Sumário 1. Uma Introdução sobre o tema da Esquizofrenia ..................................................... 1 2. Neuroanatomia da Esquizofrenia ............................................................................ 2 3. Causas gerais da Esquizofrenia .............................................................................. 3 4. PET - Tomografia por Emissão de Pósitrons .......................................................... 5 5. Genética da Esquizofrenia ...................................................................................... 7 6. Sintomas da Esquizofrenia ...................................................................................... 9 7. Desenvolvimento da doença à nível psicológico ................................................... 12 8. Tipos de Esquizofrenia .......................................................................................... 14 9. Medicamentos usados .......................................................................................... 16 10. Efeitos Colaterais da Medicação contra Esquizofrenia ....................................... 18 11. Formas de Tratamento sem Drogas .................................................................... 20 12. Doenças freqüentemente mal diagnosticadas como esquizofrenia ..................... 24 13. Como lidar com a Esquizofrenia entre parentes .................................................. 25 14. Outras Questões Relacionadas à Esquizofrenia ................................................. 28 15. Caminhos para Pesquisas em Esquizofrenia ...................................................... 31 Bibliografia................................................................................................................. 32 1 ESQUIZOFRENIA 1. UMA INTRODUÇÃO SOBRE O TEMA DA ESQUIZOFRENIA O primeiro a utilizar o termo esquizofrenia foi o psiquiatra suíço, Eugen Bleuler em 1911, sobre os pacientes que tinham as características de desligados de seus processos de pensamentos e respostas emotivas. Equivocadamente atribui-se a esquizofrenia à cisão de personalidade, dissociação em personalidades, o que não é correto. Ser portador de esquizofrênica não significa ter dupla personalidade. O termo se adequa para descrever um quadro de sintomas típicos, incluindo enganos, alucinações, desordem de pensamentos e ausência de respostas emotivas, aliadas à fatores genéticos e tensões ambientais. O efeito desta doença é devastador do aspecto humano no que concerne ao pensamento, emoção e expressão. Não existe vislumbre de cura, porém, com o tratamento adequado, pode reduzir significativamente os sintomas e as reincidências de surtos em mais de 50%. Novas drogas parecem estar melhorando este índice. O tratamento prévio da esquizofrenia, durante os primeiros sintomas, pode aumentar os índices de remissão de 50% para 80 a 85 %. Os portadores de esquizofrenia sofrem na ausência de cuidados especiais. Têm dificuldades para trabalhos e seus relacionamentos são prejudicados e difíceis, mesmo com a melhora dos sintomas. Apesar do comportamento do esquizofrênico demonstrar ser assustador, as pessoas com esquizofrenia não são mais violentas do que as pessoas normais; pelo contrário, são mais capazes de abster-se das violências. Em pacientes com histórias de outras doenças pode ser difícil o diagnóstico para os sintomas da esquizofrenia, sendo estes sintomas mascarados pelos outros, não recebendo portanto a atenção médica e a devida medicação. A esquizofrenia causa danos não somente aos seus portadores mas também à sociedade em si. Calcula-se que nos E.U.A. seis bilhões de dólares foram destinados aos cuidados com a saúde e com o sistema judiciário para lidar com doentes esquizofrênicos, além da produtividade perdida no trabalho e cuidados dos pacientes por seus familiares em seus lares. Antigamente a esquizofrenia era tratada a longo prazo com internação em hospitais mentais. Após o início da utilização de drogas antipsicóticas nos meados dos anos 1950 e 1960 e a pressão política econômica de redução de custos, coincidiram com a esperança de que estas drogas seriam mais eficientes. Em 1970, milhares de pacientes foram libertos das instituições para a comunidade. A maioria das famílias foram orientadas para receber seus doentes e a incidência de esquizofrênicos em seus lares aumentou. Apesar da tentativa de reduzir os gastos com estes pacientes mentais nos hospitais, 40% dos pacientes ainda requer tratamento com hospitalização a longo prazo e mais da metade dos pacientes necessitam de auxílio público pelo menos durante um ano antes de reingressar na comunidade. 2 2. NEUROANATOMIA DA ESQUIZOFRENIA A seguir, mostraremos as áreas do SNC envolvidas no mecanismo da esquizofrenia, apenas a título de recordação: Área de Associação Terciária, sendo uma parte do córtex frontal sem funções motoras. Relaciona-se com todas as áreas de associação do córtex, além do sistema límbico. Lobos do Cérebro: O lobo temporal é atacado na esquizofrenia. Sistema Límbico: É um sistema de enorme importância no controle das emoções e do sistema autônomo. As áreas afetadas no sistema límbico são o hipocampo e as amígdalas. 3 3. CAUSAS GERAIS DA ESQUIZOFRENIA Não há uma única causa para explicar todos os casos de esquizofrenia. Contrariamente à crença popular, as pessoas com esquizofrenia não são vítimas de sua origem pobre ou de fatores ambientais; a maioria é vítima de erros no desenvolvimento do cérebro surgidos geneticamente. As pesquisas mais recentes estão encontrando tais anormalidades no feto em desenvolvimento e não após o nascimento. A estrutura cerebral e anormalidades químicas: Os pesquisadores estão tentando achar uma única terapia que possa integrar um número de resultados nas anormalidades químicas estruturais no cérebro dos esquizofrênicos. As anormalidades no formato e nas atividades cerebrais: Em alguns pacientes, as técnicas de mapeamento por imagens revelaram menor atividade cerebral no córtex pré-frontal e em alguns casos perdas reais de tecido, particularmente nas amígdalas - hipocampo, no lado esquerdo do cérebro. O córtex pré-frontal do cérebro afeta a memória, razão, agressividade e fala significativa; a atividade reduzida nesta área pode causar sintomas negativos. A área diminuída dos lóbos temporais do cérebro (localizada perto das orelhas) e áreas límbicas (localizada no fundo do cérebro) que são relacionadas às emoções, parecem estar ligadas aos sintomas positivos, tais como ouvir vozes. A Ressonância Magnética (MRI) pode esquadrinhar o cérebro e revelar alguns casos de sulcos cerebrais aumentados, denominados pellucidi de septi de cavum (CSP), entre os ventrículos laterais que são duas estruturas que contêm o líquido cerebrospinal. Durante o desenvolvimento no ventre, o CSP se inicia com uma única camada e se fende em duas antes do nascimento, voltando a se fechar após o nascimento, durante o desenvolvimento do bebê. Em algumas pessoas com esquizofrenia entretanto, a etapa final é incompleta e o CSP é aumentado. Um estudo achou um volume alto de sangue no cérebro de pessoas com esquizofrenia sugerindo anormalidades de irrigação. Importante notar que estas anormalidades cerebrais não foram encontradas consistentemente em todos os pacientes com esquizofrenia, encontrando-se anormalidades estruturais semelhantes em pessoas que não tinham nenhuma indicação da doença. 