Engenharia do Ambiente 2º Teste de Mecânica dos Fluidos (1º semestre, 3º ano) (13 de Dezembro de 2014) Duração 1h30. Justifique todas as respostas. Problema I A figura ao lado representa o coeficiente de resistência de uma esfera lisa em função do Nº de Reynolds. a) Represente esquematicamente as linhas de corrente para Re=100, Re=104, Re=106 (3 val) b) Calcule a força de resistência de uma esfera de 5 cm de diâmetro num escoamento de ar (=1.2kg/m3 e =10-5 m2/s) com velocidade 40 m/s. (3 val) c) Nas condições da alínea anterior, uma esfera rugosa com o mesmo diâmetro teria uma força de resistência maior, menor ou idêntica? (2 val) Figuras retiradas da página 73 de: http://ocw.mit.edu/courses/earth-atmospheric-andplanetary-sciences/12-090-introduction-to-fluidmotions-sediment-transport-and-current-generatedsedimentary-structures-fall-2006/coursetextbook/ch3.pdf No caso de Re da ordem de 1 não se pode falar em camada limite. Os efeitos viscosos são importantes mesmo longe da superfície da esfera e o escoamento não se separa. No caso de Re=104 CD está no primeiro patamar da figura. A camada limite separa-se logo no equador da esfera. No caso de Re=106 estamos no valor mínimo do CD e por isso a camada limite tem que separar depois do equador da esfera, originando uma esteira mais estreita. A Força de Resistência é dada por: FR CD 1 U 2 A 2 O valor de CD depende de Re: 40 * 0.05 2 * 105 5 10 CD 0.4 Re UD 1 0.052 2 FR 0.4 1.2 * 40 * 0.75N 2 4 Problema II A B C A figura representa um escoamento estacionário num venturi (contração seguida de expansão). A linha a tracejado pretende representar a camada limite. Escreva a equação de Navier Stokes para os pontos A, B e C, eliminando os termos desprezáveis em cada um deles (advecção, pressão e difusão)? (4 val) A Equação de Navier-Stokes na sua forma geral é: dui ui p u u j i gi dt x j xi x j x j No Ponto A estamos fora da camada limite e por isso os efeitos viscosos são nulos. O escoamento tem aceleração positiva e por isso o gradiente de pressão é negativo. O escoamento é estacionário e horizontal e por isso a aceleração convectiva é equilibrada (é devida) ao gradiente de pressão. A equação resume-se a: ui p x j xi O ponto B está dentro da camada limite, numa região onde esta ainda não separou e onde o gradiente é adverso. Neste caso todos os termos da equação de Navier-Stokes são importantes, mas a componente de velocidade importante é segundo x1 e a difusão é importante segundo x2. A equação pode por isso simplificar-se para: u j u1 p u 1 x j x1 x2 x2 O ponto C está na região onde a camada limite já se separou e por isso onde o gradiente de pressão é desprezável. A equação pode simplificar-se para: u j u j u1 u 1 x j x 2 x 2 Problema III Para o caso da figura ao lado, para =60º e rugosidade do tubo de 0.5 mm, calcule: a) b) c) d) O caudal escoado no caso de fluido ideal (1 val) O valor de h (1 val) O caudal escoado no caso de fluido real (2 val) A altura de elevação da bomba a instalar, no caso de se pretender o dobro do caudal (2 val) e) Explique porque motivo as curvas do coeficiente de atrito tendem a tornar-se independentes de Re, quando este é elevado (2val) No caso de fluido ideal pode ser aplicada a equação de Bernoulli. A Energia cinética na saída do tuo resulta da conversão da energia potencial na superfície do reservatório. A cota de saída é dada por: z2 L sin 5 * sin 60 4.33m A Equação de Bernoulli dá: 1 2 1 2 U1 z1 U2 z 2 2g 2g 0 10 1 2 U2 4.33 2g U2 10.64m / s Q U2 * D2 0.032 10.64 * 7.5L / s 4 4 A altura a que o jato subiria depende da conversão de energia cinética em energia potencial. Se o jato fosse vertical essa conversão seria total e h seria nulo. Neste caso só a componente vertical da velocidade será convertida e por isso h é nãonulo. A componente vertical da velocidade é: Uv U sin 10.64 * sin 60 9.21m / s UH U cos 10.64 * cos 60 5.32m / s A energia cinética perdida na subida corresponde à componente vertical da velocidade. A componente horizontal mantém-se. Aplicando a equação de Bernoulli obtém-se: 1 2 1 2 U1 z1 U2 z 2 2g 2g 10.64 2 5.32 4.33 z2 2g 2g z 2 4.33 5.62 1.41 8.53m h 10 8.53 1.47m Para calcular o caudal no caso de fluido real, teremos que calcular as perdas de energia por atrito. Para isso teremos que conhecer o coeficiente de atrito, função de Re e da rugosidade relativa. Como não conhecemos a velocidade vamos começar por verificar se em condições ideais a velocidade é suficiente para termos escoamento completamente rugoso. r Re D UD 0.5 0.017 30 10.64 * 0.03 3 * 105 10 6 4f 0.047 Com a velocidade calculada n caso de escoamento ideal o escoamento já seria completamente rugoso e por isso vamos iniciar um processo iterativo com esta velocidade. 1 2 1 2 1 2 L U1 z1 U2 z 2 UTubo 4f 2g 2g 2g D 0 10 4.33 U2 1 2 5 U2 1 0.047 * 2g 0.03 10 4.33 1 5 * 1 0.047 * 2g 0.03 5.67 3.58m / s 0.441 O novo Reé 1/3 do inicial (105) e o escomento é efectivamente completamente rugoso e por isso a velocidsade está bem calculada. O cauldal seré cerca de 1/3 do ideal (2.5 L/s) Se pretender o dobro do caudal o escoaento continua a ser completamente rugoso e por isso o coeficiente de atrito é o da alínea anterior. Neste caso a equação de Bernoulli seria: 1 2 1 2 1 2 L U1 z1 H U2 z 2 UTubo 4f 2g 2g 2g D 0 10 H 4.33 1 5 7.16 2 1 0.047 * 2g 0.03 H 4.33 10 10.4 4.7m As curvas do coeficiente de atrito tendem para valores constantes para valores de Re elevados porque as tensões de corte de origem turbulenta dominam o escoamento. f w 1 U 2 2 vis c turb 1 U 2 2 U U u'i u'j U 2 1 D D C te C te 1 1 UD Re U 2 U 2 2 2 O inverso de Re tende para zero quando este aumenta.