático propriamente dito, raramente ocorrem manifestações deste vírus em outras partes do corpo. Epidemiologia – VHA: A incubação vai de 15 a 45 dias, a distribuição é mundial (sendo mais freqüente nos paises do terceiro mundo, sendo endêmica aqui em Alagoas). Eventualmente se mantém na circulação por dois ou três dias (viremia fugaz), que é exatamente o período do quadro prodrômico da infecção, em que o paciente tem febre, frio, calafrio, cefaléia, diarréia, mal estar geral com náuseas e vômitos, além da intolerância por alimentos gordurosos. Clínica e evolução – VHA: Após esta fase, o paciente sente uma melhora clínica geral, a febre desaparece, e vômito também, ele fica com mais disposição, só que nessa fase ele começa a ficar ictérico. Essa icterícia dura mais ou menos uma semana, mas nos indivíduos adultos ela pode demorar mais. Após essa fase a icterícia começa a regredir até desaparecer. Geralmente, as transaminases, em pacientes com Hepatite A, aumentam quase dez vezes. Seu nível normal é em torno de 40 e, nesse quadro, o valor chega a 400 ou mais. Na maioria dos casos de Hepatite A, o paciente nem chega a desenvolver icterícia, caracterizando um quadro inespecífico. Mais ou menos 10% dos casos é que desenvolvem a icterícia clássica. O curso fulminante é raro e não há relatos de cronicidade, pois ou você fica curado, ou você morre da infecção agudamente (morre de insuficiência hepática aguda, hipoalbunemia etc.). Marcadores sorológicos – VHA: Hepatite A é que nem gripe, você só tem uma vez, você fica curado nunca mais vai ter a Hepatite A, e existe vacina. O marcador sorológico que eu peço para marcar a fase aguda da Hepatite A é o Anti-VHA IgM, ou seja, o anti-vírus da hepatite A e vocês já sabem que esse anticorpo IgM é o que marca a fase aguda. Depois que passa a fase aguda, o paciente se cura, desaparece a IgM no sangue e vai aparecer o IgG e, então, o paciente vai ficar curado pro resto da vida (a imunidade é permanente). (Se você teve hepatite A tem que ficar seis meses sem poder doar sangue). A hepatite A pode complicar quando ela dá em co-infecção com outra hepatite, por exemplo, um indivíduo portador de hepatite crônica B ou C pegar uma A por cima. Esse caso leva à morte. Imunização – VHA: Pré-vacina: Anti VHA – IgG e IgM; Administrar – tempos: 0 e 60 dias; Pós-vacina: Anti VHA – IgG. Hepatite E (VHE): Foi clonado em 1990, pertence ao grupo dos Calicivírus e trata-se de um RNA vírus. Epidemiologia – VHE: Esse dá um quadro clínico exatamente igual a o da hepatite A e também é de transmissão fecal-oral. Evolui bem, raramente faz forma grave, evolução benigna, não cronifica. Embora ele tenha um grupo populacional que é mais arriscado de fazer uma hepatite fulminante (grave), assim como na hepatite A, são os adultos, na E são as gestantes (não se sabe o porquê; e não é relacionado ao bebê, é relacionado a gestante). A incubação é de 15 a 40 dias, o mais freqüente é em torno de 30 dias. A distribuição mundial , ao contrário da hepatite A, não é universal. Alguns países é que costumam ter um maior número de casos: a Índia , China, Paquistão, México e Norte da África. Marcadores sorológicos – VHE: Na infecção aguda eu posso detectar o antígeno do vírus, que é o envelope viral, chamado de Ag VHE e depois que o paciente se cura eu vou encontrar o anti-VHE: IgM na fase aguda e depois de curado o IgG para o resto da vida, seria a cicatriz sorológica. Hepatite B (VHB): Esse vírus é um problema mais sério por conta da forma crônica. Ele foi identificado por Blumberg, em 1964. Ele identificou o antígeno