3.1. As anormalidades de circuitos cerebrais Um interesse particular se concentra na pesquisa do circuito cerebral, que filtra as informações que entram no cérebro e envia as informações relevantes para outra partes executarem determinada ação. Um defeito nesse circuito pode resultar no bombardeio das informações não filtradas o que pode ocasionar sintomas tanto negativos como positivos. 4 Oprimido por dados desorganizados, os sintomas positivos ocorrem e a mente incorre em erros de percepção e alucina, tira conclusões incorretas e torna-se desiludida, realizando escolhas ímpares de sentimentos e de comportamentos. Para compensar estes sintomas a mente então se retrai, ocorrendo alternativamente os sintomas negativos. 3.2. Químicas anormais no cérebro Alguns especialistas acreditam que a esquizofrenia se origina de uma desordem rara nos neurotransmissores (mensageiros químicos entre as células e o sistema nervoso). Um possível elo entre as anormalidades cerebrais e o desenvolvimento da esquizofrenia envolve o transporte de dopamina pelo neurotransmissor. A dopamina foi investigada por muitos anos, observando-se a principio que certas drogas que reduzem a ação de dopamina no cérebro também reduzem os sintomas psicóticos. Por outro lado, drogas que aumentam a atividade da dopamina aumentam estes sintomas ou agravam a esquizofrenia. Esta pesquisa foi centralizada em receptores (moléculas nas células que se unem a outras moléculas) de dopamina, particularmente D1 (dopamina) e D2. Os estudos de imagem mostrou uma hiperatividade da dopamina nas partes do cérebro onde parecem se localizar os sintomas psicóticos. Em esquizofrênicos, o lado esquerdo do cérebro tende a ter concentrações mais altas de dopamina que o direito, o que provavelmente, não é devido a uma superprodução de dopamina mas a um aumento dos receptores químicos que atraem e fixam a dopamina em partes do cérebro que foram deterioradas. A pesquisa revelou também baixa atividade de receptores de dopamina, D1, ocorrendo no córtex pré-frontal do cérebro, o que pode ser relacionado a sintomas negativos. Atualmente, os especialistas sugeriram que um equilíbrio anormal de dopamina, e não só a hiperatividade, são gatilhos para a síndrome da esquizofrenia e outros transmissores e químicas do cérebro continuam sendo objeto de estudos, tais como os níveis baixos de aminoácido glicídio encontrado nos cérebros de pessoas com esquizofrenia, dirige-se a pesquisa aos possíveis mecanismos e tratamentos relacionados a esta substância. Novos estudos indicam que os pacientes tendem a ter anormalidades protéicas no efeito reparador estrutural em função das células nervosas; duas destas proteínas que estão sendo investigadas são a ESTALO-25 e alfa-fodrin. Normal Alterada: Através do PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons) pode-se descobrir muitas coisas a respeito das causas acima citadas. 5 4. PET - TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS Londres, 12 de Fevereiro de 1997- Cientistas descobrem mais evidências de que a esquizofrenia tem uma base física, foi reportado pela revista científica semanal Nature. Pesquisadores japoneses relataram que com o uso da avançada tecnologia de scaneamento, conhecido como Positron Emission Tomography (PET) foi possível ser mostrado que esquizofrênicos tem uma deficiência significante de um receptor cerebral chave, que afeta processos mentais e o humor das pessoas. Pensou-se por muito tempo que a esquizofrenia estava relacionada com as mudanças no caminho da dopamina, um neurotransmissor que transmite impulsos no cérebro, e que afetava esses receptores. Pesquisa básica apoiando essa idéia veio do fato que as drogas efetivas no tratamento de psicoses interagiam com um grupo importante, conhecido como D2, desses receptores de dopamina. Tentativas de achar-se mudanças na quantidade desses receptores D2 no cérebro de esquizofrênicos foram inconclusivas. Mas, pesquisadores japoneses, liderados por Yoshiro Okubo da Tokyo Medical and Dental University School of Medicine, disseram que os estudos de PET tem mostrado deficiências significativas de receptores similares, conhecidos como D1, no cérebro de pacientes esquizofrênicos. PET (tomografia por emissão de positrons) é uma técnica de visualização cerebral que usa um marcador radioativo para mostrar atividade química no cérebro. O scanner PET aponta o destino da glicose, oxigênio ou drogas marcadas para revelar partes do cérebro envolvidas na realização de uma determinada atividade. PET permite que se entenda como o cérebro funciona, medindo os níveis de energia - ou atividade - em áreas específicas do cérebro. Scanners PET geram figuras de um cérebro funcionando, fornecendo mapas de emoções, aprendizado, visão, e memória. Por exemplo, pacientes podem ser injetados com uma forma radioativa da glicose. A glicose acha seu caminho até o cérebro através da corrente sangüínea. Como a glicose é normalmente o combustível do cérebro, quanto mais ativa for a parte do cérebro durante a atividade, maior será a quantidade de glicose que será usada. Um conjunto de detetores de radiação no scanner localiza a radioatividade e manda esses dados para um computador que produz uma imagem bidimensional colorida (cores mais vivas indicam mais atividade) de onde o cérebro está ativo. Identificar essas funções cerebrais é a chave no desenvolvimento de novas maneiras de se diagnosticar e tratar esquizofrenia e outras desordens mentais. 4.1. Fatores Genéticos Os cientistas estão próximos de encontrar a localização genética da esquizofrenia, que acredita-se estar no cromossoma 13 dos humanos e possivelmente no 8. Uma hipótese comum a um número de doenças neurológicas é que um gene defeituoso é a causa de células saudáveis no organismo humanos estarem suscetíveis a atacar o próprio sistema imunológico uma condição chamada autoimunologia. 6 Na esquizofrenia, estes incluem as células nervosas do cérebro. Num estudo em mães de pacientes esquizofrênicos foram encontradas uma incidência alta do HLA-B44 neste tipo de gene. Genes semelhantes são encontrados em outras doenças autoimunes que predispõem o sistema imune a atacar as próprias células e tecidos quando um vírus a invade. 