Versal - ECONOMIA Bolsa a la Balboa William Castro Alves Analista da XP Investimentos [email protected] Lembro-me na minha infância que adorava ver os filmes do Rocky Balboa. Sempre com aquelas lutas homéricas vencidas com muito sacrifício e suor nos últimos segundos, através da ação mágica do subconsciente do lutador ou sabe-se lá do que. Simplesmente do nada, o personagem interpretado por Sylvester Stallone arranjava forças e conseguia superar todas as dificuldades e ganhar a luta. Lembro-me, também, que após ver o filme, eu e meus amigos brincávamos de Rocky Balboa nas lutas contra o russo Ivan Dragon, Apollo e o pupilo dele, Tommy Gunn. Acabava que alguém sempre saía machucado após bancar o herói, tentando repetir uma das frases de Rocky, tais como: “bate mais forte”, ou “isso é o melhor que você pode fazer?”. Não há também como deixar de citar também as frases e os discursos que ele sempre dava ao longo dos filmes. Algo como: “O medo é como o fogo, ele queima você por dentro. Se você controlá-lo Tommy, vai queimar você. Mas se ele o controlar, vai queimar você e tudo ao seu redor”. “A luta se vence com o coração e não com os músculos”. Vai dizer que não é praticamente um filósofo esse Balboa? Mas por mais piegas, as lições de Balboa guardam um fundo de verdade. Agora, particularmente, aquela que acredito ser a maior de todas as “lições” de Balboa foi a do último filme: "Niguém baterá tão forte quanto a vida. Porém, não se trata de quão forte pode bater, se trata de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada." Por que estou falando isso? Se pararmos para pensar tivemos eventos que realmente poderiam “bater” e atingir fortemente a confiança dos investidores ao longo das últimas semanas. Mas o que aconteceu com a nossa bolsa? Não importa o quanto batam nela, ela tem permanecido em pé, ou ao menos estável. Há mais de um mês nossa bolsa segue oscilando num range que varia dos 66 mil aos 68 mil pontos. Vale lembrar que a partir do início de fevereiro a bolsa começou um movimento de alta, saindo dos 64 mil até entrar nessa zona. No entanto, tivemos alguns “socos no estômago” e muitos investidores não aguentaram e preferiram ficar de fora. Foram conflitos no Egito, depois na Líbia; corte de gastos do governo brasileiro; medidas macroprudenciais no Brasil e no motor do mundo, a China como forma de conter a expansão da inflação; além do tsunami terrível no Japão. Mas como diria Rocky: “A luta só acabava ao soar do gongo. Ainda não ouvimos o gongo, certo?” Pois bem, nossa bolsa vem resistindo muito bem. Essa semana tivemos mais algumas socos. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA no quarto trimestre foi revisado de 3,2% para 3,1%. A sondagem da Universidade de Michigan apontou que o nível de confiança dos americanos na economia caiu mais do que o previsto. O Departamento de Comércio americano reportou uma queda de 16,9% nas vendas de casas novas em fevereiro. Na Europa vimos que mais uma agência rebaixou o rating de Portugal, numa clarividência da deterioração das contas públicas portuguesas. Tivemos a renúncia do primeiro ministro português com a recusa do congresso daquele país em aceitar as propostas de austeridade fiscal. Não foram poucos os eventos ruins, mesmo após tudo isso, nossa bolsa encerrou com alta. Mas não importa o quanto batem em você, mas sim o quanto você consegue resistir em pé. Pois bem, nossa bolsa tem resistido muito bem, agora falta só aquela recuperação a la Balboa para todos ficarem felizes.