Esquizofrenia - APM Piracicaba

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ARTIGO
Esquizofrenia
É uma doença do desenvolvimento cerebral que se inicia geralmente
no final da adolescência ou no início da vida adulta e atinge cerca de
1% da população. Não se sabe quais são suas causas, mas pesquisas
recentes mostram que tanto fatores hereditários como ambientais interagem provocando a doença.
dois ou mais antipsicóticos seja mais eficaz.
Nos casos em que o paciente não quer tomar
o remédio podem ser utilizadas as formas injetáveis de longa duração, também chamados
antipsicóticos de depósito ou “depots”.
Quando o paciente já tentou dois tratamentos com antipsicóticos, cada um deles
pelo menos por um mês, e continua com sintomas psicóticos, ele é considerado portador
de esquizofrenia refratária e deve ser tratado
com Clozapina, que é o medicamento mais
eficaz para esta condição.
Os antipsicóticos de primeira e segunda
geração melhoram consideravelmente os sintomas psicóticos. Os de primeira geração, no
entanto, podem causar sintomas chamados
“de impregnação”, semelhantes àqueles observados em pessoas com doença de Parkinson, tais como tremores e rigidez muscular,
fazendo com que o paciente tenha que usar
outros medicamentos, como é o caso do biperideno.
Os antipsicóticos de segunda geração não
produzem estes sintomas, são mais bem tolerados, e por isto tem sido atualmente bem
mais utilizados que os de primeira geração.
No entanto seu uso pode levar ao ganho de
peso, alterações dos açúcares (glicose) e lipídeos (gorduras) no sangue. Por isto há necessidade de monitoramento constante do peso e
exames de sangue e tratamento adequado das
alterações metabólicas.
A esquizofrenia é uma doença crônica,
assim como a pressão alta (hipertensão) ou
diabetes e é bem sabido que pessoas portadoras destas doenças pioram muito quando interrompem o tratamento. Da mesma forma, se
o paciente parar de tomar o seu antipsicótico,
o risco de recaída é praticamente de 100%.
Os sintomas negativos tornam o paciente
muitas vezes passivo, sem iniciativa ou interesse pelo mundo que o cerca e as perdas
cognitivas comprometem a capacidade de raciocínio, podendo se refletir em dificuldades
para encontrar um trabalho ou frequentar uma
escola. Os antipsicóticos não são muito eficazes no combate a estes sintomas e é aqui que
entram outros tipos de tratamento que tem se
mostrado efetivos, como a Terapia Ocupacional, do Treino de Habilidades Sociais, da Terapia Cognitivo- Comportamental e da Reabilitação Cognitiva. A Orientação da Família é
também muito importante na compreensão da
doença e no seu manejo.
Finalmente é importante lembrar que o
nome “esquizofrenia” infelizmente está associado a um estigma e vários mitos cercam
a doença, como por exemplo, de que os pacientes com esquizofrenia são os mais violentos, ou que cometem mais crimes, ou que são
incuráveis. Estes mitos são, em parte, provenientes de uma época em que não se dispunha
dos recursos terapêuticos que temos hoje.
Pacientes com esquizofrenia, quando tratados adequadamente, desde as primeiras manifestações da doença tem, hoje em dia, mais
chances de recuperação e de uma vida produtiva, do que no passado.
Foto Arquivo Pessoal
Pacientes com esquizofrenia geralmente
começam a apresentar as primeiras manifestações na infância, tais como isolamento
social e dificuldades escolares. A doença inicia-se muitas vezes de forma gradual com o
aparecimento dos chamados “sintomas negativos”, como perda de interesse, da vontade e
da capacidade de se relacionar afetivamente
ou até mesmo com sintomas de depressão.
Outros sintomas muito importantes que também ocorrem nesta fase, são as chamadas perdas cognitivas, principalmente da capacidade
de concentração, da memória e do raciocínio.
Certos fatores como stress ou uso de drogas, como a maconha, podem desencadear
outro lado da doença, caracterizado pelos
chamados “surtos psicóticos”, a pessoa pode
ficar muito agitada, com insônia, diz coisas
que não correspondem à realidade (“delírios”) como estar sendo vigiado por radares,
ou ter poderes sobrenaturais para controlar todos os aviões da terra. Além disso, frequentemente, as pessoas portadoras de esquizofrenia
se queixam de sintomas que a medicina chama de “alucinações”, tais como ouvir vozes
que conversam entre si, que comentam o que
a pessoa esta fazendo. Outras vezes o paciente diz que manipulam o seu pensamento, que
pessoas no rádio ou na TV estão conversando
com ele, ou que as vozes o obrigam a fazer
certos atos.
Estes sintomas psicóticos podem causar
grande impacto no comportamento do paciente, levando-o ao isolamento, a recusa da
alimentação ou ingestão de líquidos e mesmo tentativas de suicídio. Quando tais fatores representam risco para vida do paciente,
é indicada a hospitalização para sua própria
proteção.
Felizmente a maioria dos pacientes com
esquizofrenia não necessitam de internações,
sendo tratados nos consultórios e ambulatórios, pois os atuais medicamentos utilizados
para seu tratamento são muito eficazes. Estes medicamentos são chamados antipsicóticos ou neurolépticos: os mais antigos ou
de primeira geração são representados por
substâncias como Clorpromazina ou o Haloperidol. Os mais modernos ou de segunda geração são: Aripiprazol, Asenapina, Clozapina,
Olanzapina, Paliperidona, Quetiapina, Risperidona e Ziprasidona.
O tratamento da esquizofrenia deve ser
feito utilizando-se somente um antipsicótico,
pois não há provas de que a combinação de
Professor Dr. Helio Elkis
CRM 18266
Psiquiatra
Professor Associado III (Livre-Docente) do Departamento de Psiquiatria
da Faculdade de Medicina da USP.
Pós- Doutorado pela Case Western
Reserve University- USA
Coordenador do Projesq- Programa
de Esquizofrenia do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clinicas
da FMUSP
Membro do International Psychopharmacology Algorithm Project
(www.ipap.org)
Agosto 2014 - APM - Regional Piracicaba
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