7 5. GENÉTICA DA ESQUIZOFRENIA Diversos genes foram confirmados como sendo responsáveis pela esquizofrenia e por doenças maníaco depressivas. Um grupo de pesquisadores do Centre de Recherche Universite Laval Robert-Giffard, liderados pelo Dr. Michel Maziade, acabam de publicar o que eles chamam de importantes resultados científicos na identificação dos genes envolvidos nas causas da esquizofrenia e de doenças maníaco depressivas. Um grupo de pesquisadores cujo trabalho é financiado pelo Medical Research Council of Canada, Hydro Quebec e os Fonds de la Recherche en Sante du Quebec, confirmaram que diversos genes são responsáveis pela esquizofrenia e por doenças maníaco depressivas. Seus resultados orientam pesquisas em quatro regiões específicas dos cromossomos em que existe uma grande possibilidade de se encontrarem esses genes ( cromossomos 11q, 3q, 18q e 6p ). Esse grande passo na pesquisa da esquizofrenia e de doenças maníaco depressivas , que começou em 1990, foi alcançado após se investigarem 20% do genoma em uma população de 650 membros de grandes famílias do oeste de Quebec. Esses famílias foram severamente afetadas por essas doenças por um considerável número de gerações. Alguns desses resultados tem sido observados por outros grupos internacionais como parte de uma sistemática busca do genoma. Contudo, nenhum outro grupo se pesquisa foi capaz de achar um conjunto de sinais genéticos de linkage tão fortes, em uma população comparável, com apenas 20% do genoma examinado. Essa conquista demonstra o caráter pioneiro da pesquisa, como a homogeneidade da população do oeste de Quebec. Pesquisadores estudaram parentes de pessoas com esquizofrenia e descobriram que a esquizofrenia corre nas famílias. Gêmeos idênticos foram estudados com um interesse particular, desde que se descobriu que se um dos gêmeos tem esquizofrenia, há uma chance de 50% de que o outro gêmeo desenvolva a doença. A informação seguinte detalha a freqüência da esquizofrenia na população em geral: Cerca de 1% das pessoas no mundo desenvolvem esquizofrenia Em famílias em que uma pessoa tem esquizofrenia: Se um dos pais tem esquizofrenia, cerca de 12% de seus filhos desenvolvem esquizofrenia Se os dois pais tem esquizofrenia, cerca de 40% dos seus filhos desenvolvem esquizofrenia Se uma pessoa tem esquizofrenia, cerca de 8% dos seus/suas irmãos e irmãs desenvolvem esquizofrenia 8 Em gêmeos : Em gêmeos idênticos ( do mesmo ovo ) em 35 a 58% dos casos, os dois desenvolvem esquizofrenia Em gêmeos fraternos ( de dois ovos ) em 6 a 26% dos casos os dois desenvolvem esquizofrenia Apesar de haver um risco aumentado para pessoas que são parentes de uma pessoa com esquizofrenia, não existe uma certeza de que um irá desenvolver a doença. Existem um grande número de diferentes fatores que influenciam no desenvolvimento da esquizofrenia. 5.1. Os vírus A hipótese virótica para a causa desta doença se baseia principalmente em evidências circunstanciais: o alto índice de nascimentos no inverno entre as pessoas com esquizofrenia; alto índice da doença nas áreas suburbanas das cidades, e uma incidência mais alta de esquizofrenia nas populações que tiveram epidemias de gripe. Por exemplo, um estudo na Finlândia mostrou um alto índice de esquizofrenia nas pessoas cujas mães estavam no segundo trimestre de gravidez durante uma epidemia importante de gripe há vinte anos atrás. Alguns pesquisadores postularam que se uma mulher grávida suscetivelmente genética tiver uma gripe no segundo trimestre de gravidez quando as células cerebrais do feto se encontram em desenvolvimento, o seu sistema imunológico reage à invasão do vírus atacando também estas células vulneráveis do cérebro. Recentemente, o vírus da doença de Borna, que dispara uma desordem neurológica em animais, foi encontrado no sangue de um paciente esquizofrênico. Ainda há necessidade de pesquisas extensas a serem realizadas antes que uma conexão real entre vírus e o princípio da esquizofrenia possa ser feita. 9 6. SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA Um paciente pode ter mais de um sintoma, mas raramente um paciente possui todos os sintomas. Podemos classificar os sintomas comuns da Esquizofrenia em dois tipos: 6.1. Sintomas Positivos Representam uma distorção ou excessos nas funções normais, sendo considerados psicóticos. Ocorrem normalmente em homens entre as idades dos 17 aos 30 anos e em mulheres entre 20 e 40 anos. A maioria dos pacientes entretanto, exibe alguma evidência de esquizofrenia antes do primeiro episódio psicótico. Depois deste acontecimento inicial, a ocorrência destes sintomas psicóticos ocorre esporádicamente e é intercalado por períodos de remissão. Sintomas positivos incluem: Alucinação: Percepção sensorial que traz a clara sensação de realidade de um estímulo verdadeiro, mas que ocorre sem estimulação do órgão sensorial correspondente. É diferente de ilusão porque no caso desta é um estímulo externo realmente existente, mas mal interpretado ou percebido. A pessoa pode saber ou não que está tendo alucinações. Pode ocorrer também em pessoas sem qualquer problema mental. Basicamente, a alucinação pode ser auditiva, gustativa, olfatória, somática (sensação de descarga elétrica, interna), tátil ou visual. Engano: Falsa crença baseada numa conclusão equivocada sobre a realidade externa, a qual está firmemente embasada, não importando o que os outros pensem ou o que possa constituir prova ou evidência contrária à crença, mesmo que incontestável. Normalmente, essa crença não é aceitada por outras pessoas do grupo. Uma delusão pode ser deduzível a partir do próprio comportamento da pessoa. Os tipos de delusões se dividem de acordo com o seu conteúdo, sendo os seguintes: (a) Bizarro: envolve idéia absurda para a cultura do indivíduo. (b) Ciúme: falta de confiança no parceiro sexual. (c) Erotomania: o indivíduo pensa que outra pessoa, geralmente com maior status, está apaixonada por ele. (d) Grandiosidade: confiança, poder e/ou conhecimento exacerbados ou relação especial com divindades ou pessoas famosas. (e) Sensação de estar sendo controlado (f) Referência: eventos, objetos e pessoas tem significado particular e incomum, sendo geralmente de conteúdo negativo e também amplo. (g) Perseguição: sensação de estar sendo perseguido, insultado, enganado ou sofrendo conspiração. 10 11 (h) Somática: se refere ao funcionamento do prórpio corpo. (i) Transmissão de Pensamento: o pensamento próprio ou de alguém parece estar tão alto que pode ser ouvido pelos outros. (j) Inserção de Pensamento: certos pensamentos não são próprios da pessoa, mas estão inseridos dentro de outra mente. Dano Cognitivo: Inclui falta de atenção, desordem de pensamento, processamento de informações e aberrante associação entre palavras e frases. Às vezes a descontinuidade entre as idéias pode ser tão extrema que o discurso do paciente pode tornar-se incoerente, tal qual uma "salada de palavras". Ocasionamente os pacientes ligam as palavras mais por semelhança de sons, do que por significados (associações de sons - tinir- soar). A capacidade abstrata de pensamento também pode ser prejudicada. Estudos mostraram que apesar deste vocabulário, capacidades especiais, tais como leituras de mapas, não foram prejudicadas. Danos cognitivos podem ocorrer ao longo do desenvolvimento de outros sintomas, com por exemplo as alucinações que podem aparecer esporadicamente. 