de superfície do vírus, antígeno Austrália ou HBsAg. Esse vírus faz parte dos Hepadnavírus (hepa de hepático e é um vírus constituído de DNA). Tem transmissão sexual e parenteral (muito comum agulha de tatuagem, alicate de unha). Esse vírus é o que tem maior capacidade de sobrevivência fora do organismo humano, podendo sobreviver por até 6 meses. Epidemiologia – VHB: Existem mais de 250 milhões de casos no mundo. A incubação vai de 40 a 180 dias. A distribuição é mundial. Como a contaminação não depende das vias sanitárias, temos a hepatite B mesmo em países de primeiro mundo. No entanto, ela é hiperendêmica no sudoeste da Ásia e na África. Clínica e Evolução – VHB: Metade dos casos é assintomático e a outra metade chega a fazer forma clínica detectável. O paciente com Hepatite B pode desenvolver tanto a forma aguda como a crônica. Na forma aguda temos icterícia, febre, mialgia, dor no corpo, artralgia, cefaléia, colúria, acolia fecal e, em mais ou menos 3 semanas a um mês, o paciente se recupera deste quadro mas não obrigatoriamente se cura. Ele sai da forma aguda e entra na forma crônica. Em mais ou menos 1% do total de formas agudas fazem a forma grave aguda, semelhante à hepatite A podendo levar o paciente a morte. O problema da hepatite B é a cronificação: mais ou menos 10% dos casos totais vão desenvolver a forma crônica. Então 90% vão se curar da forma crônica. E 10% desses 10% que formam a forma crônica, ou seja, 1% do total de casos evoluem para cirrose e/ou hepatocarcinoma, ou seja, o vírus B é oncogênico. Mutação PRÉ-CORE – VHB: (Ele fala que essa parte não precisa copiar). O vírus da hepatite B é mutável. E sofre uma mutação pré-core, que desenvolve uma doença clinicamente instalada, que não pode ser detectada por exames convencionais. É rara, mas vem aumentando. A detecção é por exame histopatológico, em que você detecta a atividade da doença e, muitas vezes, tem-se que pesquisar o DNA do vírus B, não basta pesquisar os anticorpos. Marcadores sorológicos – VHB: Basicamente no vírus B nos temos três antígenos, cada antígeno com seu respectivo anticorpo. Temos o Antígeno S, que é o antígeno de superfície (HBsAg). Temos o Antígeno do Core, centro do vírus, antígeno C (HBcAg). E temos ainda o antígeno E, de replicação (HBeAg). De acordo com a presença ou ausência desses antígenos é que verificaremos o tipo de hepatite instalada no paciente (aguda, crônica, curada, contato prévio com o vírus sem ter desenvolvido a doença). Exemplos: Quando você tem a Hepatite B aguda, você tem a presença do antígeno de superfície, o HBsAg e você tem a presença do anticorpo Anti-HBc IgM (fase aguda). Importante: não precisa do antígeno Anti-HBcAg porque ele não está circulando, está apenas no fígado (pode precisar se você fizer biopsia hepática). Na infecção crônica, eu continuo com o HBsAg porque ele é um antígeno de superfície, o antígeno continua circulando. Há a presença do Anti HBc, só que agora ele é IgG (Anti HBc IgG). Em princípio, basta a presença destes dois ant... Arquivo da conta: MarianaBarros Outros arquivos desta pasta: Clamídias.ppt (256 KB) Hanseníase.ppt (474 KB) documents-export-2014-11-07.zip (35406 KB) Dengue Definitivo.ppt (2362 KB) Micologia.ppt (3492 KB) Outros arquivos desta conta: 1º ano - ANATOMIA 1º ano - BIOQUÍMICA 1º ano - HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA 1º ano - HM I 2º ano - FISIOLOGIA Relatar se os regulamentos foram violados Página inicial Contacta-nos Ajuda Opções Termos e condições Política de privacidade Reportar abuso Copyright © 2012 Minhateca.com.br