6.2. Sintomas Negativos Refletem redução nas funções normais, provavelmente devido à perda de células nervosas. Freqüentemente ocorrem cedo no processo da doença e vêm a ser menosprezados. Estes sintomas freqüentemente são insuficientes para motivar um tratamento. Os sintomas negativos podem coexistir com os sintomas positivos e tipicamente persistem após serem tratados os sintomas positivos. Sintomas negativos incluem: 1. Alogia - Espécie de "esgotamento" de pensamento, observável no comportamento da fala do indivíduo, que é pobre em palavras, conteúdo e/ou informação. Pode ser muito concreto, abstrato ou repetitivo. 2. Achatamento Emocional (Falta de Emoções) 3. Falta de Prazer 4. Diminuição da Auto-Estima 5. Apatia (Falta Total de Interesse) 6. Comportamento desorganizado Exs: Rir histericamente de um triste acontecimento, vestir várias capas de chuva de uma só vez em um dia ensolarado. Foram observados em alguns dos pacientes que desenvolveram posteriormente a esquizofrenia, a falta de responsabilidade e pobreza social na sua infância. Em outros, os sintomas negativos entretanto não apareceram até depois do desenvolvimento dos sintomas positivos. Os sintomas negativos tendem a ser mais comuns em pacientes mais velhos do que nos mais jovens. 12 7. DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA À NÍVEL PSICOLÓGICO A doença normalmente aparece em torno dos 20 anos nos homens. Nas mulheres isso ocorre mais tarde, por volta dos 30 anos. A freqüência é a mesma em ambos os sexos. Existem três estados emocionais identificáveis durante a história da doença, que se repetem num círculo vicioso e sem uma duração certa de tempo nem separação muito evidente. São eles: Fase aguda: sintomas psicóticos são claros, como enganos e/ou alucinações e pensamento bastante desorganizado, sendo os pacientes normalmente incapazes de cuidar de si mesmos apropriadamente. Sintomas negativos geralmente também se tornam mais severos. Em casos mais sérios, o paciente pode permanecer nesta fase por um período crônico, sem estabilização. Fase de estabilização: sintomas psicóticos diminuem de intensidade. Esta fase pode durar por 6 meses ou mais após o surgimento da fase aguda. Fase estável: sintomas ficam a se estabilizar e ficam bem menos severos que na fase aguda. Pode ser também que não haja qualquer sintoma ou então demonstração de sintomas não psicóticos, como tensão, ansiedade, depressão ou insônia. Pode durar poucos dias ou vários meses. O aparecimento da primeira fase aguda pode ser abrupto, mas normalmente se faz de forma gradual, manifestando-se através de uma variedade de sinais como isolamento social, perda de interesse na escola ou trabalho, deterioração da higiene, comportamento incomum e acessos de raiva. O decorrer da doença é altamente variável, sendo que na maioria dos casos os pacientes atravessam as fases acima citadas, com um ou outro caso especial e individual, sendo impossível a criação de um sumário pormenorizado sobre as conseqüências e resultados da doença a longo prazo. A esquizofrenia nem sempre apresenta um curso deteriorante. Uma variedade de fatores está associada com bom e mau prognóstico. A variação das taxas de recuperação na literatura é de 10% a 60%, e uma estimativa razoável é de que 20% a 30% sejam capazes de levar uma vida quase normal. Aproximadamente 20% a 30% dos pacientes continuam a experimentar sintomas moderados, e 4% a 60% permanecem significativamente prejudicados pela doença, por toda a vida. 13 Certamente está bastante claro que os pacientes esquizofrênicos apresentam prognóstico bem pior do que aqueles com distúrbio de humor, embora aproximadamente 20% a 25% do último grupo também se mostrem seriamente perturbados em um acompanhamento prolongado. Melhores resultados estão associados ao sexo feminino, história família em problemas afetivos, falta de casos de esquizofrenia na família, maior QI, casamento, idade avançada, sintomas predominantemente positivos (tratamento mais fácil) sem desorganização. 14 8. TIPOS DE ESQUIZOFRENIA De acordo com o DSM, existem 5 tipos de Esquizofrenia: 8.1. Esquizofrenia Paranóide Predominam sintomas positivos como alucinações e enganos, com uma relativa preservação do funcionamento cognitivo e do afeto. O início tende a ser mais tardio que o dos outros tipos. É o tipo mais comum e de tratamento com melhor prognóstico, particularmente com relação ao funcionamento ocupacional e à capacidade para a vida independente. 8.2. Esquizofrenia Catatônica Sintomas motores característicos são proeminentes, sendo os principais a atividade motora excessiva, extremo negativismo (manutenção de uma postura rígida contra tentativas de mobilização, ou resistência a toda e qualquer instrução), mutismo, cataplexia (paralisia corporal momentânea), ecolalia (repetição patológica, tipo papagaio e aparentemente sem sentido de uma palavra ou frase que outra pessoa acabou de falar) e ecopraxia (imitação repetitiva dos movimentos de outra pessoa). Necessita cuidadosa observação, pois existem riscos potenciais de desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou ferimentos auto-infligidos. O tratamento, portanto, é bem difícil. 8.3. Esquizofrenia Desorganizada Discurso desorganizado e sintomas negativos como comportamento desorganizado e achatamento emocional predominam neste tipo de esquizofrenia. Os aspectos associados incluem trejeitos faciais, maneirismos e outras estranhezas do comportamento. É o tipo que tem tratamento mais complicado. 8.4. Esquizofrenia Indiferenciada Se encaixa nos sintomas de esquizofrenia, mas não satisfaz nenhum dos tipos citados anteriormente. 8.5. Esquizofrenia Residual As condições para este tipo de esquizofrenia são: Ausência de delírios, alucinações e comportamento amplamente desorganizado ou catatônico proeminentes; Existência de evidências contínuas da perturbação, indicadas pela presença de sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas positivos como comportamento excêntrico, discurso levemente desorganizado ou crenças incomuns. 15 8.6. Esquizofrenia Infantil É um tipo raro de esquizofrenia (0,5% dos casos), não incluso no DSM. Ocorre bem cedo na vida do indivíduo (os primeiros problemas surgem entre os 6 e 7 anos de idade). É bastante severa, tendo sintomas e disfunções mais intensas, além de um tratamento mais difícil. Ainda não foi perfeitamente elucidado o mecanismo que determina a esquizofrenia infantil. Fatores ambientais não exercem qualquer influência sobre o aparecimento da doença, o que leva a crer que a base dela é puramente genética. Características psicológicas incluem falta de interesse, fraco contato pelo olhar, ecopraxia, ecolalia , baixo QI e outras anormalidades. Transtornos esquizofrênicos, que não constituem esquizofrenia, podem ser também mencionados: Transtorno Esquizofreniforme As características essenciais do Transtorno Esquizofreniforme são idênticas às da Esquizofrenia (sintomas psicóticos), exceto por duas diferenças: a duração total da doença (com todas as suas fases) é de pelo menos 1 mês, mas inferior a 6 meses, e não é exigido um prejuízo no funcionamento social ou ocupacional durante alguma parte da doença (embora possa ocorrer). 8.6.1. Transtorno Esquizoafetivo Consiste em um período de doença ininterrupto durante o qual, em algum momento, existe um Episódio Depressivo Maior (humor depressivo ou perda de interesse/prazer por atividades cotidianas), um Episódio Maníaco (humor notavelmente expansivo, elevado ou irritável) ou um Episódio Misto (mistura dos tipos anteriores), concomitante com sintomas psicóticos típicos da Esquizofrenia. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., uma droga de abuso, um medicamento) ou a uma condição médica geral, sendo sua causa real desconhecida. É menos comum que os outros tipos de esquizofrenia propriamente ditos. Pode ser dos seguintes tipos: Tipo Bipolar: Este subtipo aplica-se se um Episódio Maníaco ou Episódio Misto faz parte da apresentação. Episódios Depressivos Maiores também podem ocorrer. Tipo Depressivo: Este subtipo aplica-se Depressivos Maiores fazem parte da apresentação. quando apenas Episódios 16 9. MEDICAMENTOS USADOS 9.1. Cloropromazina A cloropromazina é uma fenotiazina alifática. As fenotiazinas são conhecidas por ativar seus efeitos antipsicóticos e antieméticos na interferência nas vias dopaminérgicas centrais nas áreas quimiorreceptoras gatilho mesolímbicos e medulares do cérebro, respectivamente. Efeitos colaterais extrapiramidais são resultado da interação com vias dopaminérgicas dos gânglios basais. Embora freqüentemente chamados bloqueadores de dopamina, o mecanismo exato da interferência dopaminérgica responsável pela atividade antipsicótica da droga não foi determinado. As fenotiazinas alifáticas são altamente sedativas, principalmente no início do tratamento, desenvolvendo-se posteriormente uma tolerância. A cloropromazina tem forte atividade alfa-adrenérgica bloqueadora e pode causar hipotensão ortostática. A clopromazina tem moderada atividade anticolinérgica manifestada como boca seca, visão embaçada, retenção urinária e constipação ocasionais. A cloropromazina aumenta a secreção de prolactina devido à sua ação bloqueadora nos receptores de dopamina na pituitária e no hipotálamo. Podem ocorrer galactorréia e ginecomastia. 9.2. Clozapina A clozapina, dibenzodiazepina, é uma droga perfil de ligação aos receptores de dopamina comportamentos mediados pela dopamina diferem clozapina exerce forte atividade anticolinérgica, antiserotoninérgica. antipsicótica atípica porque seu e seus efeitos sobre vários dos de outros antipsicóticos. A adrenolítica, antihistamínica e Em raras ocasiões os pacientes podem manifestar uma intensificação da atividade sonhadora durante a terapia. Descobriu-se que a fase REM é aumentada para até 85% do tempo total de sono. A clozapina é indicada unicamente à pacientes que apresentam intolerância ou não respondem ao tratamento com antipsicóticos convencionais, devido ao seu forte poder agranulocitocítico. 9.3. Haloperidol (Haldol) O haloperidol é uma butiroferona derivada com propriedades antipsicóticas consideradas particularmente efetivas no controle da hiperatividade, agitação e mania. O mecanismo de ação do haloperidol foi atribuído à inibição do mecanismo de transporte de monoaminas cerebrais, particularmente pelo bloqueio da transmissão de impulsos em neurônios dopaminérgicos. 17 9.4. Risperidona A risperidona (Risperdal) é um bloqueador de receptores de dopamina que mostrou regular superioridade de benefícios em comparação com os antipsicóticos. Assim como a clozapina, a risperidona pode ter um efeito benéfico nos sintomas negativos. A risperidona também pode melhorar a memória de trabalho verbal, um problema comum em esquizofrênicos. Em geral, tem poucos efeitos extra-piramidais, embora podendo ocorrer em doses mais altas. Os efeitos colaterais comuns incluem a insônia, ganho de peso e vertigem. 9.5. Olanzapina A olanzapina (Zyprexa) pode ser mais eficiente no bloqueio da serotonina e neurotransmissores de dopamina, do que a clozapina, a que tem um risco maior para diminuição para confiscações e agranulocitoses. Os estudos indicam que pelo menos é eficiente para os sintomas agudos e possívelmente mais eficiente para os negativos do que neurolépticos típicos e que possuem um risco menor para causar sintomas extrapiramidais. A droga pode também ser benéfica para pacientes que não respondem às drogas neurolépticas. Um novo estudo sugere que a olanzapina também pode ser mais eficiente que a risperidona, particulamente na resposta para os sintomas negativos, mas ainda é necessário mais pesquisas para confirmação dos resultados. Assim como a risperidona, a olanzapina pode causar insônia, ganho de peso e vertigem. Outras drogas atípicas são a Ziprasidona e quetiapina (Seroquel - não encontrei no Vade-mécum - Brasil) que são promessas de novas drogas. A ziprasidona, que afeta a serotonina assim como a dopamina, também pode melhorar os sintomas negativos com efeitos colaterais extrapiramidais limitados. A aripiprazola e iloperidona são outras drogas atípicas em desenvolvimento. 18 10. EFEITOS COLATERAIS DA MEDICAÇÃO CONTRA ESQUIZOFRENIA 10.1. Síndrome Maligna Neuroléptica As características principais da SMN são hiperpirexia, rigidez muscular, status mental alterado (incluindo sinais catatônicos) e instabilidade autonômica (pulso irregular ou pressão sangüínea instável). Adicionalmente, podemos ter elevado CPK, mioglobinúria e falência renal aguda. A SMN é rara mas potencialmente fatal e, portanto, requere um tratamento sintomático suporte. A interrupção imediata do tratamento neuroléptico é obrigatória. 10.2. Discinesia Tardia Uma síndrome consistindo de movimentos discinéticos involuntários e potencialmente irreversíveis pode desenvolver-se em pacientes tratados com drogas antipsicóticas convencionais. Embora a prevalência de discinesia tardia com antipsicóticos convencionais parece ser maior entre os idosos, especialmente mulheres idosas, é impossível basear-se em estimativas de prevalência para predizer, no início do tratamento, quais pacientes estão propensos a desenvolver a síndrome. 10.3. Agranulocitose É definido como uma contagem de granulócitos abaixo de 500/mm(3). O tratamento dos efeitos colaterais extrapiramidais. Em geral, os efeitos colaterais extrapiramidais decorrentes das drogas neurolépticas são tratados de início, pelo médico, reduzindo a dosagem ou receitando um interruptor, droga atípica. Os efeitos extrapiramidais podem realmente assemelhar-se aos da doença de Parkinson (ocasionado por baixos níveis de dopamina), e então o médico pode prescrever drogas anticolinérgica e antiparkinsoniana que aumentam os níveis de dopamina, ajudando a restaurar o equilíbrio. Entre os anticolinérgicos mais comuns utilizados, são o cloridrato de triexifenidila 2 ou 5 mg (Artane, Triexidyl), cloridrato de de biperideno 2 e 4 mg ampola com solução injetável, 1ml contendo lactato de biperideno 5m IM ou IV (Cinetol, Akineton) e benzotropina (não encontrei nome comercial desta droga no Vade-mécun, entretanto adicionei o cloridrato de biperideno - Akineton, comumente utilizado no Brasil). Algumas destas drogas também podem ser úteis quando administradas a sintomas negativos da esquizofrenia. O uso de anticolinérgicos, entretanto, aumenta o custo e complica o equilíbrio de sérios efeitos colaterais. 19 Comumente causam secura na boca podendo ocorrer náuseas, visão turva, índice aumentado de batimentos cardíacos, constipação e retenção urinária em homens com aumento prostático. Os portadores de glaucoma devem utilizar estas drogas cautelosamente. Os anticolinérgicos podem causar problemas mentais significativos, incluindo perda de memória, confusão e alucinações, semelhantes aos sintomas da esquizofrenia. Elas também reagem com o álcool e anti-histamínicos. A maioria dos especialistas opõe-se ao uso de rotina de drogas antiparkisonianas para a esquizofrenia e os recomenda somente para pacientes que não podem ser controlados regularmente e para quem necessita de altas doses de antipsicóticos e correm grande risco para os efeitos colaterais desta. Os especialistas recomendam sua retirada após três ou quatro meses, se possível. Se os sintomas persistirem, as drogam podem ser substituídas. Deve ser anotado que a retirada dos anticolinérgicos podem causar depressão e exacerbar a esquizofrenia. 20 11. FORMAS DE TRATAMENTO SEM DROGAS Entre as formas de tratamento sem drogas, podemos citar os seguintes: 11.1. O tratamento de Programa Comunitário Este consiste de um tratamento em que uma equipe de profissionais "ofertadores de atenção especializados" (psicólogos e outros profissionais de saúde mental) proporciona tratamento de apoio para os pacientes em seus lares, e é altamente benéfico e de custo eficientemente menor (comparado freqüentemente ao de hospitalização). Entretanto, só 2% dos 10% de pacientes participam de tais programas. OBS.: não existe no Brasil... 11.2. Reabilitação vocacional Até 90% dos pacientes com problemas mentais graves se encontram desempregados, apesar de que o trabalho remunerado seja muito importante na reabilitação do paciente. Um estudo informa que depois de um ano de trabalho, 40% dos pacientes com esquizofrenia que eram pagos por seus serviços obtiveram um melhora em todos os sintomas e 50% informou muita melhora nos sintomas positivos. Os que não recebiam por seu trabalho, a melhora foi consideravelmente menor. Menos de um quarto dos pacientes esquizofrênicos estão em programas que os possa ajudar a encontrar um trabalho para se manter. 11.3. Tratamentos alternativos. Em alguns estudos foi utilizado a glicina (aminoácido), em grandes doses para tratar os sintomas negativos, resultando numa pequena melhora, mas significativa em alguns pacientes e de poucos efeitos colaterais. Noutro estudo, a glicina adicionada a um regime de drogas antipsicóticas, os pacientes manifestaram suas emoções como interiores e o reconhecimento de perdas reais. Em tais casos a psicoterapia é certamente um apoio essencial, sendo úteis outros tratamentos. 11.4. Tratamentos com Eletroconvulsivos (ECT) (Eletroconvulsivoterapia) Este tratamento, usualmente denomiado Eletrochoque, recebeu má impressão desde que foi introduzido nos anos de 1940. Entretanto técnicas refinadas recentes ressuscitaram o seu uso, particularmente para depressão grave. Não foi encontrado nos estudos de mapeamento cerebral por Imagem indícios de que as técnicas atuais de ECT causem danos à estrutura do cérebro e alguns médicos sentem-se mais seguros do que com as terapias com drogas. Estudos num 21 grupo pequeno de adolescentes com esquizofrenia e outras desordens, acharam ser útil o ECT. 11.5. Terapia Psicosocial (Psicanálise e Psicologia) Sabe-se atualmente que esta terapia Psicosocial é a base física para a esquizofrenia, não mais recomendada como um tratamento alternativo para as drogas. Um estudo informou que os pacientes mais maleáveis à administração das drogas, são os que se encontram em terapia (psicológica ou psicosocial) pelo menos durante quinze minutos por mês. A maioria dos especialistas acreditam que um programa intregado oferecendo tanto médico quanto tratamento psicológico ao paciente e apoio à família do paciente ou outro "caregivers" (profissionais ofertadores de atenção), é importante para a melhora a longo prazo dos pacientes com esquizofrenia. A técnica clássica psicanalítica, que descobre e analisa acontecimentos da infância, o uso de métodos terapêuticos cognitivos comportamentais, mostram uma particular promessa de ajuda aos pacientes. Comumente usada para a depressão, este tratamento clássico psicanalítico tende a fortalecer a capacidade do paciente em normalizar os pensamentos utilizando exercícios mentais e auto-conhecimento. Pacientes que combinaram terapia cognitiva com cuidados de rotina (medicamentos) informaram quase oito vezes mais as chances de melhora comparados aos que somente utilizam cuidados de rotina. A terapia cognitiva ensina aos pacientes a mudarem os seus padrões comportamentais de pensamentos negativos ajudando-os com técnicas para resolver seus problemas e outras estratégias para reduzir os riscos de reincidência dos surtos. Um método é o retraimento, em que o paciente compensa com suas habilidades básicas de vida , o seu dano mental. Os pacientes são treinados nas habilidades sociais, tais como boa higiene, cozinhar, viajar, melhorar os pensamentos e aprendem técnicas para alcançar uma qualidade básica de vida. A análise também deve incluir métodos para a redução de tensão, intervir para manter a conformidade da terapia com drogas e apoio emotivo geral. 11.6. A família e estruturas de apoio externa Apoio familiar. Em qualquer tratamento de desordem mental, é insensato ver o paciente como se ele não existisse. As pessoas próximas do paciente exercem grande influência no curso de uma doença ignorada. É profundamente doloroso para alguém lidar com um ente amado cujo comportamento não é determinado pela resposta saudável imediata ao mundo real, mas por um mecanismo interno misterioso para o qual foi desviado. Não obstante, menos que 10% das famílias de pacientes com esquizofrenia recebem apoio e educação, mesmo sendo mostrado por muitos estudos os benefícios de tais programas para ambos, paciente e familiares pela estatística de 7% da redução dos sintomas negativos, menor depressão e melhor funcionamento mental. 22 A glicina está disponível nas farmácias, mas entre 60 e 120 pílulas teriam que ser tomadas diariamente para combinar a força da glicina, estando então atualmente em julgamento se deve ou não ser administrada. 23 Os médicos não recomendam o uso da glicina comprada para este propósito e mais pesquisas seguem, por enquanto. De acordo com os resultados de um estudo recente, o consumo de omega-3 ácidos gordurosos encontrados em óleos de peixe, foi associado à melhora nos pacientes com esquizofrenia. 24 12. DOENÇAS FREQÜENTEMENTE MAL DIAGNOSTICADAS COMO ESQUIZOFRENIA Outras séries de sinais comuns de esquizofrenia são também os que podem ocorrer em outros estados psicológicos e condições médicas, enganos, alucinações, fala desorganizada incoerente, tom plano comportamento esquisitamente desorganizado e catatônico (ausência rigidez muscular e irresponsividade). sintomas incluindo de voz, de fala, Mais de 70 condições sintomáticas podem conter desordens típicas da esquizofrenia (equívocos, enganos), tais como depressão e mania (bipolar). Tais sintomas focalizam uma anormalidade física ou uma doença somática, às vezes presentes em pessoas com depressão. Os enganos ou manias de grandeza - a crença de que tem um poder especial ou uma missão - pode ocorrer nas pessoas com mania; estas pessoas podem também tornar-se paranóicas. Há uma incidência de psicoses esquizofrênicas comuns que não constituem critério para diagnosticar esquizofrenia e podem ser variações de doenças inteiramente diferentes. Na desordem esquizoafetiva, por exemplo, as pessoas têm episódios psicóticos entre o período pleno de mania e o período deprimido. O álcool e o abuso de drogas ou sua retirada também podem ocasionar psicoses. e pelo risco alto de abuso dessas substâncias em pessoas com esquizofrenia é necessário que o profissional de saúde saiba distinguir entre o gatilho de psicoses por drogas ou álcool do episódio esquizofrênico. Normalmente o diagnóstico é confirmado com o final da psicose depois da retirada do álcool ou drogas e pelo retorno dos pacientes ao álcool ou abuso dessas substâncias. Outras causas de sintomas psicóticos são o câncer no sistema nervoso central, encefalite, neurosífilis, desordens de tireóide, doenças de Alzheimer, confiscações parciais complexas, doença de Huntington, esclerose múltipla, traumatismos, doença de Wilson, deficiência de vitamina B e lúpus eritematoso sistêmico. Muitas medicações provocam leves efeitos semelhantes ao de psicose severa e podem vir a precipitar enganos e sérias confusões. Tais sintomas provenientes destas medicações, são mais freqüentes em pacientes idosos. 25 13. COMO LIDAR COM A ESQUIZOFRENIA ENTRE PARENTES 1. Você não pode curar uma desordem mental para um membro familiar. 2. Apesar de seus esforços, sintomas podem se pôr piores, ou podem melhorar. 3. Se você sente muito ressentimento, você está exagerando. 4. É duro para o indivíduo aceitar a desordem como é para outros membros familiares. 5. Aceitação da desordem por todos envolvidos pode ser útil, mas não necessário. 6. Você pode aprender algo sobre você, como você aprende sobre a desordem mental de um membro familiar. 7. Separe a pessoa da desordem. 8. Ame a pessoa, até mesmo se você odeia a desordem. 9. Separe efeitos colaterais dos medicamentos da relação com a pessoa. 10. Não é certo para você ser negligenciado. Você tem necessidades e vontades. 11. A enfermidade de um membro familiar não é nada para estar envergonhado. 12. A realidade é que você pode encontrar discriminação de um público apreensivo. 13. Ninguém é culpado. 14. Não esqueça do seu humor. 15. Pode ser necessário renegociar sua relação emocional. 16. Pode ser necessário revisar suas expectativas. 17. Sucesso para cada indivíduo pode ser diferente. 18. Reconheça a coragem notável que seu membro familiar pode mostrar para você lidando com uma desordem mental. 19. As relações familiares podem estar em desordem na confusão ao redor da desordem mental. 26 20. Geralmente, os mais parentes mais íntimos se tornam envolvidos enquanto outros são alienados. 21. Depois de negação, tristeza, e raiva vem aceitação. 22. As enfermidades mentais, como outras doenças, são uma parte do tecido variado de vida. 23. É absurdo acreditar poder corrigir uma enfermidade física como diabetes ou a esquizofrenia com conversa, embora possa evitar complicações sociais. 24. Sintomas podem mudar com o passar do tempo enquanto a doença continua. 25. A desordem pode ser periódica, com tempos de melhoria e deterioração, independente de suas esperanças ou ações. 26. Você deveria pedir o diagnóstico e sua explicação de profissionais. 27. Esquizofrenia pode ser uma classe de desordens em lugar de uma única desordem. 28. Diagnósticos idênticos não significam causas idênticas, cursos, ou sintomas. 29. Comportamento pessoalmente. estranho é sintoma da desordem. Não leve 30. Você tem um direito para assegurar sua segurança pessoal. 31. Não assuma a responsabilidade inteira por seu parente mentalmente desordenado. 32. Profissionais de saúde mentais, membros familiares, e os afetados todos têm altos e baixos quando lidam com uma desordem mental. 33. Profissionais de saúde mentais variaram graus de competência. 34. Se você não pode se querer, você não pode querer outro. 35. Aprenda mais sobre desordens mentais 36. Pode ser terapêutico a você ajudar outros se você não pode ajudar seu membro familiar. 37. Não tenha nenhum medo de perguntar para seu membro familiar se ele está pensando em se ferir. A taxa de suicídio de 10% está baseado nisto acontecendo a reais pessoas. Seu próprio parente poderia ser um. Discuta para evitar isto. 27 38. É natural experimentar um caldeirão de emoções como pesar, culpa, medo, fúria, tristeza, dor, confusão, etc. Você, não o membro doente, está responsável por seus próprios sentimentos. 39. Permita para os membros familiares manter negação da enfermidade se eles precisam disto. 40. Procure outros com quem você pode falar. 41. Você não está só. Compartilhando seus pensamentos e sentimentos com outros em um grupo de apoio é útil e iluminador para muitos. 42. A desordem mental de um membro familiar é um trauma emocional para você. Você paga um preço se você não recebe apoio e ajuda. 28 14. OUTRAS QUESTÕES RELACIONADAS À ESQUIZOFRENIA 14.1. Esquizofrenia e Fatores Psicológicos Emboras fatores genéticos neurológicos quase certamente sejam os fatores mais importantes nas desordens da esquizofrenia, seria irresponsável ignorar e dizer que estão fora de cogitação as pressões e influências que podem exacerbar ou servir de gatilho para os sintomas inerentes a esta doença. O cérebro é um sistema complexo de apreensão, que além de responder a mecanismos físicos internos também responde a estímulos do mundo. A pesquisa demonstrou que os lóbos préfrontais do cérebro freqüentemente são afetados nos pacientes com esquizofrenia sendo extremamente responsivo a tensões de ambiente. Pelo fato dos sintomas negativos do esquizofrênico serem naturalmente extraídos do círculo de sofrimento familiar, é seguro supor que a sua realimentação negativa intensifica o estado neurológico já vulnerável servindo-lhe regularmente de gatilho e exacerbando a existência dos sintomas. 14.2. Esquizofrenia e Memória Freqüentemente a memória é prejudicada depois de 5 a 10 anos de deterioração após o que a doença tende a se estabilizar e a melhora pode ocorrer. Os estudos indicam que após a idade de 20 ou 30 anos, 50% dos pacientes esquizofrênicos são capazes de seus próprios cuidados pessoais, trabalhar e participar socialmente, existindo serviços de apoio, contribuindo para a melhora dos resultados. 14.3. Esquizofrenia e Fumo Uma das razões que podem explicar o hábito de fumar dos esquizofrênicos é o fator genético P50 encontrado nos receptores cerebrais que se ligam à nicotina, sendo uma espécie de auto-medicação que reduz os sintomas psicóticos, os quais comprovadamente podem aumentar com a retirada deste hábito. Novos estudos indicam que a fumaça do cigarro inibe a atividade de uma proteína denominada de moaminaoxidase B (MAO-B). Com o bloqueio desta proteína decorrente da ingestão dos gases emitidos pela fumaça dos cigarros, aumenta no cérebro a produção de um composto feniletilamina (FEA) que é ligado a relação Mania-Tensão e Hiperatividade (embora sem agressão). Dessa forma, indivíduos com esquizofrenia que fumam, não fazem isso porque eles têm "pouco juízo" ou foram encorajados. Eles fumam porque a nicotina estimula os mecanismos de recompensa subcortical do cérebro e o córtex pré-frontal os quais podem ser hipoativos na esquizofrenia. Além disso, para indivíduos com esquizofrenia, a nicotina pode também melhorar a concentração, e reduz a ansiedade, além de outros sintomas positivos e negativos, e sintomas de desordem de movimento. Indivíduos com esquizofrenia fumam por uma razão óbvia e por isso o governo dos E.U.A está tentando criar áreas especiais para que esses indivíduos possa fumar, mesmo quando hospitalizados. 29 30 14.4. Esquizofrenia e Inteligência O gênio não é dispensado; é uma faixa de vítimas da esquizofrenia, possuindo pleno alcance da inteligência. Novas pesquisas sugerem entretanto que declínios significativos em QI na infância podem predizer sintomas psicóticos em adultos. Até homens como Van Gogh considerado por muitos um gênio da pintura tem a possibilidade de ter sido esquizofrênico. 14.5. Esquizofrenia e Religião Antigamente a esquizofrenia era considerado como um tipo de possessão demoníaca, mas atualmente até os mais conservadores padres e pastores já vêm reiterando este erro e consideram a esquizofrenia como uma doença mental que deve ser tratada... 14.6. Esquizofrenia e Dupla Personalidade Ser esquizofrênico não significa ter duas personalidades apesar de a mudança de humor possa aparentar isso. 14.7. Esquizofrenia e Suicídio Apesar de as pessoas esquizofrênicas não serem mais violentas que as pessoas normais ( provado por estatísticas ), há uma estatística que cerca de 15% dos portadores dos sintomas de esquizofrenia ( os esquizofrênicos ) podem cometer suicídio. Tal ocorre pela falta de apego à vida causada pela desilusão. O número é maior em pacientes jovens e desiludidos. 14.8. Esquizofrenia e Telepatia A relação entre telepatia e esquizofrenia é de que os doentes podem ter surtos durante os quais acreditam que certas pessoas estão lendo suas mentes ( perseguição ), além de alguns acharem que podem comandar a mente de outras pessoas. 31 15. CAMINHOS PARA PESQUISAS EM ESQUIZOFRENIA Elaboração de testes biológicos para determinação da esquizofrenia (No momento, um diagnóstico definitivo baseia-se em descrição de comportamento e sintomas psicológicos). Localização dos genes responsáveis pelos tipos de esquizofrenia, o que auxiliaria muito o desenvolvimento de novas medicações e em um aconselhamento genético mais elaborado. Maior conhecimento dos aspectos neurofisiológicos da doença, como por exemplo as funções de diversos neurotransmissores Desenvolvimento de medicações mais específicas e com menos efeitos colaterais (especialmente no caso dos anti-psicóticos). Melhoria nos métodos para detectar a doença precocemente (Esquizofrenia Infantil). Criação de ferramentas e estratégias mais eficazes para determinar qual o melhor programa de reabilitação é mais eficiente para cada paciente, além de orientação mais eficiente à família do doente. Estudo de imagens do SNC por computador 15.1. Esquizofrênicos Famosos Muito poucas pessoas famosas são esquizofrênicas já que a doença ataca por volta dos 17 aos 27 anos e nessa idade as pessoas são jovens demais para serem famosas, já que estão apenas começando sua vida profissional. John Forbes Nash Jr., um famoso loreato Nobel em economia tem uma história de esquizofrenia. Outros diagnósticos históricos não estão esclarecidos, Abraham Lincoln e Van Gogh, por exemplo. 32 As maiores depressões de Lincoln estão documentadas em seus próprios escritos, mas podem estar associadas a diferentes outros tipos de possíveis de problemas psíquicos. Alguns que têm bons indicativos de esquizofrenia: Mary Todd Lincoln, Vicent Van Gogh, Ezra Pound. Antoin Artaud, um artista dramático pode ter tido esquizofrenia, assim como John Nash, um Matemático ganhador do Prêmio Nobel. Entre outros famosos que sofreram(em) de problemas mentais estão Lionel Aldridge (jogador de futebol americano), Peter Green (guitarrista da banda Fletwood Mac), Syd Barret ( da banda Pink Floyd ), Vaclav Nijinsky (famoso dançarino russo). BIBLIOGRAFIA 1. GORENSTEIN, C. , ANDRADE, L. H. S. G. , ZUARDI, a . W. Escalas de avaliação clínica em psiquiatria e psicofarmacologia. S.P., Lemos 2000 2. AMARANTE, Paulo. Ensaios: Subjetividade, Saúde mental e sociedade. 3. SILVA, H. A., Transtornos Psiquiátricos presente nas religiões. Sociedade Psicanalítica Ortodoxa Brasileira. Abril 2001. 4. HOTOTIAN, Sérgio Ricardo. Uma reflexão sobre o adoecer mental. Psiconews. Abril 2001. 5. NETO, L. R. Mauro. Convivendo com a Esquizofrenia: um guia para pacientes e familiares. Lemos Editorial. Sites da Internet: 6. http://www.psiquiatra.med.br 7. http://www.unifesp.br 8. http://www.candido.org.br 9. http://www.estadao.com.br/agestado